sábado, 28 de agosto de 2010

Sorteio da Liga dos Campeões


Para o regresso do Benfica à Liga dos Campeões, podemos dizer que o sorteio não nos foi desfavorável. Do pote 1, calhou-nos a equipa mais fraca. No entanto, isso não quer dizer que irá ser fácil bater o Lyon. Nada disso. É uma equipa que, como todos sabem, há bem pouco tempo foi 8 vezes seguidas campeão de França, está muito habituada a jogar na Liga dos Campeões (ainda na época passada chegou às meias-finais pela primeira vez na sua história) e continua a ter um plantel muito forte: Lloris é o actual titular da baliza da selecção francesa, Cris, Réveillère e Cissokho são muito bons jogadores (embora me pareça que a defesa é o sector mais fraco desta equipa) e a partir daqui é um luxo: Kallstrom, Pjanic, Michel Bastos, Toulalan e a mais recente contratação, Gourcuff, fazem deste um meio-campo de sonho. E depois há Lisandro, Gomis, Briand e César Delgado para o ataque. Repito: era a equipa mais fraca do Pote 1, mas isso não significa facilidades para nós. No entanto, devemos ter em mente o nosso historial com equipas francesas (muito bom) e acreditar que será possível voltar a bater mais uma.

Em relação ao Pote 3, aqui o caso já muda de figura. O Schalke 04 era das equipas mais fortes que nos podiam ter calhado. Apesar de não ser um habitué da prova, esta equipa é fortíssima (acabou de ficar em 2º na Bundesliga) e este ano ainda se reforçou melhor (e há um par de anos eliminou o Porto nos oitavos-de-final da competição). Na baliza está Neuer, o titular da selecção alemã; a defesa talvez seja, à semelhança do que acontece com o Lyon, o sector mais fraco da equipa: o nome mais sonante é Metzelder, ex-jogador do Real Madrid; no meio-campo há Rakitic, Jermaine Jones e Baumjohann (estes dois não são muito conhecidos, mas são excelentes jogadores); e o ataque perdeu Kuraniy, mas ganhou Raúl para o seu lugar (e não se pode esquecer Farfán). Ainda assim, um Benfica ao nível daquilo que vimos o ano passado tem potencial para vencer esta equipa (e é de pensar que, apesar de nunca termos ganho um jogo na Alemanha, costumamos passar frente às equipas alemãs).

Do Pote 4 sairia sempre a equipa mais fraca do grupo. Acabou por nos calhar o Hapoel Tel Aviv, de Israel. Não é uma equipa sonante, obviamente, e as suas principais estrelas são o guarda-redes Enyeama, titular da Nigéria, e o avançado Ben Sahar, ex-jogador do Chelsea. Ainda assim, uma equipa perfeitamente ao nosso alcance.

Por tudo isto, acredito sinceramente que consigamos o apuramento. O grupo não é fácil, longe disso, mas um Benfica a sério, à Jesus, conseguirá a passagem aos oitavos-de-final. Um Benfica como o que temos visto esta época... lutará pelo 3º lugar para ir para a Liga Europa. Esperemos que se verifique o primeiro cenário.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Reforços 2010/11 - Salvio

Fábio Faria, Jara, Gaitán, Roberto e Rodrigo. Estes foram os reforços do Benfica já apresentados no Gloriosa Chama Imensa. Agora chega a vez do avançado argentino Salvio.


Salvio estreou-se na primeira divisão argentina com apenas 18 anos, ao serviço do Lanús - onde pontificava o ex-benfiquista Bossio e Valeri, que actuou a época passada (sem grande sucesso) no Porto. No Apertura 2008, que o Lanús terminou em 4º, Salvio realizou 14 jogos, apontando 4 golos. No Clausura 2009, a sua equipa ficou em 3º e o avançado melhorou um pouco em cada item: fez mais um jogo e marcou mais um golo que no semestre anterior. Fez ainda 2 jogos na Libertadores, prova onde o Lanús acabou por ser eliminado ainda na fase de grupos.


No Apertura 2009, o Lanús ficou apenas em 9º, tendo o avançado actuado em 10 jogos e marcado 2 golos. Números suficientes para levar o Atlético de Madrid a avançar para a sua contratação por 10 milhões de euros em Janeiro deste ano, quando Salvio tinha apenas 19 anos. O jogador argentino estreou-se pelos colchoneros na Liga Europa - competição que a equipa viria a vencer -, na recepção ao Galatasaray. Acabaria a temporada com 13 jogos e 2 golos (ambos ao Tenerife) pelo Atlético no campeonato, 1 jogo na Taça do Rei e 7 na Liga Europa (incluindo uma presença na final). No entanto, a competição pelo seu lugar era fortíssima (todos conhecemos a qualidade do plantel do Atlético de Madrid, e particularmente o seu ataque): Salvio "só" tinha de disputar o lugar com Forlán e Aguero e ainda com Reyes e Simão, pois apesar de ser avançado pode actuar descaído para qualquer uma das alas como se de um extremo se tratasse. Como o cenário não se alterou minimamente para esta temporada (ainda se agravou com a chegada de Fran Mérida), e dado o excesso de jogadores extra-comunitários no plantel colchonero, a saída acabou por se revelar a única opção.


De referir que Salvio é um jogador muito apreciado pelos técnicos das camadas jovens das selecções argentinas, tendo actuado variadas vezes na selecção de sub-17 e depois nos sub-20, onde actuou por 9 vezes (e marcou 4 golos). A 20 de Maio de 2009, sete dias depois de fazer 19 anos, o jovem avançado estreou-se pela selecção A argentina num particular com o Panamá. Salvio havia ainda de actuar mais uma vez pela equipa das pampas, chegando assim à Luz com dois jogos pela Argentina.


Salvio é um bom jogador, disso ninguém duvida, mas a verdade é que já me vão faltando palavras para descrever os jogadores que vão chegando ao Benfica, e por uma simples razão: parecem vir todos para a mesma posição e terem todos características muito similares. A verdade é que o que tenho para dizer de Salvio poderia ser um decalque do que já disse para Jara e Rodrigo: é que as suas características futebolísticas (a posição onde actuam, a forma como tratam a bola, a idade, o grau de experiência que têm) é em tudo semelhante - embora Rodrigo e Salvio não sejam tão brigões e cheios de garra como Jara; nisso, o ex-Arsenal de Sarandí é insuperável. De resto, é um pouco complicado definir o que Salvio pode dar ao Benfica. É um avançado tecnicista, móvel, não propriamente um goleador, o que por si só o deixa no mesmo barco de Saviola, Weldon, Nuno Gomes, Jara, Rodrigo e Mantorras. Pode descair para as alas (talvez actuando como falso extremo) e daí há a possibilidade de poder vir a ser adaptado por Jesus para as funções que pertenciam a Di María ou Ramires, mas sinceramente não me parece que venha a jogar tão recuado no terreno. Posto isto, resta-me apenas referir que o negócio não me parece muito mau (embora tenhamos pago mais 2 milhões de euros ao Atlético de Madrid, que ainda nos deve 2 jogadores, e desta feita apenas por um empréstimo...), dado que, se por acaso o jogador não agradar/não se adaptar convenientemente, pelo menos não fica amarrado ao clube por muitos anos e a troco de vários milhões de euros repartidos por transferência e salários. Com muito trabalho, pode vir a tornar-se um caso sério desta época no Benfica e acabar por ficar no final da época ou voltar pela porta grande ao Atlético.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

JVP


Nacional-Benfica

1 - Muita coisa estranha neste Benfica

Terceira derrota em três jogos oficiais é uma situação muito estranha para o Benfica, que tem sido uma sombra da equipa que há poucos meses se sagrou campeã nacional. A forma física e anímica demoram a chegar, os novos tardam em mostrar a qualidade que se espera que tenham e a equipa apresenta-se em campo transfigurada, ansiosa, nervosa, sem capacidade para discernir. E é bem diferente liderar ou andar a correr atrás do prejuízo. Até nas bolas se nota uma diferença abismal. Na época passada percebia-se que esses lances eram bem treinados e bem executados, tanto em termos defensivos como ofensivos. Este ano, para além de não fazer golos, o Benfica sofre-os. E a culpa não é só do guarda-redes, apesar de ontem ter tido responsabilidades na derrota.

2 - Primeira parte encarnada

A primeira parte foi aberta, de parada e resposta, com o Benfica a ser a equipa mais organizada, mais sólida, não se desequilibrando defensivamente, como acontecia com o Nacional, que por vezes permitiu igualdade numérica de jogadores na defesa. A equipa da casa estava a sentir-se bem com a toada da partida, mas entusiasmava-se em demasia e desequilibrava-se. Passou por um período complicado, mas foi rectificando e acabou por se pôr à aventura. Porque o Nacional é uma equipa recheada de jogadores de qualidade, que não se inibe com os grandes, mas por vezes o entusiasmo é mau conselheiro. Ontem não foi porque o Benfica não soube aproveitar.
Tendo mais bola, o Benfica conseguiu as melhores oportunidades e refiro as perdidas de Cardozo (por cima) e de Saviola (grande defesa de Bracali) como exemplo do que poderia ter acontecido, porque embora não seja a equipa poderosa do ano passado, era a mais perigosa em campo.

3 - Depois da ansiedade, quebra física e anímica ou só anímica

O Benfica era desde o início uma equipa ansiosa à procura de uma vitória e, como acontece na maior parte dos casos, a ansiedade tira discernimento, tanto na finalização como no último passe. Curiosamente, a condição física benfiquista pareceu-me melhor do que em jogos anteriores, mas na segunda parte houve uma quebra acentuada, não sei se anímica e física ou se só anímica.
Nesta questão da quebra excluo o Coentrão, porque é um jogador à parte, o único que provoca os desequilíbrios, mas sozinho não consegue fazer tudo. Gaitán tem hábitos de jogo diferentes, joga mais para dentro e ainda não está identificado com a equipa, além de que não aguenta a velocidade imposta por Coentrão.

4 - Nacional aproveita

A segunda parte começou praticamente com o primeiro golo do Nacional. E o Benfica, se até então era uma equipa ansiosa, tornou-se ansiosa e nervosa, incapaz de pegar no jogo e de o pensar (excepção para Coentrão). Os jogadores utilizam mais o coração do que a cabeça, mas sem soluções para chegarem com perigo à baliza de Bracali.
O Nacional manteve a postura de coragem e atrevimento, mas melhorou a organização, sendo capaz de aproveitar o nervosismo do Benfica, construindo lances de perigo face a um adversário desorganizado, por vezes desesperado.

5 - Tudo acontece a Roberto

O segundo golo, ainda por cima caricato, entregou de vez o jogo ao Nacional. A incapacidade do Benfica para dar a volta à situação explica-se pelo facto de ter jogadores muito abaixo do desempenho do ano passado. Cardozo é daqueles a quem se nota mais a falta de forma, mas não é o único. Os novos entraram numa equipa que ainda não está bem em termos físicos e anímicos, o que lhe dificulta a integração. E há ainda o caso do guarda-redes. Tudo lhe acontece e desta vez foi decisivo para que o Benfica perdesse. A titularidade começa a tornar-se mais complicada, pois se já antes havia controvérsia, por haver muita gente a dizer que talvez não seja tão bom quanto se dizia, agora a situação piora.

6 - Fantasmas de Ramires e Di María vão perdurar

O jogo de ontem deixou claro que os fantasmas de Ramires e Di María vão continuar a pairar sobre os benfiquistas por mais algum tempo. A equipa não está a conseguir substituí-los e se é verdade que os novos não estão a dar a melhor resposta, também é verdade que a instabilidade dos resultados lhes dificulta a adaptação. Está provado é que Ramires e Di María eram demasiado importantes para saírem ao mesmo tempo.

domingo, 22 de agosto de 2010

RAP


Uma Semana Humilhante

A derrota do Benfica em casa, frente à Académica, não pode deixar de ser considerada humilhante. Humilhante para o Porto, bem entendido: em tão pouco tempo e com um plantel muito semelhante, Jorge Costa já está a fazer melhor do que André Villas-Boas. Quem assistiu, no ano passado, à derrota da Académica de Villas-Boas no Estádio da Luz por 4-0 constata sem dificuldades que a Académica de Jorge Costa está muito mais bem orientada.

Como se a vergonha do fim-de-semana não bastasse, o Porto viria a ser reincidente na desonra dias depois, perdendo Salvio para o Benfica. Ciente da dimensão do enxovalho, André Villas-Boas tentou fingir que o que toda a gente sabia era mentira numa conferência de imprensa em que, por incrível que pareça, não usou uma vez que fosse a palavra «exacerbação». Disse o treinador do Porto que, se o seu clube estivesse interessado em Salvio, o jogador estaria no plantel - uma vez que os portistas se antecipam ao Benfica nas contratações sempre que o desejam. Sem querer exacerbar, todos sabemos que tal não é verdade. Se o Porto conseguisse roubar ao Benfica todos os profissionais que interessam a ambos os clubes, a esta hora Villas-Boas ainda seria treinador da Académica.

PAULO SÉRGIO prepara-se para, no espaço de cerca de três meses, colocar duas equipas fora da Liga Europa. Julgo que estamos perante um especialista. Primeiro foi o Guimarães, afastado das competições europeias no último jogo do campeonato pelo Marítimo, e agora é o Sporting, que está prestes a ser eliminado pelo poderoso Brondby. Na mesma semana, o treinador do Sporting disse que tinha a melhor equipa do Mundo e perdeu em Paços de Ferreira, e depois disse que o Sporting era favorito em todos os jogos e perdeu em Alvalade. Não me surpreende que a melhor equipa do Mundo perca em Paços de Ferreira. O que acho verdadeiramente estranho é que Anderson Polga consiga ser titular na melhor equipa do Mundo.

OUÇO dizer que os jornalistas do Expresso captaram boas declarações de Pinto da Costa. Não li a entrevista, mas custa-me a crer que sejam melhores que as declarações que a Judiciária captou e ainda pontificam no YouTube. Sem querer beliscar o brio profissional dos jornalistas que, ao longo dos anos, têm entrevistado Pinto da Costa, é apenas justo referir que meia dúzia de polícias fizeram melhor jornalismo – e sem precisarem de colocar uma única pergunta. Quando se tem talento…

É impressionante o modo como Carlos Queiroz, um treinador cujas equipas praticam um futebol tão pouco emocionante, consegue despertar tantas emoções fora do relvado. Dificilmente se chegará a um consenso a propósito deste intrincado caso disciplinar. Quem tem razão? Queiroz? A brigada antidoping? As amostras de urina? É difícil dizer, sobretudo quando ainda ninguém concorda sobre a prestação de Portugal no Campeonato do Mundo. Foi boa ou má? É verdade que a Selecção só foi eliminada pela equipa campeã do Mundo, mas não é menos verdade que Portugal não consegui marcar um único golo a quartetos defensivos que não fossem formados por Ji Yun-nam, Ri Kwang-chon, Ri Jun-li e Pak Chol-jin. Todos os defesas que neste momento não se encontram em campos de trabalhos forçados revelaram-se intransponíveis para a estratégia ofensiva portuguesa. Sim, mas seria realista esperar que Portugal conseguisse a proeza sobre-humana de bater a Espanha? Bom, a Suíça conseguiu. Digamos que não era propriamente impossível. Creio que o grande problema da Selecção é que Carlos Queiroz só joga ao ataque nas entrevistas ao Expresso. No entanto, não sou daqueles que dizem que o futuro é negro. Se a federação conseguir arranjar maneira de suspender Queiroz até Agosto de 2012, julgo que Portugal tem boas hipóteses de se sagrar campeão da Europa.

Por Ricardo Araújo Pereira, 21 de Agosto in jornal A Bola

Nacional 2 - 1 Benfica - 2ª Jornada 2010/11

A exemplo do que acontecia a meio da época passada, confesso que já me vão faltando palavras para descrever este início de época do Benfica. No entanto, este ano é pelos motivos completamente opostos. A equipa continua a desiludir-me jogo após jogo, o treinador mais ainda, pois é alguém que eu quase idolatro, e hoje percebemos de uma vez por todas que temos realmente um problema na baliza. O Roberto pode ser um excelente rapaz, mas é, a par de Bossio e Moretto, o pior guarda-redes que já vi na baliza do Benfica. Não há explicação para o barrete que nos foi enfiado, com a complacência do Jorge Jesus (que ao que parece foi quem aconselhou pessoalmente a sua contratação) e do nosso "grande" presidente, que continua a desbaratar por completo as finanças do Benfica com contratações a valores que ninguém consegue compreender (o Atlético de Madrid pedia 1,5 milhões de euros ao Saragoça pelo passe do Roberto; como é que o Benfica só o conseguiu trazer por 8,5? Há algo aqui que não bate certo, definitivamente). Na constituição inicial, pelo menos um erro dos outros jogos foi reparado: Peixoto ficou de fora e Coentrão voltou ao lugar que melhor desempenha e onde é dos melhores jogadores do Mundo. No entanto, voltou também a ficar patente que Gaitán não é nem nunca será o substituto de Di María. Precisamos urgentemente de uma alternativa à altura do argentino (e não será Drenthe; só me contentava com Simão ou Reyes). Por último, tenho de referir que, apesar do guarda-redes ser desastroso, a defesa está num plano igualmente deplorável. E afinal as culpas não são só de Sidnei. Gostava mesmo de saber o que se passa com esta equipa do Benfica. Alguém que me explique.


Na primeira parte, curiosamente, o Benfica esteve num nível muito razoável. Dominou, procurou o golo (esteve bem perto no falhanço clamoroso de Gaitán) e pressionou como na época passada. Teve atitude, basicamente. Atitude essa que se evaporou na segunda parte, o que em conjunto com o golo inaugural do Nacional destroçou por completo a equipa. Parabéns ao Luís Alberto (o melhor em campo) pelo golo, mas acho que não haverá muito mais a dizer sobre a saída ridícula do Roberto à bola. Jesus, se queres estar ao nível dos melhores do Mundo, por favor pára com a teimosia (que é normalmente a razão por que os treinadores falham) e coloca o Júlio César na baliza. Pior que o Roberto não vai ser, isso eu posso garantir.


Para piorar ainda mais todos os cenários possíveis e imaginários, o Roberto resolveu fazer algo digno dos maiores anedotários a nível internacional e oferecer um golo ao Orlando Sá, um jogador que ainda por cima é do Porto (e que, na minha modesta opinião, não tem um pingo de qualidade). A sério, já tinha ficado possuído com o primeiro frango, mas o que o Roberto faz no segundo golo é absolutamente ridículo. Mesmo para poupar o rapaz a mais humilhações, por favor coloquem-no no banco. Por favor. É que se aquele é o melhor que temos, e se todos os erros que ele vier a dar nesta época forem desculpados, porque raio temos lá mais dois (um deles trazido pelo mesmo Jesus na época anterior e que tem apenas 23 anos)?


A finalizar veio o nosso golo. Já nem era preciso, diga-se, mas o Carlos Martins merece. É um dos jogadores que mais aprecio (pelo seu imenso talento mas também pelo seu carácter louco, confesso) e mais uma vez, num remate de raiva, mostrou que se pode contar com ele. Muito mais que com Amorim nesta fase da época, não me canso de o dizer (e já agora, que é feito do Saviola e do Cardozo da época passada? Onde andam eles?).

Para finalizar, e porque já disse praticamente tudo acima (e porque cada vez tenho menos vontade de comentar os jogos, pelo simples facto de que a equipa está a jogar ao nível do Benfica do Quique), termino a pedir apenas que frente ao Vitória de Setúbal voltemos a mostrar metade (já só peço metade) do que mostrávamos a época passada e que arranquemos definitivamente para uma temporada consentânea com o valor desta equipa e com o escudo que apresenta no braço. Rumo ao 33º!

Os golos do encontro aqui:



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Isto sim são declarações

Espero que se concretizem. Eu e todos os benfiquistas.

"Sabemos o valor que temos, vamos ser novamente campeões. No futebol não há garantias mas é aquilo que eu penso. Começámos o campeonato de forma diferente, não pela forma da equipa mas por outras situações. As minhas equipas normalmente nunca começam bem, mas temos a convicção do nosso valor. O ano passado a equipa também não estava tão bem. Mas a história vai repetir-se e o Benfica vai ser novamente campeão"

Jorge Jesus à BenficaTV

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Reforços 2010/11 - Rodrigo

Depois dos já apresentados Fábio Faria, Jara, Gaitán e Roberto, hoje é a vez de fazer o BI futebolístico da até agora última contratação do Benfica: o avançado hispano-brasileiro Rodrigo.


Nascido no Brasil, Rodrigo viajou para Espanha muito jovem (é sobrinho do antigo internacional brasileiro Mazinho, campeão do Mundo em 1994 e que jogou alguns anos em Espanha). Com apenas 17 anos estreou-se pela equipa B do Celta de Vigo em 08/09, na II Divisão B espanhola. A equipa acabou o campeonato em 5º lugar e o jogador deu de tal modo nas vistas que foi contratado pelo Real Madrid, com o intuito inicial de rodar na equipa júnior merengue.


O talento, contudo, não passava despercebido a ninguém, e depressa o jovem avançado ascendeu de patamar. Primeiro passou para o Real Madrid C, que compete na III Divisão espanhola, e logo depois estreou-se pela equipa B dos merengues, denominada Castilla, novamente na II B. Segundo a Wikipédia, o jogador realizou 4 jogos (e 1 golo) na equipa C e 18 jogos e 6 golos na B.


Rodrigo é presença assídua nas selecções jovens de Espanha. Esteve, inclusive, no último Europeu de sub-19, que a Roja perdeu apenas na final frente à França (jogo onde o avançado marcou um dos 2 golos que apontou no torneio). Foi, aliás, por ter estado presente nesse torneio que Rodrigo não realizou a pré-temporada com a principal equipa do Real Madrid, como era desejo de José Mourinho, que nele via muitas qualidades. Ao todo, o avançado tem 10 jogos e 6 golos na selecção espanhola de sub-19.


Rodrigo é um avançado muito móvel, podendo actuar como 2º ponta-de-lança ou até mais descaído sobre as alas. Uma espécie de Weldon, Jara ou mesmo Saviola. É um jogador com excelente técnica, veloz e com apurada veia goleadora (atenção ao seu pé esquerdo). Ainda assim, e dadas as demais opções que temos para a mesma posição (em contraste com a escassez de pontas-de-lança propriamente ditos - apenas Cardozo e Kardec), confesso que me custa um pouco a perceber a opção de dar 6 milhões de euros por um miúdo de 19 anos que terá forçosamente de passar por um período de adaptação ao clube e a uma nova realidade. Tem a seu favor o mesmo que todos os jovens têm (tempo para progredir e se adaptar), além da enorme qualidade que tem, mas para uma equipa que tem a ambição de ir longe na Liga dos Campeões, tanta predilecção por contratar jogadores acabados de sair "do berço" de clubes estrangeiros pode acabar por ser prejudicial ao Benfica. Em princípio não, claro está. Veremos se esta nova política de contratações dá os seus frutos. A começar por Jara, Rodrigo e outros que se possam seguir.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

RAP


A andorinha e a Primavera

O principal acontecimento desta semana deve ter intrigado a generalidade dos comentadores - quer os cronistas que escrevem colunas de opinião, quer os que preferem publicar opiniões que não são as suas com o objectivo de interferir nos jogos espicaçando jogadores. O fenómeno é simples: a equipa que acabou de ganhar brilhantemente o campeonato passou a ser péssima no espaço de uma hora e meia. Não é fácil. Requer talento. A metamorfose do Porto, que se transformou na melhor equipa do mundo no mesmo lapso temporal, não é tão impressionante. É certo que, até ao passado sábado, a equipa do Porto era um conjunto de jogadores pouco ambiciosos, à imagem do amorfo JesuaIdo Ferreira, e precisava urgentemente de reforços se queria fazer melhor que o justíssimo terceiro lugar em que tinha terminado a época. Mas só às segundas, quartas e sextas. Às terças, quintas e sábados, o Porto era uma equipa que, se não tivesse sido injustiçada pelas punições sofridas por jogadores inocentes que, coitados, se limitaram a participar em espancamentos, teria sido campeã com 30 pontos de avanço - ou não fosse treinada pelo competente Jesualdo Ferreira.

O próprio André Villas Boas que, além de ser o mais novo vencedor da Supertaça, é o primeiro treinador do mundo a usar por quatro vezes a palavra «exacerbação» na mesma conferência de imprensa - recordou, aliás de forma um pouco exacerbada, que o Porto do ano anterior só não tinha ganho por causa das injustiças, observação que constitui uma crítica a Pinto da Costa pelo despedimento de Jesualdo Ferreira, o que acaba por ser razoavelmente exacerbador. E é assim que a equipa que, ainda não há seis meses, levou três secos daquele Sporting que acabou a 28 pontos do primeiro, se encontra no topo do futebol português. Pelos vistos, no futebol, por morrer uma andorinha acaba a primavera. E por morrer um abutre acaba a exacerbação.

Quanto ao Benfica, se é possível encontrar algum aspecto positivo mo meio desta horrível hecatombe que foi o facto de termos perdido um jogo, talvez seja consolador registar que, num jogo em que tudo nos corre mal e não jogámos mesmo nada, o pior que nos pode acontecer é perdermos 2 - 0 com o Porto.

O Braga entrou na nova época com uma vitória clara por 3-I. À atenção do Porto: a luta pelo segundo lugar vai continuar a ser dura. Talvez não seja boa ideia voltar a emprestar jogadores ao principal rival em Janeiro. Fica a sugestão.

Por Ricardo Araújo Pereira, 14 de Agosto in jornal A Bola

JVP


Benfica-Académica

1 - Benfica denotou falta de frescura física

Apesar de ter entrado com mais iniciativa - como seria de esperar pelo facto de jogar em casa e na qualidade de campeão nacional - e de ter tido uma oportunidade de golo logo aos oito minutos por Coentrão, este Benfica não me pareceu fresco fisicamente. Fez as coisas em esforço, sem a naturalidade que demonstrava no ano passado. E quando falta frescura física, os jogadores não pensam nem executam da mesma maneira. Daí que, na primeira parte, além da de Coentrão, só tenha tido outra ocasião clara de golo, num lance de bola parada concluído com uma cabeçada de Sidnei.

2 - Sobrecarga da pré-temporada?

Há equipas italianas que começam os campeonatos assim, com os jogadores a sentirem dificuldades nos primeiros jogos devido às elevadas cargas físicas. Não conheço a estratégia da equipa técnica do Benfica em termos físicos, mas quer-me parecer que os treinos não diferem dos do ano passado. Onde se nota uma diferença grande é precisamente em relação à frescura física, quem sabe como resultado de uma sobrecarga da pré-temporada, em que o Benfica fez jogos de dois em dois dias com viagens pelo meio. Tanto na Supertaça, com o FC Porto, como ontem, frente à Académica, aquilo que vi não foi um ou dois jogadores fisicamente mal, mas sim uma equipa inteira, e assim torna-se mais difícil disfarçar as saídas.

3 - Ausências de Di María e Ramires por colmatar

O Benfica não conseguiu fazer esquecer Di María e Ramires. O brasileiro é muito bom tacticamente, lê muito bem o jogo, tem simplicidade de processos e ainda aparece na área; não é por acaso que é internacional pelo seu país e foi contratado pelo Chelsea. Rúben Amorim é obviamente um jogador diferente. Quanto ao argentino, que é um desequilibrador nato e muito veloz, no actual plantel dos encarnados Coentrão é aquele que mais se aproxima das suas características. No ano passado, o Benfica também não começou a Liga a ganhar (empatou com o Marítimo), mas desta vez a resposta da equipa não esteve ao mesmo nível.

4 - Uma Académica à imagem do treinador

A Académica, por seu lado, foi uma equipa bem organizada, que recuava no seu meio-campo quando defendia, mas procurava as transições rápidas, através dos alas Sougou e Diogo Valente, para surpreender. Atacava e defendia com muitos elementos e mostrou personalidade, o que é mais notável se atendermos ao local do encontro, o Estádio da Luz, e ao adversário, nada mais nada menos que o campeão nacional. Esta Académica é a imagem do treinador! A vitória de ontem fez-me recordar os jogos que o Olhanense da época passada, treinado por Jorge Costa, fez em Alvalade, no Dragão e na Luz. Tal como essa, também esta Académica é uma equipa destemida, que não se fecha, que não põe o autocarro à frente da baliza e que discute o jogo. Embora sendo mais débil quando comparada com os grandes, procura jogar, não dá pontapés para a frente. Acredito que esta será uma das boas equipas do campeonato e, nos jogos fora de casa, vai aproveitar bem os seus jogadores mais rápidos. Conheço bem Jorge Costa, fui treinado por ele e sei que gosta de que as suas equipas joguem bom futebol.

5 - Um golo candidato ao Top 5 da Liga e outro fruto da defesa à zona

A vitória da Académica surgiu graças a um grande golo, que provavelmente estará no Top 5 deste campeonato. É um remate indefensável, muito colocado e que entrou junto ao ângulo - Roberto não está adiantado, ninguém evitaria aquele golo. Ficou a dever-se a um desequilíbrio defensivo do Benfica e à capacidade da Académica, em transições rápidas, de libertar três ou quatro jogadores para o ataque. O primeiro golo da equipa de Coimbra surge de uma bola parada, situação que o Benfica defende à zona e em que, quando não se ataca a bola, se correm grandes riscos quando - como foi o caso - o adversário é mais rápido.

6 - A expulsão, Coentrão e Laionel

A expulsão de Addy marcou a segunda parte, período em que o Benfica teve total domínio do jogo, embora a Académica não tenha abdicado do ataque. Sempre que ganhava a bola, saíam dois ou três jogadores para a frente. Com grande espírito de sacrifício e solidariedade, subiam e desciam no terreno. Foi isso que fizeram Sougou e Diogo Valente na primeira parte e, mais tarde, apenas o primeiro. Com dez, o jogo tornou-se muito complicado, mas os visitantes continuaram a demonstrar uma forte personalidade. Do lado do Benfica, o perigo surgia pelas alas, em especial por Coentrão, não só no golo de Jara como noutras situações. Aliás, o esquerdino é o único jogador do Benfica a merecer um destaque individual, não só pelos desequilíbrios que criou, mas especialmente porque, ao contrário do que seria de esperar pelo facto de ter estado no Mundial, pareceu o menos cansado. Na Académica, o destaque óbvio vai para o golo de Laionel, que é do outro mundo, pela intenção, pela forma como chutou, pelo local de onde o fez. Entrou fresco, com capacidade para decidir, e demonstrou muita qualidade.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Benfica 1 - 2 Académica - 1ª Jornada 2010/11

Confesso que desde a derrota na Supertaça caí num desânimo tal que nem me tem apetecido actualizar o blog. E infelizmente ontem voltámos a ter um dia terrível. Nós e o Jorge Jesus. Não me importo minimamente que possam vir aqui dizer-me que tenho de apoiar os nossos e que o presidente Vieira é o maior. Essas tretas comigo não pegam. Não há ninguém que tenha apoiado o Jesus mais do que eu desde o início. Vieira nunca me convenceu, mas parece que isso não se verifica com a grande maioria dos adeptos do Benfica. No entanto, tem sido simplesmente vergonhosa a política de contratações do Benfica esta época. O guarda-redes não está à altura da dimensão do Benfica (é tipicamente de equipas pequenas), o Gaitán custou 8,5 milhões de euros e afinal não é o substituto directo do Di María (então foi contratado para ser o suplente do Aimar e do Carlos Martins? Não se entende), o Rodrigo (e ao que parece o Alípio) foram caríssimos mas são para emprestar e o Fábio Faria não me parece muito melhor que o Miguel Vítor. Em resumo, só a contratação de Jara não foi falhada. E onde está a tão badalada planificação da época que já há uns meses vinha sendo anunciada pelas cúpulas que admiram o presidente? Onde está o substituto de Di María (se é o Coentrão, precisamos então de um lateral-esquerdo, porque o Peixoto não existe) e o de Ramires, que já se esperava há muito tempo que fosse sair? Se alguém me conseguir explicar isto, calo-me já. Mas este ano posso dizer que estou muito desgostoso com esta política e que o Jesus me tem desiludido muito.


Sobre o jogo de ontem, vou buscar novamente algumas coisas que disse sobre o jogo da Supertaça. O Benfica não sabe ser campeão. Quando o é, fica inchado, com a mania, coisa que não acontece noutros clubes (sim, estou a falar do Porto). O Porto é campeão e continua a trabalhar e a dar tudo em campo para revalidar o título. Já o Benfica, de cada vez que é campeão, fica com ares de grandeza, o que se vê totalmente em campo. Foi assim que perdemos a Supertaça e foi assim que perdemos ontem o jogo com a Académica. Ao Jesus, digo-lhe o mesmo que disse na derrota com o Porto: o 4-4-2 da época passada vai continuar a não dar resultado enquanto não houver substitutos à altura de Di María e Ramires. Por isso, devia apostar-se no 4-3-3 que tão bons resultados deu na pré-época. Além disso, a insistência em colocar Coentrão (hoje um dos melhores laterais-esquerdos do Mundo) a médio interior é pura teimosia e acabamos por perder 2 jogadores, pois o Peixoto não existe. O Amorim continua em baixo de forma, pelo que ontem começámos o jogo com 9 jogadores (e se a isto somarmos a terrível forma também do Saviola...). Foi, por isso, sem surpresa que vi o Miguel Fidalgo abrir o marcador para a Académica aos 26 minutos.


Depois de sofrer o golo, a equipa mudou de atitude, embora com mais força apenas na segunda parte. A entrada do Jara ao intervalo mudou por completo o figurino da equipa e deu a Coentrão (que baixou para lateral...) a oportunidade de marcar a diferença pelo flanco, como o fez no lance que deu o golo encarnado, numa assistência perfeita para o argentino.


No entanto, a partir daí (e a jogar com mais um desde os 50 minutos), o Benfica continuou a revelar uma tremenda falta de ideias no último terço do campo. De facto, o que falta é mesmo um Di María, um elemento que desequilibre perto da área adversária. Assim, torna-se difícil colocar a bola nos avançados (aliás, ontem o Cardozo quase nem rematou à baliza). E depois, com a equipa toda balanceada no ataque, era de esperar que pudesse acontecer o que aconteceu em cima do apito final. De realçar que o golo de Laionel (que assim se tornou o homem do jogo) foi dos melhores golos que já vi na vida, mas ainda assim a verdade é que essa jogada foi iniciada por um controlo de bola com o braço de Júnior Paraíba dentro da área da Académica igualzinho àquele que Jonathas fez no Naval-Porto. Aí, foi penalty para o Porto. Ontem, nada foi marcado e curiosamente esse lance acabou por dar golo para a Académica. Não quero com isto desculpar a derrota do Benfica (que mereceu totalmente não ganhar o jogo), mas a verdade é que além deste houve pelo menos mais um penalty a favorecer o Benfica que não foi marcado (um atropelo de Diogo Melo a Saviola) e estas coisas fazem a diferença, porque no jogo do Porto o árbitro não teve pudor em marcar um penalty muito discutível. Nos jogos do Benfica já têm. E isto é preocupante.

Mas o Benfica, como disse logo no início do texto, perdeu única e exclusivamente por sua culpa. Espero sinceramente que a equipa (e o próprio Jorge Jesus) voltem à humildade que era a sua característica na época passada, porque só com humildade e muito trabalho se vence na vida. Ainda acredito (embora esteja muito desanimado, confesso) na revalidação do título e no 33º!

O resumo do jogo aqui:



PS: A equipa da minha cidade, o Palmeiras-Resort Prio/Tavira, ganhou a Volta a Portugal pela 3ª vez consecutiva, por David Blanco, actualmente o melhor ciclista do pelotão nacional. Os meus parabéns para mais uma grande vitória de uma equipa que até há 3 anos nunca havia vencido a Volta, mas que se conseguiu tornar na mais forte de Portugal (e que é a mais antiga do pelotão mundial). Parabéns para Tavira!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

RAP


O 27º Mourinho respondeu ao primeiro, que ficou com as orelhas a arder

Se houvesse dúvidas acerca da categoria de André Villas-Boas, elas dissiparam-se ontem. Trata-se de um treinador de nível internacional. Um técnico menor estaria empenhado a tentar perturbar o treinador do seu adversário de hoje no primeiro troféu da época, ou a tentar desestabilizar o outro candidato ao título, o Braga. André Villas-Boas não. Anda entretido a fazer mind games com o treinador do Real Madrid. Não duvido de que os merengues andem de cabeça perdida por causa das azedas considerações de Villas-Boas. «Villas-Boa es muy duro!», terá exclamado Jorge Valdano. «La Liga ya nos va correr mal!», terá suspirado Florentino Pérez.
A conferência de imprensa que o treinador do Porto deu ontem ficará na história do futebol. Primeiro, disse que concordava com o Special One: Villas-Boas e Mourinho não são clones. Depois, disse que discordava do Special One: Villas-Boas e Mourinho tinham quase o mesmo número de jogos como treinador principal antes de chegar ao Porto. Logo, afinal são clones. É um discurso que só está ao alcance das mentes mais complexas. A imprensa do Porto apressou-se a fazer a pesquisa que servia os argumentos de Villas-Boas e descobriu que, antes de ir para o Porto, Mourinho tinha apenas mais um jogo como treinador principal do que Villas-Boas. O problema é que Mourinho não falou em jogos como treinador principal. Falou em trabalho de campo. Antes de ser treinador principal. Mourinho foi treinador adjunto. Não foi observador de jogos, nem redactor de relatórios. Dizem que faz uma diferençazinha.

Como benfiquista, não posso deixar de estar preocupado com o jogo de hoje. Alem de ser orientado por um quase Mourinho, o Porto conta agora com João Moutinho, que no espaço de duas semanas deixou de ser um fiteiro contumaz para, segundo Rui Moreira, passar a ser um quase-Iniesta, e o Benfica limitou-se a fazer uma pré-temporada parecida com a da época anterior, o que significa que, tal como no ano passado, estamos todos imbuídos de um entusiasmo completamente injustificado. É certo que Miguel Sousa Tavares atribuiu o favoritismo da Supertaça ao Benfica, mas, depois de ter previsto a vitória da Argentina no Mundial, MST evidenciou perceber menos de futebol do que certos polvos alemães. Não há nada que nos acalme esta angústia.

Creio que o leitor se lembra da novela. Primeiro, Real Madrid e Barcelona digladiaram-se pelo jogador. Os catalães ofereciam milhões mais o Ibrahimovic e os madrilenos queriam troca por troca com o Kaká. Depois, Chelsea e Manchester United travaram uma luta muito feia para o contratar, com derramamento de sangue e tudo. Foi, por isso, com bastante admiração que vi o extraordinariamente magnífico Bruno Alves rumar a S. Petersburgo. Enfim, estes jogadores que têm o Porto no coração e que Pinto da Costa diz que vão ficar muito tempo só abandonam o clube se for para rumar a algum colosso do futebol europeu.

Quanto ao Sporting, a grande surpresa foi a ida de Miguel Veloso para o Génova. Que se terá passado? O Porto não estava interessado no jogador? É possível que Veloso fosse apenas uma maçã tocada, ao contrário de João Moutinho, que como se sabe já estava em estado de putrefacção. A ponto de certos adeptos do Sporting terem mesmo negado que Moutinho fosse um símbolo do Sporting. Absurdo. Recordo que Moutinho era capitão e tinha na camisola o número 28. Exactamente o número de pontos a que o Sporting ficou do Benfica. Se isto não é um símbolo, não sei o que é.

Ricardo Araújo Pereira, 7 de Agosto in Jornal A Bola

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Benfica 0 - 2 Porto - Supertaça 2010/11

Só hoje escrevo sobre o jogo de sábado porque não consegui fazê-lo antes mas também pela enorme azia com que fiquei com a derrota, o que me fez ficar sem vontade nenhuma de voltar a falar sobre o jogo. Esta era uma partida que para mim era essencial ser ganha pelo Benfica, disse-o aqui várias vezes, bem como em comentários noutros blogs. Essencial para diminuir a hegemonia portista na competição e, acima de tudo, para ganhar um ânimo redobrado para o resto da temporada, impedindo assim o Porto de conseguir esse mesmo ânimo. No entanto, o Benfica não foi capaz de puxar dos galões de campeão e acabou por ser ultrapassado claramente pelo 3º classificado da temporada passada, que parecia não ser capaz de competir com as mesmas armas do campeão nacional para esta época. A minha desilusão foi enorme.


E, como muitas vezes afirmei aqui noutras ocasiões em que não fomos capazes de ser superiores aos nossos adversários, a culpa desta derrota foi toda de Jorge Jesus. Depois de uma pré-época a ser disputada na sua maioria em 4-3-3, o nosso treinador resolveu mostrar medo do Porto e mudar o esquema para o 4-4-2 da época passada. O problema é que faltavam 2 elementos importantíssimos da época passada e desse esquema (Ramires e Di María), que ainda não têm substitutos definidos (supostamente estarão para chegar). Por essa razão, JJ apostou em César Peixoto para a titularidade, adiantando Fábio Coentrão para médio interior esquerdo. Novo erro. Coentrão está a ser utilizado como lateral há quase uma época e não é num jogo com esta importância que faz sentido recolocá-lo a extremo/médio-interior. Teria sido muito mais profícuo jogar o Peixoto nessa posição, indo à linha ou descaindo mais para o meio, deixando todo o flanco à guarda de Coentrão, hoje um dos melhores laterais do Mundo. Aliás, nas laterais esteve outro dos grandes problemas deste Benfica: o Ruben Amorim fez uma pré-época muito fraquinha e não é nem pode ser a 2ª opção para lateral-direito. Se o outro lateral que temos (Luís Filipe) não serve, então que se canalizem uns milhões também para reforçar essa posição. De qualquer forma, não consigo perceber como é que o Álvaro Pereira ficou pronto a tempo de jogar e o Maxi não. Há coisas que me ultrapassam, sinceramente. Todos estes erros do nosso treinador redundaram naquilo que pudemos ver: um Porto totalmente dominador, com uma postura à campeão, e um Benfica completamente aburguesado, sem vontade de ganhar a competição, lutando muito pouco para contrariar o ímpeto inicial dos dragões. O golo de Rolando é absolutamente imperdoável: como é que aos 3 minutos de uma competição deste nível é possível deixar um adversário sozinho na entrada da pequena área? O que é que o David Luiz estava a fazer? Roberto podia ter feito melhor, mas a cabeçada foi à queima-roupa e a verdadeira culpa foi da deficiente marcação feita ao central do Porto, que obviamente não desperdiçou a oportunidade.



O Porto continuou a comandar durante mais 25 minutos, perante um Benfica apático, sem soluções e, pior que tudo, sem grande ambição para conquistar o troféu (e isso é que foi o mais preocupante deste jogo). A partir dos 30 minutos, os encarnados equilibraram o jogo e passaram mesmo a dominar, acabando a 1ª parte por cima. Ainda assim, o golo não apareceu, o que deixou os portistas muito mais tranquilos para a 2ª parte. O Benfica continuou a procurar o empate, mas sempre sem ideias, cenário que se manteve mesmo após a entrada de Jara. Sem grandes surpresas, o Porto acabaria por chegar ao 2º, por intermédio do melhor avançado a jogar em Portugal: Falcao. O colombiano, apesar de não ser um ponta-de-lança clássico, é mortífero nas zonas de finalização, item em que, por exemplo, Saviola falhou em toda a linha aos 85 minutos, quando permitiu a defesa a Helton. De destacar ainda o nó que Varela (o melhor em campo) deu em Luisão antes de assistir Falcao. Se o central brasileiro ainda não estava na melhor condição física, então que tivesse ficado de fora, ou a confiança em Sidnei é assim tão pouca? É que se é, espero que vendam o rapaz o mais depressa possível: se nem para actuar no lugar de um colega em deficiente condição física ele é utilizado, então mais vale mandá-lo à sua vida e encaixar uns milhões com a transferência. Uma nota para a excessiva dureza dos jogadores do Benfica: pareciam, sinceramente, o Bruno Alves e o Raul Meireles na final da Taça da Liga. Isto não é o Benfica, aquelas entradas não são próprias de jogadores do Benfica. Tal como nesse jogo o Bruno Alves e o Meireles teriam de ter sido expulsos ainda antes do intervalo, também neste jogo o Carlos Martins, pela sucessão de faltas, o César Peixoto, por 2 entradas duríssimas, e o David Luiz, pela alarvidade que fez ao rasteirar um jogador do Porto com o jogo parado, podiam perfeitamente ter sido expulsos (tal como o Álvaro Pereira quando se atira para cima do árbitro). Este não é o meu Benfica.


E assim se foi mais uma Supertaça para o Porto. O Benfica continua a baquear nos encontros frente ao Porto, algo que me ultrapassa e que não consigo perceber minimamente porque acontece. O Porto, quando joga connosco, transcende-se, enche-se de brio e de garra e joga com tudo para ganhar (não aconteceu o ano passado na final da Taça da Liga, mas viu-se bem no Dragão). O Benfica, pelo contrário, encolhe-se, mostra medo e entra em campo totalmente desconcentrado. Isto é imperdoável em alta competição e costuma pagar-se caro, tal como aconteceu no Sábado. Fiquei muito desanimado depois dessa derrota, porque era uma competição que queria mesmo vencer, e só espero que a equipa consiga ultrapassar este duro revés e embale para o bi-campeonato (e, já agora, que não descure as outras competições: as 2 taças nacionais e a Liga dos Campeões, claro). Vamos lá para o 33º!

Os golos do jogo aqui:

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Benfica na Supertaça - 1985/86

Com o primeiro troféu oficial à porta, inauguro hoje a rubrica "O Benfica na Supertaça", que vem na sequência das já existentes "O Benfica na Taça de Portugal", "O Benfica na Taça da Liga" e "O Benfica na Europa", uma competição que é a única nacional em que o Benfica não é a força dominadora (tem apenas 4 triunfos, contra 16 do Porto e 7 do Sporting). A final da Supertaça que irá aqui ser relembrada é precisamente a única que conseguimos vencer ao Porto (contra as 9!!! que perdemos com a mesma equipa), nas 4 que já conquistámos (as outras foram frente a Sporting, Belenenses e Vitória de Setúbal). Em 1985/86, com John Mortimore ao leme da equipa, o Benfica começou e terminou a época a vencer: conquistou a Supertaça referente ao ano anterior (em que havia vencido a Taça de Portugal) e a Taça do mesmo ano. Só falhou o campeonato, que foi pelo 2º ano consecutivo para o Porto. Esta era a 7ª Supertaça que se disputava (a competição iniciou-se apenas em 79/80), tendo já sido vencida por Boavista, Benfica e Sporting (todos uma vez) e 3 pelo Porto. Era, por isso, muito importante conquistá-la, assim como o será amanhã, não só por ser um troféu oficial como também (e mais importante que tudo) por ser uma competição onde o Benfica perde claramente para os rivais mais directos. Acrescente-se a isto o factor motivação: se o Benfica vencer o Porto neste encontro, ganha uma motivação extra para revalidar o título nacional, conseguindo assim um bi-campeonato que já não acontece há 26 anos, e coloca uma pressão insuportável sobre a equipa nortenha e o seu novo treinador; se, por outro lado, o Porto conseguir o triunfo, a tal motivação vai toda para o Norte. Por estas razões, conseguir esta vitória é essencial para uma época de sucesso. Espero que a nossa equipa se inspire nesta vitória, conseguida por muitos dos mais importantes jogadores de sempre do Glorioso.


Nesta altura, a Supertaça ainda era disputada a duas mãos, cada uma na casa de um dos clubes. Neste ano, a 1ª mão foi jogada na Luz. Pelo Benfica actuaram Bento; Veloso, António Bastos Lopes, Oliveira e Álvaro Magalhães; Diamantino, Nunes, Shéu e Wando; Manniche e Nené, mais os suplentes utilizados Rui Pedro e Pietra. Num jogo muito disputado, um golo solitário de Diamantino garantiu a vitória à equipa encarnada. Já só era preciso manter a vantagem na 2ª mão.

E foi exactamente isso que aconteceu. Nas Antas, o Benfica (com apenas duas alterações no 11: Samuel no lugar de Bastos Lopes, que entrou no decorrer do jogo, tal como César Brito, e Carlos Manuel no lugar de Nunes) sofreu uma grande pressão, mas acabou por conseguir aguentar o empate a zero e levantou a Supertaça Cândido de Oliveira 85/86.


O resumo do jogo da 2ª mão (infelizmente não consegui encontrar o da 1ª) aqui:

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

É de jogadores assim que o Benfica precisa


Com esta alma, com esta garra e com as qualidades pessoais que o Ramires sempre demonstrou. Para mim, foi um prazer vê-lo com a nossa camisola, mesmo que tenha sido apenas por um ano.

"Espero que todos compreendam esta decisão. É assim o futebol. Este desfecho é bom para o clube e para mim. Adoro o Benfica, adoro este clube. Levo o Benfica no coração, levo a sua torcida no coração, claro! Estou muito feliz. Jamais esquecerei o quanto ganhei aqui, onde fui campeão, onde me projectei e fui muito feliz. Foi um ano maravilhoso! Com os adeptos que tem, o Benfica só pode ser grande. E confio que vai continuar a ganhar títulos sem mim: ficarei a torcer por isso. Foi em Lisboa que tive a felicidade de ser pai pela primeira vez. Só acaba por ser curta a minha passagem pelo clube. Estou grato a todos pelo carinho. Mas espero que todos entendam que era uma oportunidade muito boa para mim a nível pessoal, desportivo e financeiro. E jamais ficaria triste se ficasse ou ainda vier a continuar no Benfica, que me deu tudo"

Ramires, in jornal A BOLA

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Força, capitão!

O pai do nosso capitão morreu ontem, pelo que aqui ficam as minhas condolências a Nuno Gomes e a toda a sua família. Espero que isto ainda te dê mais forças para querer ganhar tudo em memória do teu pai. Força, capitão!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fala quem sabe

No seguimento do meu post anterior, vejam o que Mourinho diz sobre o Cristiano Ronaldo (que é, curiosamente, o mesmo que todos os treinadores que já trabalharam com ele dizem). Queira-se ou não, Ronaldo é um grande profissional, não tenho dúvidas nenhumas disso.

Por outro lado, o Special One (sim, porque Il Speciale e El Especial são apenas traduções; a imagem de marca há-de ser sempre Special One), demonstrando mais uma vez a clarividência e a sabedoria próprias do melhor treinador do Mundo, afirma que o Benfica poderá ser, com muita naturalidade, bi ou até tri-campeão e que este ano irá lutar pela Liga dos Campeões. Com Mourinho a falar assim, nem quero imaginar como estarão algumas pessoas por esse país fora...

No entanto, para mim o que interessa é cada objectivo de uma vez, e o primeiro título que iremos disputar esta época é a Supertaça, no sábado. Esse é que eu quero ganhar desde já, por todas as razões e mais alguma. E, depois do capitão já ter deixado bem claro que o sentimento do grupo é o mesmo que o meu, agora foi a vez do maior jogador encarnado de sempre assumir que o que quer é ver o Benfica a ganhar no sábado. Assim é que é falar, e falou quem sabe.

domingo, 1 de agosto de 2010

Talvez ajude a compreender algumas coisas

Ninguém me paga para defender o Cristiano Ronaldo, nem ele faz a mínima ideia da minha existência, mas a verdade é que as pessoas falam muito do que não sabem e gostam muito de criticar os outros, muitas vezes sem saberem nada da vida das pessoas. Esta peça, embora com algumas incoerências e nem sempre bem escrita, talvez possa ajudar as pessoas a perceber certas atitudes e comportamentos de uma pessoa que já passou por muito na vida. Eu vi a reportagem do Daniel Oliveira, no programa "Os Incríveis" antes do Euro'2008, na casa do Cristiano Ronaldo e confesso que gostei muito do que vi. Quem não gosta dele, lá terá as suas razões. Eu, pelo contrário, admiro-o pela forma como conseguiu vingar na vida, mesmo com tudo a cair-lhe em cima desde o início.