quarta-feira, 29 de setembro de 2010

RAP


A mão (de Rolando) que segura o andor

A dureza com que a equipa do Sporting foi criticada após a derrota na Luz deixa me na posição ingrata de ter de a defender. Concedo que a exibição não foi boa, o que acaba por ser normal. Como já aqui escrevi, parece me que o Sporting não está tão forte como no ano passado. No entanto, os riscos de desflorestação não se confirmam. É verdade que saiu uma maçã e o pinheiro acabou por não vir, mas o modo como Aimar e Saviola se mexeram entre o meio campo e a defesa do Sporting deu a entender que os jogadores leoninos estavam bem plantados na relva. No fim do jogo, pareceu - me ver o preparador físico do Sporting a desenraizar o Maniche da entrada da área. E um dos adjuntos teve de enxotar a águia Vitória, que se preparava para começar a fazer ninho no ombro do Nuno André Coelho.

Desejo aderir ao novo modelo de crónica futebolística em que o autor revela, para mais que previsível gáudio dos leitores, onde, como e quando viu determinado jogo, e ainda tem a gentileza de fazer a resenha das opiniões emitidas por comentadores estrangeiros - que são sempre os mais perspicazes e informados sobre o futebol português. Antigamente, o público não sabia se um cronista tinha assistido a determinado desafio em directo ou se tinha sido obrigado a ver uma gravação, se tinha visto a partida em território nacional ou estrangeiro. Esses tempos, felizmente, acabaram. Informo então que assisti ao Nacional-Porto no Brasil, através de um canal televisivo local. Estava uma temperatura agradável. Ingeri 72 tremoços durante a transmissão. Os comentadores consideraram claríssimo o penalty não assinalado após evidente mão de Rolando na área (que bobagem!, exclamaram os comentadores) e perceberam, sem recurso à repetição, que tinha sido mal tirado o fora-de-jogo ao ataque do Nacional. Um dos comentadores, especialmente bem preparado, lembrou a propósito a célebre conferência de imprensa em que Alex Ferguson afirmou que o Porto comprava os seus títulos no supermercado. De facto, o futebol português, visto no estrangeiro, tem outro interesse.

Mais um escândalo que resulta de inomináveis injustiças: o seleccionador do Brasil, evidentemente seguindo instruções do dr. Ricardo Costa, chamou David Luiz e deixou de fora da convocatória o inigualável Givanildo. Creio que se impõe uma vigília.
Acompanhei com alguma surpresa, as reacções da imprensa nacional à derrota do Braga frente ao Arsenal. Pareceram-me exageradas. É verdade que o Braga levou 6, mas a equipa portuguesa que lá foi no ano passado levou 5. É possível que, em Londres, ninguém tenha dado pela diferença. O único pormenor que verdadeiramente distinguiu as duas derrotas talvez tenha sido este: desta vez, o presidente da equipa goleada apareceu no aeroporto juntamente com a equipa, à chegada a Portugal.

O comunicado da direcção do Benfica continua a suscitar os mais variados comentários. Uns apoiam-no, outros reprovam-no, e até o treinador André Villas Boas fez uma observação da qual não retive mais do que o facto de incluir a palavra quaisqueres. Uma das críticas mais frequentes, e à qual sou particularmente sensível, tem a ver com a circunstância de o comunicado disparar em direcções tão díspares como a arbitragem e a comunicação social. Também me parece descabido. Ainda se tivessem sido publicadas escutas em que se ouvisse o presidente de um clube a dar indicações a um árbitro sobre o melhor caminho a tomar em direcção a sua casa, talvez se percebessem melhor as referências à arbitragem. Bem assim, se fosse pública outra escuta em que se ouvisse o presidente do mesmo clube a dar indicações a um jornalista sobre o que devia escrever, talvez se compreendesse a desconfiança relativamente à comunicação social - e talvez se percebesse que o tema é, afinal, mais ou menos o mesmo. Uma vez que nada disso sucedeu, o comunicado parece bater-se contra moinhos de vento que mais ninguém vê (nem ouve).

Por Ricardo Araújo Pereira, 25 de Setembro in jornal A Bola

terça-feira, 28 de setembro de 2010

JVP


Marítimo-Benfica

1 - Benfica mostrou ansiedade

Vimos um Benfica muito perdulário, e isso revela uma ansiedade própria de quem corre atrás do prejuízo. Uma coisa é estar na frente, quando tudo sai bem e com naturalidade; outra, completamente diferente, é estar a nove pontos do líder e ter a responsabilidade de lutar pelo título. Jogar na Madeira, criar as oportunidades que o Benfica criou e ganhar apenas 1-0 é tornar o jogo mais complicado do que realmente foi, até porque o Marítimo não esteve particularmente perigoso. Ganhar pela margem mínima é sempre um risco, em especial para uma equipa sem margem de erro.

2 - Não entra a matar, mas está mais perigoso

Este Benfica não entra a matar como na época passada, precisa de mais tempo, mas nota-se que está melhor. Ontem, por exemplo, o jogo esteve equilibrado até aos 13 minutos, quando um lance em que Maxi e Saviola perderam demasiado tempo para rematar foi o clique que fez a equipa acelerar mais, tornar-se mais pressionante e mais perigosa. Fruto disso foi o elevado número de oportunidades criadas. Essa boa dinâmica e agressividade obrigou o Marítimo a recuar, apenas criando lances de perigo quando se libertava do primeiro momento de pressão. Danilo Dias foi o seu homem mais perigoso.

3 - Coentrão melhor em campo

Coentrão foi o melhor em campo, mas Carlos Martins e Saviola são jogadores muito importantes, inteligentes, pensam bem o jogo. Se Saviola tivesse concretizado uma das várias ocasiões que teve, teria sido o mais destacado. Depois do golo de Coentrão - metade deste deveu-se a um bom controlo de bola - e das saídas de Martins e Saviola, o jogo mudou. O Benfica preocupou-se mais com a organização defensiva para não se repetirem alguns desequilíbrios verificados na primeira parte e início da segunda. Isso mostrou-nos um Jorge Jesus mais pragmático, à semelhança da fase final do campeonato passado.

4 - Cardozo, Salvio e Gaitán

Depois de dois golos a uma equipa como o Sporting, seria normal que Cardozo surgisse moralizado e que tivesse marcado, dadas as oportunidades de que dispôs, algumas delas flagrantes. Não o fez porque estava desinspirado, não me parecendo necessário procurar mais explicações. Quanto a Salvio, gostei da sua entrada em campo, embora numa fase em que o Benfica estava mais preocupado em manter a vantagem. Tem condições para crescer no Benfica, mas veremos o que sucede daqui para a frente. Por fim, Gaitán, cujo posicionamento na direita do meio-campo não me pareceu o mais adequado. Ele tem tendência para fugir para o meio, pelo que apenas se via Maxi a atacar por aquele flanco. Dado que o lado esquerdo do Benfica é habitualmente mais forte, teria sido mais equilibrado colocar Martins pela direita.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Marítimo 0 - 1 Benfica - 6ª Jornada 2010/11

Não foi uma vitória brilhante, principalmente por ter sido apenas pela margem mínima, mas o mais importante foi mesmo conseguido. O Benfica venceu no terreno do Marítimo, um campo particularmente difícil (embora os resultados nas últimas 2 épocas não o façam crer) e continuou assim a sua fase de recuperação, iniciada com o triunfo sobre o Hapoel, para a Liga dos Campeões. A distância pontual para o líder continua a ser a mesma, mas um dos rivais directos já está trás de nós e o 2º lugar já está apenas a 2 pontos de distância. Aos poucos, este Benfica está a voltar aos níveis do ano passado. E ainda falta muito campeonato para jogar.


O Benfica dominou o jogo quase do início ao fim. A grande pecha desta partida foi a finalização, com o desperdiçador-mor a ser precisamente o herói da vitória sobre o Sporting. Cardozo falhou um punhado de golos clamorosos e isso, desta vez, poderia ter custado muito caro à equipa. Valeu-nos o jogo maravilhoso de Fábio Coentrão, que continua muito acima de todos os outros colegas. Desta feita, o lateral/agora novamente extremo conseguiu ultrapassar as dificuldades a finalizar que continua a denotar, apontando um golo espectacular que valeu os 3 pontos. Para já, é a grande figura do Benfica esta época.


A destacar ainda a grande exibição de Roberto. O espanhol está finalmente a calar todos os críticos (eu incluído) e a mostrar que pode realmente vir a ser um guarda-redes de topo. A defesa que faz quando o Baba tinha tudo para fazer o golo (na tv disseram que foi sorte; se fosse o Casillas a defender assim aquela bola, era porque é o melhor do mundo...). A forma como o Roberto fez a mancha assustou por completo o avançado do Marítimo, e o facto de se ter atirado para um lado e defendido com a perna do outro significa apenas que ele nunca perdeu a noção do trilho que a bola podia seguir e tirou partido da sua altura para fazer uma defesa miraculosa. Fez ainda mais 2 na primeira parte que acabaram por não valer, pois o jogador do Marítimo estava fora-de-jogo, mas não deixaram de ser grandes intervenções. Parece-me que estamos a ver nascer uma estrela. No Marítimo, o melhor em campo (embora tivesse tido vários falhanços imperdoáveis em cantos e livres) foi mesmo o guarda-redes Marcelo Boeck, que este ano surpreendentemente sentou Peçanha no banco de suplentes. As várias defesas que foi fazendo adiaram o mais possível o inevitável.

Um triunfo que pode permitir encurtar distâncias para o Porto, dado que na próxima semana os dragões vão a Guimarães. Embora o mais certo seja ganharem, há uma possibilidade de perderem pontos, algo que o Benfica terá de conseguir aproveitar, embora o nosso jogo seja antes. E que jogo! O Benfica vai receber o Braga, um dos adversários directos (supostamente) e que tem 2 pontos de vantagem sobre nós. Vai ser um jogo de nervos e certamente polémico, mas será imperioso para o Benfica conseguir ganhar. Se tal acontecer, teremos um novo Benfica a surgir para atacar o resto do campeonato. Para já, temos a deslocação à Alemanha para defrontar o Schalke 04, um jogo em que podemos perfeitamente empatar. Não seria mau resultado (embora o Schalke esteja a fazer um campeonato horrível, já ganhou nesta jornada e está a começar a encontrar-se), pois ficaríamos apenas a 2 vitórias de passar. Se ganharmos, melhor. É da maneira que ficamos pertíssimo da qualificação.

O resumo do jogo aqui:



PS: O Benfica conseguiu ganhar a Supertaça de hóquei em patins ao Porto. Foi um triunfo incontestável (8-4), tal a superioridade da nossa equipa perante o eneacampeão nacional, ao contrário do que afirmaram os responsáveis do Porto no fim do jogo. O Benfica esteve sempre na frente do marcador, foi sempre superior e até devia ter havido pelo menos duas expulsões no Porto, pois o Pedro Gil e o Edu Bosch agrediram à descarada 2 jogadores do Benfica e levaram apenas cartão azul. O triunfo foi categórico e deixou água na boca de todos os adeptos encarnados, pois há muito tempo que o Benfica não jogava tão bem frente ao Porto. Depois de 10 anos sem qualquer título no hóquei, já ganhámos a Taça de Portugal e agora a Supertaça no espaço de 3 meses. Pode ser um sinal de que algo está para mudar nesta modalidade. Assim o espero.


PS2: Hoje saiu o sorteio da III eliminatória da Taça de Portugal. Um sorteio acessível para o Benfica, que irá defrontar o Arouca, recém-promovido à II Liga. Apesar de não ser um adversário fácil, está obviamente muitos furos abaixo da nossa qualidade. A jogar em casa, temos a obrigação de vencer e jogar bem, num encontro em que certamente Jorge Jesus vai dar oportunidades a jogadores menos utilizados. Rumo à 25º Taça, eu acredito que é este ano! Força, Benfica.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

RAP


Um protesto sem vigílias não é um protesto

O comunicado emitido pela direcção do Benfica teve, até ver, pelo menos um grande mérito: causou igual desagrado a portistas e sportinguistas (passe o pleonasmo). Os portistas até apreciam comunicados, mas só se forem lidos pelo terceiro guarda-redes. Gostam de queixas sobre a arbitragem, mas só se forem feitas ainda na pré-época, como fez Villas Boas no torneio de Paris. E levam a mal que uma iniciativa destas não inclua uma comovente vigília previamente anunciada na TV. Organizar romarias à sede da Liga para repudiar o castigo aplicado a um inocente que se limitou a participar num espancamento é pugnar pela justiça e pela verdade; lamentar a existência de vários erros graves de arbitragem é uma palermice folclórica.
Quanto aos sportinguistas, preferem tomadas de posição mais funéreas como um luto, por exemplo. Comunicados são, para eles, queixinhas.
Queixinhas essas que podem eventualmente vir a prejudicá-los, pelo que, após aturada reflexão, decidiram fazer queixinhas das queixinhas do Benfica, inaugurando assim as queixinhas por antecipação. Queixinhas preventivas e dignas, que antecipam factos hipotéticos, e que contrastam flagrantemente com as queixinhas condenáveis, que são as que se referem a factos consumados e comprovados. Donde se conclui que o Benfica foi prejudicado em Guimarães para seu próprio benefício, e para grave prejuízo do Sporting. Só não vê quem não quer.

A homenagem da Associação de Futebol do Porto a Olegário Benquerença gerou uma comoção que não pode deixar de se considerar admirável. Fico sempre impressionado com as pessoas que ainda conseguem surpreender-se com o futebol português. Se é absolutamente normal que um árbitro visite a casa do presidente do Porto («Sempre em frente!») nas vésperas de arbitrar um jogo do mesmo clube, porque haveria de ser menos normal que um árbitro de Leiria fosse homenageado pela Associação de Futebol do Porto nas vésperas de dirigir um jogo do Benfica e mais de dois meses depois das extraordinárias façanhas merecedoras da homenagem? Ambas as situações foram explicadas tão convincentemente que só poderiam deixar dúvidas em espíritos menos puros.
O árbitro Augusto Duarte buscava aconselhamento matrimonial para o papá, e foi por isso que quis escutar a opinião ponderada de um homem cujo talento para manter matrimónios estáveis e discretos é publicamente conhecido e aclamado.
A Associação de Futebol do Porto quis homenagear Olegário Benquerença, natural de Leiria, porque os seus auxiliares são portuenses. No fundo, o procedimento habitual nestes casos.
Quem não se lembra da linda homenagem que a Associação de Futebol de Beja prestou a Carlos Valente, que esteve no Mundial de 1990 com um assistente que tinha uma vizinha que era alentejana? Ou a festa de arromba que a Associação de Futebol da Guarda organizou em honra de Vítor Pereira, presente no mundial de 1998, e que na altura era dono de um cão de raça Serra da Estrela, o que muito orgulhou os organismos do futebol da região?

Jorge Costa prossegue a sua magnífica recuperação da Académica, que se encontra neste momento em terceiro lugar, bem longe do triste 11º posto em que terminou no ano passado. Com um plantel praticamente idêntico ao da época anterior, o novo treinador dos estudantes - que, recorde-se, nunca redigiu relatórios para Mourinho -, insiste em fazer melhor que o seu antecessor. Uma impertinência que lhe pode sair cara.

Por Ricardo Araújo Pereira, 18 de Setembro in jornal A Bola

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vítor Pereira, Paulo Bento e afins...

1 - Debruço-me hoje sobre as declarações de Vítor Pereira e consequente comunicado do Benfica. Das palavras do presidente da comissão de arbitragem, surpresa não tive nenhuma. Sabia perfeitamente que aí viriam frases feitas, com as mesmas justificações de sempre para os erros dos árbitros, "que são humanos" e tal. Destaco a explicação dada para a não marcação do penalty a favor do Rio Ave, com o Porto, por ter sido na "zona cinzenta do relvado" (o auxiliar estava completamente de frente para o lance, mas ok, vamos todos entender o que será a zona cinzenta...). Sobre o nosso jogo em Guimarães, teve a hombridade de admitir que o penalty sobre o Carlos Martins nos foi roubado, tal como o fora-de-jogo do Saviola. No do Aimar, as desculpas esfarrapadas de sempre: o jogador pontapeia Aimar e depois a bola e no campo era muito difícil perceber...

Depois disto, o Benfica emitiu um novo comunicado que, mais uma vez, trouxe ao de cima a nossa veia cândida e anjinha. O desejo manifestado de que a conferência de imprensa do Vítor Pereira "tenha um efeito pedagógico junto dos árbitros e observadores" para que "o futuro próximo do futebol português traduza uma melhoria significativa no nível global das actuações das equipas de arbitragem" é uma frase inenarrável, de tão pura e angelical. Mas esta parte é a melhor: "Assinalamos a coragem que teve por assumir erros que influenciaram resultados de vários jogos e penalizaram gravemente o Sport Lisboa e Benfica, confirmando, dessa forma, que a actual classificação da Liga está adulterada". Realmente, o Vítor Pereira teve uma coragem bárbara ao assumir 2 erros que todo o mundo viu. Falar sobre os lances que têm contribuído para o Porto só ter vitórias, isso nada. Era o querias... Agora referir-se a 2 lances que só um cego diria que não nos prejudicaram, isso é um acto de uma coragem extrema. Enfim...

"O Sport Lisboa e Benfica limitou-se a expor factos, nunca pretendeu qualquer tratamento de favor, mas não compreende como é que as “zonas cinzentas” apontadas pelo presidente do Conselho de Arbitragem podem explicar tantos erros de arbitragem, nomeadamente o lance de andebol ontem ocorrido na Madeira." Este sim, o melhor trecho do comunicado. Aqui finalmente se chamou os bois pelos nomes, mas mesmo assim só falando do penalty não assinalado no Nacional-Porto. E os lances iguais em dias seguidos no Naval-Porto e no Benfica-Académica com juízos diferentes? E a roubalheira que deu a vitória ao Sporting na Naval? Onde estão as nossas críticas em relação a isso? Ficaram na gaveta, mais uma vez. Triste caminho que o nosso Benfica levou. Se tivéssemos uma direcção de comunicação decente, nada disto se passava. O Benfica falava da arbitragem em todos os jogos, pressionava, como fazem treinadores campeões como o Mourinho e o Alex Ferguson. A ideia não é sermos beneficiados, é apenas não sermos prejudicados, é as arbitragens passarem a ser totalmente isentas, ao invés do escândalo que tem sido este início de campeonato. O Mourinho e o Ferguson fazem isso em todos os jogos, ganhem ou percam eles vêem sempre lances que os tenham prejudicado e atiram isso à cara dos árbitros e dos jornalistas. O Benfica, pelo contrário, é constituído por anjinhos que como ganharam um campeonato ficaram totalmente deslumbrados e a achar que a partir de agora era tudo favas contadas. Santa incompetência. Enfim...

2 - Entretanto foi nomeado um novo seleccionador nacional. Confesso que a escolha de Paulo Bento me agrada. O único treinador que gostava de ver a sério naquele lugar era Mourinho. Não podendo ser ele, e com o risco que corremos de falhar o Euro'2012, não podíamos estar a escolher um qualquer treinador estrangeiro. Portugueses, apostaria primeiramente no Manuel Cajuda, mas a opção de escolher um treinador jovem mas com pulso firme ganhou, razão pela qual o Paulo Bento não me choca. Fez um excelente trabalho no Sporting, pecando apenas por ter ficado lá tanto tempo. Se só sabe jogar no famoso losango? Vamos ver o esquema que vai adoptar na selecção. Com Cristiano Ronaldo, Quaresma, Varela e Nani em forma, não me parece que abdique de jogar com extremos. Se não vai chamar o Carlos Martins? Ele deu a sua resposta a essa pergunta hoje e sinceramente sempre tive essa impressão dele, a de que se podia dar mal com um jogador num determinado contexto e noutro completamente diferente pôr isso para trás das costas. Acredito sinceramente que é isso que ele vai fazer e que o Martins vai voltar à selecção, até porque é dos jogadores que mais o merece actualmente. Sinceramente, penso que poderemos retomar o trilho das boas exibições e garantir a presença no Europeu. Pelo menos assim o espero.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

JVP


Benfica-Sporting

1 - Dificuldade leonina em juntar linhas

Este Benfica-Sporting foi claramente um jogo intenso na primeira parte. Nos primeiros cinco minutos ficou a sensação de que o Sporting estava interessado em defender longe da sua área, mas denotava um problema que se arrastou no tempo - os sectores deixaram distâncias entre si, não se apresentaram juntos. Ora, esse posicionamento envolvia perigos, era gerador de desequilíbrios aproveitados pelo Benfica em transições e contra-ataques rápidos. Bastaram esses cinco minutos - com Cardozo a enviar uma bola ao poste logo aos 4' - para se perceber precisamente a existência de um controlo do jogo pelo Benfica, não obstante dispor o Sporting de maior tempo de posse de bola, mas com uma nuance: a mesma era permitida.
O Benfica apresentou-se mais compacto, mais veloz na recuperação da posse de bola, e essa atitude teve como consequência que ganhasse ascendente. O Benfica, ao fim e ao cabo, controlava o jogo como queria - tanto mais quanto o Sporting era vítima das suas próprias dificuldades no último terço do campo, situação bem patente no facto de ao longo de toda a primeira parte não ter rematado uma única vez à baliza de Roberto.

2 - Benfica deixou que Sporting subisse

Se o Sporting se apresentou na sua habitual forma de jogar, com André Santos na posição 6, as entradas no onze do Benfica de Maxi Pereira e César Peixoto como defesas-laterais direito e esquerdo, respectivamente, também não me surpreenderam. Maxi retomou o lugar, e César Peixoto mostrou pulmão. Mais do que a constituição das equipas, notório foi o facto de o Benfica se ter mostrado inteligente na forma como preparou o dérbi, deixando que o Sporting subisse as suas linhas para daí retirar dividendos. O Benfica teve o mérito de ser organizado e forte, inclusive nos duelos individuais, sendo, pois, bem mais perigoso do que o Sporting. E a verdade é que com o primeiro golo obtido cedo, aos 13', ainda aproveitou melhor essa vantagem. Deixou de estar sujeito a pressão suplementar e, mesmo quando recuava, fazia-o com a junção dos seus sectores e retirando dividendos quer das recuperações quer do seu maior poder físico e das transições rápidas.

3 - Domínio claro

A segunda parte poderia ter corrido menos de feição ao Benfica? Era um cenário possível, só que o segundo golo, de novo apontado por Cardozo, só quatro minutos após o regresso dos balneários, tornou ainda mais difícil a tarefa do Sporting. A vantagem era reconfortante para as hostes encarnadas e reforçou ainda mais os níveis de confiança já patenteados até então, ao ponto de três minutos depois ter estado nos pés de Coentrão a hipótese de matar o jogo. Não foi assim… e aos 58 minutos teve Liedson a primeira e mais flagrante oportunidade de o Sporting encurtar distâncias, com a qual, admito, se poderia ter relançado o jogo…
Desperdiçado esse lance, e sem que as alterações introduzidas em ambas as equipas tenham mudado o cariz do desafio, o que é facto é que o Benfica continuou a controlar os acontecimentos e as mais flagrantes ocasiões para mexer de novo no marcador pertenceram-lhe, ambas por Cardozo, aos 74 e aos 75 minutos. Ou seja: o Benfica sentiu que o domínio lhe pertencia, uma situação ainda mais evidente quando o Sporting acentuou a tentativa de fazer circulação de bola, mas sem objectividade - fez alguns remates, é certo, mas em desespero de causa. A toada do jogo não teve, pois, evidentes modificações até final.

4 - Consistência

Uma ideia-base genérica: a vitória do Benfica é justa num jogo em que não se justificavam tantas faltas (46 no total). Por norma, não me pronuncio sobre o trabalho das arbitragens, mas por me parecer evidente que as equipas não enveredaram pela dureza excessiva, dever-se-ia ter deixado correr mais o jogo… O Benfica mostrou-se mais consistente ao longo dos 90 minutos; já o Sporting denotou alguma intranquilidade em muitos períodos, como consequência de um problema que não foi capaz de sanar: ao querer defender longe da sua baliza, não foi capaz de o fazer e descompensou-se.

5 - Reconciliação de Cardozo com os adeptos

O dérbi foi feito também de protagonistas. Cardozo foi a grande figura, e não apenas pelos dois golos apontados. Depois das peripécias das assobiadelas recebidas no jogo com o Hapoel de Telavive, num sintoma de que os adeptos se estavam a voltar contra si, Cardozo teve uma noite importante para a reconciliação com as bancadas e, com ela, a retoma da estabilidade emocional, eventualmente afectada no jogo da Liga dos Campeões.
Por ser de toda a justiça, entendo também ressaltar outras duas boas exibições no relvado da Luz: as de Fábio Coentrão e Rui Patrício.

6 - Três pontos que dão moral

O resultado do dérbi tem necessariamente um outro ângulo de análise: o das suas consequências para ambas as equipas no campeonato. O triunfo dá naturalmente maior confiança ao Benfica, é motivador, permite que o seu jogo possa crescer sem pressões adicionais. Os três pontos dão-lhe moral - e é claro que, pela posição que tinha em termos classificativos, era o Benfica a equipa mais pressionada. Quanto ao Sporting, os estragos provocados pela derrota são, apesar de tudo, menores do que os que se reflectiriam no rival. O Sporting continua um ponto à frente do Benfica e, em linhas genéricas, é sempre possível considerar-se que é ainda cedo para se definirem de vez os candidatos ao título.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Benfica 2 - 0 Sporting - 5ª Jornada 2010/11

Cinco jogos depois, temos o Benfica da época passada. Não em termos tactico-técnicos, que aí era impossível estarmos iguais, dados os diferentes intérpretes este ano, mas sim no que à agressividade (saudável) e vontade de vencer diz respeito. Ontem, vi pela primeira vez esta época um Benfica com força, com raça, com querer, com ambição. Vi pela primeira vez o campeão nacional em campo, o que pode significar muito. Esperemos que a partir deste triunfo a equipa entre finalmente nos eixos. Apesar da tarefa estar muito difícil, a verdade é que ainda não estamos afastados do título e podemos perfeitamente tornar difícil a tarefa dos actuais líderes. Basta que joguemos sempre como aconteceu ontem. Se assim for, será difícil travarem este Benfica.


A entrada no jogo foi o que mais me surpreendeu. Vi um Benfica a fazer pressão alta, o que ainda não tinha acontecido esta época (pelo menos com tanta intensidade), a marcar cedo, tal como no encontro com o Vitória de Setúbal, algo que é sempre positivo para o moral e a confiança da equipa. Além disso, a partida serviu para os adeptos fazerem definitivamente as pazes com o Cardozo. O paraguaio, de resto, não é um jogador de que possamos prescindir: é apenas e só o melhor ponta-de-lança dos últimos 10 anos (pelo menos) do Benfica - está mesmo a apenas quatro golos do recorde de ultrapassar Magnusson como o melhor marcador estrangeiro de sempre do Benfica, o que diz muito sobre a sua importância na nossa equipa.
O encontro foi praticamente todo dominado pelo Benfica. O Sporting nunca se encontrou, não acertou mais de 2 passes seguidos e na única oportunidade que teve (causada por um erro tremendo de Ruben Amorim, que continua numa forma miserável...), Liedson demonstrou que já não é o jogador de outrora. Quatro minutos antes, o Tacuara havia consumado o seu bis com um golo espectacular, só ao alcance dos grandes avançados. Cardozo é de facto um jogador sui generis: parece que nem sabe correr, não defende, não é um portento de técnica e o seu pé direito não existe. No entanto, acaba (quase) sempre por estar lá quando é preciso. E mesmo assim continua a falhar vários golos: só ontem poderia ter marcado 4. Ainda assim, é um grande ponta-de-lança. E já só está a um do "Incrível".


O Sporting foi uma sombra de si mesmo. Pouquíssimo objectivo, sem ideias do meio-campo para a frente, com um meio-campo atacante totalmente inoperante (Matías e Valdés foram uma sombra do que podem ser...), a figura dos leões acabou mesmo por ser o guarda-redes Rui Patrício, mal-amado por muitos (inclusivamente por mim...) mas que ontem salvou a sua equipa de sofrer uma goleada (destaque para a defesa à queima a remate de Fábio Coentrão).

O Benfica conseguiu assim um grande balão de oxigénio para enfrentar o resto da época. Claro que ter 6 pontos à 5ª jornada não é bom, já todos sabemos isso, mas o triunfo frente ao eterno rival (sim, porque o Porto é um rival fabricado) permite à equipa voltar a olhar em frente e acreditar que ainda pode dar a volta a uma situação que não estava prevista. Para a semana iremos à Madeira defrontar o Marítimo, uma equipa que tem andado moribunda (também devido às terríveis arbitragens com que se tem deparado) e que vai certamente dar o tudo por tudo para sair da linha de água, onde se encontra actualmente. Por isso, exige-se à nossa equipa que entre em campo com a mesma motivação de ontem, para conseguir a primeira vitória fora de casa da época e assim se aproximar novamente dos primeiros lugares. Porque eu ainda acredito no 33º, força Benfica!

O vídeo com os golos aqui:

domingo, 19 de setembro de 2010

Sobre o comunicado

Ainda não havia aqui dado a minha opinião sobre o comunicado emitido pela direcção do Benfica após a derrota em Guimarães. Para começar, destaco esta parte da introdução do mesmo, que julgo ser bastante importante: "Nunca defendemos condições de privilégio, o que sempre reclamámos na nossa história foi igualdade de tratamento, isenção no momento de tomar decisões e verdade. São estes princípios que garantem a credibilidade em qualquer sector de actividade, seja na política, na economia ou no desporto. São estes princípios que, infelizmente, têm faltado ao campeonato de futebol profissional da primeira Liga nestas primeiras quatro jornadas. (...) No nosso mandato não vamos montar uma estrutura organizada à margem da lei, nem um modelo de violência e intimidação de agentes desportivos ou jornalistas. Essa não é a nossa postura, nem a nossa forma de agir. Ganhar dessa forma é apenas alimentar uma mentira."

Após esta entrada, que apoio a 100%, chegam as medidas decididas pela direcção.

"a) Reafirmar a total confiança do Clube nos seus atletas e na sua equipa técnica, e a garantia de que ninguém vai desistir dos objectivos propostos no inicio da presente temporada. Resistir é próprio dos que nesta casa se bateram e continuarão a bater pela verdade no futebol português."

Concordo plenamente. Apoiar a equipa e o treinador (que tanto nos deram no ano passado) é o nosso dever até ao fim.

"O futebol não é viável sem verdade e sem acções. O senhor Vítor Pereira deve pronunciar-se sobre o que se passou, sobre o que pensa fazer para o futuro e sobre o entendimento que tem – na forma e no tempo - sobre a homenagem promovida no dia 5 de Setembro, pela Associação de Futebol do Porto, ao senhor Olegário Benquerença.
Citando o Presidente da UEFA, Michel Platini “os árbitros incompetentes devem ser varridos do futebol”. Pela nossa parte, acabou a tolerância com árbitros incompetentes ou habilidosos.
Cada um deve assumir as suas responsabilidades e o senhor Vítor Pereira tem a obrigação de garantir condições de igualdade nos critérios e na acção dos árbitros a todos os clubes em Portugal. Algo que até aqui não aconteceu."

Todos sabemos que, a falar, o Vítor Pereira iria dizer as mesmas tretas do costume, que os árbitros são humanos e erram e tal. Daqui nada de novo surgiria.

"b) Compreendemos e associamo-nos ao movimento de indignação que desde sexta-feira varre o país. Face à adulteração da verdade desportiva, queremos pedir aos sócios e adeptos do Benfica que continuem a apoiar, de forma inequívoca e sem reservas, a equipa nos jogos que o Benfica realiza no Estádio da Luz, mas que se abstenham de se deslocar aos jogos fora de casa.
A equipa já sabe que vai ter de lutar contra muitas adversidades, algumas previstas, outras totalmente imprevistas - já o sentiu neste início de época - e vai conseguir superá-las, mas os sócios e adeptos do Sport Lisboa e Benfica não devem continuar a ser lesados económica e emocionalmente.
A nossa ausência será o melhor indicador da nossa indignação."

Apoio incondicionalmente. Se todos os adeptos do Benfica deixarem de ir aos jogos fora de casa, todos os clubes irão sofrer com isso (aliás, muitos houve a pedir para o Benfica repensar essa medida, o que diz bem da sua percepção de que nada de bom viria se isso acontecesse) e irão perceber que não têm nada a ganhar em maltratar o Benfica. O que se pede aqui é imparcialidade e isenção, algo que não acontece com muitos dos clubes nesta Liga. Muitos (como todos sabemos) estão aliados a um único clube, o que faz com que desprezem profundamente o Benfica. Se deixassem de receber o dinheiro que recebem quando o Benfica lá vai (sim, porque todos sabemos que todos os clubes da I Liga têm a maior receita - de longe - quando recebem o Benfica), talvez abrissem os olhos.

"c) Solicitar ao Presidente do Sport Lisboa e Benfica a suspensão imediata de quaisquer negociações relativas aos direitos televisivos relativos aos jogos da sua equipa profissional a partir da época 2012/13 que possam estar a decorrer com a Olivedesportos. Mais, foi igualmente solicitada uma avaliação no sentido de apurar a possibilidade do Clube passar a gerir de forma autónoma os seus direitos audiovisuais.
Não podemos continuar a tolerar que a falta de seriedade dentro de campo tenha a cumplicidade daqueles que, tendo os nossos direitos televisivos, não revelam isenção na análise e camuflam os erros daqueles que sistematicamente nos prejudicam."

300% de acordo. Chega de sermos gozados pelo Oliveirinha enquanto este enche os seus bolsos e festeja as vitórias com o presidente do Porto (embora também seja amigo do nosso presidente, e essa parte era perfeitamente dispensável, mas enfim, é o presidente que temos...).

"d) Equacionar, em face do desgaste e da falta de garantias de isenção na arbitragem agora evidenciadas, a participação na presente edição da Taça da Liga."

Com esta não concordo minimamente. O Benfica deve disputar todas as competições oficiais que existem. Como clube grande e vitorioso que é (além do facto de ser o clube com mais Taças da Liga), a sua obrigação é jogar para ganhar em todos os troféus que disputa. Para este ponto não contem nunca comigo.

"e) Solicitar à comunicação social que, fazendo o seu trabalho, denuncie quem adultera as regras. Que investigue as notas que alguns observadores têm atribuído a algumas actuações de árbitros. Que compare aquilo que sucedeu no campo com a nota posteriormente atribuída."

Todos sabemos que isto nunca vai acontecer, porque seria sempre um exercício meramente especulativo (a não ser que um jornalista de investigação conseguisse juntar provas concretas de falsificação de relatórios, e mesmo assim todos sabemos que por uma razão ou outra essas provas não iriam ser aceites em tribunal - o costume...).

"f) Solicitar ao Senhor Ministro da Administração Interna uma audiência para debater a violência de que a equipa do Benfica tem sido alvo cada vez que se desloca ao Porto. Não queremos confundir as gentes do Porto – que seguramente não se revêem neste tipo de comportamento – com um grupo de delinquentes que organizada e reiteradamente e de forma impune têm vandalizado o autocarro do Benfica e atentado contra a integridade física dos seus atletas."

Concordo plenamente, mas aqui também acho que a direcção encarnada deveria fazer algo para também prevenir o inverso, porque os No Name Boys não são nenhuns santinhos e também maltratam adeptos de outros clubes quando eles visitam a Luz. É pena e enoja-me que isso aconteça, mas a verdade é que acontece.

"g) Declarar o Secretário de Estado ‘persona non grata’ pelo trabalho que prestou ao futebol português. Abandonou a anterior Direcção da Liga no seu combate pela credibilização do futebol português, alheou-se – por completo – do processo “apito Dourado”. É, ainda, o responsável por nada fazer para aplicar a lei, pelo que a arbitragem e a Comissão Disciplinar continuam na Liga, quando já deviam estar na Federação Portuguesa de Futebol desde 1 de Julho.
Para além de tudo isto, lamentar as declarações desrespeitosas que o Secretário de Estado teve para com o Sport Lisboa e Benfica e que branqueiam o comportamento daqueles que adulteram a verdade desportiva."

Não me lembro de declarações desrespeitosas do Laurentino Dias para com o Benfica, mas revejo-me a 100% na primeira parte deste ponto. Além de ter interferido de forma absolutamente ridícula no caso Nuno Assis, pedindo pronta e lestamente um castigo ao jogador (que em toda a sua carreira foi um exemplo de profissionalismo e obviamente nunca esteve dopado, tendo perdido um ano da sua carreira com essa "brincadeira"), esse senhor não foi capaz de abrir a boca uma única vez para condenar os casos de corrupção no futebol português, razão pela qual deve ser tido como presona non grata não só pelo Benfica como por todas as instituições de bem do nosso futebol e até do país. Mas não é só ele que merece esse estatuto. Se a direcção do Benfica tivesse mais coragem, muitos outros seriam postos de parte. O problema está no nosso "líder", que se dá demasiado com gente que interessa muito pouco. Mas enfim...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Benfica 2 - 0 Hapoel Tel Aviv - Fase de Grupos Liga dos Campeões 2010/11

Começámos ontem a participação na Liga dos Campeões, e começámo-la da melhor maneira: a vencer. Estes 3 pontos eram importantíssimos não só para que pudéssemos entrar na competição da melhor forma possível, vencendo o 1º jogo em casa, mas também devido à fase que a equipa atravessa - ainda para mais na véspera de um Benfica-Sporting. A exibição ainda não foi brilhante, mas chegou para vencer, e neste caso era isso o que mais importava. Com a vitória caseira do Lyon sobre o Schalke 04 (1-0), que iremos defrontar na próxima jornada (e na Alemanha), estamos neste momento em primeiro do grupo, o que, não querendo dizer nada, obviamente, pode funcionar como alento extra para a equipa. Pelas minhas contas, 10 pontos serão mais que suficientes para passar à fase seguinte, pelo que já só precisamos de mais 7: duas vitórias e um empate. Ora, se conseguirmos pelo menos empatar na Alemanha, ficaremos à distância de 2 triunfos em 4 jogos. Não me parece difícil. Francamente, penso que estamos bem lançados para superar a fase de grupos sem problemas de maior. Mas um passo de cada vez.


A entrada no encontro não foi má. Este Benfica não é o mesmo do ano passado (isso já todos sabemos), mas notou-se a vontade da equipa em deitar para trás o mau momento e entrar a ganhar na Champions. Ainda assim, e apesar das tentativas de Aimar, Carlos Martins e Fábio Coentrão, a verdade é que o Hapoel poderia ter marcado primeiro. O árbitro fez vista grossa, mas Luisão comete efectivamente falta sobre o avançado Shechter (um mergulhador nato, diga-se, como se viu no resto do encontro). Um lance em que ficou bem patente a dificuldade do brasileiro em acompanhar avançados rápidos e muito móveis. Luisão haveria de se redimir desse erro infantil pouco depois, conseguindo um golo espectacular e provando ser o homem dos golos decisivos: já assim havia sido com o Sporting em 04/05, com o Liverpool no ano seguinte e com o Braga na época passada, num jogo também ele decisivo para o título.


A partir daqui, o jogo aparentou ficar controlado, mas os israelitas não baixaram os braços e mostraram que estavam mesmo na Luz para pontuar. Felizmente, Roberto estava num dia inspirado e conseguiu sempre travar as investidas adversárias, nomeadamente o fantástico remate de trivela do lateral-direito Bondarv (para mim o melhor em campo dos israelitas). Não sei se foi só impressão minha, mas o espanhol pareceu-me bem mais tranquilo neste jogo. Pode ser que o problema na baliza esteja perto de ser resolvido. Era muito bom para nós.


Na segunda parte, o Benfica entrou outra vez mais forte e pressionante, destacando-se a grande exibição de Aimar, aqui bem secundado por Saviola, que finalmente apareceu. No entanto, o encerrar do jogo viria com a entrada de Maxi Pereira (parece que o banco lhe fez bem, assim como a titularidade a Ruben Amorim, ele que vinha a jogar muito mal). O entendimento entre os 2, que viria a culminar no segundo golo do Benfica, foi belíssimo. O golo foi à ponta-de-lança, como a grande maioria dos que Cardozo marca. Sobre o gesto do paraguaio, sinceramente acho isso um fait-diver. E até compreendo perfeitamente a atitude, diga-se. Ninguém gosta que no nosso local de trabalho nos estejam a assobiar e a criticar de cada vez que fazemos algo mal, e estava a tornar-se ridículo assobiarem-no (apesar de estar a ser o pior em campo, de longe) de cada vez que tocava na bola. O gesto foi irreflectido mas expressou o que o jogador estava a sentir naquele momento, o sentimento de "Tomem lá" por o terem "tratado tão mal", ele que é o mesmo jogador que o ano passado apontou 38 golos. Pois bem, Cardozo marcou, fez o gesto (o mesmo que Quim fez o ano passado, e teve igualmente a sua razão, pois os adeptos incompreensivelmente só viam o Moreira à frente, mesmo com ele a demonstrar que era o melhor - e acabou por ser totalista no campeonato...), pediu desculpa e isso é que importa. A hora é de união entre todos os benfiquistas e não de estar a criticar jogadores indiscutíveis no 11. Que se assobie o César Peixoto, é para o lado que durmo melhor. Agora o Cardozo, isso é incompreensível.

E assim levámos a melhor no primeiro jogo na Champions. Não foi fácil, mas também não foi preciso forçar assim tanto. A deslocação à Alemanha não vai ser pêra nada doce, não só pela qualidade do Schalke (apesar de ter 5 derrotas em 5 jogos este ano) como também pela nossa tradição em solo germânico, onde nunca vencemos uma partida. Ainda assim, eu acredito que as estatísticas são para ser quebradas e que é completamente possível trazer um bom resultado. Se não der para ganhar, pelo menos o empate. Um ponto já será muito positivo, pois ficarão a faltar apenas mais 6, ou seja, 2 vitórias. E isso está perfeitamente ao nosso alcance. Rumo a um sonho que se verá se é possível ou não de concretizar!

O resumo do jogo aqui:

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

RAP


O futebol português rejuvenesce

Há duas semanas, escrevi aqui que a época 2010/2011 começava naquele dia, quando o Benfica jogasse com o Vitória de Setúbal. O jogo acabou com a vitória do Benfica por 3-0, e eu convenci-me de que tinha razão. Afinal, devo confessar que me enganei. Não estamos a assistir ao início da época 2010/2011. O campeonato que agora começa é o respeitante à época 1996/1997. Aquele ano em que se juntaram, na primeira divisão, árbitros como José Pratas, Augusto Duarte, Soares Dias e Isidoro Rodrigues, entre tantos outros. A arbitragem de ontem, em Guimarães, foi de 96/97. Até quem viu o jogo em casa sentiu o cheiro a naftalina. E os apreciadores de antiguidades terão admirado o rigor com que Olegário Benquerença aplicou as regras daquela altura.
Foi um espectáculo comovente. Quando um jogador vimaranense tentou separar a perna do Aimar do resto do corpo com um pontapé, dentro da área do Vitória. Senti-me 14 anos mais novo. A falta não assinalada que Carlos Martins sofreu, também dentro da área, fez me recuar à juventude. O fora de jogo inexistente que impediu Saviola de ficar isolado à frente de Nilson trouxe-me à memória o viço dos meus vinte anos. E, quando Cardozo viu um cartão amarelo por ter marcado um golo limpo, quase chorei de nostalgia. Sou um sentimental, e estes regressos ao passado comovem-me. Só não percebo a razão pela qual este Vitória de Guimarães-Benfica foi transmitido pela SportTV, em lugar de ter passado na RTP Memória. Quanto a Olegário Benquerença, já conhecíamos o seu talento como imitador de Quim Barreiros (quem não conhecer, veja o vídeo no YouTube). Mas não sabíamos que ele também tinha jeito para imitar o Martins dos Santos.

Que se saiba, ninguém seguiu o conselho de higiene institucional que Carlos Queiroz nos deixou, gratuitamente, em meados da década de 90: não há notícia de alguém ter varrido a porcaria da Federação. Não serei eu a pôr em causa a necessidade de varrer porcaria, seja na Federação ou noutro sítio, mas, não tendo a porcaria sido varrida, foi com porcaria que Humberto Coelho chegou às meias-finais de um Europeu, e foi na companhia da mesma porcaria que Scolari conseguiu ser vice-campeão da Europa e quarto classificado num Campeonato do Mundo. Bem sei, bem sei: o mérito dos feitos de Humberto Coelho e Scolari é todo de Carlos Queiroz. Foi ele quem lançou as bases. Construiu a estrutura. Pensou o edifício das selecções. E a responsabilidade pelo actual momento da Selecção é de todos menos de Queiroz. Por azar, ele tomou conta da Selecção precisamente na altura em que o efeito da sua obra começou a desvanecer-se. Os seus predecessores destruíram as bases, ignoraram a estrutura e borrifaram-se no edifício. Curiosamente, Carlos Queiroz tem mais mérito e influência nos resultados da Selecção quando não está a treiná-la do que quando é seleccionador nacional. E, mesmo quando está longe, Queiroz consegue ser autor moral apenas dos êxitos: é ele o responsável pelo sucesso da equipa que fez um brilharete no Euro 2000, mas não tem responsabilidade nenhuma no desastre do Mundial de 2002, sendo que a chegada à final do Euro 2004 volta a ter o seu dedo.
O despedimento de Queiroz deve agradar, por isso, a ambas as partes: à Federação — que, com processos disciplinares consecutivos, fez tudo para o despedir sem nunca dizer que queria despedi-lo; e ao seleccionador — que, insultando os médicos na Covilhã e o vice-presidente da Federação no Expresso, fez tudo para ser demitido sem nunca dizer que queria demitir-se. Por um lado, é uma pena que Queiroz e a Federação se separem. Fazem um lindo par.
No fim, a cabeça do polvo, pelos vistos, conseguiu o que queria — o que significa que este é o segundo octópode a ser bem sucedido no mundo do futebol em meia dúzia de meses. Infelizmente, dizem-me que ficávamos mais bem servidos se o polvo alemão que adivinhava resultados viesse ocupar o cargo de vice-presidente da Federação e Amândio de Carvalho fosse para dentro daquele aquário na Alemanha.

Por Ricardo Araújo Pereira, 11 de Setembro in jornal A Bola

domingo, 12 de setembro de 2010

JVP


Guimarães-Benfica

1 - Guimarães inteligente e venenoso vence Benfica nervoso e sem discernimento

Este jogo e o resultado final resume-se bem na forma como as duas equipas entraram em campo, com o Guimarães a actuar de forma inteligente, cautelosa mas venenosa e o Benfica nervoso, ansioso e com pouco discernimento. Numa partida de futebol interessante e imprevisível, começou por ser a equipa da casa a ganhar superioridade, pela sua velocidade, determinação e confiança, o que fez com que fosse mais perigosa, perante um Benfica algo desconcentrado, com pouca dinâmica e que só acordou depois do primeiro golo. Reagiu depois, meteu mais velocidade nas suas iniciativas, mas definindo sempre de forma deficiente o seu último passe. Ainda chegou ao empate, teve ascendente e, com um futebol mais directo e objectivo, tentou ganhar, mas os riscos que correu foram-lhe fatais. Com as substituições, o Guimarães soltou-se mais, teve mais espaço e chegou à vitória porque foi a equipa que melhor soube aproveitar os erros adversários.

2 - Campeão diferente e com vida complicada

O que se viu em Guimarães e neste arranque de época foi um Benfica claramente diferente ao da época passada, na qual entrou de forma excepcional, apostando num estilo de jogo rápido, com naturalidade, dinâmica e boa capacidade física dos jogadores, que lhes permitiu aumentar progressivamente os níveis de confiança. Agora, vemos um campeão com falta de frescura física, por certo consequência da participação de alguns jogadores importantes no Mundial, uma vez que tiveram menos descanso e a mesma carga física durante a pré-época, o que faz com que as coisas saiam de outra forma. Além disso, sempre que surgiam dificuldades, Fábio Coentrão e Di María, por exemplo, superavam os obstáculos. E neste jogo Coentrão e Gaitán, que até deram alguma dinâmica à equipa, não chegaram para garantir o triunfo. Falta também confiança e isso é um problema que o Benfica terá de contornar, sob pena de ver a liderança ficar cada vez mais distante numa época em que a corrida ao título não será apenas a três porque também o Sporting, pelo que tem mostrado, estará no lote da frente. Ou seja, neste início de época, o Benfica não atingiu ainda o nível da anterior e os seus adversários directos, FC Porto, Braga e Sporting, estão mais fortes.

3 - Manuel Machado ganha jogos das substituições

Decisivas foram as primeiras duas substituições operadas por Manuel Machado, aos 52', uma vez que o técnico do Guimarães percebeu que estava a perder o meio-campo, dada a maior intensidade de jogo do Benfica. Com a entrada de Flávio Meireles, principalmente, e de Rui Miguel, a equipa recuperou o equilíbrio e segurança defensiva e os jogadores da frente tiveram maior liberdade para criar problemas à defesa do Benfica, culminando essa vantagem com a obtenção justa do golo da vitória, precisamente pelo Rui Miguel. Do lado contrário, as substituições não surtiram efeito, porque o Benfica ficou menos esclarecido sem Carlos Martins em campo e deixou de criar tanto perigo sem Gaitán. Por isso considero que Manuel Machado venceu o jogo das substituições.

4 - Nilson infeliz e Roberto com suficiente menos

Muito se tem dito e escrito sobre as exibições dos guarda-redes, nomeadamente de Roberto. Neste jogo, a infelicidade tocou a Nilson, no lance do golo do Benfica, enquanto o guardião dos encarnados não teve culpas nos dois golos sofridos, embora em um ou outro remate de fora da área tenha tremido. Ainda assim e até ao momento, Roberto continua a demonstrar que não é um guarda-redes que transmita confiança à equipa, algo que é fundamental para que esta se solte mais e apresente uma maior consistência e segurança no seu jogo. Frente ao Setúbal, na jornada anterior, até defendeu um penálti, mas isso foi apenas um lance. Mas não foi por ele que o Benfica perdeu este jogo porque os dois golos do adversário nasceram em jogadas ofensivas da equipa de Jorge Jesus, com perdas de bola e falhas de marcação que foram devidamente aproveitadas pelo Guimarães, que soube jogar muito bem no erro do seu opositor.

5 - Coentrão e Martins perdem para João Ribeiro e Ricardo

O Benfica viveu muito das iniciativas de Carlos Martins, um jogador que foi perigoso pela qualidade dos seus passes em diagonais, a meter a bola entre o central e o lateral, explorando principalmente a velocidade e capacidade técnica da dupla Coentrão/Gaitán que, sem fazer um jogo brilhante, esteve nos melhores lances dos encarnados. No entanto, como melhor jogador em campo destaco João Ribeiro, um jogador que imprimiu boa dinâmica ao ataque do Guimarães e que fez um grande passe para o primeiro golo. Também aponto como decisiva a actuação do central Ricardo, pela forma simples como assumiu as acções defensivas.

sábado, 11 de setembro de 2010

Vitória de Guimarães 2 - 1 Benfica - 4ª Jornada 2010/11

Há 3 posts atrás eu disse que a linha editorial deste blog iria mudar. Não podia ter escolhido momento mais oportuno. Eu, que desde que criei este blog raramente critiquei ou protestei as arbitragens, hoje declaro solenemente que o Benfica foi total e absolutamente espoliado em Guimarães. Desta feita não vou ser politicamente correcto nem vou dizer que jogámos mal, que defendemos mal, que os culpados da derrota são os jogadores ou o treinador (como sempre disse nos desaires do Benfica desde que criei este blog, já lá vai mais de um ano; se duvidam, vão confirmar todos os posts de jogos que o Benfica não ganhou). Agora, aquilo que se passou hoje foi absolutamente vergonhoso. Foi, porventura, uma das piores arbitragens a que já assisti em toda a minha vida. O Benfica perdeu em Guimarães porque lhe roubaram 2 penaltys e assinalaram mal 2 foras-de-jogo que deixavam os nossos avançados na cara do Nilson. Isto não é demagogia, isto não é tentar desculpar a derrota do Benfica com a arbitragem. São factos, e contra factos não há argumentos. No jogo com a Académica o Benfica foi igualmente roubado (ficaram 2 penaltys por marcar a nosso favor) e ainda assim eu desanquei a equipa e o Jesus, disse que lhes faltou atitude e que tinham de mudar urgentemente se queriam revalidar o título. No jogo da Choupana não vi motivos para protestos. Mas hoje, meus amigos, hoje não me posso calar mais. E não me importa que venham aqui sportinguistas ou portistas criticar e dizer que a desculpa é sempre a mesma e não sei quê. Sinceramente, não me importa, porque todos temos olhos na cara e todos estamos a ver para que lado vai cair este ano o campeonato. Atrevo-me a dizer que as faixas já devem estar encomendadas. Toda a gente viu a forma como o Porto ganhou na Figueira da Foz e em Vila do Conde e toda a gente viu como o Sporting ganhou igualmente na Figueira da Foz. 3 jogos, 3 arbitragens escandalosas, 2 delas a favorecer sempre o mesmo. Ao mesmo tempo, o Benfica já leva 3 derrotas, 2 delas patrocinadas pelos homens do apito. É demais. Se isto continuar assim, este ano ficamos em 7º. E já estou a ser optimista.


No entanto, e como já não vale a pena falar do homem que conspurca o futebol português há mais de 30 anos, vou dizer algo que vai deixar os vieiristas loucos. Não me interessa. O único culpado desta situação chama-se Luís Filipe Vieira. Foi ele que entendeu por bem enveredar por uma política de comunicação em que não se falava da arbitragem (curiosamente, fê-lo apenas o ano passado quando começou a ver que estava a ganhar) e foi ele que, do alto do seu fatinho e da presunção vitoriosa, entendeu por bem apoiar um corrupto para a presidência da Liga de clubes. É, por isso, devido ao nosso "Querido Líder" (como alguns já lhe chamam) que nos encontramos nesta situação e que não vamos revalidar o título como era desejo de todos nós. Venham dizer-me que o homem já fez muito pelo Benfica e que já nos deu muitos títulos (tudo mentira) que eu vou continuar a dizer o mesmo: esse senhor é burro que nem uma porta e não tem condições para ser o presidente da "maior instituição de Portugal", como ele tantas vezes lhe chama. Fosse a política de comunicações do Benfica algo com cabeça, tronco e membros e não éramos espezinhados como tantas vezes fomos nos últimos anos e como estamos a ser este ano. No fim do jogo caiu-lhe bem fazer aquelas declarações e mostrar peito, mas agora? Amigo, agora o mal já está feito. Temo que o Benfica vá passar muito tempo sem se levantar. Graças a si, meu amigo, e a todos os que dizem Ámen a tudo o que o senhor diz e que o veneram. Esses hoje devem estar felicíssimos. Grandesíssimos burros.


Em relação ao jogo, dizer que o Benfica voltou a errar clamorosamente na defesa. O Roberto não está bem nos 2 golos (mais no segundo, em que fica a meio caminho), mas os grandes culpados são os 4 defesas. Como é possível a diferença ser tão grande da época passada para esta? Chega a ser confrangedor. Quanto aos marcadores dos golos, uma curiosidade: o Rui Miguel tem estado posto de parte pelo Manuel Machado desde o início da época, foi dado como dispensado e chegou a estar mesmo com um pé no estrangeiro. Ontem li que poderia ser titular e pensei: "É este gajo que ainda vai resolver o jogo, querem ver?". Só falhei na parte de ser titular.


Pelo meio, lembrar apenas o bom golo de Saviola, oportuníssimo como sempre. De resto, o argentino hoje mostrou estar a subir de forma. Ainda bem.


Quanto ao resto, já disse tudo. Estou demasiado irritado para escrever mais. Nem me interessa o resultado do jogo de amanhã. Agora temos pela frente a recepção ao Hapoel, onde espero que haja uma arbitragem decente, que nos permita jogar futebol, algo que nos tem sido negado em Portugal este ano. A seguir vem um Benfica-Sporting onde nem quero imaginar o que irá acontecer.

PS: O autocarro do Benfica foi mais uma vez alvo de apedrejamentos e arremessamento de bolas de golfe ao passar pelo Porto. Seria pedir de mais que esses selvagens fossem todos chacinados? Será que o que vem descrito no livro do Fernando Madureira não chega para incriminar a maioria dessa canalha? Ah, esperem, esqueci-me que estamos em Portugal. Se escutas telefónicas onde ficam provados crimes não são válidas, porque razão uma auto-biografia terá também algum valor? Que tapado que eu sou...

Os golos do jogo da vergonha aqui:

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Demissão de Carlos Queiroz - um desfecho mais do que esperado

Aconteceu hoje aquilo que devia ter acontecido logo após a eliminação do Mundial: a demissão de Carlos Queiroz e a garantia de que se irão realizar eleições antecipadas na FPF. Eu continuo a achar que é absolutamente ridículo terem deixado as coisas chegar a este ponto, terem esperado que se iniciasse a qualificação para o Euro'2012 com este imbróglio a decorrer. Estava mais que visto que não havia as condições mínimas para Queiroz continuar como seleccionador, mas nem assim o líder da FPF achou que algo tinha de ser feito para se evitar o desastre que está prestes a acontecer. É ridículo. No entanto, tenho de referir que nunca pensei que Queiroz fosse despedido hoje. Julguei que, agora que o circo já havia começado, iriam até ao fim com ele e que o homem ficasse mesmo na selecção até ao fim do contrato.

Agora chovem nomes para o cargo. Se fosse eu a mandar, e porque José Mourinho ou Jorge Jesus estão indisponíveis, o meu escolhido seria Manuel Cajuda, sendo Octávio Machado a sua alternativa. Paulo Bento estaria no patamar imediatamente inferior. Veremos quem Madaíl vai escolher. De salientar que os próximos jogos da selecção são já em Outubro, um deles frente à Dinamarca. Se querem evitar um descalabro, é bom que comecem a agir rapidamente.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Entrevista de Luís Filipe Vieira à SIC

Segui com atenção a entrevista que Luís Filipe Vieira concedeu à SIC, conduzida por Rodrigo Guedes de Carvalho. No geral, achei-a fraca. Já vi o Rodrigo muito melhor noutras ocasiões. Quanto às respostas do nosso presidente, foi mais do mesmo, não acrescentou nada de especial àquilo que já todos sabemos há muito. A não ser a confirmação de que o Mantorras já não dá para o futebol. Quando isto é dito pelo próprio presidente do clube (que é, ainda por cima, a pessoa que mais apoiava o avançado angolano), penso que está tudo dito sobre o assunto Mantorras. Esta será, quase de certeza, a última temporada do angolano enquanto jogador profissional de futebol (se é que essa já não teve lugar o ano passado, visto que me parece quase impossível que Mantorras venha a jogar qualquer minuto este ano).

De salientar a confirmação de que foi mesmo Jorge Jesus a avalizar a contratação de Roberto, que Eduardo chegou a ser negociado com o Braga (viria em pacote com um jogador que entretanto foi vendido para outro clube - Evaldo) e que o Gaitán foi mesmo contratado para ser o substituto de Di María - claramente um erro de casting, pois o próprio Gaitán já afirmou diversas vezes não estar acostumado a jogar nessa posição.

Por fim, tardaram mas lá chegaram as críticas às arbitragens destes primeiros jogos do campeonato. Não sou apologista desta política que grassa no Benfica desde a época passada de não protestar quando é roubado. O Mourinho e o Ferguson, apenas e só os melhores treinadores do Mundo, protestam dos árbitros em quase todos os jogos, quer ganhem ou percam. E é assim que tem de ser, é assim que se protege a equipa (desde que se tenha razões para isso, bem entendido). Caso contrário, esses artistas vão continuar a fazer o que têm feito desde que este campeonato começou, o que já nos fez perder 3 pontos (a derrota com a Académica, visto que com o Nacional não vi qualquer roubo) e que já deu muitos pontos aos mais directos rivais (basta ver como o Porto conseguiu 2 das suas 3 vitórias e como o Sporting conseguiu a sua última).

Em relação às polémicas envolvendo a selecção, LFV optou por atacar deliberadamente o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, dizendo com todas as palavras que foi este que orquestrou tudo isto para poder despedir o Carlos Queiroz. Não estava lá, portanto não sei se é verdade, mas parece-me que não foi o Laurentino que insultou os responsáveis do controlo anti-doping. De qualquer forma, ficou bem ao nosso presidente voltar a afirmar que Nuno Assis nunca esteve dopado. O jogador merece, pois foi um grande profissional do Benfica que perdeu um ano de carreira por causa dessa brincadeira.

A finalizar, acho que geriu bem a pergunta de faca e alguidar sobre o que tinha a dizer em relação à provocação do verme-mor do futebol português. O desprezo é a melhor maneira de lidar com esse tipo de gente (embora eu não saiba até que ponto este "desprezo" de LFV para com Pinto da Costa é genuíno, mas enfim...). E também lhe ficou bem pedir aos adeptos do futebol para que não se repitam as lamentáveis cenas da época passada. Isso sim era um bem que se fazia ao futebol.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O estado calamitoso da selecção nacional

Estive até agora na dúvida sobre se haveria de escrever ou não sobre o actual estado da selecção nacional. Se a equipa tivesse ganho hoje, provavelmente teria deixado este post para mais tarde. No entanto, a derrota na Noruega e o mais que provável afastamento do Euro'2012 fizeram-me reflectir e inclusive pensar em mudar um pouco a linha editorial deste blog. A partir de agora, vou tentar debruçar-me mais sobre os assuntos que dominam a actualidade do futebol (português e não só) em vez de passar por eles sem me pronunciar, por este ser um blog apenas benfiquista. A partir de agora, será um blog sobre o Benfica mas também sobre tudo o que rodeia o futebol e o desporto em geral. A começar pelo estado calamitoso da nossa selecção.

Depois da derrota de hoje e do mais que provável afastamento de Portugal do Euro'2012, só me apraz dizer o seguinte: mas em que é que os senhores dirigentes da FPF andam a pensar? O que é que eles estão a tentar ganhar com esta palhaçada? Sim, isto é uma autêntica palhaçada: se querem despedir o Queiroz porque já viram que ele, como seleccionador, não dá para mais, então, meus senhores, despeçam-no já e contratem rapidamente um novo seleccionador, que seja capaz de ainda conseguir levar a selecção a bom porto (não será tarefa fácil, mas também ainda não é impossível). Agora, se esta palhaçada continuar, então veremos este Europeu a partir de casa, o que seria vergonhoso. Portugal não falha uma grande competição internacional desde 98, quando ficou de fora do Mundial por apenas dois pontos... exactamente os pontos que perdeu logo na primeira jornada, no empate a zero na Arménia (com um penalty falhado por Oceano no último minuto). Na altura, o então seleccionador Artur Jorge (mais um falhado...) veio pedir calma, lembrando que ainda faltava muito apuramento. No final viu-se o que teria acontecido se tivéssemos ganho esse jogo... Agora, está a passar-se o mesmo. É certo que ainda faltam vários jogos, mas empatar em casa com o Chipre e perder na Noruega não dará, decerto, muita confiança para os duelos futuros, onde se destaca a Dinamarca. Em Europeus, Portugal não falha um desde 92. Em 96, conseguiu ficar em 1º no grupo, eliminando a então campeã em título Dinamarca. Acabaria por ser eliminado nos quartos-de-final pela República Checa, que seria a vice-campeã. Quatro anos depois, só a França campeã do mundo e que se sagraria aí campeã da Europa nos eliminou nas meias-finais. Em 2004, a jogar em casa, melhor ainda: só perdemos na final frente à Grécia. Em 2008, repetimos tal e qual a prestação de 96: ficámos em 1º no grupo e fomos eliminados logo a seguir pela selecção que viria a ser a finalista vencida: a Alemanha. E desta parece mesmo que falharemos a competição na Polónia e na Ucrânia, 20 anos depois, o que não deixa de ser uma vergonha, dada a qualidade dos jogadores portugueses. É incompreensível o que a Federação está a fazer à selecção. Não são os mesmos dirigentes da mesma Federação que estão sempre a lembrar o prejuízo que dá à FPF a selecção falhar uma grande competição? Se assim é, porque é que não estão a ligar nenhuma a este Euro? É que eu estou, e custa-me ver o meu país ser humilhado desta maneira em todos os jogos. A qualificação para o Mundial foi o que foi, mas esta está a ser um descalabro a todos os níveis. Já está na altura de se apurarem as responsabilidades e correr, de vez, com toda a porcaria que grassa na Federação. O presidente era logo o primeiro, os vices e toda essa corja vinha a seguir e os treinadores também. É preciso uma limpeza geral, caso contrário falharemos o Euro e, pior que isso, a imagem do país voltará a cair no descrédito em que vagueou durante anos. Ao menos tenham consideração por quem ama este país com a sua vida.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

RAP


Jorge Sousa, um árbitro do Porto

Reza a lenda que o árbitro Jorge Sousa foi membro dos Super-Dragões. Não sei se o boato começou porque alguém testemunhou a sua presença na claque ou porque, nos jogos que arbitra, Jorge Sousa parece mais portista que o Jorge Nuno. No Braga-Benfica do ano passado, ficou célebre o golo anulado ao Benfica porque, ao que supuseram os especialistas na altura, Luisão teria respirado com demasiada força no momento de cabecear. Na final da Taça da Liga, permitiu que Bruno Alves e Raul Meireles ficassem em campo até ao fim, provavelmente para ver qual dos dois venceria o seu campeonato privado de agressões. Foi renhido, mas julgo que ganhou Bruno Alves por 4-3. No Rio Ave-Porto desta semana, deixou que Falcão se pusesse às cavalitas de um adversário no primeiro golo e admoestou, com cartão amarelo, um jogador vila-condense por ter tido a desfaçatez de sofrer um penalty. Quando se diz que determinado jogo vai ser arbitrado por Jorge Sousa, árbitro do Porto, sou eu o único que suspeita que não se estão a referir à origem geográfica do juiz?

A interessante entrevista que Jesualdo Ferreira deu esta semana parece explicar o motivo pelo qual Pinto da Costa só costuma prometer títulos a treinadores já falecidos: é da natureza dos defuntos não concederem entrevistas. Três meses depois do fim do campeonato brilhantemente conquistado pelo Benfica, o treinador da equipa que terminou atrás do Braga — e que é, aliás, o homem a quem mais conviria arranjar uma desculpa para a posição em que ficou classificado —, veio admitir que o Porto ficou em terceiro porque «houve duas equipas, nomeadamente a que foi campeã, que foi mais competente». Para surpresa de todos, não fez referências a túneis nem a burocratas. Que estranho. Jesualdo Ferreira deve ter estado distraído. Todos vimos, por exemplo, como o Benfica bateu o Porto no Algarve, na final da Taça da Liga. No primeiro golo, o túnel de Braga recuperou uma bola no meio campo, fez uma tabelinha com o túnel da Luz e passou ao dr. Ricardo Costa, que rematou de fora da área, batendo Nuno. No segundo golo, o dr. Ricardo Costa apontou superiormente um livre directo fazendo a bola entrar no ângulo superior direito da baliza. E no terceiro, o dr. Ricardo Costa completou o seu hattrick após jogada de insistência do túnel de Braga pela direita. Foi a época toda nisto, e agora Jesualdo Ferreira vem atirar-nos areia para os olhos dizendo que o Benfica venceu porque foi melhor. Ele há cada uma!

O jogo que a selecção fez ontem teve, pelo menos, a virtude de revelar quem tem razão no caso Carlos Queiroz. Este Portugal-Chipre demonstrou cabalmente que a Autoridade Anti-Dopagem não tinha qualquer motivo válido para invadir o estágio dos jogadores portugueses. Passa pela cabeça de alguém que uma equipa que não consegue bater o Chipre em casa esteja a tomar substâncias proibidas? Parece-me um caso evidente de excesso de zelo.
Quanto à selecção de sub-21, apesar da derrota frente à Inglaterra acredito que esteja no bom caminho. O ponta-de-lança Bebé, por quem o Manchester United deu cerca de 10 milhões de euros, parece-me ser um jogador de futuro. Trata-se, aliás, do segundo bebé mais caro do futebol português, a seguir ao de Cristiano Ronaldo, o que indica a qualidade do atleta.

Por Ricardo Araújo Pereira, 4 de Setembro in jornal A Bola

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Morreu um dos nossos

José Torres

Esteve no Benfica de 1959 a 1971


1938 - 2010

Descansa em paz


Uma pequena homenagem a um homem que no Benfica venceu 9 campeonatos, 4 taças de Portugal, foi uma vez melhor marcador do campeonato e outra melhor marcador da Liga dos Campeões e que participou em 3 finais da Liga dos Campeões pelo nosso clube. Este é o vídeo da segunda mão das meias-finais dessa competição em 62/63, onde um golo seu ajudou a colocar o Benfica na final da prova pelo 3º ano consecutivo. Além disso, foi o seleccionador que levou Portugal ao Mundial'86.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

RAP


Agora sem mãos

É a questão que os benfiquistas mais descrentes colocam a si próprios por estes dias: o Benfica já perdeu o campeonato em Agosto ou os quatro pontos de atraso para o Braga ainda são recuperáveis? É uma inquietação legítima, mas temo que o verdadeiro alcance deste início de época não esteja a ser compreendido por todos.
O problema é este: um campeonato até Jaime Pacheco ganha. Mas ganhar um campeonato à Benfica, às vezes nem o Benfica consegue. O último campeonato foi ganho à Benfica. Com grandes exibições, goleadas, enfrentando o melhor Braga de sempre e um Porto orientado por um treinador tricampeão. Este ano parece-me que faltava alguma motivação. O Braga, desfalcado e empenhado nas competições europeias, aparenta estar menos capaz de suportar uma prova tão longa, e o Porto passou a ser treinado pelo Mourinho de pechisbeque. Era óbvio que o Benfica precisava de um desafio. Daquela emoção que o artista do poço da morte procura quando grita: «Agora mais difícil: sem mãos!» Que se passou, desde há três meses? Jesus é o mesmo. Os jogadores também, quase todos. O que equivale a dizer que o poço é o mesmo e a mota também. Um aborrecimento. As cabriolas do ano passado já não nos impressionariam. Era altura de gritar: «Agora mais difícil: sem vitórias até 28 de Agosto!» O campeonato começa hoje, meus amigos.

“ (…) se, como eu prevejo, o Braga, ficando em segundo lugar, não sobrevive às eliminatórias da Champions, isso significa que o Benfica faz sua toda a receita dos direitos televisivos, sem ter de a dividir a meias com outro clube português participante na competição. Há que estar atento, Sr. Vítor Pereira”
Miguel Sousa Tavares, 6 de Abril de 2010
Quando se percebe de futebol é outra coisa. Há quatro meses, o Braga estava a ser beneficiado pela arbitragem – o que, surpreendentemente, favorecia o Benfica. O mesmo Braga que só perdeu o campeonato na última jornada, o mesmo Braga que amealhou pontos suficientes para ser campeão em vários dos últimos campeonatos, estava a ser beneficiado para ajudar o clube cujos calcanhares andou a morder até ao fim. O raciocínio, chamemos-lhe assim, era simples: como, depois de apurado para a Champions, o Braga não passaria à fase de grupos, o Benfica receberia a totalidade dos direitos televisivos, perante a passividade do desatento Sr. Vítor Pereira. Talvez fosse útil a publicação de um manual de instruções para teorias de conspiração. O primeiro mandamento estipularia: se a teoria não tiver pés nem cabeça e se basear apenas numa previsão com a pujança premonitória das do professor Bambo, abandone-a. Aí está uma obra que evitaria alguns embaraços, uma vez que a realidade se encarregou de demonstrar que, tal como pensavam todos os que não estavam de má-fé, este Braga ficou em segundo lugar porque era mesmo superior ao plantel mais caro de sempre do futebol português. Que o Sporting de Braga seja, então, bem-vindo à Liga dos Campeões, até porque não é todos os dias que se consegue ver um Sporting nesta competição.

Por Ricardo Araújo Pereira, 28 de Agosto in jornal A Bola

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

JVP


Benfica - Setúbal

1 - Jesus jogou pelo seguro ao apostar em Júlio César

É inevitável começar a análise deste jogo pelo assunto guarda-redes. A entrega da titularidade a Júlio César, num jogo teoricamente mais fácil do que os anteriores, foi uma aposta de Jorge Jesus de jogar pelo seguro, não fosse o diabo tecê-las… Dessa forma, não só estaria a salvaguardar Roberto como também a dar uma oportunidade a outros que tinham direito a reclamá-la, face ao que sucedera ao espanhol. Ironia do destino, a oportunidade foi dada, mas ao próprio Roberto, que, em parte, se redimiu dos jogos anteriores.

2 - Redenção de Roberto foi apenas parcial

Não me parece, contudo, que a redenção de Roberto tenha sido completa, pois o lance de penálti tem uma importância relativa e durante o resto do jogo não deu para ver mais nada do Roberto - aquele livre directo no final do encontro foi à figura. Defender o penálti foi obviamente importante para o guarda-redes e também para Jorge Jesus, que, ao deixá-lo no banco, dera razão às críticas que lhe tinham sido feitas. Mas depois de duas derrotas para a liga portuguesa e outra na Supertaça, não podia arriscar.

3 - Culpas repartidas no penálti e um Setúbal decepcionante

A culpa do penálti deve ser, a meu ver, repartida entre Maxi Pereira e Júlio César. É evidente que houve desconcentração e falta de comunicação entre os dois, e isso acabou por proporcionar aquele que poderia ter sido um momento importantíssimo no encontro se o Setúbal tivesse feito o empate, uma vez que ficaria a jogar contra dez. A verdade é que o Setúbal fez muito pouco para alterar as coisas, e devo dizer que fiquei desiludido com a equipa de Manuel Fernandes, que tinha a obrigação de fazer mais. Veja-se os pouquíssimos remates que fez na segunda parte: um aos 48 minutos, por Ney, e depois só o livre directo, nos últimos minutos, à figura de Roberto! Noutros jogos de equipas que subiram este ano, caso do Portimonense, vi mais do que aquilo que o Setúbal mostrou ontem. A jogar contra dez, foi uma equipa resignada, desconcentrada e pouco ou nada fez para mudar os acontecimentos. Nem mesmo para empatar!

4 - Benfica controlou sempre o jogo

O Benfica apresentou-se de início com um onze bastante ofensivo, com um quarteto de médios em que apenas um (Javi Garcia) tem características defensivas, mas isso não constituiu uma surpresa - vinha de três derrotas consecutivas e recebia o Setúbal, uma equipa bastante mais fraca. O Setúbal ganhara na Madeira, ao Marítimo, num jogo em que fez apenas dois ou três remates e marcou um golo; e o empate com o Braga explica-se porque teve a sorte do jogo. E a verdade é que o Benfica, mesmo em inferioridade desde os 22 minutos, controlou o jogo como quis. Em determinados momentos deu a sensação de que havia um domínio repartido em termos de posse de bola, mas o Benfica nunca perdeu o controlo. Pelo contrário, o Setúbal nem a perder conseguiu reagir - e não só por mérito do Benfica, mas também por demérito próprio.

5 - Vitória importante para moralizar os jogadores

Em termos anímicos, era fundamental para o Benfica ganhar este jogo, até por se seguir uma paragem por causa das selecções. Foi a primeira vitória e, mesmo sendo esperada, é sempre importante para moralizar os jogadores. Foi o que aconteceu ao Sporting, que depois do primeiro triunfo, mesmo tendo sido um jogo sofrido, conseguiu dar a volta a uma eliminatória em que perdera a primeira mão por 2-0. Mesmo num encontro em que as probabilidades estão a favor, é importante vencer, e o Benfica precisava disso mais do que tudo. Venceu merecida e categoricamente, teve bons lances e alguma sorte, mas tudo fez para ganhar.

6 - Gaitán está a ganhar o seu espaço

Mesmo não tendo havido ninguém claramente acima dos demais, gostaria de destacar Gaitán, essencialmente por ter chegado há pouco tempo e ter uma grande margem de progressão. Havia alguma curiosidade em relação a este reforço do Benfica, e ele mostrou ter bom toque de bola. Percebia-se que é bom jogador, mesmo não tendo chegado no melhor período do Benfica. Está ainda a conhecer a equipa, a cidade e o próprio campeonato português, mas as duas assistências que fez ontem foram decisivas. Foram importantes para o Benfica ganhar, mas também para ele encontrar o seu espaço na equipa e conquistar a confiança dos colegas.

Benfica 3 - 0 Vitória de Setúbal - 3ª Jornada 2010/11

À 3ª jornada, finalmente um motivo de alegria. O Benfica conseguiu a primeira vitória da época, frente a um adversário que na jornada anterior havia travado o Braga (mas que se exibiu a um nível muito baixo na Luz) mas, acima de tudo, mostrou alguns sinais de poder estar a caminho da bitola patenteada no ano passado: marcou muito cedo, começando o jogo praticamente a ganhar; dominou o encontro do início ao fim, mesmo estando 70 minutos a jogar com menos um jogador; e, mais importante, mostrou a garra, a humildade e a vontade de vencer que não se via desde Maio. Isso sim, é o essencial a reter deste jogo. A lamentar apenas a expulsão de Júlio César. A inclusão do brasileiro na equipa inicial tinha tudo para se tornar numa das mais importantes decisões de Jorge Jesus desde que está no comando da equipa, mas o erro monumental de Maxi Pereira fez com que o brasileiro fosse para o banho (muito) mais cedo e que Roberto tivesse de entrar no jogo. Aí, aconteceu algo que muitas vezes sucede no futebol: um guarda-redes entrar a frio no jogo e defender um penalty não é propriamente nada de novo. Aliás, se recuarmos 3 épocas é possível encontrar um acontecimento semelhante... no Estádio da Luz. Em 07/08, num Benfica-Marítimo, Quim foi expulso e fez penalty. Butt, entrado para o seu lugar, defendeu o remate de Makukula. E o alemão, depois desse jogo, nunca mais actuou com a camisola do Benfica. Justa ou injustamente, não é isso que está em causa. O que interessa de facto é perceber que não é por se defender um penalty que se passa a ser bom guarda-redes. Para já, lamento que Júlio César não vá estar na baliza do Benfica em Guimarães (e provavelmente já lá não volta no resto da época para o campeonato). No entanto, obviamente que desejo que Roberto não sofra nenhum golo, nem nesse jogo nem no resto da época.


Como já disse acima, a entrada de rompante da equipa no jogo (uma das nossas grandes armas na temporada passada) permitiu retomar o caminho dos triunfos e assinalou a estreia de Cardozo a marcar nesta temporada. O rei dos marcadores em 09/10 começou assim nova caminhada para continuar a ocupar esse trono. Realce para o excelente cruzamento, com conta, peso e medida, de Gaitán. O argentino finalmente realizou uma exibição a confirmar as qualidades que se lhe apontavam.


Num jogo com um enredo digno de filme, e já depois da defesa de Roberto que impediu o Vitória de Setúbal de empatar o jogo, o golo de Luisão em cima do intervalo deu a tranquilidade que o Benfica precisava para perceber que a vitória (e os primeiros 3 pontos do campeonato) já não iria fugir.


O golo de Aimar (precedido de um grande entendimento entre Gaitán e Fábio Coentrão - que toque delicioso de calcanhar de Coentrão na devolução ao argentino) colocou um ponto final na história do encontro. Sem fazer uma exibição de encher o olho, El Mago garantiu os 3 pontos ao Benfica, repetindo o golo apontado na época passada ao mesmo adversário - embora esse tenha sido bem mais exuberante do ponto de vista "artístico".


No Vitória, o destaque vai para Zeca. E penso que isto diz tudo sobre a paupérrima exibição da equipa de Manuel Fernandes. O atacante vindo do Casa Pia foi apenas o menos mau. E foi ele que arrancou o penalty a Júlio César.

E assim o Benfica conseguiu os seus primeiros pontos desta época. À 3ª jornada, 3 pontos é pouco para um campeão nacional, mas acredito que a equipa vá melhorar a partir de agora. Jorge Jesus, que tanto se tem queixado do pouco tempo para trabalhar com os jogadores que vieram do Mundial, tem agora 2 semanas para preparar a visita a Guimarães, um campo sempre muito complicado, numa equipa orientada por um dos seus odiozinhos de estimação, Manuel Machado. Depois desse jogo há a estreia para a Liga dos Campeões, em casa, frente ao Hapoel, a que se seguirá a recepção ao Sporting. Por isso, é urgente vencer em Guimarães, até porque nessa mesma jornada há um Braga-Porto, o que significa que poderemos reduzir distâncias para um (ou mesmo os 2) adversários directos. Não pode haver maior motivação do que isto. Rumo ao 33º, força Benfica!

Aqui os golos do jogo:



PS: Portugal voltou a sagrar-se campeão da Europa de Futebol de Praia. Depois da derrota na final do Mundialito, frente ao Brasil, mostramos novamente que a nível europeu é muito complicado travarem-nos. Contra os canarinhos é que tudo é mais complicado... No entanto, desta feita estamos de parabéns.