sábado, 11 de dezembro de 2010

JVP


Benfica-Schalke

1 - Benfica chega onde queria, mas o que tinha a fazer não fez

Nesta crónica, vou tentar não repetir o que escrevi na do último jogo do Benfica. Ou seja, não vou falar de alma nem da falta dela ou do espírito de grupo que também desapareceu. Tentarei concentrar-me num jogo em que o Benfica deitou tudo a perder por culpa própria e acaba por cumprir o objectivo de transitar para a Liga Europa por oferta de terceiros. Porque aquilo que tinha a fazer… não fez. E percebeu-se cedo que ia ser muito complicado bater o Schalke, pois mesmo durante aqueles primeiros dez minutos em que as equipas se estudaram, o Benfica queria ter a bola, e os alemães consentiam-no, mas posicionavam-se no campo de uma forma compacta e jogavam concentrados. A forma lenta e pouco dinâmica como a equipa portuguesa circulava a bola servia a estratégia do adversário, que exercia pressão para ganhar a bola e não apenas para marcar posição. O Schalke teve sempre a tranquilidade e a frieza de esperar pelo erro do Benfica, enquanto o Benfica nunca foi capaz de provocar o erro no Schalke. E na maior parte das ocasiões em que os alemães saíram para o contra-ataque apanharam o Benfica desorganizado. Aliás, isso tem-se visto muitas vezes ao longo desta época.

2 - Schalke cínico e inteligente

A forma lenta como o Benfica circula a bola torna impossível a criação de desequilíbrios e torna as dificuldades cada vez maiores para uma equipa triste, intranquila e sem a determinação necessárias para jogos deste calibre. O Schalke percebeu que teria sucesso se apertasse um bocado com o Benfica e tratou de o fazer saindo rápido para o contra-ataque e provocando erros defensivos. Então depois de marcar é que o visitante, que se tinha posicionado em campo de forma inteligente, se tornou ainda mais cínico na sua forma de jogar, fazendo com que o Benfica, que chegou a ter a ilusão de mandar no jogo, só fizesse um remate que acertou na baliza aos 65 minutos.

3 - Aimar e Gaitán mudam o jogo

Tranquilo, o Schalke continuou a controlar o jogo na segunda parte e até dispôs de um boa oportunidade para marcar antes de chegar ao 0-2, mesmo tendo o Benfica melhorado a sua dinâmica com a entrada de Aimar e Gaitán, apesar de a equipa só ter acordado a sério depois do tal lance de Javi García aos 65'. A partir daí, o Benfica conseguiu ficar por cima, aumentou o ritmo, mas tinha de correr atrás do prejuízo, e o Schalke é uma equipa adulta, que voltou a marcar quando o adversário se expunha e parecia ser capaz de chegar ao empate. E sofrer um golo daqueles não é próprio de uma equipa de alta competição, embora se veja com alguma frequência. Desde que o fora-de-jogo posicional acabou, e foi há bastante tempo, toda a gente sabe, ou devia saber, que depois de uma bola parada, quando a equipa sobe, tem de se olhar para a bola e para o adversário. Quem só olha para a bola sofre golos destes.

4 - Jesus também está intranquilo

Ao contrário do que acontecia na época passada, Jorge Jesus tem estado a mudar a equipa vezes de mais, transmitindo-lhe um sentimento de intranquilidade e correndo o risco de passar para fora a ideia de que também ele está intranquilo. Neste momento, há 4/5 posições fixas, as restantes têm-se alterado muito, com jogadores que mudam de lugar, como Coentrão ou Carlos Martins, outros que saem da equipa e depois regressam por opção, como tem acontecido com Gaitán, Salvio ou mesmo Saviola. Tantas mudanças provam que as coisas não estão bem e que a solução tarda. Quando as mudanças são determinadas por lesões ou castigos, pode-se lamentar e remendar, quando é por opção é diferente. Basta atentar no exemplo da época passada: a base era tão sólida que, pontualmente, qualquer um podia sair, mas o que entrava correspondia como se jogasse sempre. E não vale a pena falar de inexperiência: Maxi Pereira, Luisão e Coentrão estiveram no Mundial, David Luiz é jogador de selecção, Aimar e Saviola são internacionais A da Argentina, Carlos Martins tem estado em grande na Selecção Nacional, Cardozo na do Paraguai, Rúben Amorim também já esteve num Campeonato do Mundo…

5 - César Peixoto como Abel Xavier

Uma nota final para referir que é muito mau o que os adeptos do Benfica estão a fazer a César Peixoto. Faz-me lembrar um tempo em que aconteceu o mesmo a Abel Xavier - a bola ainda não chegou ao pé do jogador, e ele já está a ser assobiado. Isso não ajuda nada e não é uma situação fácil de enfrentar, mesmo que se trate de um jogador determinado e que acredite no seu valor. A envolvência é muito importante, e ser assobiado em casa pelos próprios adeptos é mau; o jogador passa a jogar para não errar e não ser assobiado. Com isso, deixa de arriscar, e o que define um jogador de uma equipa grande é exactamente ter qualidade e ser capaz de arriscar. A alternativa, nestes casos, é aparecer um lance milagroso que reverta a situação de uma vez, como aconteceu com Roberto. O César está a precisar de um grande golo.

1 comentário:

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