segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mais uma prova...

... da grandeza do Benfica, relatada na primeira mão por um jogador que já actuou apenas e só no Barcelona, no Real Madrid, no Mónaco e no Sevilha. Fantástico.

"Ao longo da carreira encontrei vários tipos de adeptos. Dos fanáticos de Sevilha, aos low profile do Mónaco. Mas como também já referi, não encontrei nenhuns com a genuína paixão dos benfiquistas. É quase inexplicável. Sente-se olhando fundo nos olhos das pessoas. Sente-se nas manifestações espontâneas nas ruas, nos restaurantes, no estádio. Sente-se nas cartas que recebemos (...).
Quem já passou pelas mesmas situações - em países diferentes, com clubes diferentes e adeptos diferentes - sabe distinguir claramente os sentimentos. Aqui é distinto. Garanto!."

"O Benfica é um clube muito especial. Não digo isto para ser politicamente correcto ou conquistar o coração de quem quer que seja. Aliás, antes de vir para Portugal, posso confessar que desconhecia em absoluto esta grandeza.
O Benfica foi-me conquistando e convencendo com factos. É daqueles clubes que te surpreende dia após dia.
Quando conto isto a alguns colegas de outros clubes eles estranham. Como é que alguém passou pelo Real Madrid ou Barcelona se pode surpreender? A explicação é simples. O Real ou o Barça são como teatros gigantescos e nós, os jogadores, somos os actores principais de uma grandiosa encenação. No Benfica é outra coisa, mais ligada ao sentimento, ao povo, à paixão. Vem das raízes, é genuíno.
Os adeptos conseguem transmitir-nos exactamente o que lhes vai na alma. Sentimos essa força na pele. (...)
Cheguei a dizer ao Jorge Jesus: "Mister, isto nem no Madrid!"
O mesmo já tinha acontecido no estágio da Suiça. No meio das montanhas, num local quem nem vem no mapa, havia centenas de benfiquistas a apoiar-nos. Após o primeiro treino liguei à minha mãe e disse: "Mãezita, este clube é impressionante!"

Por Saviola no seu livro "Para ti, Cacho", dedicado ao seu falecido pai.

Um dia de grande alegria para mim


... e em dose dupla. Para além da vitória (mais uma vez com uma superioridade avassaladora que os 10 pontos de vantagem não ilustram fielmente) do Benfica sobre o Porto em basket (a segunda - já só faltam mais 2 para revalidarmos o título), o Farense conseguiu mesmo vencer na recepção ao Cova da Piedade e subiu à II Divisão, vulgarmente conhecida por II Divisão B. Para a próxima época, teremos Olhanense e Portimonense na I Liga e Farense, Louletano e Lagoa na II B. Espero sinceramente que os 2 primodivisionários se mantenham e que uma dessas 3 equipas seja a campeã da Zona Sul da II Divisão e que suba à II Liga (gostava muito que fosse o Farense, que é dos 3 o clube com mais história). Neste momento, no entanto, é tempo de fazer a festa! Grande Farense!


PS: De notar que este ano tive muitas razões para sorrir em termos desportivos. O Benfica foi campeão, o Olhanense conseguiu a permanência, o Portimonense subiu à I Liga e agora o Farense subiu à II B. Para ficar completo o ramalhete só precisava de ter visto uma equipa da minha cidade a subir à I Distrital (não há meio de saírem da última divisão...) e... de Portugal ser campeão do mundo. A primeira hipótese já não se cumpriu. Será que há alguma esperança para a segunda?

domingo, 30 de maio de 2010

RAP


‘I gotta feeling’ que a Selecção não desperta ‘feelings’

Junto a minha voz à daqueles que se indignam por o hino oficioso da Selecção não ser uma canção portuguesa. Não por patriotismo, mas por coerência com a realidade: creio que a música mais apropriada para este nosso conjunto seria um fado. Antigamente, todas as janelas do País tinham de ostentar uma bandeira portuguesa, mesmo que tivesse pagodes no lugar de castelos. Agora, ninguém vai aos chineses comprar uma bandeira nem que tenha sido bordada à mão pela padeira de Aljubarrota e tingida com sangue de D. Afonso Henriques.
A verdade é que há sacas de batatas mais entusiasmantes do que Carlos Queiroz. Mais facilmente um brasileiro nos faz sentir portugueses do que ele. E, em certa medida, devemos estar-lhe gratos por isso. Com Scolari, o povo português andaria agora entretido a bufar nas vuvuzelas até ficar com as beiças em carne viva. Estaríamos a viver tempos insuportáveis. Elefantes viriam da Índia atraídos pelo barulho, julgando ter ouvido o grito de acasalamento de fêmeas gigantes, e procurariam fazer criação com os portugueses mais volumosos que encontrassem. Com Queiroz, a população da Covilhã em peso organiza-se para lhe comunicar que gostaria de o ver com uma vuvuzela, mas a sair do orifício errado. Compreende-se: por exemplo, Scolari tentou bater num estrangeiro, o que sempre galvaniza o bom povo. A única vez que Queiroz esteve tentado a dar uns bananos, escolheu um português. Isso tem sido uma espécie de imagem de marca: como se tem visto nos jogos, esta selecção não tem agressividade nenhuma frente aos estrangeiros.

Ora até que enfim que José Mourinho tem, em Portugal, o reconhecimento que lhe é devido. Não sei se ainda se lembram mas, há uns anos, alguns dos que agora rejubilam com a façanha do treinador português e só lhe vêem virtudes estavam a ameaçá-lo de morte. Um vice-presidente do clube ao serviço do qual ele ganhou a sua primeira Liga dos Campeões foi ao seu quarto na véspera da final passar-lhe o telefone, para que ele pudesse ouvir de viva voz uma mão cheia de insultos e ameaças. Parece que, desta vez, tal não sucedeu. Parabéns a José Mourinho pela sua segunda Taça dos Campeões, e a primeira que ele teve vontade de festejar. Sentiu-se que ele prefere assim.

“Nós vamos a partir de hoje aqui solenemente dizer-lhe (…) que nós queremos este ano dedicar a vitória do campeonato a si. A si, que vai ser campeão”.
Pinto da Costa
À conversa com uma fotografia de José Maria Pedroto
7 de Janeiro de 2010

“Eu não sou prometedor de títulos nem de nada, que não uso esse tipo de conversa”.
Pinto da Costa
27 de Maio de 2010

Este ano não tem sido fácil para quem já foi treinador do Porto. José Maria Pedroto, ao contrário do prometido, não ganhou o título deste ano, e Jesualdo Ferreira já sabe que não ganha o do próximo. Na origem de ambas as desfeitas está Pinto da Costa. Diz-se que o desnorte tem a ver com a má época do Porto, mas deve reconhecer-se que não foi tão desastrosa como se tem dito. Por exemplo, é mentira que os jogadores do Porto não vão disputar a Liga dos Campeões na próxima temporada. O Rentería, em princípio, vai.

Por Ricardo Araújo Pereira, 29 de Maio de 2010 in jornal A Bola

sábado, 29 de maio de 2010

Tempo para as modalidades...

... e não só...

1 - O Benfica venceu o Porto no primeiro jogo da final do campeonato de basquetebol, onde se encontra a defender o título já conquistado na época passada. A eliminatória é à maior de sete, o que significa que ainda teremos de vencer mais 3 jogos para fazer a festa. Para já, seria bom que conseguíssemos vencer o próximo, novamente em casa e já amanhã. Sobre o jogo de ontem, dizer apenas que a diferença de apenas 10 pontos foi lisonjeira para os portistas. O Benfica jogou muito melhor do que essa diferença faz crer. Sendo praticamente um leigo na matéria, percebo claramente que o Benfica é a melhor equipa a jogar basket em Portugal já desde a época passada e merece o campeonato que irá ganhar, se tudo correr bem. Que o pavilhão encha amanhã para levar os nossos jogadores à vitória.


2 - O Sporting venceu a Taça Challenge em andebol, o equivalente à Liga Europa de futebol. Os leões foram os melhores nas duas mãos frente aos polacos do MMTS Kwidzyn, conseguindo assim o primeiro troféu europeu da história do andebol português. Muitos parabéns à equipa sportinguista por esta conquista.


3 - Portugal qualificou-se para a fase final do campeonato da Europa de 2011 em voleibol. Espero que consigamos ter uma boa prestação.


4 - Esta é em relação a um clube da minha região. O histórico Farense, a equipa algarvia com mais presenças na I Divisão (e que tem uma presença na final da Taça de Portugal e outra na Taça UEFA), tem amanhã a possibilidade de voltar à II Divisão (antiga II Divisão B). Basta para isso que consiga vencer, em casa, o Cova da Piedade. Assim como torci pela subida do Olhanense a época passada e sua permanência este ano, e como torci pela subida do Portimonense toda esta época, também tenho estado a sofrer pelo Farense e espero que amanhã o Algarve vença e consiga colocar mais uma equipa na II Divisão, para além do Louletano e do Lagoa, que já lá estão. Portanto, força Farense! Vamos subir!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O nosso plantel XXII - Saviola

Depois dos já comentados Quim, Moreira, Júlio César, Maxi Pereira, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, César Peixoto, Shaffer, Javi García, Ruben Amorim, Ramires, Carlos Martins, Di María, Fábio Coentrão, Urreta, Aimar e Felipe Menezes, entramos hoje no domínio dos que marcam golos: os avançados. E o primeiro elemento desse sector a merecer destaque será El Conejo Saviola.


Chegado ao Benfica em moldes parecidos aos de Javi García, Saviola trazia nome, muito por culpa da parceria de sucesso que fez com Aimar no início das carreiras de ambos, no River Plate, e que lhe deram uma fama nunca confirmada por inteiro na Europa, apesar de ter representado Barcelona, Real Madrid, Mónaco (onde chegou à final da Liga dos Campeões) e Sevilha (com quem ganhou a Taça UEFA). No patamar mais alto ficou-lhe sempre a faltar mostrar mais e melhor. E era debaixo dessa desconfiança e de quem lhe apontava estar já na fase descendente da carreira e de vir apenas ganhar balúrdios para a Luz que Saviola chegou ao Benfica. Contratado para fazer dupla com Cardozo, como Jesus deixou bem claro logo desde o primeiro amigável, com o Sion, El Conejo teve de lidar com concorrentes que nunca estiveram à altura (Weldon, Nuno Gomes e até Keirrison, numa primeira instância - Mantorras não existia - e depois Éder Luís e Kardec). O pequeno jogador nunca se atemorizou e desde cedo mostrou ter ainda todas as suas qualidades intactas e ser capaz de fazer uma grande dupla com o Tacuara.


E os números não mentem. Saviola terminou a época com 27 jogos no campeonato (e 11 golos), 2 jogos na Taça de Portugal (e 1 golo), 4 jogos na Taça da Liga (e 1 golo) e 11 jogos na Liga Europa (e 6 golos), sendo, inclusive, o único jogador do plantel a ter marcado em todas as competições em que o Benfica participou. Estreou-se a marcar logo ao segundo jogo oficial com a nossa camisola, na recepção ao Vorskla Poltava, e apesar de não ser um goleador, fez uma dupla temível com Cardozo, que valeu mais de um terço dos golos do Benfica no campeonato. Saviola tem ainda a particularidade de encantar as plateias com alguns dos golos que faz. Sublimes os que marcou à Académica, ao Rio Ave, ao Belenenses. Decisivo o que marcou ao Porto na Luz, e que nos lançou definitivamente para o título. El Conejo mostrou que ainda tem intactas todas as qualidades que lhe fizeram chegar aos melhores clubes de Espanha: velocidade, capacidade técnica fantástica, esperteza e intuição para se colocar no sítio certo para finalizar (nomeadamente dentro da área em lances de bola parada, onde apesar de ser muito baixinho marcou muitos golos) e muita mobilidade, o que haveria de se revelar o complemento ideal para o tipo de ponta-de-lança que é Cardozo. Saviola foi, sem grandes dúvidas, um dos jogadores mais importantes do Benfica nesta temporada.


E ninguém me tira da cabeça que tudo poderia ter sido diferente na eliminatória com o Liverpool se El Conejo tivesse jogado. Como não pôde jogar, por causa da maldita lesão com o Braga, nunca saberemos como poderia ter sido caso estivesse em campo. Mas a sua maior vitória foi mesmo conseguir calar os críticos típicos dos inícios de época, e calá-los como melhor sabe: dentro do campo. Saviola foi dando show atrás de show, não um show tão exuberante como os de Di María, mas também não tão discreto como os de Cardozo. Um show muito próprio, que tinha sempre como espectador principal o amigo de sempre: El Mago Aimar. A chegada do Conejo à Luz até teve o condão de voltar a despertar Aimar para os seus melhores dias de novo, e notava-se claramente que ambos jogavam um com o outro de olhos fechados. Juntando-lhes a explosão de Di María e a eficácia de Cardozo, o Benfica criou um cocktail molotov a que os adversários nunca poderiam fazer frente. Como não fizeram. E Saviola foi um dos maiores artífices das conquistas que o Benfica conseguiu este ano. Espero sinceramente (e tudo leva a crer que venha a ser assim) que o avançado argentino continue no Benfica esta época e, se possível, nas seguintes. E com Aimar atrás. Ao lado... bem, pode ser o Cardozo como pode ser outro avançado ainda de melhor valia. Se assim for, de certeza que Saviola não sentirá a diferença. Desde que uma palavra esteja sempre presente: classe.

Que pensam os leitores sobre El Conejo?

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Nova entrevista de Jorge Jesus... e a mais polémica...

... para alguns benfiquistas. Para mim, não foi nada polémica. Tratou-se apenas do Jorge Jesus no seu estilo habitual: frontal, directo e sem falinhas mansas. Se ele já comunicou ao Quim a decisão de não renovar com ele, qual é o mal de assumir isto? A época já acabou! Daqui a 3 semanas já começa uma nova! Teríamos todos de ficar a saber mais cedo ou mais tarde, não? E se o próprio Quim já sabe, qual é a grande questão aqui? Sinceramente não percebo. E o mesmo se aplica ao interesse no Huntelaar. Qual é o mal dele o ter assumido? Até é bom, mostra que o Benfica continua com ambição e a querer nomes fortes do futebol mundial. E se isso inflacionar o seu passe ou até (problema dos problemas) fizer o Porto ir buscá-lo primeiro, eu pergunto: e então? O Jesus apenas disse que o Huntelaar era um dos nomes em cima da mesa, e apenas se o Cardozo for vendido. O que quer dizer que: primeiro, o Cardozo ainda não está vendido e pode nem vir a sê-lo; segundo, há mais hipóteses para o substituir para além do Huntelaar, que já de si é um belíssimo avançado. Portanto, benfiquistas, acalmem-se. De certeza que podemos muito bem ser bem sucedidos mesmo com a contratação de um novo guarda-redes. Se ele for mesmo de classe mundial, tipo Preud'Homme, será que não ficamos melhor servidos do que com o Quim? Será que ele não saberá aguentar a pressão? Caramba, até o Enke quando era um miúdo e com uma defesa de pernetas à sua frente aguentou a pressão. De certeza que o guarda-redes de classe mundial que o Jesus tem na manga também conseguirá aguentar. É preciso pensar positivo. Os jogadores vão e vêm mas o clube fica. Agradeço tudo o que o Quim fez pelo Benfica, mas há muito tempo que defendo a contratação de um guarda-redes de classe mundial, um Preud'Homme, um Schmeichel, que façam a diferença na baliza. Espero que seja este ano e confio plenamente no Jorge Jesus. Plenamente. Ele colocou o Benfica a jogar como eu nunca vi na vida, e só por isso merece todo o crédito do mundo.

A entrevista poderá ser vista aqui.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O nosso plantel XXI - Felipe Menezes

Prosseguindo com a rubrica "O nosso plantel", e depois de já analisados Quim, Moreira, Júlio César, Maxi Pereira, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, César Peixoto, Shaffer, Javi García, Ruben Amorim, Ramires, Carlos Martins, Di María, Fábio Coentrão, Urreta e Aimar, o destaque de hoje será para o último reforço do Benfica no mercado de Verão, o médio brasileiro Felipe Menezes.


Felipe Menezes chegou ao Benfica já com a época a decorrer. Um completo desconhecido para os adeptos em geral, Menezes foi aposta de Jorge Jesus, que já o acompanhava há algum tempo. Chegou com a reputação de ser um médio criativo, tecnicista, no fundo o suplente ideal de Aimar. Estreou-se (e logo a titular) exactamente no lugar de El Mago na vitória sobre o BATE Borisov, no primeiro jogo da fase de grupos da Liga Europa. No entanto, com o passar do tempo e o ressurgimento de Carlos Martins, Menezes até jogou algumas vezes a médio interior direito, se bem que passou a ser utilizado com muito menos regularidade na segunda metade da época.


Na estreia, Menezes não deslumbrou mas também não desiludiu. Via-se que estávamos perante um jogador com boa técnica, mas ainda totalmente desligado da realidade europeia: demasiado lento a pensar o jogo e a agir. Voltaria a jogar passado algumas semanas, substituindo Carlos Martins ao intervalo do jogo de Paços de Ferreira. Mais uma vez não fez esquecer o médio português. O seu melhor jogo chegaria logo depois: a vitória em Monsanto, na qual fez uma excelente exibição e marcou o seu primeiro (e único, até agora) golo oficial pela camisola encarnada. A partir daí, foi sempre a descer. Passou a registar apenas aparições residuais nos últimos minutos de alguns jogos, e naqueles em que teve a oportunidade de actuar um pouco mais, não mostrou qualquer evolução face aos primeiros jogos da época. Terminou a temporada com 13 jogos oficiais pelas águias: 5 no campeonato, 2 (e um golo) na Taça de Portugal, 1 na Taça da Liga e 5 na Liga Europa, prova onde Jorge Jesus mais contou com ele.


Confesso que não simpatizo muito com o futebol de Felipe Menezes. Um jogador, para me convencer, tem de mostrar muito mais do que ele mostrou numa época inteira de águia ao peito. É um jogador que me faz lembrar o Zahovic nos seus últimos tempos, mas ainda mais lento, o que sinceramente não é um bom cartão de visita. Tem boa técnica, isso foi visível na hora, mas a excessiva lentidão exaspera os adeptos, o treinador, os colegas, e não me parece, sinceramente, que essa sua "característica" vá conhecer grande evolução. Acho que estamos perante um caso típico de um jogador que só conhecerá a glória e os seus melhores dias exactamente no seu país. É que a sua inadaptação ao nosso tipo de futebol causa-lhe, inclusive, muita intranquilidade e desconfiança no seu jogo. Isso foi possível ver nalgumas ocasiões, como na recepção ao AEK, em que já nada havia em jogo e mesmo assim Menezes falhou um penalty logo a abrir a partida. Esse foi dos seus últimos jogos na época... e ainda estávamos na primeira metade. Mas Jorge Jesus aposta muito nele, já o referiu várias vezes, e vamos ver o que vai dar nesta nova época. Para mim, seria emprestado a uma equipa da Liga que lute por lugares europeus (Vitória de Guimarães, Marítimo, Nacional), de modo a crescer uma época longe da protecção do treinador, para que pudéssemos tirar ilações do seu real valor. Veremos a decisão de Jesus.

Qual a opinião dos leitores?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

E esta, hein?

Ao que parece, depois das declarações de Hermínio Loureiro a revelar que foi ameaçado por Adelino Caldeira (vice-presidente do Porto) para correr com o Ricardo Costa da Comissão Disciplinar da Liga, ainda em 2008 (logo depois de sairem as decisões do Apito Final), faltou coragem ao ex-presidente da Liga para acusar o Porto de tentativa de coacção e mandá-lo para a II Liga como aconteceu com o Boavista (que desceu na sequência do mesmo crime, recorde-se). Mais uma prova de que os pequeninos é que se lixam sempre. Gostava agora de ver os boavisteiros, que até se juntaram em vigílias pela verdade desportiva com os adeptos do Porto, a reclamar pelo facto do Porto não ter tido o mesmo tratamento que eles tiveram.

domingo, 23 de maio de 2010

O mestre de novo e o seu fiel escudeiro

Aqui fica outra entrevista de Jorge Jesus, desta feita ao jornal A Bola e num registo diferente da reportagem feita pela SIC. Para ver e rever.

Ao mesmo jornal, Javi García diz aquilo que já tinha tido nos festejos do título e que pode ser recordado neste vídeo aqui em baixo. Mas diz muito mais: diz aquilo que eu já havia percebido. O Benfica é a sua 2ª casa. E por mim, podia ficar cá para sempre. É um jogador enorme.

sábado, 22 de maio de 2010

RAP

Ergo a minha taça à festa da Taça

Creio que, este ano, a euforia injustificada de pré-época dos benfiquistas encontra justo contraponto na depressão justificada de pós-época dos portistas. Os festejos da vitória na Taça de Portugal foram discretos, como se o facto de o plantel mais caro da história do futebol português ter conseguido bater tangencialmente uma equipa acabadinha de ser despromovida da Liga de Honra à II Divisão não merecesse ser celebrado com estardalhaço. Vá lá uma pessoa compreender os humores dos adeptos. Sendo embora um troféu que, não fosse o Diabo tecê-las, Pinto da Costa optou por não prometer a qualquer alma d'aquém ou d'além túmulo, trata-se de uma taça importante. Ainda assim, a esmagadora maioria dos portistas não teve interesse em vitoriar os heróis que tinham acabado de se superiorizar pela margem mínima a Bamba, Lameirão e seus pares. Já vi festas de aniversário com mais convivas do que a festa da Taça. E funerais um pouco mais animados.

Os balanços de fim de época são sempre inevitavelmente injustos, e temo que todas as apreciações finais da magnífica época do Sporting tenham esquecido um jogador que merece referência, até por ser, creio, aquele que tinha o currículo mais rico do plantel, em termos de conquistas: Angulo. A contratação do jogador insere-se numa bonita tradição sportinguista que deve ser recordada. Angulo é um digno sucessor daquele que foi, para mim, o melhor futebolista de sempre do Sporting, e talvez o que mais títulos conquistou na carreira: Frank Rijkaard, que, como certamente se lembram, brilhou de leão ao peito durante cerca de três horas e meia em 1987. É possível construir um onze de sonho só com profissionais que representaram o Sporting durante menos de uma semana. Rijkaard e Angulo são titulares indiscutíveis, obviamente. Vicente Cantatore teria de ser o treinador. E Sá Pinto o director desportivo.

Rui Moreira, evidentemente melindrado por, como ele próprio diz, eu ousar fazer — imagine-se! — «copy/paste fora de contexto» das suas doutas opiniões, parece estar convencido de que me ofende quando diz que os anúncios do MEO não têm graça. Imagino que os senhores da agência de publicidade, que são quem realmente concebe e redige os anúncios, tenham passado a dormir com mais dificuldade desde que Rui Moreira resolveu presentear os leitores d' A BOLA com as suas pertinentes críticas de publicidade, mas eu não tenho interesse nem mandato para os defender. Por outro lado, devo agradecer as palavras simpáticas que dedicou à rábula em que satirizávamos o discurso repolhudo de Manuel Machado. Se me lembro do sketch, Rui? Claro que lembro. Esse fomos mesmo nós que escrevemos. E não foi difícil: limitámo-nos a fazer copy/paste fora de contexto de umas declarações meio bacocas do antigo treinador do Nacional. É um estratagema humorístico ao qual continuo a recorrer amiúde. Resulta tanto melhor quanto mais bacocas forem as declarações citadas. Este ano tenho tido muita sorte com a colheita, sabe?

Por Ricardo Araújo Pereira, 22 de Maio in Jornal A Bola

Pedro Ribeiro

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O melhor em Portugal

A grande reportagem com o magnífico Jorge Jesus, o melhor treinador (de longe) do nosso campeonato.

A grandeza de carácter de dois dos capitães do Benfica...

... bem expressa aqui e aqui.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Se mais provas fossem precisas...

... da grandeza do Benfica, atente-se a estas declarações de Saviola sobre a festa do título, onde confessa a sua admiração e até estupefacção perante a magnitude dos festejos dos adeptos encarnados, em comparação, por exemplo, com os do River Plate, onde foi campeão argentino.

Complementando, saiu igualmente a notícia de que o Benfica está no top-10 das equipas com melhor média de assistências na temporada a actuar no seu estádio. É realmente um orgulho muito grande e mais uma prova (como se fossem precisas mais...) que o Benfica é, sem qualquer sombra de dúvida, o maior clube de Portugal e um dos maiores do mundo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O nosso plantel XX - Aimar

Analisados Quim, Moreira, Júlio César, Maxi Pereira, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, César Peixoto, Shaffer, Javi García, Ruben Amorim, Ramires, Carlos Martins, Di María, Fábio Coentrão e Urreta, chega a vez do actual maestro d' "O Nosso Plantel", El Mago Pablo Aimar.


A entrada de Aimar no Benfica foi carregada de simbolismo. O Maestro, Rui Costa, tinha acabado de se retirar do campo e começado a trabalhar de fato e a sua primeira incursão no mercado de transferências foi no sentido de encontrar um substituto para si mesmo, um nº 10. Assegurado Carlos Martins, a direcção achou que ainda não era suficiente e foi então que se começou a pensar num nome que à partida parecia impossível: Pablo Aimar. O argentino era um dos nomes mais categorizados do futebol mundial e também muito bem pago, pelo que se afigurava muito difícil a sua contratação. No entanto, a sua vontade em continuar a jogar ao mais alto nível e, de certo modo, de dar um novo fôlego à carreira, depois de uma época negra em que desceu à II Divisão espanhola com o Saragoça, acabaram por fazê-lo aceitar o convite do Benfica. A sua primeira época, contudo, não foi famosa. Os problemas físicos que atormentavam o argentino desde os tempos do Valência teimavam em persistir o que, juntamente com a teimosia táctica de Quique Flores (insistiu em colocá-lo a segundo avançado e até a extremo durante toda a temporada, onde raramente jogou a 10), fez com que a temporada tivesse ficado aquém das expectativas. Aimar realizou 22 jogos no campeonato e marcou um golo, tendo conquistado a Taça da Liga, com 4 jogos e também um golo efectuado.


No início desta época, percebeu-se claramente que Jorge Jesus iria cortar com o passado e colocar Aimar na sua posição natural. E as melhorias apareceram logo desde o início. O quarteto sul-americano do ataque encarnado (destacando-se a produtiva amizade entre El Mago e Saviola) deu espectáculo, marcou muitos golos e convenceu tudo e todos. Contudo, apenas um senão persistiu: a frágil condição física de Aimar, que raramente lhe permitiu jogar 3 jogos no espaço de uma semana e lhe fez perder fulgor durante o segundo terço da época. Acabou por reaparecer em força na parte final, destacando-se a soberba exibição que fez frente ao Sporting e que permitiu aos encarnados vencerem um jogo que se afigurava extremamente difícil. Terminou a época com 41 jogos efectuados (25 no campeonato, 11 na Liga Europa, 1 na Taça de Portugal e 4 na Taça da Liga) e 5 golos marcados (4 no campeonato e 1 na Liga Europa) e com 2 títulos no bolso: campeonato e Taça da Liga.


Aimar é um génio. Vê-lo jogar futebol é como ouvir Mozart ao piano. Se a sua condição física não fosse tão frágil, poderíamos assistir aos seus recitais no campo com muito mais constância, não só porque actuaria mais, como também os seus níveis de confiança subiriam e obviamente o nível do seu jogo (e da equipa) também melhoraria ainda mais. De resto, uma das grandes pechas de Aimar (talvez a maior) também me parece que tem a ver com o seu medo em relação à sua condição física: o remate de longe. Aimar praticamente nunca escolhe a opção rematar de longe, ao contrário de Carlos Martins, por exemplo. O argentino prefere sempre lateralizar ou passar em frente, mas nunca rematar. No restante, só mesmo a sua condição física o atrapalha, pois o seu talento é imenso. Todo ele é classe. Esperemos que se mantenha ainda por alguns anos por cá, pois é um encanto poder assistir às suas exibições. Só há uma coisa que não gosto em Aimar, além do já referido anteriormente: tem uma grande tendência para se fazer às faltas. E eu não gosto de jogadores que insistem e insistem nas simulações. Algo a modificar urgentemente (se bem que eu ache que ele acaba por cair logo mal sente algum contacto precisamente pela frágil condição física que tem e porque não quer arriscar um milímetro; então, acaba por se atirar logo para o chão mal sente um encosto. Ainda assim, tem de deixar de o fazer, pois acaba por ficar com uma imagem de simulador, o que é pena num talento destas proporções). E uma curiosidade: Aimar já ganhou 3 campeonatos na Argentina, 2 em Espanha e agora 1 em Portugal. Pode ser que o seu destino se volte a cumprir e que não deixe o Benfica antes de ganhar mais um campeonato. Será já para o ano? Veremos.

Que pensam os leitores de El Mago Aimar?

sábado, 15 de maio de 2010

O maior, o melhor, o nosso grande Jorge Jesus

A vida dele é o futebol

A direcção do Benfica já reuniu para votar o despedimento de Jorge Jesus. Como assim? O Benfica acabou de ser campeão e vai despedir o treinador? Sim e não. Sim, o Benfica já se reuniu para dispensar Jesus, mas não foi em 2010, nem foi o Sport Lisboa e Benfica que fez a melhor época dos últimos 30 anos e ontem se sagrou campeão. Foi em 1988 e falamos do Sport Benfica de Castelo Branco, onde Jesus cumpria uma das últimas etapas como jogador. Queriam livrar-se dele, um médio veterano de 34 anos, por acharem que não se esforçava e que só jogava quando queria.

"Achavam que Jesus não era profissional, que não corria. Queriam mandá-lo embora. Eu era contra e dizia "os dois [Jesus e Miguel Quaresma] são para ficar"", recorda Manuel Barata, na altura um homem influente no futebol do clube e o responsável pela contratação de Jesus. Já na altura Jesus trabalhava com Miguel Quaresma, seu actual adjunto no Benfica lisboeta (conheceram-se quando estavam ambos nas camadas jovens do Sporting); Quaresma era o treinador da equipa depois de já ter terminado a carreira como jogador. A votação da direcção, que era composta por "20 e tal indivíduos", conta Manuel Barata, ficou empatada, mas "não havia condições" e Jesus não continuou, apesar de o clube ter conquistado a promoção à Zona Centro da 2ª Divisão B - Quaresma também sairia pouco depois, substituído por Félix Mourinho, o pai de José Mourinho.

A carreira de Jesus jogador ainda iria conhecer uma última etapa, no algarvio Almancilense, e, nessa mesma época, acabaria por se estrear como técnico principal ao serviço do Amora. Manuel Barata, que também era o presidente da Associação de Futebol de Castelo Branco, já via qualquer coisa naquele médio durante os jogos do campo pelado do Vale do Romeiro e sente-se vingado pela carreira que Jesus viria a construir. "Deixou uma marca. Hoje, nos cafés, vêm falar comigo e dar-me razão", confessa este homem de 67 anos que deixou de se dedicar ao futebol para gerir os seus negócios e que ainda hoje mantém contacto com o técnico do Benfica.

O que se seguiu mostra o quanto a direcção do Benfica de Castelo Branco estava enganada em relação a Jorge Jesus e ao seu empenho, que não é nada menos que total. É obsessivo, quase só pensa em futebol, está atento a todos os pormenores e antecipa todos os cenários. Passa muitas horas no clube, tem uma espécie de estúdio de televisão em casa para gravar todos os jogos, leva todos os seus jogadores ao limite e promove a união do grupo. "Sou a favor da perfeição, sou um louco pela perfeição", contou numa entrevista recente.

Jesus tem interesse por tudo o que diz respeito ao futebol. Por exemplo, quando foi treinador do Belenenses, entre 2006 e 2008, pediu ao presidente da altura, José Cabral Ferreira, que o apresentasse a Manuel Sérgio, antigo vice-presidente do clube do Restelo, professor aposentado da Faculdade de Motricidade Humana e autor de vários livros sobre desporto e futebol. "É um homem de grande curiosidade. Foi ele que mostrou vontade de me conhecer. Costumávamos almoçar no Restelo todas as semanas, eu, ele e o Homero Serpa [antigo jornalista de A Bola e sócio do Belenenses, que morreu em 2007]", recorda o antigo deputado.

Aprendiz de soldador
Falavam, claro, de futebol. De uma dessas conversas, Manuel Sérgio reteve esta expressão: "Professor, eu vejo diferente." Não era a visão alterada de um louco, ressalva o professor, mas de alguém que considera ser um líder natural e que "daria um bom general". "Não é só pelo que ele sabe de futebol, sabe ser líder, sabe comunicar e motivar, criou o seu mundo do futebol, que resulta. É um dos grandes treinadores nacionais e internacionais", diz Manuel Sérgio, colocando Jesus no mesmo patamar de dois dos grandes técnicos da história do futebol português com quem teve contacto próximo, José Maria Pedroto e José Mourinho.

Jorge Fernando Pinheiro de Jesus nasceu a 24 de Julho de 1954, na Amadora, filho de Virgolino, antigo futebolista que era soldador na empresa de cabos eléctricos Celcat, e Elisa. Oito anos antes, tinha nascido Carlos e, sete anos depois, nasceria José. Jorge Fernando, o irmão do meio, não foi muito longe nos estudos, mas chegou a acumular a escola com o emprego de aprendiz de soldador na mesma empresa do pai, enquanto era futebolista aprendiz nas camadas jovens do Estrela da Amadora e, depois, no Sporting - o pai tinha sido avançado do Sporting nos anos 40, suplente dos famosos "cinco violinos", a temível linha avançada "leonina" composta por Albano, Travassos, Vasques, Jesus Correia e Peyroteo.

Jesus recorda, numa entrevista recente ao jornal A Bola, que não conseguia conciliar as três coisas e conta que deixou duas delas para trás e apostou numa. "Estudava à noite e trabalhava como soldador durante o dia. Um dia, cheguei a casa, às onze e tal da noite, estava a jantar e lembro-me perfeitamente que adormeci à mesa e a minha cabeça caiu dentro do prato da sopa. O meu pai chamou-me e disse-me para escolher entre os estudos, o trabalho e o futebol." Jesus escolheu o futebol.

Começou como juvenil no Estrela da Amadora em 1970 e, no ano seguinte, já estava no Sporting, onde completou a sua formação. Quando subiu ao escalão sénior, foi duas vezes emprestado, ao Peniche e ao Olhanense, e só depois, em 1975, teve uma oportunidade na equipa principal do Sporting. Jogou pouco, marcou apenas um golo, e foi para o Belenenses. Nesta única passagem pelo Restelo como jogador, Jesus não teve o sucesso que viria a ter, mais tarde, nas duas épocas como treinador.

De Lisboa, Jesus foi para Famalicão, para o Riopele, clube fundado em 1958 por uma empresa de têxteis da região. Tal como a CUF (Confederação União Fabril), o Grupo Desportivo Riopele era um clube que recrutava maioritariamente empregados da fábrica, mas o sucesso da equipa levou a outros investimentos e, em 1977, ia disputar pela primeira e única vez o campeonato da primeira divisão. Jesus foi uma das contratações do clube minhoto e foi titular indiscutível durante a temporada (marcou três golos), não evitando, no entanto, a descida de divisão - a empresa têxtil ainda existe, a equipa foi extinta nos anos 80.

Na época seguinte, Jesus regressou à segunda divisão, para jogar no Juventude de Évora. "Fez parte de uma grande equipa que tivemos. Era um cabeça de cartaz. Era um moço muito exigente, muito educado, ganhava um bocadinho acima da média em termos de ordenado, cerca de 20 e poucos contos por mês. Era um jogador muito fino, com uma técnica extraordinária", diz Amadeu Martinho, na altura (e agora) presidente do clube alentejano.

Em Évora, Jesus era um recém-casado. "Tinha o mesmo tipo de penteado", lembra o presidente do Juventude, que lamenta não ter tido argumentos financeiros para o segurar. "Só fazíamos contratos de um ano", acrescenta. Para Jesus, o apelo do futebol de primeira divisão foi mais forte e, na época seguinte, já estava na União de Leiria, iniciando um período de oito épocas consecutivas no principal campeonato português: União de Leiria (1979/80), Vitória de Setúbal (1980 a 1983), Farense (1983 a 1985) e Estrela da Amadora (1985 a 1987).

Nasce um treinador
Depois do clube da sua terra, Jesus não voltou a jogar na primeira divisão. À experiência em Castelo Branco, onde funcionava mais como um adjunto em campo, seguiu-se meia temporada no Almancilense, onde também era um prolongamento em campo da vontade do treinador, uma profissão que Jesus desejava. O destino fez-lhe a vontade, num domingo à tarde, em Abril de 1990, num jogo entre o Almancilense e o Amora.

Ao intervalo desse jogo da Zona F da III Divisão, o Amora, clube do concelho do Seixal, vencia por 3-0. Jesus estava no banco e entrou depois do intervalo. O jogo terminou empatado (3-3) e Jesus foi determinante. Isaú Maia, na altura director desportivo do Amora, ficou impressionado e o clube avançou para a sua contratação. Jesus não foi difícil de convencer, mas tinha uma condição: não queria ser jogador-treinador, apenas treinador. "Dava para perceber que ele tinha estampa de treinador", diz Maia.

Os efeitos foram imediatos. Nessa mesma época, Jesus levou o Amora à II Divisão B e, em 1992, conduziu o clube da margem sul à II Divisão, mas foi despedido no decorrer da temporada. "Acho que foi o melhor treinador de sempre do Amora. Os jogadores até choraram quando ele saiu", conta Maia. Já na altura Jesus dava sinais da sua personalidade forte como treinador. Segundo Isaú Maia, o técnico não deixava ninguém levantar-se do banco durante os jogos e não admitia interferências da direcção. "Chegou a expulsar do balneário o próprio presidente."

Com a sua passagem pelo Amora, Jesus ganhou nome como treinador e, em 1993, foi para o Felgueiras, da II Divisão de Honra, uma equipa em ascensão que Jesus conduziria à primeira liga, na época seguinte. Era o seu ano de estreia como treinador ao mais alto nível naquela que seria a única temporada do Felgueiras na divisão principal - desceria de escalão na temporada seguinte e, entre o ocaso competitivo e os escândalos relacionados com o financiamento municipal durante a gestão de Fátima Felgueiras, o clube deixou de ter futebol profissional.

Logo no início de temporada, o Felgueiras assumiu-se como a grande revelação do campeonato, andando muitas jornadas nos lugares da frente. Uma das principais figuras da equipa era um talentoso jovem extremo emprestado pelo FC Porto chamado Sérgio Conceição. "Jesus era um treinador exigente e tacticamente muito bom", garante o antigo internacional português, actualmente director desportivo do PAOK Salónica, clube da primeira divisão grega.

Conceição, que seria um dos jogadores de referência do futebol português entre o final dos anos 1990 e o princípio do século, foi a revelação do campeonato, mas também ele entrou em choque com a personalidade forte de Jesus. "Lembro-me que, num jogo em Leiria, estava a jogar no lado direito, fui queixar-me ao treinador que tinha dois adversários para marcar no meu flanco e dei um pontapé numa garrafa de água. No balneário, travámos um aceso duelo verbal e, durante a semana seguinte, fui treinar com os juniores."

O Felgueiras acabaria por descer de divisão - "deixámos de ser a surpresa e acusámos alguma falta de experiência", justifica Conceição -, mas Jesus ainda lá ficaria mais uma temporada e meia, falhando, no entanto, a subida. Foi em Felgueiras que se criou a já famosa inimizade com Augusto Inácio. Jesus substituíra Inácio no Felgueiras e, depois de ter falhado por pouco a promoção, o técnico disse que teria subido de divisão se tivesse pegado na equipa desde o início. No entender do actual treinador da Naval, foi uma falta de cortesia e, desde então, nunca mais cumprimentou Jesus. "É um bom treinador e um mau homem", diz Inácio, que não é o único com quem Jesus tem uma má relação - o técnico do Nacional da Madeira, Manuel Machado, referindo-se a Jesus, disse, após um jogo com o Benfica, que "um vintém é um vintém, um cretino é um cretino".

Bem mais curta foi a passagem pelo União da Madeira (meia época), acabando por ir parar, de novo, ao Estrela da Amadora, onde já tinha estado como futebolista juvenil e sénior, e onde voltaria a treinar durante mais época e meia. Num clube que vivia em permanentes dificuldades financeiras (que ditaram, entretanto, a extinção do futebol profissional), Jesus conseguiu, durante duas épocas, construir equipas competitivas e a jogar bom futebol. Da Amadora foi para Setúbal, onde também já tinha estado como jogador, conduzindo a equipa do Bonfim à primeira divisão (saiu na época seguinte) e regressando à Reboleira para mais temporada e meia na II Liga.

Desde então, nunca mais deixou de ser treinador na primeira divisão. Seguiram-se Vitória de Guimarães (2003/04), Moreirense (2005), União de Leiria (2005/06), Belenenses (2006/07 e 2007/08), Sporting de Braga (2008/09) e Benfica (2009/10). Um rápido resumo da sua carreira como treinador: entre 1989 e 2010, esteve em 11 clubes, com um título de campeão nacional e uma Taça da Liga pelo Benfica (2009/10), três subidas de divisão (Amora, 1992; Felgueiras, 1995; Vitória de Setúbal, 2001) e uma final da Taça de Portugal (Belenenses, 2007).

O primeiro "grande"
Jesus nunca se furtou ao auto-elogio. É famosa a sua declaração, após um jogo entre o Belenenses e o Real Madrid em 2007, a contar para o troféu Teresa Herrera, em que os "merengues", na altura com jogadores como Casillas, Pepe, Cannavaro e Robinho, e treinados pelo alemão Bernd Schuster, venceram apenas por 1-0: "Com os jogadores que o Real Madrid tem, é preciso jogar mais. Se não o faz, o problema é do treinador. Com os jogadores dele, dava-lhe três de avanço, mudava aos cinco e acabava aos dez."

Com um novo empresário (Jorge Mendes, o mesmo de José Mourinho e Cristiano Ronaldo), Jesus, dependendo dos seus sucessos a curto prazo, pode saltar para outro campeonato, ele que, como mostrou o episódio com o Real Madrid, sempre teve vontade de assumir um grande desafio. Depois de ter andado na órbita de Sporting e FC Porto (Pinto da Costa revelou que podia ter contratado Jesus já para esta temporada), Jesus foi para o Benfica, depois de uma boa época no Braga.

As negociações foram duras, mas só a vontade do técnico e o facto de ter abdicado da sua parte na transferência para a Luz desbloqueou o processo. Para um clube habituado a contratar treinadores estrangeiros (Jesus foi apenas o quarto treinador português a ser campeão pelo Benfica, depois de Fernando Cabrita, Mário Wilson e Toni), o técnico da Amadora era uma aposta arriscada, mas que se revelaria de grande sucesso.

Para além de nunca ter sido testado em clubes "grandes", a sua imagem, por exemplo, contrastava com a do seu antecessor, o espanhol Quique Flores (actualmente no Atlético de Madrid), um homem bem-falante e com muito à-vontade no espectáculo mediático, mas de méritos técnicos bastante discutíveis. Pelo contrário, Jesus, para lá do sucesso alcançado, era conhecido comoo homem do cabelo branco e das gaffes, como "os motocards da Amadora", a "neutralização do Verona" (Verona era um brasileiro que o Belenenses queria ver com nacionalidade portuguesa), o "forno interno do clube", o "vocês os três façam um quadrado" (Jesus só admite a dos motocards, diz que as outras são invenção).

A família
Estar no Benfica vai contra a tradição clubística da família. O pai Virgolino jogou no Sporting, tal como o próprio Jesus, e os irmãos Carlos e José também são adeptos do clube leonino. Embora nunca o tenha admitido publicamente, Jesus terá simpatia pelo Sporting, mas é este tipo de pormenores que o técnico gosta de preservar do público.

É um homem reservado, que vive com a sua segunda mulher, Ivone (com quem casou há 19 anos), numa vivenda na Charneca da Caparica. Tem dois filhos do primeiro casamento, Tânia e Gonçalo, e um do segundo, Mauro, de 16 anos, bom aluno e praticante de râguebi. Perdeu a mãe em 2007 e, durante algum tempo, não usou outra cor senão o preto. Tal como acontece no Benfica, em que promove encontros frequentes entre os jogadores fora dos jogos e dos treinos, Jesus também preza a unidade familiar e junta-se muitas vezes com os irmãos e com o pai à mesa, para uma refeição.

Em tempos mais recentes, Virgolino, de 87 anos, esteve internado e isso motivou uma rara quebra de Jesus da sua auto-imposta reserva da intimidade, dedicando-lhe a conquista da Taça da Liga, já este ano, numa final frente ao FC Porto. "Nunca dedico vitórias à minha família, mas dedico esta ao meu pai. Que me perdoem os benfiquistas", declarou. Poucos dias antes, revelara que vira o avô morrer durante a final da Taça de Portugal em 1967. "No prolongamento, ele sentiu-se mal e morreu ao meu lado. Jamais esquecerei."

Aos 55 anos, o homem que deixou a escola para se dedicar ao futebol e que disse, em tempos, que o fair-play era "uma treta", já não tem o cabelo tão branco como antes. Depois de tanto tempo a ser gestor de crises e poucos recursos em clubes pequenos, o "Carinhas", alcunha que ganhou no mundo do futebol, provou que sabe lutar e conquistou o campeonato. Era o que andava a prometer há vários anos, mas ninguém acreditava nele.

(reportagem do Público, que li e retirei do Magalhães-SAD-SLB)

RAP


Surpresa! Benfica Campeão

Recordar é viver:

«Acontratação do Saviola é igual à do Aimar no ano passado. Se fossem mesmo bons, se estivessem na parte boa da carreira, não vinham para o Benfica. Quero descobrir novos talentos, jogadores que possam dar tudo pelo Benfica e não acabar a carreira e passar férias. (…) Com estes jogadores, o Benfica vai fazer uma grande figura no Torneio do Guadiana».

Bruno Carvalho, candidato à presidência do Benfica, 27 de Junho de 2009.


«A aposta em Saviola faz lembrar a do ano anterior em Aimar: jogadores que já tiveram nome e que por isso são pagos caro e com elevadíssimos ordenados, mas que há vários anos não passam do estatuto de suplentes de luxo em Espanha.»

Miguel Sousa Tavares, 7 de Julho de 2009.


«(…) não vejo ninguém [no plantel do Benfica], nem o Luisão, que desperte o interesse de um clube disposto a pagar dinheiro que se veja (…). Eu, pessoalmente, não quereria, para o plantel do FC Porto, um só dos que constituem o do Benfica. Um só.»

Miguel Sousa Tavares, 30 de Junho de 2009, referindo-se ao plantel do Benfica da época transacta, que incluía nomes como Di Maria, David Luiz ou Cardozo, para dar apenas três exemplos de jogadores sem qualquer valor de mercado.


«O Benfica, quando bem pressionado no meio-campo, torna-se frágil».


António Tavares-Teles, 23 de Setembro de 2009.


«Adivinho, pois, um Benfica crescentemente impaciente, para dentro e para fora, a protestar contra tudo e todos quando as coisas não lhe correrem de feição e convencido, como de costume, que lhe basta alinhar vedetas como Aimar ou Saviola ou outras tidas como tais, para que o mundo lhe caia aos pés e todos se disponham a prestar-lhe vassalagem.»

Miguel Sousa Tavares, 30 de Junho de 2009.


«[Jorge Jesus] (…) estreou-se no comando dos encarnados com um empate frente à modesta equipa do Sion. (…) Relevante não foi (…) o empate frente aos suíços, mas as declarações de Jorge Jesus, após o jogo. Disse ele que vai ser muito difícil «travar este Benfica». Porquê, é que não entendi: por que razão uma equipa que, mesmo com todas as desculpas e atenuantes, tinha acabado de ser travada pelo Sion, há-de ser muito difícil de travar… por um FC Porto, por exemplo?»

Miguel Sousa Tavares, 14 de Julho de 2009. Quem nos dera que o mundo respondesse a todas as nossas inquietações com a mesma eloquência com que se encarregou de responder a esta.


«O Benfica em grande euforia. O novo treinador está satisfeitíssimo e confiante, e garante que ninguém será, doravante, capaz de travar a sua equipa. Os adeptos rejubilam com as boas novas, os jornalistas excitam-se com as exibições e encantam-se com Jesus e com a sua prosápia. Tudo isto é habitual e vulgar. Afinal, é preciso vender jornais, há seis milhões de almas que desesperam por boas notícias e, mais não seja para sairmos da crise, não se lhes pode retirar a esperança durante os meses de verão.»

Rui Moreira, 17 de Julho de 2009.


«(…) há, no mínimo, algum exagero relativamente às conquistas encarnadas.

Uma nota para o Sporting, que tem sido muito desvalorizado mas conseguiu, para já, o seu primeiro objectivo a caminho da Liga dos Campeões. Paulo Bento tem sabido concorrer com menos argumentos e, por isso, tenho a certeza que a sua equipa estará, certamente também, na corrida ao título nacional.»

Rui Moreira, 7 de Agosto de 2009. É incrível que, com esta capacidade para analisar o fenómeno futebolístico, Rui Moreira tenha o seu espaço reduzido a um programa de televisão e a uma coluna de jornal. Para quando uma rubrica na rádio?


«(…) a equipa [do Benfica] parece acusar o esforço prematuro do princípio da época».

Rui Moreira, 18 de Dezembro de 2009.

«Durante muito tempo, achei (…) que, com túnel ou sem túnel, o Benfica merecia ganhar este campeonato, porque era a equipa que melhor jogava (…). Mas a verdade é que um campeonato não são 15, nem 20, nem 25 jornadas: são 30 e o saldo final deve-se fazer às 30. E, no último terço do campeonato, desapareceu aquele Benfica que jogava mais e melhor.»

Miguel Sousa Tavares, 11 de Maio de 2010.


«(…) para grande irritação de alguns portistas, reafirmo, uma vez mais, os elogios que tenho feito, desde o início da época, ao futebol jogado pelo Benfica.»


Miguel Sousa Tavares, 23 de Março de 2010. Ou seja, já durante o último terço do campeonato.

Arquive-se!

P.S.: Algumas estatísticas curiosas deste campeonato: Weldon termina a prova com cinco golos marcados, exactamente o mesmo número de golos obtidos pelo super-hiper-ultra-extraordinário Givanildo, embora o super-hiper-ultra-extraordinário Givanildo tenha jogado mais 1091 minutos que Weldon, ou seja, o equivalente a um pouco mais de 12 jogos.

Nas jornadas em que pôde contar com o super-hiper-ultra-extraordinário Givanildo, o Porto perdeu três jogos e empatou dois. No período em que o super-hiper-ultra-extraordinário Givanildo esteve castigado só por ter participado num espancamento, o Porto perdeu apenas um jogo e empatou três. Em resumo, o Porto com Givanildo perdeu 13 pontos; sem Givanildo perdeu apenas 9. Maldita Comissão Disciplinar da Liga!

Jorge Jesus acaba o campeonato na dupla qualidade de campeão e vice-campeão, como autor material do título do Benfica e autor moral do segundo lugar do Braga, clube no qual foi o último treinador a vencer um título, a Taça Intertoto.

Miguel Sousa Tavares, em quem as exibições da equipa de futebol do Porto têm feito despertar um profundo amor pelo ténis, resumiu muito bem o último fim-de-semana desportivo. Fez referência à boa prestação de Frederico Gil no Estoril Open e anunciou a atribuição da Bola de Prata Imaginária a Falcao — cerimónia que não teve a cobertura noticiosa que merecia: uma vez que MST persiste em chamar Radomel a um desgraçado que se chama Radamel (logo ele, que é tão sensível com os nomes próprios), pela primeira vez na história um jogador que não existe venceu um troféu de fantasia, o que coloca dificuldades filosóficas extremamente interessantes. Mas, muito provavelmente por modéstia, MST não incluiu na lista de vitórias do fim-de-semana o troféu que o Porto ganhou: a Taça Rennie. Do ponto de vista digestivo é irónico que um campeonato ganho sem recurso à indigesta mistura de café com leite, rebuçadinhos e fruta tenha, ainda assim, causado tanta azia.

Por Ricardo Araújo Pereira, edição 15 de Maio de 2010 in jornal "A Bola"

Comunicados

O futebol português está a entrar numa fase que eu confesso que nunca pensei vir a assistir. Depois dos actos de violência vistos no Porto, aquando do Porto-Benfica, e em Braga e no Porto, no dia em que o Benfica foi campeão, saiu a notícia de que o Porto teria de pedir protecção policial extra para a final da Taça, por medo de represálias de adeptos encarnados. Ora, o Benfica, de modo responsável, emitiu um comunicado a pedir que não houvesse qualquer tipo de violência e que tudo decorresse com a maior normalidade. Até aqui tudo bem. O triste nisto tudo é que o Porto veio logo a seguir emitir outro
comunicado
a descredibilizar as palavras do Benfica e a incendiar ainda mais os ânimos. A minha questão é: o Benfica não fez o seu dever cívico? Não tentou zelar pela segurança das pessoas? Parece-me que sim. E a seguir vem o Porto mandar tudo para as malvas e incutir ainda mais ódio ao Benfica nos seus adeptos. Isto é ridículo e está a tomar proporções extremas. Ainda vai acontecer algo de muito terrível nos próximos tempos, pelo andar da carruagem.

PS: Parece que eu e muitos outros bloggers fomos induzidos em erro pelas notícias vindas a público pela comunicação social e que afinal não morreu qualquer adepto benfiquista. Menos mal. Ao que parece, foi um participante num fórum de um programa da BenficaTv que afirmou isso em directo e a informação acabou por passar até ser difundida por toda a comunicação social. Felizmente não passou tudo de um boato (ao que parece). Espero que se confirme o erro da notícia. Era bom sinal.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Pôr os assuntos em dia...

... é para isso que servirá este post. Dividirei os assuntos por pontos, visto que há muitos, e fá-lo-ei por ordem cronológica.

1 - Frederico Gil perdeu a final do Estoril Open. O tenista português teve a vitória na mão, deixou-a voar mas mostrou qualidade de jogo muito superior ao que já se havia visto no ténis português. Se crescer em termos mentais, poderemos ter ali um campeão em potência.

2 - Publiquei vários vídeos da festa encarnada no Domingo, mas mesmo assim parece que me escaparam alguns. Aqui vão, retirados do Diário de Um Benfiquista e do Vermelho. Vejam como muitos dos jogadores já sentem tanto o nosso clube. Já têm a mística toda.

















3 - Uma referência especial a Javi García, para mim o elemento mais importante da equipa durante grande parte da época. Um jogador formado no Real Madrid que está cá há um ano e já diz e sente isto do Benfica... é impressionante!



4 - Uma opinião corroborada por mim...



5 - A recepção ao Benfica na Câmara de Lisboa e principalmente o apoio dos adeptos à equipa. Fantástico!

PS: E a euforia do nosso grande treinador! É ele o grande obreiro deste título, disso não tenham dúvidas!







6 - As frases que marcaram a época do Benfica, ditas pelo mestre da táctica, o nosso grande Jorge Jesus! (via o SL Benfica - Crónicas & Imagens)

7 - Os novos equipamentos do Benfica. Sei que está a causar muita polémica pela gloriosasfera o facto do logo da TMN ser azul e ocupar muito espaço na camisola. Admito que preferia vê-la apenas vermelha, obviamente, mas confesso que não me choca assim tanto estar ali aquele logotipo. Mas se o modificassem não me importava nada. E apesar de gostar mais das 3 estrelas em cima do símbolo, sinal dos 32 campeonatos ganhos, percebo o porquê de agora lá estar apenas uma, a simbolizar a nossa 1ª Liga dos Campeões, ganha há 50 anos atrás. Espero que seja um bom prenúncio. Já o alternativo admito que à primeira vista me fez alguma confusão. Pode ser que com o passar da época me habitue a ele.

8 - A grande época do Benfica dentro e fora de portas que motiva destaques no site oficial da UEFA e admiração um pouco por todo o mundo, como se pode ver neste post do Mágico SLB: um francês que comentou no AS surpreendidíssimo com a loucura que o Benfica suscitou em Paris e admitindo que compreende o porquê de os adeptos do Benfica afirmarem que o clube é o maior do mundo. Depois de Javi García e de muitos outros artigos já publicados na Europa e no Mundo este ano, aqui está mais uma prova de que o Benfica ressurgiu das cinzas (não renasceu, porque nunca esteve morto; apenas adormecido durante algum tempo).
Sobre o site da UEFA, é dado destaque à grande campanha do Benfica na prova, que coroou Cardozo como o melhor marcador, em igualdade com Pizarro, e o Benfica com a maior goleada.

9 - A notícia para mim mais importante da época depois da sua própria contratação e da conquista do título: a renovação de Jorge Jesus com o Benfica por mais dois anos. É, apenas e só, o melhor treinador português a seguir a Mourinho desde há muitos, muitos anos e foi para mim uma alegria imensa ver que o Benfica iria apostar nele para esta época. Tudo o que conseguiu mostrou-me que estava certo. Mas a análise à época de Jesus, essa fá-la-ei quando terminar a rubrica "O nosso plantel". Por agora, apenas quero rejubilar com a notícia da sua renovação.

10 - Ainda sobre a selecção: a lista de 6 reservas que Carlos Queiroz mandou para a FIFA. Não pondo em causa a qualidade de nenhum dos seus integrantes (aliás, considero que pelo menos 3 tinham lugar de caras no Mundial), destaco apenas o facto de Manuel Fernandes ser um dos 30, quando nem constava da lista inicial de 50!!! nomes feita por Queiroz. No entanto, esta lista não deixa de ser pouco mais que inútil. Só se 2 jogadores da lista inicial se lesionarem é que algum daqui entrará (visto que ele já chamou antecipadamente 24 para prevenir alguma lesão).

Se acharem que me esqueci de alguma coisa que seja importante referir ou abordar, digam-no nos comentários.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pedro Ribeiro

JVP


Benfica - Rio Ave

1 - Benfica mostrou uma ansiedade natural

A precisar apenas de um ponto para se sagrar campeão, vimos um Benfica com muita ansiedade e bastante nervosismo. Mesmo quando já ganhava por 1-0 e o Rio Ave estava reduzido a dez elementos, preferiu continuar a jogar pelo seguro do que arriscar. Isto é natural, até pelo ambiente que se foi criando em volta deste encontro ao longo da semana. Isso não é indiferente aos jogadores; é uma grande responsabilidade, e essa pressão acaba por lhes prender os movimentos.

2 - Notou-se a ausência de Coentrão, Javi e Di María

A ausência de Coentrão, Di María e Javi García também teve o seu quê de influência. Numa situação como a de ontem - apesar de ter criado oportunidades de golo, não vimos o mesmo Benfica dinâmico de outros jogos -, nota-se sobretudo a falta de Di María, pois é ele que, quando a equipa está mais presa de movimentos, e através da sua irreverência e velocidade, cria acelerações no jogo e provoca os desequilíbrios.

3 - Maior realismo no último terço da Liga

Acabo por encarar com naturalidade a forma como o Benfica jogou ontem, pois a pressão sobre os jogadores é enorme, são milhões de olhos em cima deles, e em alguns casos era a primeira vez que estavam prestes a sagrar-se campeões. Não se pode, de maneira nenhuma, avaliar o Benfica por aquilo que fez nesta partida, em que foi realista, à imagem do que fez no último terço do campeonato. Se nos dois primeiros terços foi mais empolgante, mais espectacular, ganhando os jogos por vários golos de diferença, no último terço foi uma equipa mais realista, a jogar mais com o resultado e a pensar nos três pontos.

4 - O objectivo não era ajudar Cardozo

Depois de Falcao ter bisado na véspera, poderia pensar-se que o Benfica entraria ontem em campo preocupado em devolver Cardozo à liderança da lista dos goleadores. Aquilo que se viu, porém, foi um Benfica mais preocupado em marcar golos do que propriamente preocupado em ajudar o avançado paraguaio. O objectivo, claramente, não era ajudar Cardozo, mas sim garantir a vitória - e nem poderia ser de outra forma, pois os interesses do colectivo devem sempre sobrepor-se aos das individualidades, por muito importantes que estes possam parecer.

5 - É positivo conhecer o resultado do outro jogo

O Braga ainda estava na corrida ao título e jogava ao mesmo tempo que o Benfica. Pessoalmente, julgo que não tem mal nenhum conhecer o resultado do outro jogo, pois, ao saberem que o empate bastava, os jogadores não sentem a mesma pressão e reagem de maneira diferente, ganhando discernimento e libertando-se para o resto do jogo.

6 - Benfica é um justo campeão e o Braga vai continuar no topo

O Benfica é um justo campeão. Jogou bom futebol, marcou bastantes golos e entusiasmou. Mas quero salientar aquilo que fez o Braga, que só não se pode considerar a equipa-sensação do campeonato por aquilo que tem feito nos últimos anos. É, por isso, já uma certeza! O Braga disputou o campeonato e manteve-o vivo até à última jornada, sendo um clube com uma dimensão completamente diferente da do Benfica. O azar do Braga foi ter apanhado um Benfica muito forte, caso contrário teria sido campeão. E por aquilo que fez, teria sido merecido. Neste momento, com os jogadores, o treinador e a Direcção que tem, o Braga é um clube consistente e com os pés bem assentes na terra. Pela forma como tem sido gerido - comprando e transferindo jogadores a preços mais reduzidos do que os grandes -, promete continuar nos lugares cimeiros do campeonato. Vai continuar no topo e a encontrar jogadores que escapam aos grandes ou outros com uma forte vontade de mostrar que têm capacidade, como é o caso da maioria daqueles que passaram pelos grandes!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Convocatória da Selecção para o Mundial'2010


Saiu a convocatória para o Mundial. Apesar de ainda não ser a final, visto que foram apresentados 24 nomes quando só poderão ir à África do Sul 23, é já praticamente a lista definitiva dos jogadores que irão representar Portugal na competição - sairá um, que no meu ponto de vista será Zé Castro ou Ricardo Costa.

Num breve comentário por posições, posso dizer que enquanto a chamada de Daniel Fernandes me surpreendeu, a de Beto já era há muito esperada. Tenho contudo de dizer algo antes de comentar: nunca fui apoiante de Scolari. Acho que os seus poucos conhecimentos tácticos e a aposta enorme na sorte, nas rezas e no espírito de grupo já não se usam. No entanto, tenho de admitir que a coisa não melhorou muito com Queiroz, que utiliza métodos muito diferentes mas continua a fazer algo que a mim me faz muita confusão e que Scolari também já fazia: levar jogadores à selecção que pouco jogam nos seus clubes. Para Scolari, tal devia-se a fazer da selecção quase um clube, fomentando o espírito quase de fazer do grupo uma família. Com Queiroz não tem nada a ver com isso, porque chamou vários jogadores que praticamente não tinham sido chamados em 2 anos. Então, o que será? Não sei. Só ele poderá responder a isso na sexta-feira, quando der a conferência de imprensa para explicar esta lista. Posto isto, resta-me dizer que, dada esta minha posição, acho inconcebível que Beto esteja no Mundial. Para mim, é ele o melhor guarda-redes português (falta-lhe apenas experiência internacional). No entanto, isso não muda em nada o facto de ter feito apenas uns 7 jogos durante a época. Um jogador que não é titular no seu clube nunca poderia ter lugar numa selecção. É assim que penso. E de acordo com este pensamento, acho que Quim e Rui Patrício seriam escolhas muito mais normais que Beto. Sobre Daniel Fernandes, dizer só o seguinte: começou a época como titular no Bochum, titularidade essa que haveria de perder depois de algumas exibições infelizes; em Janeiro, foi emprestado ao Iraklis, da Grécia, ganhando desde logo a titularidade. No entanto, e não conhecendo as suas qualidades como guarda-redes (confesso que nunca o vi jogar), acho que não ter lugar no penúltimo classificado da Alemanha já diz muito. Quando os guarda-redes de Benfica (melhor defesa do campeonato) e Sporting não são chamados em detrimento do reserva do despromovido Bochum, acho que está tudo dito.

Em relação aos laterais, não houve qualquer surpresa. Eram exactamente os 4 que eu esperava que fossem chamados. Com a lesão de Bosingwa e o ocaso de João Pereira no Sporting (fez a maior burrice da vida ao sair do Braga; se lá tivesse ficado, teria sido chamado de certeza), a direita ficou confinada a Miguel, há muito parte integrante da selecção, e a Paulo Ferreira. Se Bosingwa não se tivesse lesionado, não tenho dúvidas que era Fábio Coentrão a ficar de fora desta lista: ficavam Bosingwa e Miguel para a direita e Duda e Ferreira na esquerda. Com a lesão do luso-congolês, abriu-se uma vaga para a chamada (merecidíssima) de Coentrão, o único representante do campeão nacional na selecção (não deixa de ser curioso). Não me chocam estas escolhas, se bem que Paulo Ferreira passou grande parte da época sem jogar no Chelsea. Se fosse só pelo mérito, talvez não ficasse mal ser o Rúben Amorim a fazer companhia a Miguel no lado direito da defesa. Mas houve decisões bem mais polémicas.

No que toca aos centrais, a surpresa é a chamada de Ricardo Costa. Sinceramente, pensei que Queiroz fosse chamar apenas quatro centrais, sendo que Pepe podia jogar como central e no meio-campo e assim abrir lugar para mais um médio. No entanto, o seleccionador mostrou ser mesmo um técnico muito defensivo e optou por chamar quatro centrais mais Pepe (e Zé Castro). Bruno Alves, Ricardo Carvalho e Rolando já eram esperados (embora eu ache Rolando terrível), mas a chamada do Ricardo Costa é a cereja no topo do bolo. Eu preferia, de longe (porque também acho o Ricardo Costa um desastre), Carriço ou Tonel, pese a má época do Sporting, mas acima de tudo Fernando Meira, que não percebo porquê foi votado ao ostracismo pelo Queiroz. Relembre-se o Mundial 2006 e a dupla intransponível que fez com Ricardo Carvalho. Pormenores. Depois, haveria ainda Nunes, a fazer uma grande carreira no Maiorca. Mas foi Ricardo Costa o sortudo (e já vai disputar o seu 2º Mundial. Como é possível?...).

Para o meio-campo, Queiroz misturou médios defensivos com ofensivos e chamou Pedro Mendes, Miguel Veloso, Raúl Meireles, Tiago, Deco e os já referidos Pepe e Zé Castro. Os 6 primeiros eram escolhas óbvias. Como já disse antes, achava que Pepe poderia ser chamado no grupo dos centrais e assim libertar espaço para mais um médio, que eu acreditava ser João Moutinho mas que, no meu entender, seria muito mais merecido para Rúben Amorim, Carlos Martins ou Nuno Assis. Mas Queiroz voltou a surpreender pela negativa e para além de colocar o Pepe no grupo dos médios ainda chamou Zé Castro para as mesmas funções. Eu acredito que será ele a ficar de fora dos 23 definitivos, mas com este seleccionador é de esperar tudo. De referir que Zé Castro falhou quase toda a época por lesão, tendo reaparecido a jogar em Março. Desde aí, fez uns 7 jogos, sendo que teve culpas em quase todos os golos sofridos pelo Corunha (com o Valência, por exemplo, o Depor perdeu por 1-0 com um penalty de Villa por mão na bola de... Zé Castro). Não sendo um caso tão flagrante, temos o caso de Deco, que também jogou muito pouco ao longo da época. Será que Carlos Martins ou Nuno Assis não mereciam, no mínimo, ser suplentes de Deco? Se ele não puder jogar ou não estiver ao seu melhor nível, onde é que está um nº 10 suplente? São Tiago ou Meireles que vão fazer essa posição? Enfim...

Os extremos/avançados também não me surpreenderam minimamente. Cristiano Ronaldo, Nani e Simão eram inquestionáveis, Liedson e Hugo Almeida também e a dúvida era apenas saber qual seria a outra escolha: se outro extremo ou se mais um ponta-de-lança. A escolha acabou por recair num jogador que pode fazer qualquer posição do ataque e até dar uma perninha a 10, o Danny. E não me parece mal, pois está agora a cumprir o primeiro terço de campeonato na Rússia e tem estado em bom plano. O que já não me parece nada bem é ver Makukula ficar de fora dos eleitos, ele que será apenas o melhor marcador do campeonato turco. Em compensação, Hugo Almeida não marcou nem 10 golos durante a época. Mas enfim... Tenho também muita pena por Quaresma, mas para ser coerente com a minha posição também não o convocaria. Mas é uma pena ver desperdiçado tanto talento...

E pronto, já disse o que tinha a dizer sobre a lista. Agora, é esperar para ver qual o jogador que ficará de fora e apoiar a selecção no Mundial. É só o que podemos fazer.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Benfica 2 - 1 Rio Ave - 30ª Jornada 09/10


Campeão! O Benfica é o campeão nacional 2009/10! Custou, mas foi. Apesar de ser de longe a melhor equipa do campeonato em todos os aspectos, a decisão acabou por ficar mesmo para a última jornada, onde o Benfica só precisava de empatar em casa com o Rio Ave para festejar. Na Choupana jogava-se pelo título e pela Liga Europa. As ambições saíram furadas aos 2, mas a azia manteve-se para os lados do Braga. Sinceramente, não compreendo como é que se pode continuar a alimentar este ódio no desporto. Vejam as declarações de Alex Ferguson no final do campeonato inglês. O Manchester United ficou a um ponto do Chelsea e o escocês não se desculpou com nada extra-futebol. Pelo contrário, deu os parabéns aos londrinos e prometeu que na próxima época lá estará a lutar pelo título. Em Portugal, tal postura nunca seria possível porque a cultura aqui é totalmente diferente, e para muito pior. De qualquer das formas, parabéns também ao Braga por ter conseguido a melhor classificação de sempre. No entanto, o Benfica foi o maior destaque do campeonato. Campeão com cinco pontos de vantagem sobre o 2º, melhor ataque, melhor defesa em igualdade com o Braga, melhor marcador do campeonato, melhor campeão de sempre com campeonatos a 16 equipas... e por aí fora. Um título totalmente incontestável e que perdurará para sempre na história do clube e do país. Foi o 32º campeonato do clube, conseguido com a ajuda não só de todos os jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos (todos têm muito mérito), mas também dos bloggers benfiquistas, que muita força deram ao clube esta época (e aqui também incluo o Gloriosa Chama Imensa). Desde o início da temporada que a blogosfera encarnada se encarregou de elevar bem alto o nome do clube, os seus feitos e a crença de que o 32º seria conquistado este ano. E foi. Parabéns também a todos nós, bloggers do Benfica!


Não vou perder muito espaço a comentar o jogo, que ainda assim merece referência, pois foi com a vitória que fizemos a festa (se bem que nem precisássemos, dado o empate do Braga). O Benfica não fez um grande jogo, parecendo por vezes em ritmo de cruzeiro e à espera só que o jogo terminasse. Marcou cedo, pelo mesmo de sempre, e depois limitou-se a gerir a vantagem. O que não se esperava era que o Rio Ave, na única vez que se acercou da nossa baliza, marcasse (o melhor jogador dos vila-condenses foi mesmo o guarda-redes Carlos, que impediu males maiores para a equipa). Mas marcou, por Ricardo Chaves, e colocou em sobressalto muitos milhões de corações espalhados pelo mundo. No entanto, Cardozo encarregou-se de voltar a marcar, sagrando-se rei dos marcadores e arrumando definitivamente o jogo e o campeonato.



Como eu já previa, Jesus não utilizou neste último jogo nenhum dos 5 jogadores que ainda não tinham jogado na Liga até agora (Moreira, Júlio César, Jorge Ribeiro, Roderick e Mantorras). Assim sendo, os campeões nacionais 2009/10 foram: Quim (totalista), Maxi Pereira, Luisão, David Luiz, Fábio Coentrão, Javi García, Ramires, Di María, Aimar, Saviola, Cardozo, Rúben Amorim, Carlos Martins, César Peixoto, Weldon, Airton, Sidnei, Miguel Vítor, Nuno Gomes, Éder Luís, Felipe Menezes, Shaffer, Keirrison, Kardec, Urreta e Luís Filipe. A todos eles, e principalmente a Jorge Jesus, o meu muito obrigado pela conquista deste título. Ficarão para sempre na nossa memória.

O resumo do jogo aqui:



Quanto à festa, essa é indescritível. Ficam os vídeos para que quem não esteve presente possa ter uma noção da grandiosidade dos festejos. Eu estive lá!

PS: Ver e ouvir jogadores de classe mundial e estrangeiros dizer que amam o Benfica e que nunca viram nada como a grandeza deste clube e dos seus adeptos é do melhor que pode acontecer. Quando um jogador como Javi García, que já foi campeão pelo Real Madrid, diz que nunca viu adeptos assim em lado nenhum... quando se vê Carlos Martins, Fábio Coentrão e César Peixoto (jogadores que não eram benfiquistas de coração) cantar (gritar!) a plenos pulmões "Eu amo o Benfica", é isto que é a mística. É isto que o Benfica tem e mais nenhum clube tem. É por isto que também eu sou benfiquista. Que seja assim para sempre e que o Benfica nunca perca a sua genuinidade. É o melhor clube do mundo! Siga a festa!