domingo, 28 de fevereiro de 2010

JVP


Leixões-Benfica

1 - Benfica deu a melhor resposta possível

O Benfica deu uma boa resposta à vitória do Braga sobre o Olhanense, sobretudo após três jogos em que não conseguira impor o mesmo ritmo que impôs no de ontem. Isso tinha levado a que se levantassem dúvidas quanto à condição física dos seus jogadores, se não estariam a perder o gás… A vitória de ontem foi importante também a esse nível, de resposta às dúvidas sobre a frescura física, mas sobretudo porque manteve o primeiro lugar e transmitiu a mensagem de que é uma equipa muito perigosa, o que intimida os adversários. É que mesmo após a obtenção do primeiro golo, manteve sempre um ritmo elevado.

2 - A mesma atitude ao longo da época

O controlo do jogo pertenceu sempre à equipa do Benfica. O Leixões limitou-se a assinar um ou outro lance perigoso quando o resultado ainda estava em 0-0. Os mais destacados foram protagonizados por Paulo Tavares, logo aos quatro minutos, e por Pouga, aos 20', que não conseguiu antecipar-se e depois Seabra não deu o melhor seguimento à jogada. O Leixões ficou por aí e foi o Benfica que esteve sempre mais próximo de marcar, mesmo depois de fazer o 1-0. Depois do golo manteve a atitude que tem demonstrado ao longo desta época, com muita velocidade, pressão sobre o adversário e grande dinamismo. Isso ficou patente não só no resultado como também no número de oportunidades de golo criadas.

3 - Ganhar segundas bolas é controlar o jogo

Os maiores desequilíbrios da equipa encarnada foram provocados pelo lado esquerdo, onde estava Di María e aparecia Saviola. Mas vale a pena sublinhar que, além de ter sido sempre a equipa mais rápida, o Benfica ganhou mais segundas bolas. Ao ter uma boa organização, a conquista das segundas bolas permite controlar o jogo, o que o Benfica conseguiu fazer no meio-campo leixonense, isto é, longe da sua baliza. Aliás, na segunda parte ainda foi mais forte do que na primeira, na tentativa de chegar o mais rapidamente possível ao segundo golo, o da tranquilidade. E manteve o pé no acelerador até final do encontro!

4 - Leixões recuou muito mas nem assim…

O Leixões recuou muito no terreno! Não conseguiu acertar com as marcações, a equipa mostrou-se receosa e isso levou-a a recuar. Mas nem assim, com muitos homens atrás da linha da bola, conseguiu segurar a dinâmica do Benfica. E a vida não está nada fácil para o Leixões. Vai ter de ganhar em casa aos adversários directos na luta pela fuga à despromoção e tentar pontuar o máximo possível fora de casa. Mas, repito, a tarefa não é fácil.

5 - Di María já é um jogador para grandes clubes

Di María foi o grande desequilibrador do Benfica, beneficiando também do trabalho de Saviola, que recuava para receber a bola entre linhas, o que provocava grande instabilidade na defesa do Leixões. Di María é hoje em dia um jogador mais maduro e mais completo. Melhorou em termos tácticos - ontem vimo-lo a fazer também trabalho defensivo -, tornando-se num jogador de equipa, que é aquilo de que necessita um clube grande.

6 - Airton bem enquanto teve forças; Éder Luís sacrificado em nome da segurança

Airton mostrou grande preocupação em dar à equipa os equilíbrios necessários. Substituir Javi García não é fácil, mas enquanto teve forças conseguiu-o. É um jogador forte, posiciona-se bem e mostrou uma boa atitude colectiva e táctica - qualidades que Rúben Amorim também evidencia -, num campo difícil em que eram precisos homens como ele, fortes fisicamente. Já Éder Luís trocou muito com Saviola, em particular quando o argentino recuava. Jogou mais como avançado do que como médio, daí ter sido substituído na segunda parte: o Benfica ainda ganhava por 1-0 e Carlos Martins é um jogador que transmite maior segurança defensiva, lucidez e ainda possui um remate forte.

7 - Bom futebol e muitas opções no plantel

Jorge Jesus afirmou esta semana que o Benfica é a equipa que melhor futebol pratica em Portugal. Aquilo que é certo é que é aquela que tem maior número de vitórias por números folgados e isso, não sendo obra do acaso, demonstra que tem grandes períodos de bom futebol. A isso não é alheio o grande número de opções que tem no plantel. Ontem faltava Javi García mas havia Airton e Rúben Amorim; para o lugar de Aimar ainda há mais alternativas - Filipe Menezes, Carlos Martins e Éder Luís. O Benfica possui várias opções para cada posição e por isso o número de jogos não é tão significativo como para as outras equipas que não possuem tantas e tão boas opções.

8 - FC Porto já estava pressionado

O FC Porto já estava pressionado porque não podia falhar mas penso que os resultados de ontem do Braga e do Benfica não vão alterar a sua forma de jogar, pois a margem de erro é a mesma: zero! Em relação à luta pelo título, com as coisas a manterem-se como estão, continua a parecer-me que se decidirá nos confrontos entre os candidatos. O Braga mantém-se na luta, o Benfica continua com o mesmo entusiasmo e o FC Porto está a melhorar mas mesmo que hoje vença o Sporting continuará a seis pontos. A nove jornadas para o fim, é uma diferença significativa, tendo em conta que a luta é a três.

Parabéns, Benfica!


O Benfica comemora hoje o seu 106º aniversário. Podia dizer muita coisa sobre esta efeméride, sobre este clube, sobre os sentimentos que ele me desperta, mas tudo isso eu já disse neste post que fiz há uns tempos. Aqui eu digo tudo o que me vai na alma, no fundo o que me faz ser benfiquista. Podia também aproveitar este post para colocar vídeos, imagens, dados que fizeram e fazem do Benfica o clube que é. Não o farei. Fá-lo-ei sim, como sempre fiz, em cada post que coloco neste blog. Porque é assim que tem de ser.

Muitos parabéns, Benfica, que clube de bairro nasceste e a maior do Universo chegaste! Muitos parabéns!

Leixões 0 - 4 Benfica - 21ª Jornada 09/10

Não sei se poderei dizer isto com plena segurança, mas acho que sim: voltámos ao normal. Como que para calar de vez os críticos do cansaço e da falta de pernas, eis que a equipa resolve fazer dois grandes jogos de seguida, polvilhando-os com os condimentos necessários: boas exibições e golos, muitos golos. Só em 2 jogos foram 8. Onde é que isto irá parar, é a pergunta que fica. A continuar assim, o Braga e o Porto bem podem ir ganhando os seus jogos até ao fim da época, que o Benfica será sempre campeão. A recepção ao Braga, no fim de Março, irá comprová-lo. Depois seguir-se-á a visita triunfal ao Dragão, já com o título no bolso.


A primeira parte não foi nada de extraordinário, apesar do Benfica ter tido sempre o jogo controlado. Aliás, o Leixões praticamente não existiu em termos ofensivos durante todo o jogo. Até que aos 27 minutos Éder Luís (que não fez uma exibição muito positiva, o que é compreensível, dado ter jogado na posição 10, onde não tem rotinas), numa jogada em que não sabia, visivelmente, o que havia de fazer à bola, resolveu tentar a sua sorte. E teve realmente muita sorte, pois a bola bateu ainda no corpo de um jogador leixonense e traiu Diego. 5 minutos antes, já o árbitro havia anulado um golo limpíssimo a Di María. Mas o argentino ainda se iria encarregar de emendar isso...


Na 2ª parte começou o show de Di María. Depois do prólogo que foi o golo anulado na 1ª parte, o extremo argentino finalmente resolveu mostrar que também sabe marcar golos no campeonato e que tem talento para dar e vender. Aos 59, fez o primeiro; aos 76, marcou o melhor golo da noite, na minha opinião, fazendo um chapéu perfeito a Diego; e, aos 87, mandou um balázio que deixou o guardião do Leixões pregado no relvado, sem saber mais o que fazer, coroando assim a sua melhor exibição desde que está em Portugal. Uma palavra apenas para Airton: jogão. Fez esquecer Javi García de uma forma que eu nunca julgava ser possível. Afinal, os receios sobre a qualidade do jogador eram infundados. Tem 19 anos, mas parece ter 25, tal a qualidade e experiência que evidenciou. Muito bom.


No Leixões, e apesar de Pouga e Sony terem feito exibições positivas, o meu destaque vai para Fernando Alexandre, um jogador a quem nunca vi grande potencial e que, na época passada, achava que nem tinha qualidade para ser titular do Estrela da Amadora. Acabou por ser contratado pelo Braga para esta época e tem feito uma temporada extraordinária no Leixões. É das escolas do Benfica (chegou a fazer pré-épocas, se não me engano com Camacho e depois com Trappatoni e/ou Koeman) e ainda tem 24 anos. Poderá tornar-se num excelente médio centro.

E assim, contra todas as probabilidades, o Benfica conseguiu mais uma goleada na Liga, sem qualquer ajuda do apito (aliás, sonegaram-nos um golo), o que ainda torna a vitória mais saborosa. Amanhã, assistiremos de poltrona ao duelo fratricida entre Sporting e Porto (espero sinceramente que os leões vençam), cientes de que ficaremos sempre 6 pontos à frente dos corruptos, aconteça o que acontecer. E, o mais engraçado disto tudo: eles estão, neste momento, a 8 pontos do amiguinho Braga, que continua muito bem instalado no 2º lugar. Era tão lindo que o Braga fosse à Champions e o Porto a visse por um canudo, não era? Eu gostava muito. Sobre o jogo de Braga, dizer apenas isto: gosto muito do Olhanense, pela simples razão de que sou do Algarve e esperei muitos anos pela subida de uma equipa algarvia à 1ª Liga. No entanto, e apesar de apreciar muito o trabalho que Jorge Costa tem feito em Olhão, acho que este ano ele borrou a pintura por se acobardar demasiado à vontade do dono. A questão é simples: Bruno Veríssimo foi o guarda-redes titular do Olhanense durante anos, salvando várias vezes a equipa da descida e colocando-a noutras vezes nos primeiros lugares da tabela, com defesas impossíveis (é, também, um especialista a defender penáltis. A época passada, como a generalidade da imprensa destacou, os maiores responsáveis pela subida foram Djalmir, com os seus 20 golos, e Bruno Veríssimo, um gigante, apesar da sua pouca altura, na baliza do Olhanense. Pois bem: esta época, Jorge Costa, mercê da protecção especial pedida ao padrinho, entendeu por bem dar a titularidade a Ventura. Aquela que podia ser a época de glória de Bruno Veríssimo (até um prémio para o guarda-redes, que já tem 34 anos, mas acima de tudo seria inteiramente justo que isso acontecesse), transformou-se em bajulação ao Porto, colocando Ventura a titular. O miúdo não tem qualquer categoria para defender nenhuma baliza em Portugal, digo-o já de rompante. Não tem qualquer classe, além de ser muito inexperiente para uma equipa que precisa de estabilizar na 1ª Liga. Claro que Jorge Costa sabe disto tão bem ou melhor que eu, mas é o padrinho quem manda. E o outro cancro daquela equipa dá pelo nome de Tengarrinha. O rapaz pode ser uma excelente pessoa, mas não tem a mínima qualidade para jogar na 1ª Liga. Já o havia demonstrado a época passada no Estrela da Amadora, e tem voltado a mostrá-lo esta época, jogo após jogo. Começa a ser deprimente vê-lo jogar. Mas joga, e em todas as jornadas. E, de há uns tempos para cá, até ganhou a titularidade, relegando o sub-capitão, Anselmo, para o banco de suplentes. Se isto não é bajulação gratuita ao Porto, digam-me o que será. Hoje, 2 dos 3 golos do Braga nasceram de erros infantis destes 2 jogadores. Só por causa disto, Jorge Costa perdeu todo o respeito que me merecia pela fantástica época passada (em que, do Porto, tinha apenas Ukra e Castro, esses sim grandes jogadores - também tinha o Stéphane, mas esse não vale nada, por isso é que o Porto nem renovou com ele). Este ano, tem Ukra e Castro, novamente, mas tem também Ventura, Tengarrinha e Rabiola, que só foram estragar a dinâmica da equipa, pois não têm qualidade e/ou experiência para ser titulares num conjunto que se quer estabilizar numa 1ª divisão (Rabiola tem qualidade, mas não tem, notoriamente, a estaleca necessária a um ponta-de-lança titular de um clube assim; precisava de ser emprestado a um clube de 2ª Liga, por exemplo, aí sim, cresceria). Jorge Costa que pense nisto, antes que o Olhanense desça, ou que perca totalmente a sua identidade. O Algarve e, já agora, a verdade desportiva, agradecem.
Voltando ao Benfica, vencemos, goleámos, foi sem espinhas, e já só faltam 9 finais. Vencendo 8 delas, somos campeões. É só nisso que temos de pensar. Rumo ao 32º!

Os (magníficos) golos do jogo, aqui:

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O nosso plantel IX - Miguel Vítor

Continuando na análise ao nosso plantel, eis que nos surge, depois dos guarda-redes, laterais-direitos e os três primeiros centrais, o quarto defesa-central da equipa: Miguel Vítor.


Miguel Vítor apareceu como que de pára-quedas no plantel principal do Benfica. Produto das nossas escolas, o central foi obrigado a debutar no plantel sénior com apenas 18 anos, no jogo de (re)estreia de Camacho no Benfica, na 2ª jornada de 2007/08, contra o Vitória de Guimarães, fruto das lesões de Luisão, David Luiz e Zoro e do atraso na chegada do certificado internacional de Edcarlos. Assim, o jovem central fez dupla com Katsouranis em 2 jogos do campeonato (actuou ainda na jornada seguinte, no terreno do Nacional - vitória por 3-0), e em mais dois da Liga dos Campeões (em Copenhaga, na 2ª mão da pré-eliminatória, e em San Siro, contra o então campeão europeu, AC Milan). Com as recuperações dos lesionados e a chegada do certificado de Edcarlos, Miguel Vítor perdeu lugar no plantel (passou a ser visto como o... 6º central), acabando por ser emprestado ao Aves, da II Liga, em Janeiro, com o intuito de rodar e ganhar maturidade, num empréstimo bem sucedido.


Regressou ao plantel na época seguinte com mais experiência e menos concorrência: passou a ser o 4º central da equipa. Beneficiando de novo começo acidentado de Luisão e David Luiz, Miguel Vítor fez dupla em alguns jogos com Sidnei. Com Luisão recuperado, o jovem passou a ser o central suplente da dupla titular (Luisão-Sidnei, pois David Luiz jogava à esquerda). Ainda assim, actuou em 16 partidas do campeonato, tendo chegado mesmo a actuar, pontualmente, a lateral-direito. Conquistou a Taça da Liga, competição onde foi totalista.


Com a nova época, o miúdo perdeu terreno nas opções do técnico, Jorge Jesus. Apesar de ter actuado em muitos jogos da pré-época, fazendo dupla com Roderick Miranda, Miguel Vítor acabou por passar para 4ª opção de JJ, atrás de Luisão, David Luiz e Sidnei. E a verdade é que o técnico encarnado cedo colocou de parte Miguel Vítor. Na sua opinião, o miúdo era o central mais fraco do plantel e não tinha futuro no clube da Luz (a exemplo de Moreira, por exemplo). Esta foi a opinião de JJ sobre Miguel Vítor durante quase toda a primeira volta. Os factos estão à vista: o primeiro jogo oficial do central na temporada foi a... 17 de Outubro, frente ao Monsanto, e mesmo assim só jogou os últimos 14 minutos. No campeonato, só se estreou a 28 de Novembro, frente ao Sporting, entrando aos 78 minutos para o lugar do lesionado Sidnei (que, por sua vez, estava a substituir Luisão, operado a uma apendicite). As lesões dos dois brasileiros deram a titularidade a Miguel Vítor no encontro seguinte, com o BATE Borisov, onde até marcou um auto-golo, mas nada que tenha beliscado a sua boa actuação. Por esta altura já Jorge Jesus havia mudado a sua posição em relação ao jogador. O reconhecimento do esforço e abnegação do central nos treinos, a sua capacidade de sacrifício em prol da equipa, a garra e o profissionalismo demonstrados (juntamente com o ocaso de Sidnei, motivado pelos motivos completamente opostos) fizeram com que JJ reconsiderasse a sua posição sobre Miguel Vítor. Assim, um jogador que antes era visto como dispensável, passou a ser, para Jesus, o 3º central da equipa, um jogador em quem ele sente que pode confiar. E assim Miguel Vítor fez mais 3 jogos desde então: AEK, Rio Ave, em Vila do Conde (substituindo o castigado David Luiz) e no terreno do Hertha, onde entrou aos 83 minutos. Ao todo, 2 jogos no campeonato, 3 na Liga Europa e 1 na Taça de Portugal.


Miguel Vítor é um bom central. No entanto, eu não o considero um grande central. Um excelente central. É apenas bom. E isso, na minha opinião, não chega para o Benfica. Reconheço-lhe boas capacidades e que, se for bem trabalhado, pode ter potencial para se tornar ainda melhor. Mas, de acordo com o nosso leque de centrais (e contando que Sidnei volte a ser o jogador da época passada), penso que Miguel Vítor fica com pouco espaço para a próxima época, dado que teremos, em princípio, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Fábio Faria, Roderick Miranda e os ainda contratualmente ligados ao Benfica Halliche, Zoro e Edcarlos (sei que não voltarão a actuar no Benfica - aliás, Halliche nunca o fez - mas a verdade é que ainda são nossos jogadores), o que perfaz um total de 9 centrais, 6 deles efectivos no plantel. Ainda que um dos 2 primeiros seja vendido (a ser, claramente David Luiz), continuam a ser 5. Um deles terá de sair e, na minha opinião, não será Luisão, nem Sidnei (a menos que Jesus perca definitivamente a paciência com ele), nem Roderick, a quem auguro um grande futuro na equipa. E muito menos Fábio Faria, que vem para ficar. Quanto a mim, será mesmo Miguel Vítor. Acho que um eventual empréstimo lhe poderia fazer muito bem. Voltaria mais rodado, mais experiente e poderia assim reclamar finalmente um lugar no 11. Para já, não me parece que tenha a capacidade de fazer esquecer nenhum dos habituais titulares. Embora cumpra, e com muita qualidade, sempre que é chamado à acção. Apenas não deslumbra como os outros.

E os leitores, que acham?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Finalmente alguém a defender a equipa e atacar os inimigos...

... ainda que tardiamente, na minha opinião. Mas, ao menos, finalmente houve alguém a dar a cara e a defender-nos. E, para isso, ninguém melhor que o presidente do clube.


"Vão surgir obstáculos que temos de estar preparados para ultrapassar. Alguns estão previstos, outros não, mas temos de estar unidos para superar tudo o que possa vir a acontecer. É em momentos como este que – todos nós - sendo muitos, verdadeiramente devemos ser apenas um!

Enquanto caminhamos temos de saber que seremos sempre mais fortes quanto mais unidos estivermos. Que aquilo que nos deve importar não é o que passa ao lado ou o que dizem de nós. O essencial somos nós, o essencial é estarmos unidos à volta dos nossos objectivos.

Mas estar concentrados no essencial não significa estar menos atentos ou vigilantes em relação a alguns comportamentos que apesar de absurdos não são inocentes!

Algumas pessoas têm de perceber que há uma coisa mais importante do que ganhar: a verdade! Não o perceberam no passado, esperemos que o entendam agora!

A verdade é um valor absoluto, pode ser negada, mas não pode ser mudada. Pode ser branqueada – até por alguma justiça – mas mesmo assim não muda a sua essência, porque uma mentira quando não é reparada não desaparece, torna-se apenas maior!

Podem contestar as leis que eles próprios aprovaram, podem até contestar o sol ou a chuva, o frio ou o calor. Mas a única coisa que deveriam contestar é a hipocrisia e a falsa moral que tanto apregoam mas que, verdadeiramente, nunca tiveram.

Podemos continuar a aceitar aqueles que fazem da divisão, do conflito e do cinismo o seu modo de vida, ou podemos rejeitar tudo isso e exigir comportamentos orientados pela seriedade, pelos princípios, pela ética. É neste caminho que nos devemos manter e batalhar para que outros o façam.

Não há vítimas, nem cortinas de fumo, nem conferências de imprensa colectivas ou manifestações encomendadas que possam branquear certos comportamentos. O único que há é gente que perdeu o pouco que lhe restava de vergonha.

Num tempo atrás – não muito distante – dominado pela “escuridão” não vi os “ofendidos” de hoje levantar a sua voz de indignação. Pelo contrário, o que eu assisti foi ao seu silêncio cúmplice que amarrou o futebol português a uma mentira que durou mais de uma década.

É aliás assustador a naturalidade com que alguns viveram o passado e calaram!
Bem podem falar de centralismo que nós falamos do país, bem podem gritar contra o sul, porque esse é o melhor sinal de que – passados tantos anos – ainda não perceberam a verdadeira dimensão de Portugal.

Ao contrário do que alguns assumem, as instituições desportivas não são boas ou más consoante decidem a nosso favor ou contra nós. As instituições são boas quando decidem com isenção, com independência, com verticalidade. Esse é o sentido das reformas pelas quais o futebol português se deve bater!

E é esta mudança que alguns, habituados a pessoas de outros tempos, de outro carácter e de outros princípios, ainda não se habituaram.

O testemunho que vos deixo aqui hoje é este: vamos continuar como até aqui, seguros das nossas capacidades, optimistas em relação ao futuro, mas exigentes em relação ao presente."

Este é um excerto do discurso do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, na Gala dos 106 anos do nosso clube, ontem à noite, no Casino Estoril.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Porque a verdade desportiva merece um tratamento sério...

... cá vão mais dois documentos que merecem bem ser consultados (via o Magalhães-SAD_SLB e o Anti-Anti-Benfica)

http://magalhaes-sad-slb.blogs.sapo.pt/46262.html?view=72630#t72630

http://www.slbenfica.pt/incslb/pdf/verdadesdeturpadas1.pdf

E, como todos temos de batalhar para não deixar cair no esquecimento crimes que acontecem no nosso país há mais de 30 anos, ficam aqui dois vídeos de um documentário que já aqui postei, mas em português. Estes são em inglês e francês e fazem parte de uma campanha chamada "Campanha da Verdade", lançada pelo Fórum Ser Benfiquista. Ajudem a divulgar para que isto seja difundido nos maiores países europeus.



Benfica 4 - 0 Hertha de Berlim - 16-avos-de-final Liga Europa 09/10

Depois do pior, um dos melhores. O Benfica voltou hoje a fazer uma daquelas exibições que nos deleitam a todos. Com uma primeira parte de bom nível e uma segunda parte de luxo, a equipa voltou às goleadas e calou os críticos (eu incluído) que reclamavam da falta de atitude e/ou de preparação física do conjunto. o Hertha de Berlim não era um adversário temível, mas o Benfica fez questão de despachar a equipa alemã com muita, muita classe.


O primeiro golo demorou 30 minutos a aparecer. Mas apareceu, pelos pés de Aimar, depois de um grande passe de Saviola. El Mago volta a mostrar-se a Maradona.
O segundo surgiu logo aos 3 minutos da segunda parte, obra de Di María (que mais uma vez fez um jogo de encantar na Europa; o argentino parece talhado para os palcos europeus), que serpenteou perante três adversários para oferecer o golo a Cardozo. O Tacuara só teve de dizer que sim à bola e ao golo.


Onze minutos depois, Deus escreveu direito por linhas tortas. Javi García, que havia, muito injustamente, sido o vilão de Berlim, marcou, desta feita na baliza certa, respondendo a um canto de Aimar, e elevou ainda mais a contagem para o Benfica.


Apenas 3 minutos depois, novo golo de Cardozo, com nova assistência de Di María a isolar o paraguaio. Visto na televisão, até parecia fácil. Mas não é.


No Hertha, não houve nenhum jogador que se destacasse. A equipa mostrou as fragilidades que já se conheciam e muitas outras que não tinham sido tão expostas na Alemanha. Ainda assim, o melhor jogador da equipa é, de longe, Raffael, irmão do leiriense (emprestado pelo Sporting) Ronny. Mesmo assim, o brasileiro apenas se mostrou a espaços, hoje, na Luz.

E assim o Benfica carimbou mais uma goleada nesta época, a terceira na Europa, maravilhando o velho continente, como podem ver neste post magnífico do Éter (e neste, já agora) do blog Céu Encarnado. A equipa voltou a mostrar o fulgor e a qualidade do primeiro terço da época, criando um futebol de grande beleza e eficácia, deixando assim ainda mais esperançados os adeptos para os jogos que faltam disputar até ao fim da época (para já, 13; se chegarmos mais longe na Europa, serão mais). O obstáculo Hertha de Berlim está ultrapassado, agora venha de lá o Marselha (equipa da mesma estirpe de outras da mesma praça: basta lembrar que um seu presidente foi preso por corrupção em 1993 e fez a equipa cair na segunda divisão e perder campeonatos e Ligas dos Campeões), que será a próxima equipa a eliminar. Podemos estar muito perto de vencer a Liga Europa. Eu ainda acredito. Mas para já, essencial mesmo é vencer no Sábado em Matosinhos. Essa vitória vai meter medo a muita gente. Mas vai acontecer.

PS: O Benfica conseguiu atingir mais feitos assinaláveis, um deles de extrema importância e honra. Espero que, ainda esta época, consigamos subir ainda mais nesta tabela dos mais vitoriosos a nível europeu. Era muito bom sinal.

PS2: Nunca se pode esquecer qualquer tipo de homenagem que seja feita a Eusébio. Desta feita, o nosso Pantera Negra recebeu o troféu UEFA President´s Award e está, mais uma vez na sua grandiosa vida, de parabéns. Viva o nosso grande Eusébio!

Os golos do jogo de hoje, aqui:

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O nosso plantel VIII - Sidnei

E eis que, depois dos guarda-redes (escrutinados aqui, aqui e aqui), dos laterais-direitos (aqui e aqui), e dos dois defesas-centrais titulares desta época (aqui e aqui), chega-nos o terceiro central: Sidnei.


Sidnei chegou à Luz no início da época passada, vindo do Internacional de Porto Alegre, para suprir as saídas de Edcarlos e Zoro e fazer parte do quarteto de centrais com Luisão, David Luiz e Miguel Vítor. Descrito como um defesa-central com grande qualidade e muitíssima margem de progressão (tinha apenas 19 anos), custou ao Benfica, no total (porque o negócio foi feito em duas tranches) 7 milhões de euros (uma das contratações mais caras de sempre do clube). Na sua primeira época de águia ao peito, os números não foram nada maus: Sidnei participou em 24 dos 30 jogos do campeonato e marcou 3 golos (dois deles seguidos, e que valeram vitórias - Vitória de Guimarães e Estrela da Amadora; o outro foi o 2-0 ao Sporting, na Luz), tendo ainda conquistado a taça da Liga (onde também marcou um golo, ao Olhanense). Uma época em que beneficiou do desvio de David Luiz para a esquerda e de algumas lesões de Luisão para se afirmar de encarnado, prometendo muito para a temporada seguinte.


O problema é que a temporada seguinte não tem corrido de feição ao jovem central brasileiro. Aliado à consistência da dupla titular, Luisão-David Luiz, o brasileiro tem tido várias lesões que vão prejudicando também o seu desempenho nos treinos. Ao todo, esta época, Sidnei fez apenas 6 jogos (2 no campeonato, 2 na Liga Europa e 2 na Taça de Portugal), o que demonstra bem como o central não tem sido opção para Jorge Jesus, apesar de nunca ter estado mal, em nenhuma dessas exibições. O problema não é esse, porque qualidade ele tem, e muita. Há outra razão para isto acontecer. Sidnei, à partida para esta época, era visto como o 3º central, primeiro na linha de sucessão à dupla Luisão-David Luiz. Contudo, ao que parece, o jogador tem um grande problema nesta profissão: é preguiçoso, mandrião e não gosta de se esforçar muito, além de ser adepto de fartas refeições (o que faz com que esteja sempre com mais peso do que devia, ainda por cima tendo estado muito tempo a recuperar de lesões). E, como todos sabemos, JJ não é o tipo de treinador que embarque nisto. E Sidnei, com o tempo, acabou por perder até o estatuto de 3º central para Miguel Vítor. Neste momento, até Roderick tem mais credibilidade para o técnico encarnado que o brasileiro. Vamos ver se a situação muda, para bem do Benfica e do jogador.


Sidnei tem muita qualidade. A época passada chegou a fazer jogos que deixaram a água na boca a todos os adeptos de bom futebol. O problema é que não é um jogador muito ambicioso, é muito mais do tipo deixar andar. Só que esta postura não se coaduna com a de um profissional de futebol, e muito menos um que trabalhe com Jorge Jesus, que, como todos sabemos, exige sempre os limites aos seus jogadores. Ora, num cenário destes, Sidnei não tem grandes hipóteses de ter sucesso, a não ser que mude a sua maneira de ver o jogo e até a sua carreira. É ainda um miúdo (20 anos), e continua a ser visto, até internacionalmente, como um muito promissor defesa central a nível mundial. Para que tal se torne verdade, Sidnei vai ter de mudar a sua atitude. Se isso acontecer, se começar a trabalhar nos limites, se começar a controlar melhor a sua alimentação e o seu peso, poderemos ter aqui um caso sério do futebol mundial. Se continuar como até aqui, o seu futuro no Benfica não será famoso, pois JJ já não o tem em grande conta. Todos esperamos que aconteçam as primeiras premissas, e não as segundas.

Qual a opinião dos leitores sobre Sidnei?

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sondagem 6

E aqui temos a sexta sondagem do Gloriosa Chama Imensa. Desta feita, e dadas as últimas exibições menos conseguidas da equipa, o que se pergunta é o seguinte: das 3 competições que o Benfica está a disputar (campeonato, taça da Liga, Liga Europa), a qual deve dar preferência? Ou deve tratar todas de igual modo?


O campeonato é o objectivo assumido. Jorge Jesus já o disse mais do que uma vez, discurso corroborado pela maioria dos jogadores. Uma competição em que o Benfica é rei incontestado (31 títulos), mas que já não vence desde 2004/05.


A Taça da Liga vai apenas na sua terceira edição, e o Benfica é o detentor do troféu, depois de ter vencido o Sporting na final do ano passado. Não era um objectivo declarado do clube, mas a verdade é que os encarnados estão na final pelo segundo ano consecutivo, onde vão defrontar o Porto. Será o primeiro dos 3 troféus a ser disputado.


A Liga Europa vai na primeira edição com essa designação, mas é a sucessora da Taça das Cidades com Feira e Taça UEFA. É um troféu que o Benfica nunca conquistou e, apesar do objectivo do clube ser atingir, no mínimo, os quartos-de-final, a verdade é que muitos adeptos encarnados sonham com uma presença em Hamburgo, em meados de Maio, para ver o Benfica disputar o último jogo da competição. E vencê-la.

Que acham os leitores?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

RAP


Vamos contar mentiras

HÁ duas alturas em que uma equipa consegue fazer uma época mítica. Uma é quando os seus jogadores praticam bom futebol, despacham os adversários com goleadas, enchem os estádios. Outra é quando os seus adeptos se entretêm a inventar mitos. Na impossibilidade de verem a sua equipa cumprir os requisitos da primeira, há colunistas que se vêem forçados a optar pela segunda. É o caso de Miguel Sousa Tavares. A sua última crónica era um soberbo monumento de mistificação. Dizia ele sobre o Benfica: «[n]o último campeonato ganho, o do Trapattoni, (…) nos últimos dez jogos todos os golos dos encarnados aconteceram de penalty e livres inventados ou duvidosos à entrada da área». Ou seja: no ano em que o Porto teve três treinadores, e na mesma época em que obteve o recorde de maior derrota caseira da liga (os célebres 0-4 frente ao Nacional), como conseguiu o Benfica ganhar o campeonato? Como é óbvio, com o auxílio da arbitragem. De outro modo, não se concebe como teria podido superiorizar-se ao fortíssimo Porto de Del Neri, Fernandez e Couceiro. Não houve presidentes do Benfica a receber árbitros em casa, nem vice-presidentes apanhados a oferecer quinhentinhos, nem viagens pagas ao Brasil — mas foi demasiado evidente que os árbitros beneficiaram o Benfica naqueles «últimos dez jogos», em que «todos os golos dos encarnados aconteceram de penalty e livres inventados ou duvidosos à entrada da área». Só há um pequeníssimo problema. É que isto é mentira (lamento, mas não há outra palavra). Nos últimos dez jogos desse campeonato, o Benfica jogou, por exemplo, com o Gil Vicente. Ganhou por 2-0, com um golo de Mantorras de bola corrida, a passe de Manuel Fernandes, e outro de Miguel, também de bola corrida, a passe de João Pereira. Depois, jogou com o Setúbal. Voltou a ganhar por 2-0, com um golo de Manuel Fernandes de bola corrida (belo remate de fora da área) e outro de Geovanni, também de bola corrida, na sequência de jogada pela direita. A seguir, jogou com o Marítimo. Ganhou por 4-3, com dois belos golos de Nuno Gomes, ambos de bola corrida (um a passe de Miguel e outro após centro de Geovanni), outro de Mantorras, em lance de (talvez o leitor já tenha adivinhado) bola corrida, e ainda um de Miguel, em remate de fora da área, na sequência de livre de Simão. E ainda jogou com o Estoril. Ganhou por 2-1, com um golo de Mantorras, após um canto (não um penalty), e outro de Luisão, depois de um livre junto à bandeirola (não à entrada da área). Claro que houve jogos que o Benfica venceu com um golo de penalty, como o Benfica-Belenenses, curiosamente na mesma jornada em que o Porto ganhou por 1-0 ao Marítimo com um golo de McCarthy em fora-de-jogo. Mas, a menos que dez jogos tenham deixado de ser dez jogos, ou que a expressão «todos os golos dos encarnados» tenha deixado de significar «todos os golos dos encarnados», Sousa Tavares inventou um mito.

No entanto, o atraso de uma equipa no campeonato é directamente proporcional à capacidade de efabulação dos seus adeptos. Não se estranha, portanto, que Sousa Tavares tenha prosseguido: «lembro-me bem do penalty decisivo, no último jogo no Bessa, que foi dos mais anedóticos que já vi assinalado». Mais uma vez, é mentira (peço desculpa, mas não há mesmo melhor palavra) que o penalty tenha sido decisivo. O Benfica terminou o campeonato três pontos à frente do Porto. Sem o ponto que aquele penalty garantiu, teria sido campeão na mesma. Resumindo: como o Porto (ainda) não consegue vencer campeonatos estando dois pontos atrás do primeiro classificado, aquele penalty não foi, de todo, decisivo.

Finalmente, a propósito do golo do Braga, diz Sousa Tavares que «entre a saída da bola e o golo decorreram uns trinta ou quarenta segundos em que a bola passou por uns seis jogadores e poderia ter sido umas três vezes definitivamente afastada pelos jogadores do Marítimo antes do belíssimo pontapé fatal de Luís Aguiar.» Permitam-me que atalhe para informar que isto é, como dizer?, mentira. Entre a saída da bola e o golo decorreram, não quarenta, não trinta, nem mesmo vinte, mas dez segundos. E a bola passou por dois jogadores do Marítimo que, no meio de sucessivos ressaltos, não conseguiram sequer tirá-la da grande área. A título de exemplo, compare-se com o golo do Benfica ao Porto. Entre o fora-de-jogo de Urreta e o belíssimo pontapé fatal de Saviola decorreram 13 segundos. E a bola é tocada por quatro jogadores do Porto que conseguem afastá-la para bem longe da área. A diferença é que o lance do Braga é uma minudência, mas o do Benfica é uma mancha que ficará para todo o sempre.

Éo que costuma acontecer aos moralistas: tanto tempo a acusar o Benfica de querer ganhar fora do campo, e afinal é o Braga que faz jogadas fora das quatro linhas. Domingos Paciência, que tem historial de estar a olhar para o chão e não conseguir ver lances polémicos, compreendeu o fiscal de linha. Disse que, provavelmente, o árbitro auxiliar não viu a bola fora porque «estava muito perto». Trata-se de uma hipótese brilhante. Pessoalmente, sempre achei que isto de colocarem os fiscais de linha junto da linha era uma estupidez. Em todo o caso, quando o Braga visitar o Benfica, talvez seja bom que Jorge Jesus jogue com dois laterais de cada lado. Um do lado de dentro da linha, outro do lado de fora.

Segundo a opinião insuspeita e prestigiada de Cruz dos Santos, apesar do que por aí se berrou e dos cabelos que se arrancaram, não é certo que tenha havido penalty sobre Ruben Micael no jogo contra o Leixões. Ruben Micael protestou, mas a verdade é que Ruben Micael protesta contra todas as decisões de todos os árbitros. Aparentemente, alguém deve dinheiro a Ruben Micael, ao menos tendo em conta a superioridade chorona que ele exibe em todas as ocasiões. É muito divertida, aquela indolência sobranceira própria de quem parece estar convencido de que é o melhor jogador português. O drama de Ruben Micael é que nem sequer é o melhor jogador madeirense.

Na Luz, embora o futebol tenha sido menos bom do que é costume, o teatro foi de alto coturno. Comovente, o modo como Bruno Vale, depois de cortar a bola com a mão, tentou enganar o árbitro fingindo ter levado com ela na cara. Foi um bom momento, mas é uma estratégia que não resulta em qualquer estádio. No Dragão, por exemplo, os guarda-redes são expulsos mesmo quando levam com a bola na cara.

Hulk incorreu numa infracção punível com uma pena de seis meses a três anos. Em princípio, se houvesse circunstâncias atenuantes, seria punido com um castigo mais próximo dos seis meses. Se houvesse circunstâncias agravantes, seria punido com uma pena mais próxima dos três anos. Apanhou quatro meses. Recordo que a lei previa um mínimo de seis. A Comissão de Disciplina alega a existência de uma forte atenuante: Hulk foi provocado. Ficou provado que os stewards não insultaram nem agrediram (enfim, o equivalente ao Guarda Abel, como muito perspicazmente têm assinalado vários adeptos do quarto classificado). Mas, ainda assim, conseguiram provocar. As piores provocações são, como sabemos, as que não consistem em insultos nem em agressões. Daí constituírem as melhores atenuantes, e contribuírem para uma punição inferior ao que a lei estipula. Vamos supor que, em vez de uma atenuante, a Comissão tinha identificado uma agravante. Alguém acredita que Hulk tivesse sido punido com um castigo superior ao limite máximo previsto na lei?

Por Ricardo Araújo Pereira, edição 20 de Fevereiro 2010 - Jornal "A Bola"

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sondagem 5 - Resultado

Chegada ao fim a quinta sondagem do Gloriosa Chama Imensa (a mais concorrida de sempre, com 41 votantes), o veredicto não deixa dúvidas: Éder Luís é o melhor reforço encarnado do mercado de Inverno, com 24 votos. Os outros três jogadores ficaram a uma margem considerável: Alan Kardec conseguiu 7 votos, enquanto Airton ficou com 6. O menos votado (ainda assim com 4 votos) foi Jorge Ribeiro.


Pela amostra que já tivemos dos 4 jogadores (bem, na verdade, foi de apenas 2 deles, pois Airton e Jorge Ribeiro ainda não jogaram), Éder Luís parece-me ser, de facto, o reforço que mais rapidamente se pode enquadrar na equipa. É um jogador rápido, de remate fácil, que precisa, como é normal, de se entrosar mais com o resto do plantel para começar a ganhar confiança e adquirir importância no seio da equipa. Pode ser o substituto ideal de Saviola e/ou uma boa alternativa a Ramires. Embora me pareça ter perdido um pouco o gás depois de um bom período inicial.
Quanto a Alan Kardec, teve poucas oportunidades para se mostrar, mas contra o Sporting podia ter mostrado muito mais (a exemplo de Éder Luís). É uma aposta mais para a próxima época.
Airton é o reforço que eu pensava ser o mais importante, pelo simples facto de que é o único trinco para ser alternativa a Javi García. A verdade é que o espanhol está nitidamente em quebra fisicamente e nem assim Jorge Jesus dá minutos ao brasileiro. Será mais um erro de casting?
Jorge Ribeiro é, como se esperava, apenas um reserva. A verdade é que, para mim, não é pior que César Peixoto (na minha opinião, o pior elemento da equipa-tipo do Benfica). Ribeiro será, no limite, tão bom quanto Peixoto. E merecia uma oportunidade, a meu ver.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Hertha de Berlim 1 - 1 Benfica - 16-avos-de-final Liga Europa 09/10

Foi, porventura, o pior jogo do Benfica esta época. Pelo percurso da equipa até aqui, pelo grande nome que tínhamos vindo a construir esta época na Europa (em contraste com a pálida imagem deixada a época passada), e pela classificação das duas equipas nos respectivos campeonatos, o Benfica tinha a obrigação de jogar muito, muito melhor, e de ter conseguido vencer pela primeira vez na Alemanha (de certeza que não havia melhor oportunidade do que esta). Mas a verdade é que a equipa voltou a apresentar-se em campo como nos últimos jogos: a marcar cedo e no resto do jogo a pastar, a pastelar, à espera do apito final. Juntando a isto alguns erros defensivos que vão acumulando, o resultado só podia ser este.


A equipa entrou bem, a pressionar o adversário, forte sobre a bola. Resumindo: entrou à Benfica de Jorge Jesus. Não estranhou o golo marcado muito cedo, por Di María, que confirma a sua apetência por marcar quase somente na Europa (e, já agora, na Alemanha: 3 golos em 3 jogos lá).


O problema veio depois. A equipa voltou a mostrar estar cansada, ou então ser presunçosa e sobranceira, das duas uma. Porque não se vê os jogadores a pressionar o adversário como se via nos primeiros tempos da época, não se vê a equipa com fome de bola, não se vê a equipa sequer com agressividade. Vê-se uma equipa a jogar a passo, cada um por si, sem qualquer tipo de ligação. Venho a dizer isto há vários jogos, mas como temos ganho (mais o empate com o Vitória de Setúbal), vai dando para disfarçar, aos olhos dos adeptos mais desatentos. Eu não: estou bem atento e a ver que estamos a jogar muito, muito mal de há uns jogos para cá. E o problema, para mim, está todo na atitude. Única e exclusivamente na atitude. Ou falta dela. Tanto no ataque (onde anda o Saviola de há meia dúzia de jogos atrás), como na defesa, onde deixaram os atacantes do Hertha, principalmente Ramos, que não conhecia e me surpreendeu, fazer o que queriam, como e quando queriam. Chamem-me o que quiserem que não me importo. Só digo: assim, ou muito me engano ou ainda vamos ficar muito desiludidos este ano. A não ser que voltemos a ter a mesma atitude do início da época. É só isso que peço: atitude. Não que se ganhe ou perca: apenas e só a atitude inicial. E que nem pensem em sedesculpar com o cansaço, pois ainda agora estamos a meio de Fevereiro e o campeonato só acaba em Maio. Se já estão cansados agora, como será daqui a 3 meses? Espero sinceramente que Jorge Jesus mexa nisto, faça qualquer coisa, porque estas últimas exibições não auguram nada de bom. Uma última palavra para um jogador em específico: César Peixoto. Esteve muito bem com o Sporting, mas foi uma nulidade com o Belenenses e hoje. Falhou tudo o que tinha para falhar, leva que tempos a voltar ao seu lugar cada vez que sobe no campo (vejam o resumo da primeira parte com o Belenenses: Peixoto é sempre o último a posicionar-se quando é para defender, já os seus colegas estão há que tempos nas respectivas posições), e não faz a mínima ideia do que significa o termo defesa em linha: hoje, nas duas flagrantes situações de golo do Hertha, foi ele a colocar o último jogador alemão em jogo. Não pode ser. Digam o que disserem, prefiro mil vezes o Jorge Ribeiro em campo. Mil vezes. Um aparte: não me lembro de uma época com tantos auto-golos. Já lá vão 4: David Luiz (2), Miguel Vítor e Javi García.


E pronto, já disse tudo o que me ia na alma acerca do jogo de hoje. Espero sinceramente que o Benfica não me desiluda nunca mais como aconteceu hoje. Porque eu ainda acredito que podemos ganhar os 3 troféus que temos em disputa.

O resumo do jogo aqui:

Uma grande entrevista...


... de João Manuel Pinto ao jornal I, que podem ler aqui.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pedro Ribeiro

Prosseguindo a cruzada contra corruptos - parte IV


Porque a verdade desportiva é para mim dos bens mais preciosos,

VAMOS A ELES, ARSENAL!

Outra bela crónica...

Em mais de 50 anos não conseguiram os partidários do dragão descortinar uma relação entre feitos desportivos do Benfica e eventuais favores de arbitragem

Se alguém se der ao trabalho de questionar quem lhe aparecer pela frente, minimamente identificado com os segredos do futebol, sobre o caso Calabote creio que a maioria responderá já ter ouvido falar, sem se perder em pormenores, por ignorância, outra franja incomensuravelmente menor será capaz de situar os acontecimentos, embora de forma vaga, e uma outra dirá não saber o que se passou a não ser que se tratou de um esquema para favorecer o Benfica.
Estamos a falar de algo que aconteceu há mais de 50 anos, em 22 de Março de 1959. Eu próprio, já em lista de espera para reforçar a equipa da terceira idade, na minha memória apenas guardo indecifráveis sinais de uma história misteriosa, mal conhecida e que, em consequência, tem dado origem, através dos anos, a muitas outras histórias de duvidoso rigor.

Precisamente no dia 22 de Março de 2009 foi publicado em A BOLA um trabalho assinado pelo meu camarada Carlos Rias a propósito do cinquentenário de uma data, de um jogo e de uma arbitragem, focos alérgicos da comichão intensa e continuada que há tanto tempo incomoda as facções mais corrosivas da turba antibenfiquista. Nele se refere o que esteve na base da irradiação, um «problema moral» provocado pelo árbitro ao não mencionar no relatório que o Benfica-CUF principiara «cerca de dez minutos depois da hora marcada e teve um prolongamento de cinco ou seis minutos». Mas também se recorda que no antigo semanário Tal & Qual, Calabote, falecido em Janeiro de 1999, com 81 anos, afirmara que «a testemunha que serviu para o acusar foi o locutor da rádio em serviço no jogo do FC Porto, e nem havia delegado ao jogo na Luz». Enfim...

Se trago o assunto à colação é tão-somente por ter sido apresentado há dois-três dias na cidade do Porto um livro justamente com o título Caso Calabote, da autoria do jornalista João Queiroz, fruto de demorada e profunda investigação e a quem desejo sucesso editorial.

O livro ainda não li, mas espero fazê-lo em breve. O tema cativa e acredito que daqui a dez, vinte, trinta anos vai continuar a temperar animadas conversas, decerto bem mais elevadas que as que por aí se têm escutado...

De toda a maneira, não pude deixar de captar o sentido de oportunidade do apresentador da obra, Rui Moreira, prestigiada figura da vida portuense e distinto colunista de A BOLA, a quem leio todas as semanas com atenção. Como o tema central tinha a ver com Inocêncio Calabote aproveitou logo para fazer a ligação ao túnel de Braga, ao Benfica e aos erros que segundo ele beneficiam o clube da Luz... Bom, insisto na minha. Isso foi há mais de 50 anos, e se, desde então, não conseguiram os partidários do dragão, geralmente atentos e sagazes, descortinar segundo caso, susceptível de permitir uma relação entre algum feito desportivo do Benfica e eventuais favores do pessoal do apito, é porque de facto não existe.

Em contrapartida, orientando o azimute para outras direcções, explodem vários, igualmente interessantes, muito mais recentes e de fácil pesquisa: caso Calheiros ou caso Silvano; caso Correia ou caso Gonçalves; caso Silva ou caso Guímaro. É só escolher...

Por Fernando Guerra in A Bola

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

RAP


A Árvore Calabote numa Floresta de Guímaros

Acaba de ser publicado um livro que promete animar a época dos portistas (uma vez que a luta pelo segundo lugar não parece constituir animação suficiente). O autor é uma pessoa idónea, sobretudo na medida em que nunca foi levado por Pinto da Costa a conhecer o Papa. Por paradoxal que pareça, os autores de livros mais credíveis são aqueles que o presidente do Porto não apresenta a líderes religiosos. Isto da credibilidade literária tem subtilezas que só estão ao alcance dos críticos mais argutos.
A obra em causa relata acontecimentos passados há mais de 50 anos — que são, em geral, os mais úteis para se compreender o presente. Trata-se de uma investigação sobre Inocêncio Calabote, o árbitro que foi recebido pelo presidente do Benfica em sua casa na véspera de um jogo. Não, desculpem. Enganei-me. É o árbitro a quem o Benfica pagou uma viagem ao Brasil, assim é que é. Peço desculpa, voltei a equivocar-me. O livro é sobre um árbitro que terá recebido quinhentinhos de um vice-presidente do Benfica. Perdão, ainda não é isto. É um árbitro ao qual o presidente do Benfica mandou oferecer fruta para dormir, conforme comprovado por uma escuta. Apre! Não acerto. Bom, parece que se trata de um árbitro ao qual o Benfica não ofereceu nada e que, em troca, terá beneficiado o clube a ponto de fazer com que o Porto ganhasse o campeonato. Enfim, um daqueles escândalos que nem 50 anos de silêncio conseguem apagar. Mas, reconheça-se, um escândalo que se mantém actual: um árbitro que acabou castigado pela justiça desportiva num ano em que o campeonato foi ganho pelo Porto. Realmente, soa-me a familiar.

Os dirigentes do Braga (ou, como lhe chama Augusto Duarte, o árbitro condenado por corrupção passiva, «o meu Braguinha») afirmam que têm sido prejudicados pela arbitragem. Quem beneficia com o prejuízo do Braga? O Benfica, que está em primeiro e só depende de si para continuar em primeiro? Ou o Porto, que está atrás do Braga e depende de terceiros para o ultrapassar? O Benfica, que luta pelo título — ao contrário do Braga, como sempre têm vindo a dizer os seus técnicos e jogadores? Ou o Porto, cujo presidente sempre disse que o seu principal adversário era o Braga? Ora aqui está uma questão difícil.

O Sporting perde em Braga e os sportinguistas: «O Bettencourt não fala?» Depois, o Sporting é goleado pelo Porto e os sportinguistas: «E o Bettencourt, não fala?» A seguir, o Sporting perde em casa com a Académica e os sportinguistas: «Mas o Bettencourt não fala?» Dias depois, o Sporting é goleado pelo Benfica e os sportinguistas: «Mas porque é que o Bettencourt não fala?» É então que Bettencourt regressa do Brasil e diz: «O objectivo do Sporting é o quarto lugar.» E os sportinguistas: «Porque é que o Bettencourt não se cala?» Ainda assim, não sei se a indignação dos sportinguistas é justa. Quando Bettencourt diz que o campeonato do Sporting é o mesmo que o de Marítimo, Leiria e Nacional, está a ofender mais os sportinguistas ou os adeptos de Marítimo, Leiria e Nacional?

Por Ricardo Araújo Pereira, 13 de Fevereiro 2010 in Jornal A Bola

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Benfica 1 - 0 Belenenses - 19ª Jornada 09/10

Sofrido, e sem qualquer necessidade. Foi assim este triunfo do Benfica. Não gostei minimamente da exibição da equipa, como aliás não venho a gostar de há vários jogos a esta parte. Eu compreendo que a época já vai longa e que os jogadores têm de gerir o esforço devido às várias competições em que estão envolvidos, eu compreendo tudo isso. Mas, ainda assim, a defrontar este Belenenses (que está fraquíssimo), exigia-se muito mais do Benfica. Muito mais. Marcou o golo aos 10 minutos e ficou a descansar à sombra da bananeira o resto do tempo, arriscando-se a sofrer algum golo num lance fortuito (o que até esteve bem perto de acontecer). Parecia o Benfica do Quique Flores. Assim, torna-se difícil. Uma palavra para Weldon: foi, apenas e só, o pior jogador em campo das 2 equipas. Num jogo em que Éder Luís ficou, pela primeira vez, fora dos convocados, parece-me que foi a última oportunidade para Weldon de águia ao peito. Conhecendo Jorge Jesus como conheço, o rapaz não voltará a pisar. Veremos se me engano.


Valeu-nos o salvador do costume. Cardozo continua a sua caminhada triunfal para melhor marcador do campeonato (já lá vão 17), e esta é já a sua melhor época em termos de golos (23), superando a temporada de estreia, em que apontou menos um. Melhor trabalhado e com mais confiança, pode vir a ser um ponta-de-lança de eleição. Já não tem muito tempo para potenciar as suas qualidades.


E o jogo quase que se podia resumir a isto, tamanha a displicência da equipa nos restantes 80 minutos. Exceptuando algumas arrancadas de Fábio Coentrão e a consistência habitual de Javi García e Ramires, o resto da equipa revelou um marasmo pouco habitual e que não se pode tornar norma. Espero sinceramente que tenha sido a excepção. Do lado do Belenenses, não se pode dizer que tenha havido um melhor em campo, tal a falta de qualidade da equipa azul. O menos mau acabou por ser Fajardo, que ainda assim falhou um golo feito na cara de Quim, depois de uma intercepção falhada de David Luiz. Ele que, na segunda parte, quase marcava novo auto-golo. Para melhor central do mundo ainda lhe falta tanto, tanto...

O que interessa é que no final, lá vencemos e continuamos em primeiro. Como já referi algumas vezes, só depois da próxima jornada saberei se preciso de ter medo do Braga ou não. Se a equipa bracarense não perder no Dragão, sim, admito finalmente que se terá de ter muito cuidado com ela. Se perder, o campeonato (desde que os vençamos na Luz) é nosso, pois o Porto fará de tudo para não falhar a Champions. Este é o meu ponto de vista em relação a este assunto, e não mudou um milímetro desde há muito tempo. Seja como for, este campeonato não nos pode falhar. Já só faltam 10 jogos para o grande objectivo, e vamos consegui-lo. Rumo ao 32º!

O golo de Cardozo, aqui:

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

JVP


Sporting-Benfica

1
João Pereira foi vítima da pressão

É praticamente escusado referir que todo o jogo foi condicionado pela expulsão de João Pereira, mas vale a pena reflectir sobre o assunto. Uma jogada daquelas - por maior ou menor que seja o aparato - só se explica pela pressão que os adeptos têm exercido sobre a equipa perante os últimos resultados. Há outros indicadores reveladores da crise que se instalou, e continuo a pegar no exemplo de João Pereira: quando chegou ao Sporting, saído do Braga, onde estava a fazer uma grande temporada, jogou com a mesma alegria, transmitindo a ideia de ser um elemento aglutinador, que trazia motivação e entusiasmo, mas não precisou de muito tempo para baixar de rendimento. Integrou-se demasiado, deixou-se puxar para baixo, também ele acusou a pressão que se abateu sobre a equipa.

2
Os dois pecados dos leões

Com menos um elemento e sofrendo um golo logo a seguir à expulsão, o jogo tornou-se demasiado difícil para o Sporting, que tinha dificuldade em sair para o ataque. Lutava para ganhar a bola e perdia-a logo a seguir. A falta de um jogador é muito relevante, mas, para mim, o jogo decide-se porque o Sporting comete dois pecados capitais. Primeiro, a expulsão; segundo, as bolas paradas. Quando a equipa precisava de se reorganizar e reagir à expulsão, ficou ainda mais enervada por sofrer um golo de bola parada. Quando tentava forçar o empate e até já tinha conseguido criar oportunidades de chegar ao 2-2, não só não marcou como ofereceu mais um golo de bola parada. Porque, ao Sporting, tem de se lhe reconhecer o mérito de, durante pelo menos 20 minutos da segunda parte, ter sido capaz de ameaçar o Benfica, só não conseguindo passar para cima devido aos desequilíbrios que Di María ia criando.

3
Segundo golo tranquilizou de mais o Benfica

O Benfica teve neste jogo uma tarefa mais facilitada do que estaria à espera. Curiosamente, tendo sido capaz de aproveitar cedo a desvantagem numérica do adversário, a seguir deixou-se tranquilizar em demasia com a obtenção do segundo golo. É certo que o Sporting fez um grande esforço para, gradualmente e através de acções individuais de Liedson, tentar reduzir a desvantagem, mas fê-lo também porque o Benfica concedeu espaços, não foi a equipa pressionante de jogos anteriores. Nos minutos que se seguiram ao golo de Liedson, teve até muitas dificuldades em segurar um Sporting com dez. Depois de chegar ao 2-0, pensei que o Benfica pressionaria ainda mais, tentando um resultado volumoso, como o tem feito noutras alturas. Mas não só não fez isso como se sujeitou a calafrios desnecessários, que foram alimentando a esperança do Sporting. O Benfica devia ter feito mais posse de bola, uma boa circulação para cansar o adversário mas, em vez disso, por vezes até tentou jogar em transições rápidas. Acontece que na altura em que mais tentava chegar ao empate, o Sporting ofereceu o 3-1 e a história do jogo ficou contada.

4
Resultado excessivo

É certo que Cardozo fez um grande golo e que os golos são sempre bem-vindos ao futebol, mas este contribuiu para a construção de um resultado excessivo, um castigo demasiado pesado para o esforço e a atitude sportinguistas. Uma referência ainda para a entrada de Cardozo, Aimar e Saviola, quando faltavam jogar cerca de 20 minutos e o Benfica já ganhava 3-1. Foram substituições pouco significativas, porque o jogo estava decidido, mas a entrada de qualquer um destes elementos visava aumentar a qualidade do futebol praticado, pois mesmo a ganhar por essa margem, o Benfica não estava a fazer um grande jogo. Nota-se que Kardec e Éder Luís ainda não estão bem integrados, daí as trocas para darem tranquilidade e qualidade.

5
Sporting tem de pensar no futuro

A partir de agora, que ficou afastado da última competição nacional que poderia ganhar, o Sporting tem de continuar a trabalhar para tentar minimizar os efeitos de uma época que está a ser muito complicada e olhar para o futuro, começando já a preparar a próxima temporada. Os jogadores têm a obrigação de dar tudo, como se estivessem a lutar por todos os títulos, e se o fizerem evitam, pelo menos, que a situação se agrave, ao mesmo tempo que ainda podem tentar dar alegrias aos adeptos na Liga Europa. Os dirigentes têm de olhar para a frente de forma responsável, não deixando nunca de ter presente que o que se está a passar esta época é muito mau. E estamos a três meses do final da temporada.

Belas crónicas...

... pela verdade desportiva, a ver se algumas pestanas se começam a abrir...

1 - Nada do que está a passar-se no futebol português, à revelia de princípios a que todo e qualquer desiderato desportivo deve subordinar-se, constitui motivo de admiração para quem minimamente se interessa pelo fenómeno.
Já se sabia que muitas situações estranhas emergiriam se o investimento feito pelo Benfica no reforço do seu quadro de profissionais tivesse retorno imediato, através de melhores resultados, de mais pontos e do acesso ao topo da classificação.

Já se sabia que o FC Porto, obstinado na conquista de outro 'penta', iria activar toda a sua oleada máquina de influências e arregimentar os aliados possíveis para manter desimpedido o caminho que eventualmente o conduzirá a esse desígnio supremo.

Só não se sabia que o Braga resistiria tanto tempo no primeiro lugar, proeza que lhe permitiu adquirir o estatuto de intérprete especialmente privilegiado nessa luta titânica entre águia e dragão. Mas era previsível que o FC Porto arrancasse célere à descoberta de conforto em ombro amigo assim que percebesse não dispor, sozinho, de argumentos suficientemente fortes para travar a ascensão do Benfica. Fê-lo, sem mais demoras, desfrutando de esperada e simpática disponibilidade por parte do presidente bracarense, o qual, sem que fosse necessário pedir-lhe, e a propósito de mero folclore, falou em «manobras estranhas e inqualificáveis que estão a ser urdidas nos corredores do poder tendo apenas um objectivo: parar o Sp. Braga». E empurrar o Benfica, deduzo...

Nenhuma surpresa até aqui, portanto. Apenas falta descobrir se Salvador tem a noção de estar a fazer de papel de embrulho: utiliza-se enquanto for preciso e depois... deita-se fora.


2 - De toda a maneira, não pude deixar de captar o sentido de oportunidade do apresentador da obra, Rui Moreira, prestigiada figura da vida portuense e distinto colunista de A BOLA, a quem leio todas as semanas com atenção. Como o tema central tinha a ver com Inocêncio Calabote aproveitou logo para fazer a ligação ao túnel de Braga, ao Benfica e aos erros que segundo ele beneficiam o clube da Luz... Bom, insisto na minha. Isso foi há mais de 50 anos, e se, desde então, não conseguiram os partidários do dragão, geralmente atentos e sagazes, descortinar segundo caso, susceptível de permitir uma relação entre algum feito desportivo do Benfica e eventuais favores do pessoal do apito, é porque de facto não existe.

Em contrapartida, orientando o azimute para outras direcções, explodem vários, igualmente interessantes, muito mais recentes e de fácil pesquisa: caso Calheiros ou caso Silvano; caso Correia ou caso Gonçalves; caso Silva ou caso Guímaro. É só escolher...

Por Fernando Guerra in A Bola

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pedro Ribeiro

Sporting 1 - 4 Benfica - Meias-finais Taça da Liga 09/10

Confesso que não esperava este desfecho. Achava que o Sporting iria dar tudo para não perder, e estava até um pouco preocupado com esse facto, admito. Mas a verdade é que só a vontade não chega, e este Sporting mostrou que tem pouco mais que isso. Além de Pedro Mendes, Liedson e, a espaços, João Pereira, Miguel Veloso e Izmailov, este Sporting é uma equipa banal. E é com pena que o digo, pois desde sempre vi o Sporting como um rival, mas um rival leal, não um rival como o Porto, com um crescimento sustentado no que todos sabemos. Não, o Sporting não era assim. Era o rival do Benfica dentro das 4 linhas, no bom futebol praticado. Não sei onde anda agora esse Sporting. O Benfica actuou com um ataque constituído por 2 jogadores sem ritmo, com pouquíssimos minutos nas pernas e ainda sem rotinas com os companheiros, e mesmo alguns dos outros utilizados não estão a 100% fisicamente (César Peixoto, David Luiz, Javi García, Ramires). Mas a verdade é que esse Benfica a meio gás chegou e bastou para um Sporting na máxima força (que é pouco mais que mínima), como já havia chegado frente ao Porto. Convém não o esquecer.


O momento do jogo deu-se aos 5 minutos. João Pereira, acometido de um acesso de loucura, resolveu ceifar, desde logo, as aspirações do seu clube, num belo golpe de karaté sobre Ramires. Resultado? Expulso, obviamente. Para cúmulo total, além de ter deixado a equipa em inferioridade numérica e em ainda maiores dificuldades, da marcação do livre resultou o primeiro golo do Benfica, marcado por David Luiz. Começava a derrocada em Alvalade (mais uma).


E o segundo golo foi mais do mesmo. Passividade enorme da defesa do Sporting, que nunca conseguiu travar Di María (absolutamente genial neste jogo), e Ramires a aparecer em zona de finalização, como há muito não acontecia (mais propriamente desde a 6ª jornada, na recepção ao Leixões), tendo sido acompanhado, até à boca da baliza, por... Izmailov. Onde andavam os defesas do Sporting? É a interrogação que fica.


A pouco mais de 8 minutos do fim da primeira parte, Liedson resolveu imitar Falcao e Júlio César fez de Rui Patrício. O resultado foi o golo do Sporting, perfeitamente evitável mas que se aceita apenas pelo facto de que Júlio César tem jogado muito pouco e está sem rotinas. O que não é bom para os jogos da Liga Europa, onde certamente vai continuar a ser o eleito de Jorge Jesus. Espero que não seja por ele que tenhamos problemas com o Hertha. Quanto a Liedson, é apenas e só o melhor jogador do Sporting e um dos melhores do nosso campeonato desde que cá chegou, em 2003/04. Não há mais nada a dizer. O Sporting já nem é ele e mais 10, é... apenas ele, com a ajuda de algum colega, a espaços.


Na segunda parte, mais do mesmo. O Sporting sem qualquer tipo de alma, sem se esforçar muito, também, diga-se, e o Benfica apenas preocupado em gerir a vitória. Ainda assim, é preciso referir o lance em que Sinama-Pongolle se isolava em frente a Júlio César e lhe foi assinalado, de forma errada, fora-de-jogo. Podia não dar golo, mas também podia ter sido o 2-2. Ainda assim, pelo resto que se viu do jogo, acredito perfeitamente que o Benfica, mesmo se tivesse sofrido esse golo, marcaria mais um ou 2 e vencia à mesma. E mais: era capaz de apostar que Pongolle, mesmo isolado como estava, não marcava aquele golo. Ou atirava ao lado, ou Júlio César defendia. Não posso ter a certeza disto, obviamente, mas acredito plenamente no que estou a dizer. É notória a falta de confiança do francês, e diga-se, há muito tempo que não mostra o nível que apresentou em 2001, com 17 anos, e que fez dele um dos mais cobiçados avançados da Europa. Aliás, Pongolle não marca um golo há mais de um ano. É obra.
E pouco depois, apareceu o que já se esperava há alguns minutos, mesmo sem o Benfica fazer muito por isso. Luisão fez o terceiro golo do Benfica (grande cabeceamento sobre o desamparado Carriço, que foi totalmente incapaz de travar o central benfiquista) e arrumou definitivamente a questão.


Já nos descontos, aconteceu o momento da noite. Cardozo, que tem andado arredado dos golos, e depois do que se deu em Setúbal, apontou o golo da noite, num tiro monumental de fora da área, com o seu fabuloso pé esquerdo, provando assim que continua com a pontaria afinada. Foi a sua estreia a marcar na taça da Liga, onde não havia marcado qualquer golo nos dois anos anteriores.

E, com esta vitória, assegurámos a presença na final de uma competição que vencemos a época passada. Sempre defendi que, sendo uma competição oficial, e ainda por cima sendo nós os cammpeões em título, é para lutar pela vitória, e Jesus concordou comigo. Nunca descurou chegar o mais longe possível nesta competição e ainda bem. Sem forçar muito os jogadores, fazendo a rotação que achou necessária nos 4 jogos, estamos na final, onde, muito provavelmente, vamos defrontar o Porto, numa final que acontecerá em Março e que será a antecâmara do que vai ser a penúltima jornada do campeonato, quando formos jogar ao Dragão (a não ser que nessa altura já sejamos campeões). Apenas com uma diferença: no Algarve, a grande maioria do estádio vai ser composta com adeptos do Benfica. É uma final para ganhar, claramente. Além do prestígio que dá vencer qualquer competição oficial, saberá ainda melhor se for contra o clube da fruta. Se for com a Académica, paciência para os estudantes. Para o ano há mais.

O resumo do jogo de hoje aqui:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um grande senhor...


... do futebol português, desprezado desde 2002 porque ousou renegar o sistema. Homens de coragem, é o que falta a este país. Leiam o seu livro, "Vocês sabem do que eu estou a falar". É bastante esclarecedor. Até lá, aqui fica um cheirinho do que se fala no livro, na entrevista que deu ao jornal I (via este post do Coluna d'Águias Gloriosas).

Que bela crónica...

... a mostrar que há pessoas esclarecidas em todo o lado, mesmo nos mais improváveis...

"Uma lebre entre águias e dragões"

Notícia de última hora: a qualquer momento, o Braga cederá os actuais seis pontos de vantagem ao FC Porto, concluindo com sucesso o papel de lebre ao serviço do terceiro. Na prática, o clube de António Salvador não está à frente dos azuis e brancos, está ao lado do Benfica para não deixar fugir o rival dos perseguidores do pentacampeonato. E isso, imagine-se sem colocar limites à imaginação, ficou claro quando, perante as decisões da Comissão Disciplinar da Liga, António Salvador falou de "manobras estranhas (...) tendo apenas um objectivo: parar o Braga". O que é uma óbvia defesa dos interesses do clube e SAD a que preside tornou-se, para um olhar distante, num género de oferta de ombro amigo ao FC Porto, que, a seis pontos do Braga, é o mais directo rival por uma inédita presença na Liga dos Campeões. O Braga perdeu o encanto e tornou-se um arreliador caso de sucesso, incapaz de perceber que devia ter ficado na casa que a história lhe atribui. Que chatice...


Alcides Freire in O Jogo

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Euro' 2012 - Fase de Qualificação - Sorteio


Saiu ontem o sorteio para a fase de qualificação para o Euro 2012.

Desta feita, o sorteio foi-nos muito favorável. Seja com Queiroz (o mais provável, a menos que aconteça um enorme descalabro no Mundial) ao leme ou outro treinador qualquer, temos a obrigação de nos apurarmos em primeiro lugar do grupo. Teremos pela frente novamente a Dinamarca, que será o adversário mais complicado, mas em contrapartida a Noruega (a anos-luz do que era nos finais dos anos 90/inícios dos anos 2000), o Chipre e a Islândia são adversários fraquíssimos e que nos garantem desde logo, no mínimo, o segundo lugar do grupo. Mas obviamente que este grupo só pode ser para vencer, sem quaisquer dúvidas. Apuram-se para o Europeu o primeiro classificado de todos os grupos e o melhor segundo. Os outros segundos terão sempre de se sujeitar a um play-off.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

JVP


Vitória de Setúbal-Benfica

1
Estratégia comprometida

Ao empatar ontem - resultado justo a premiar o trabalho do Setúbal -, o Benfica permitiu que se aliviasse a pressão que tentou criar sobre o Braga e o FC Porto com a antecipação do jogo com o Leiria. Os portistas podem até reduzir a desvantagem, ao passo que os bracarenses garantem a liderança com um empate e uma vitória. E com duas vitórias até deixam o Benfica para atrás. Se em termos estratégicos a ideia inicial do Benfica foi boa, em termos práticos os resultados acabaram por não ser os esperados.


2
Benfica mais lento que o habitual

Já referi a justiça do resultado e quero elogiar a atitude do Setúbal até aos 70', altura em que as forças começaram a trair os ideais. A equipa foi solidária, demonstrou algumas preocupações defensivas, principalmente com as movimentações de Aimar e Saviola, mas teve também um grande atrevimento, apoiado na qualidade dos homens que tem no ataque, principalmente Hélder Barbosa e Keita, os melhores em campo. Mesmo depois de estar a perder, o Setúbal conseguir manter o equilíbrio. A acção dos sadinos foi de certo modo facilitada por um Benfica a jogar a um ritmo abaixo do habitual, sem a dinâmica demolidora de outros jogos e a querer gerir cedo a vantagem. Mas o Setúbal não deixou. E há um pormenor importante a referir: o Benfica teve mais iniciativa mas nunca controlou o jogo e até passou por momentos de aperto. Maxi Pereira teve grandes dificuldades perante Hélder Barbosa, porque sempre que o Benfica atacava o Setúbal procurava responder e muitas vezes conseguia-o com perigo.


3
Entusiasmo cedeu à pressão

Até aos 70', enquanto teve força física, o Setúbal bateu-se pela vitória e até teve um golo anulado. Depois, o desgaste físico provocado pela forma de jogar do Benfica roubou lucidez à equipa da casa, que foi empurrada para perto da sua área. Só que também o Benfica sofre com a pressão de jogar contra o tempo. O entusiasmo que costuma pôr em campo foi substituído pela ansiedade. Querer ganhar rouba discernimento à medida que o tempo passa e na parte final, mesmo colocando muita gente na área, no Benfica só Di María conseguia criar desequilíbrios.

Insisto na justiça do resultado, pela solidariedade da equipa sadina, pela coragem de querer jogar de igual para igual. Não é prática habitual de equipas da dimensão do Setúbal quando defrontam um grande.


4
Cardozo não devia ter marcado o penálti

Já abordei mais do que uma vez o assunto dos penáltis. Depois de já ter falhado alguns esta época, Cardozo só devia voltar a marcar num jogo com resultado tranquilo. Não é o jogador indicado para decisões. Admiro a coragem dele em assumir o lance, mas é um risco. Como já tem falhado, agora marca sempre em força e para o lado que lhe dá mais jeito, que é a esquerda do guarda-redes. Há mais probabilidades de ele falhar do que outro.


5
Autogolos

Curioso que o resultado tenha sido feito por autogolos. No primeiro, Ricardo Silva não tem tempo para reagir, são coisas que não se podem evitar. O caso de David Luiz é diferente. É um lance de muito azar, mas estava sozinho e aquele alívio extravagante era desnecessário. Como costumamos dizer na linguagem futebolística, acertou na orelha da bola e ela entrou. Foi uma jogada imprudente.

Vitória de Setúbal 1 - 1 Benfica - 18ª Jornada 09/10

Horrível. Esta é a palavra que melhor descreve a exibição do Benfica esta noite, seguramente uma das piores desta época. O Benfica fez uma primeira parte desastrosa, em que mais uma vez chegou ao golo cedo, mas desta vez deixou-se empatar e não teve arte nem engenho para conseguir depois chegar à vitória. E, diga-se de passagem, era uma vitória completamente imerecida, caso tivesse existido. Se calhar, ainda bem que não venceu. Uma dose de humildade só faz bem a estes jogadores. Pode ser que este jogo seja o ponto de viragem para as últimas 11 jornadas da Liga se traduzirem em 11 vitórias. E quem diz da Liga, diz da taça da Liga e da Liga Europa.


Como já disse em cima, o Benfica voltou a marcar cedo. Se em primeira instância o golo pareceu ser de David Luiz, depois ficou a sensação que era auto-golo de Zoro. Afinal, o golo foi mesmo um auto-golo, mas do estreante (no Vitória de Setúbal) Ricardo Silva (jogador de quem sempre gostei e que acho que poderia ter alcançado uma carreira ainda melhor).


Pouco depois, repetindo a parvoíce cometida à 5ª jornada, curiosamente outra vez contra uma equipa orientada por Manuel Fernandes (e com o árbitro a ser o mesmo - tantas coincidências só poderiam dar mau resultado...), David Luiz resolveu tentar um corte completamente disparatado, quando Quim iria agarrar a bola com toda a tranquilidade, e empatou assim o jogo, fazendo o resultado final do encontro e tirando dois pontos à equipa. Não se pode repetir.

O resultado ficou feito aí, mas a verdade é que ainda houve motivos para se falar depois disto. Na segunda parte houve vários erros de arbitragem (mais uma vez...) que mancharam o jogo. 2 foras-de-jogo mal assinalados que deixavam jogadores do Vitória em excelente posição para chegar ao golo, um golo mal anulado a Keita, por fora-de-jogo que se provou nas imagens não existir, e dois penáltis não assinalados para o Benfica. Já no fim do jogo, a decisão mais controversa e curiosamente a mais acertada: Zoro ceifou Alan Kardec, efectivamente. No entanto, talvez tratando-se de justiça divina, Cardozo voltou a falhar um penálti decisivo (como já havia acontecido nas duas primeiras jornadas do campeonato) e parece-me que já é tempo de deixar de ser ele o marcador oficial de penáltis. Talvez haja no clube melhores marcadores, não sei. Se não há, arranje-se. Treine-se isso. Porque não se pode estar a desperdiçar hipóteses de conquistar pontos dando-se ao luxo de falhar penáltis. No que respeita ao trabalho do árbitro, vou dizer a verdade, mesmo que isso me arranje anti-corpos para com os benfiquistas ou outros, seja o que for: a olho nu, e no momento, o lance do golo anulado ao Vitória parecia-me claramente acertado. Na repetição percebi, obviamente, que foi um golo limpo. Apesar de ser um lance de dificuldade elevadíssima e muito complicado de vislumbrar no campo, claro que é um erro muito grave, com influência no decorrer do jogo e no resultado. Depois, a mão de Zoro na área. Sinceramente, eu não considero aquele lance, e todos os que aconteçam como aquele, faltoso. Parece-me que é um lance muito parecido com a mão de Miguel Vítor a época passada, que nos tirou a vitória no jogo com o Nacional. Na minha opinião, não havia qualquer falta de Miguel Vítor porque ele só podia ter ali a mão, e o golo de Cardozo foi limpo. A mão de Zoro, na minha opinião, estava ali de forma absolutamente casual e a cabeçada de Javi é mesmo em cima do marfinense. Portanto, dou o benefício da dúvida ao árbitro e aceito perfeitamente que não marque penálti naquela jogada, embora, em rigor, possa ser passível de ser marcado penálti naqueles lances, e aceita-se plenamente quem o marque. Eu não considero que tenha havido falta. Depois foi o lance de Di María com Collin. Na jogada corrida, não me pareceu falta. Na repetição, constato que é. A verdade é que à primeira vista não me pareceu, e por isso não posso recriminar que o árbitro tenha tido a mesma percepção que eu, embora ele estivesse lá ao pé. Mas considero esta bem mais visível do que a mão de Zoro. Portanto, em bom rigor, parece-me que o Vitória foi espoliado de um golo legal, e ficou um penálti por marcar ao Benfica. Ou seja, o resultado é justíssimo, aceita-se plenamente, o Benfica não jogou nada, nada, nada, e o Vitória de Setúbal fez mais do que o suficiente para levar, pelo menos, um ponto. Quanto à equipa do Vitória de Setúbal, apesar de Hélder Barbosa se ter destacado na primeira parte, tal como já havia acontecido na primeira volta, a verdade é que a equipa de Manuel Fernandes tem um jogador muito interessante na defesa e que, para mim, foi o melhor em campo. E não, não estou a falar de Zoro, que provou hoje claramente que não tem lugar no Benfica, com uma exibição desastrosa, em que só lhe faltou ser expulso. Estou a falar de Collin, defesa central francês de 23 anos que por vezes, como hoje, joga a lateral direito. Prevejo-lhe um grande futuro. Vamos ver se me engano.


E assim o Benfica perdeu uma grande oportunidade de colocar ainda mais pressão em cima dos principais rivais. Amanhã, o Porto vai golear a Naval, e esperemos que o Belenenses consiga fazer uma gracinha e travar o Braga. Um empate já seria muito bom, tanto para o Belém como para nós. E faço votos de não voltar a ver esta época uma exibição miserável como a que fizemos hoje. Já só faltam 11 jogos para a festa. Rumo ao 32º!

Os (auto)golos do jogo aqui:



sábado, 6 de fevereiro de 2010

RAP


Se Augusto Duarte ainda apitasse, o seu Braguinha estaria em segundo?

Se o Braga tivesse oferecido um prémio de 50.000 euros aos seus capitães de equipa, teria a equipa conseguido ultrapassar o poderoso Rio Ave em casa? É possível. Como não conseguiu, havia que desviar as atenções do facto de, depois de Domingos ter prometido fazer melhor do que na época passada, o Braga ter saído da Liga Europa ainda na 3.ª pré-eliminatória, ter sido eliminado da Taça da Liga exactamente na mesma fase do ano anterior, e ter caído frente ao Rio Ave em casa na Taça de Portugal, quando na época passada tinha sido eliminado pelo Nacional fora. Como sempre acontece, até porque a eficácia do método é comprovada, as atenções foram desviadas à custa do Benfica. António Salvador disse que o Braga não precisa de antecipar jogos para ser primeiro. Não é exactamente verdade. O Braga não precisa de antecipar jogos porque não joga para as competições europeias desde Agosto.

Primeiro, a Comissão Disciplinar da Liga puniu Cardozo com dois jogos de suspensão por actos que todas as imagens demonstram que ele não cometeu. Tudo normal. Agora, a mesma Comissão resolveu punir alguns jogadores do Braga por agressões que as imagens da Sport TV têm a indelicadeza de documentar. Como é óbvio, houve escândalo. O clube que o árbitro irradiado refere nas escutas como «o meu Braguinha» não aprecia a justiça desportiva. Quem diria?

Apareceram finalmente as imagens dos acontecimentos que ocorreram no túnel da Luz — e, como não podia deixar de ser, mostram que a culpa é toda do Benfica. Os jogadores do Porto, depois de, apesar dos três trincos, não terem conseguido suster Urreta, Luís Filipe e seus pares, dirigiram-se para o balneário com uma calma e boa disposição que só as mais infames provocações poderiam abalar. Foi precisamente o que aconteceu. Fernando foi imediatamente provocado pela manga do túnel, e aplicou-lhe um justificadíssimo pontapé. Hulk, que resolveu ficar à espera da equipa de arbitragem, seguramente para a felicitar, foi provocado por Rui Cerqueira, director de comunicação do Porto, que o puxou várias vezes na direcção do balneário, certamente instruído por alguém do Benfica. A seguir começaram as provocações dos stewards, que as imagens não mostram mas constam da nota de culpa da Liga. Em que consistiu a pérfida provocação dos stewards? Fizeram considerações acerca de uma hipotética actividade profissional isenta de impostos levada a cabo pelas mães dos portistas? Levantaram infundadas dúvidas sobre a orientação sexual dos jogadores do Porto ou a honradez das suas esposas? Pior, muito pior. Segundo o documento da Liga, os stewards tiveram a desfaçatez de se dirigirem aos portistas dizendo (e peço desculpa aos leitores mais sensíveis pelo teor dos insultos que reproduzo a seguir): «Vão lá para dentro.» E ainda, como se não bastasse: «Voltem lá para cima.» Estes ordinários, quando toca a ofender, esmeram-se. E depois admiram-se que as pessoas decentes percam a cabeça. Ainda esta semana, segundo o DN, Bruno Alves agrediu Tomás Costa num treino. O Porto não cortou relações com o DN e Jesualdo Ferreira deixou Bruno Alves na bancada, o que parece indicar que o defesa terá mesmo cometido a agressão. Só não se sabe ainda como é que os stewards da Luz se terão infiltrado no treino do Porto, e de que modo conseguiram provocar Bruno Alves a ponto de o fazer descarregar uns bananos no pobre argentino. Mas é óbvio que serão responsabilizados por isso muito em breve.


Na curta visita turística que fez à cidade invicta, o ex-futuro reforço do Porto Kléber terá visto, ainda assim, muita coisa. Se calhar, viu que um administrador da SAD do clube que o queria contratar se demitiu, viu as escutas do presidente do mesmo clube no YouTube, viu um ex-futuro companheiro de equipa a agredir outro no treino e viu as imagens do túnel nos telejornais. Aposto que Kléber decidiu não assinar pelo Porto em cinco minutos.

Pinto da Costa gaba-se de não estender a mão «ao do cabelo branco», mas a equipa «do de cabelo branco» nunca recusa dar uma mãozinha à equipa de Pinto da Costa. Em altura de crise, o Porto sabe que pode contar sempre com o Sporting. E, depois de os sportinguistas terem aplaudido o principal reforço de Inverno do Porto em Alvalade, os portistas retribuíram aplaudindo de pé o golo de Liedson no Dragão. O futebol assim é bonito.

Por Ricardo Araújo Pereira, 6 de Fevereiro 2010 in Jornal A Bola