terça-feira, 30 de novembro de 2010

Beira-Mar 1 - 3 Benfica - 12ª Jornada 2010/11

Lá diz o ditado que depois da tempestade vem a bonança. Neste caso, depois de um vendaval de todo o tamanho, veio uma resposta positiva. O triunfo em Aveiro, frente a um adversário que já roubou pontos a Sporting e Braga e onde ainda ninguém tinha ganho, veio na melhor altura, contribuindo para repôr os níveis de confiança na equipa e acima de tudo para serenar os ânimos do grupo. A exibição não foi brilhante, longe disso, mas foi consistente o suficiente para deixar a nu, claramente, as qualidades e fragilidades deste plantel. Cardozo é muito, mas muito mais jogador que Kardec, Saviola é o melhor avançado da equipa e David Luiz está, definitivamente, a fazer uma época horrível. De resto, tudo ao nível habitual.


A primeira parte foi praticamente toda dominada pelo Benfica. Os ataques foram-se sucedendo desde o início do jogo, e ficou um penalty por marcar (mais um, já vai sendo normal) logo aos 14 minutos. A equipa não se desuniu, continuou em busca do golo, acreditando sempre que ele havia de surgir - ao contrário do que aconteceu noutros jogos esta época. Acabaria por acontecer noutro penalty, este marcado (e bem) por agarrão claro sobre Cardozo. O paraguaio não falhou e levou o Benfica bem mais tranquilo para a segunda parte, em que voltou a entrar mandão, traduzindo essa superioridade em mais um golo, desta feita um golaço, do Tacuara. Estava resolvido o encontro.


Mas ainda havia mais para vir. O terceiro golo chegaria dos pés de Saviola, após um trabalho espectacular de Cardozo (o tosco, não é?) sobre Hugo (curiosamente o melhor em campo dos aveirenses) à linha. O argentino redimiu-se das muitas oportunidades que já desperdiçou esta época e lá voltou aos golos.


A partir daqui, o Benfica entregou as rédeas do jogo ao Beira-Mar e a equipa da casa criou algum perigo para a baliza de Roberto, nomeadamente através de Ronny (que se tivesse mais calma e clarividência poderia ter marcado ou deixado os seus colegas marcar em várias ocasiões). Acabou por ser Rui Varela a fazer o golo de honra da equipa anfitriã.


Com esta vitória e com o empate registado no clássico da jornada (onde o Porto foi pela primeira vez prejudicado nesta época), e beneficiando ainda da derrota do Vitória de Guimarães na Madeira, o Benfica aproveitou para se isolar no segundo lugar e diminuir em 2 pontos a distância em relação ao líder - é agora de 8. Ainda faltam 18 jornadas, nas quais o Benfica terá de dar tudo por tudo. Se já não chegar para o bi-campeonato, ao menos que se mantenha o 2º posto e o consequente apuramento para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões. E obviamente tentar vencer as Taças nacionais (e já agora, se não for pedir muito, fazer uma figura razoavelmente boa na Liga Europa). É tudo o que se pede neste momento.

O resumo do jogo:



PS: O Benfica garantiu, pelo segundo ano consecutivo, a passagem à final-four da Liga dos Campeões de futsal, a UEFA Futsal Cup, competição da qual somos os campeões em título. Este ano teremos a companhia do Sporting e há a clara possibilidade de nos encontrarmos na final, o que seria fantástico para o futsal português. Vou torcer para que isso aconteça e que o Benfica consiga sagrar-se bicampeão europeu!

PS2: Depois do Benfica no Dragão e da Espanha na Luz (seriam 5 em condições normais), o Real Madrid caiu em Barcelona pelo mesmo resultado. É caso para dizer que os melhores escolheram todos o mesmo ano para levarem uma mão cheia...

Ah, e o Mourinho vai ser campeão de Espanha. Não duvido.

domingo, 28 de novembro de 2010

O Benfica no campeonato - Beira-Mar 2 - 3 Benfica 2004/05

Hoje vamos a Aveiro, e porque acho que precisamos de recordar momentos felizes do nosso clube, fui buscar a última vez que ganhámos no campo do Beira-Mar. E numa época em que fomos campeões (na penúltima vez que o fomos).

Estávamos então na primeira jornada da época 2004/05. Giovanni Trapattoni fazia o seu quarto jogo no comando do Benfica e o pecúlio não estava muito famoso até aí (já havia perdido a Supertaça para o Porto e sido afastado na pré-eliminatória da Liga dos Campeões pelo Anderlecht). Era, por isso, imperioso começar o campeonato com uma vitória para afastar fantasmas e devolver o Benfica ao trilho do sucesso. E foi isso que aconteceu, embora com muito sofrimento à mistura. No 11 de então estavam presentes, do actual plantel, apenas Moreira e Luisão. Mantorras e Nuno Gomes estavam nessa equipa mas não foram convocados (o angolano por lesão e creio que o português também). Desse jogo destaca-se o bis de Karadas, que se estreava no campeonato português, e a semi-recuperação do Beira-Mar, liderada por Beto - o mesmo que depois viria a jogar no Benfica. De referir que os aveirenses desceram de divisão nessa época (ficaram mesmo em último). Esperemos que o Benfica hoje seja capaz de voltar a vencer em Aveiro, seis anos depois.

Os golos desse jogo:









sábado, 27 de novembro de 2010

JVP


Hapoel-Benfica

1 - Perder um jogo que era fácil de ganhar

O Benfica perdeu por culpa própria um jogo que deveria ter ganho com alguma facilidade. O que aconteceu foi incrível. É difícil de entender, e mais ainda de explicar, como é que uma equipa, mesmo jogando sem grande intensidade, consegue um ascendente claro, cria várias oportunidades de golo, não marca e depois sofre dois golos de bola parada, um deles de canto, quando um canto, para o Benfica da época passada, nem sequer podia ser considerado uma jogada potencialmente perigosa. Este Benfica é uma equipa descrente, apática, que não me parece disposta a sofrer. Tomou conta do jogo, teve o domínio das operações e a seguir desorganizou-se em termos defensivos, deixou-se partir, permitiu que os jogadores estivessem distantes uns dos outros, com uma falta de concentração perfeitamente anormal. Dá ideia de que, de uns jogos para os outros, não aprende com os erros cometidos.

2 - Imagem desastrosa e Aimar a remar sozinho

O que se passa a nível de resultados começa a ser grave para a imagem internacional do Benfica. É que, para o exterior, não passa apenas uma derrota por 3-0 consentida perante um adversário fácil; passam todo o passado recente e uma imagem de insegurança e instabilidade. Os 5-0 do Dragão continuam vivos e, pelo jogo de ontem, percebe-se que a vitória por 4-0 frente à Naval em termos práticos não serviu de nada.
Olha-se para esta equipa e percebe-se que há muita desmotivação, e são vários os jogadores desmotivados. Ontem, a excepção foi Aimar, que se fartou de remar contra a maré, mas esteve sozinho. Foi o único que se notou que queria mesmo ganhar.
Foram muitos os problemas no último terço do campo, e o Hapoel, mesmo pondo muita gente atrás da linha da bola, era pouco agressivo e defendia mal. Mesmo assim, na segunda parte bastou-lhe fazer uma transição bem feita e aproveitar duas bolas paradas para humilhar o Benfica.

3 - Surpreendeu-me ver Carlos Martins no banco

Surpreendeu-me que Carlos Martins tivesse ficado no banco. Do meu ponto de vista, ele dá mais consistência à equipa tanto em termos defensivos - mesmo que não seja perfeito - como em termos ofensivos. É também um jogador que pode fazer a diferença nas bolas paradas, nos remates de meia distância ou mesmo nos passes de risco. Um meio-campo com Salvio e Gaitán não me parece que possa ser consistente. Carlos Martins dá mais garantias do que qualquer um dos outros e tem estado moralizado, até com a Selecção Nacional.
Qualquer que seja o ângulo de abordagem deste jogo, tem de ficar claro que, pelo número de oportunidades criado, o Benfica deveria ter vencido com tranquilidade.

4 - É tempo de deixar de falar de Ramires e Di María

Nesta altura, já não se pode continuar a atribuir a má época à saída de Ramires e Di María. Parece-me que a equipa está a passar por uma crise mental; a capacidade de reacção a uma contrariedade é praticamente inexistente. Insisto na ideia que me parece mais chocante: a equipa não está disposta a sofrer. Porque embora esta equipa não seja tão boa como a da época passada, vale muito mais do que aquilo que tem feito. Falta eficácia, falta definição no último terço, a organização desfaz-se, não tem conta o número de cantos desperdiçados por uma equipa que na época passada dominava completamente este aspecto tanto na componente ofensiva como defensiva. Continuar a falar dos jogadores que saíram, mesmo tendo eles sido importantíssimos, é querer passar ao lado dos problemas.
Ontem tinha bastado pressionar o Hapoel à saída da sua área. Das poucas vezes que o fez, o Benfica ganhou a bola e criou perigo. Devia ter sido fácil.

5 - Mercado não é única solução

Principalmente desde a derrota no Dragão que se tem falado muito de mercado, e acredito que os rumores vão aumentar a partir deste desastre. Sinceramente não me parece que a solução para os problemas do Benfica passe apenas por idas ao mercado. Quando a crise é psicológica, não é a chegada de novos jogadores que vai mudar o cenário. É óbvio que a chegada de bons jogadores pode ajudar, mas para resultar é preciso que treinador tenha conseguido recuperar o grupo em termos psicológicos. Nesta altura, o problema motivacional é o mais importante de todos. As quebras de concentração e a incapacidade para reagir às contrariedades são prova disso mesmo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Hapoel Tel Aviv 3 - 0 Benfica - Fase de Grupos Liga dos Campeões 2010/11

Só hoje escrevo sobre este jogo porque, na verdade, não queria escrever a quente depois do que aconteceu na quarta-feira. No entanto, dou por mim a pensar que a minha opinião se mantém a mesma desse dia. Assistiu-se, em Israel, a uma das páginas mais negras da história do Benfica. O que se viu naquele campo foi miserável. E não me estou a referir apenas ao resultado (embora achasse de todo inconcebível, antes do jogo, que o Benfica fosse perder a Israel e por uma margem tão acentuada). Estou a referir-me à exibição e à falta de vontade gritante de alguns jogadores em estar ali e trabalhar pelo Benfica. A partir de agora nunca mais vou engolir as tretas de entrevistas ao jornal O Benfica a dizerem que o Benfica é uma religião, que adoram o clube acima de tudo, que é aqui que querem estar. É tudo mentira. Quem adora o Benfica somos nós, os adeptos e sócios. Já lá foi o tempo dos jogadores, treinadores e dirigentes representarem o clube por amor. Agora só se pensa no dinheiro. Por isso é que já não me apanham a idolatrar jogadores de futebol. Já lá foi esse tempo. Como se pôde novamente comprovar há 2 dias. Sim, estou a falar de David Luiz em particular, mas podia alargar a crítica para quase toda a equipa. A exibição que vimos a maioria dos jogadores fazer foi perto do horrível, sem garra, sem alma. Se estão na Liga dos Campeões a fazer um frete imagino o que pensem das outras competições. Vão-se embora, porque de jogadores assim não precisamos. Nenhuma equipa precisa. O Maxi este ano está morto, a dupla de centrais roça o ridículo, o Javi está a anos-luz do ano passado (falta-lhe o Ramires, eu sei), o Salvio é uma lástima, o Gaitán não tem poder de explosão, o Saviola foi posto de parte pelo Jesus e o Kardec é um azelha de todo o tamanho. Tudo isto é verdade, mas tudo isto não explica levar 3-0 de um conjunto que muitas vezes pareceu constituído por amadores. Só que esse amadorismo nunca foi aproveitado por nós e pior, foi transferido para nós. Sofremos mais 2 golos de bola parada (algo inconcebível, dado que a defesa é a mesma do ano passado), o David Luiz voltou a ter culpas pelo menos nesses 2 (o que já é um hábito que vem de há 2 épocas, mas os benfiquistas entenderam que haviam de idolatrar o menino, que se há-de fazer...) e o Jorge Jesus voltou a mostrar falhas em ler o jogo em momentos críticos. Sinceramente, este ano o mister está a revelar-se uma desilusão para mim. Há vários anos que o considero um dos melhores treinadores portugueses e o ano passado, com aquele futebol que nos proporcionou, confesso que me encheu totalmente as medidas. Mas falhou num momento decisivo (em Liverpool) e este ano então tem sido de bradar aos céus. Começou logo na planificação da temporada, mas disso já falei aqui. Depois veio a Supertaça, que condicionou toda a época (como eu já esperava e também avisei aqui). A partir daí têm sido fracassos atrás de fracassos. Agora vamos para a Liga Europa (em princípio...) e aí quero ver o que esta equipa vai fazer. Se encararem essa competição como encararam a principal, mais vale sermos eliminados logo na primeira ronda para não fazermos figuras tristes e manchar ainda mais uma história tão gloriosa mas que tem sido tão maltratada nos últimos anos. Ah, e que pelo menos haja a decência e o bom senso de tentar vencer as 2 taças nacionais ainda em jogo e de assegurar o 2º lugar para sonhar em participar na Liga dos Campeões da próxima época (se é que vale a pena irmos para lá). E acho melhor ficar-me por aqui no que respeita ao extra-jogo porque sinceramente creio que quem me lê habitualmente sabe a minha posição face ao nosso presidente e a toda a estrutura directiva que gere o Benfica. Eu digo-o com todas as letras: amo o Benfica, é o clube do meu coração e dava tudo para o servir de borla se preciso fosse. Mas esses abutres que de há largos anos para cá minam o clube (não estou a falar só desta direcção, mas de todas desde o Jorge de Brito) deviam levar dias fechados nos seus gabinetes a ver jogos e documentários de antigamente para ver se levavam um banho de humildade e de benfiquismo. Isto que está agora instaurado, esta era das SAD's e de todas as porcarias adjacentes, jogadas de bastidores, empresários a intrometerem-se nos onzes dos treinadores, contratações e escalações técnicas com o único objectivo do lucro (porque é que acham que o Weldon e o Nuno Gomes não contam ao pé de Kardec e Jara? É porque são piores? Não, não é: é porque já não poderão dar dividendos no futuro), esta porcaria já não é o futebol que me apaixonava em criança, isto já nem é competição saudável. É uma indústria totalmente subvertida a favor dos grandes interesses económicos, como aos poucos vai acontecendo com tudo na vida. E isso dói-me muito, porque acima de tudo sou um apaixonado do desporto, da competição saudável. E este circo mediático de saudável já nada tem. Isto está tudo viciado, e o problema é quando minam o clube de dentro. Espero sinceramente que daqui a uns tempos apareça algum benfiquista a sério, que ame o clube, a pegar nele e a devolver-lhe aquilo que em tempos se chamava a mística benfiquista. Perguntem aos antigos o que era.


Sobre o jogo, nem vale a pena dizer grande coisa. O Benfica teve mais de 20 cantos e em nenhum criou perigo. Teve várias ocasiões de golo, algumas flagrantes (o Kardec falhou duas que com o "desastre e ex-jogador" que é o Nuno Gomes estariam lá dentro), mas não teve arte nem engenho para marcar. O Hapoel fez 4 ou 5 remates e marcou 3 golos, todos quase oferecidos pela defesa encarnada. Só posso dar os parabéns ao Zahavi, que com o bis se tornou no homem do jogo, e ao Douglas, que marcou um golo dificílimo (depois do David Luiz se fazer à bola de calcanhar em plena pequena área, só um deficiente motor não marcava).


De resto, já disse tudo. E se calhar até disse de mais.

Os golos do jogo aqui:

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Taça da Liga - Sorteio

Ocorreu esta tarde o sorteio da 3ª fase da Taça da Liga, competição onde o Benfica é bi-campeão em título. Por essa razão, e ainda para mais depois do campeonato já não ser mais que uma mera miragem, creio que se torna imperativo afirmar que teremos de lutar novamente pela vitória na competição, tal como deverá acontecer com a Taça de Portugal.


Do sorteio propriamente dito, não se pode dizer que tenha sido desfavorável. Iremos receber o Marítimo e o Olhanense, com o único jogo fora a ser disputado no terreno da equipa mais fraca, o Aves, precisamente a única do grupo da Liga Orangina. E temos essa benesse que é o facto de irmos jogar a meia-final, caso nos qualifiquemos, na Luz, o que significa que muito provavelmente iremos novamente jogar com o Sporting nas meias-finais da prova e com o Porto na final, tal como aconteceu na temporada passada. Aí, não demos hipótese. Resta esperar para ver o que irá acontecer este ano. Certo é que temos tudo para levantar a 3ª Taça da Liga do nosso historial, um troféu que nenhum dos nossos adversários directos ainda levantou. O que é um orgulho.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Só pequenas considerações

Não tenho postado nada porque, sinceramente, não tem havido nada de mais para comentar. Sem o Benfica a jogar e, felizmente, sem grandes polémicas extra-futebol ao longo desta semana que passou, não houve grandes assuntos sobre os quais falar, apesar do triunfo da selecção sobre a Espanha - que não comentei no próprio dia porque se deu apenas num amigável. O que não lhe retira o brilho e mantém em mim a certeza de que esta selecção com Paulo Bento ao leme pode vir mesmo a chegar longe. Que vontade de mandar Carlos Queiroz para o sítio onde mandou o senhor do ADOP...

No Magalhães SAD encontrei estas duas entrevistas, uma a um ex-jogador do Benfica, outra a um que ainda pertence aos nossos quadros. Achei ambas muito curiosas. Que me dizem sobre os 2?

Da Taça, não vou comentar grande coisa porque o Benfica ainda não jogou. Fiquei triste pela eliminação do Portimonense, feliz pelo Olhanense e constatei que, mais uma vez, o Porto leva de vencida um jogo de forma irregular. Perto do intervalo, um golo foi mal anulado ao Moreirense. Alguns portistas dizem que não faz mal, porque antes tinha ficado um penalty por assinalar sobre Hulk. Admitindo que pudesse ser marcado, tenho de dizer que não concordo: para mim não há falta. Mas pronto, o Porto passou, o Sporting passou e espero que o Benfica passe para poder batê-los mais tarde. A Taça tem de ser para conquistar.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

JVP


Benfica-Naval

1 - Castigo pesado para uma Naval que foi exemplo de coragem

Num jogo agradável de seguir, especialmente na primeira parte, muito aberto e de parada e resposta, a vitória foi justa, mas os números pesados. Ambas as equipas tiveram atitudes muito positivas perante o jogo, especialmente a da Naval. Na Luz, jogou o jogo pelo jogo e rematou várias vezes, o que demonstra coragem. Pecou na eficácia, por isso tem a lamentar o resultado. Por aquilo que aconteceu na primeira parte, o empate seria justo ao intervalo. Mas insisto no elogio à atitude da Naval: o último classificado, na Luz, costuma jogar para não perder, pelo pontinho, não sendo nada habitual que atire bolas ao poste ou obrigue o guarda-redes encarnado a brilhar.
A Naval conseguiu dividir a partida, porque o Benfica o permitiu. Até ao primeiro golo, os navalistas estavam por cima, mais ofensivos, e tinham mais remates. Isto porque a equipa da casa deu espaços, não pressionou e mostrou-se vulnerável à dinâmica do adversário, que tem avançados possantes e rápidos como Fábio Júnior e Carlitos.

2 - Entrada do Benfica não foi a de quem tinha levado cinco

O Benfica entrou no jogo de uma forma muito estranha. Depois da pesada derrota no Dragão e da semana complicada que se lhe seguiu, culminada com a pressão exercida pelos adeptos, o que seria de esperar era uma entrada em campo mais forte, a atacar desde o início. Podia até nem fazer uma entrada de qualidade, mas exigia-se que tivesse outra agressividade e outra entrega. Mas mesmo depois do primeiro golo, em pouco tempo a Naval conseguiu recuperar o ânimo e voltar a dividir o jogo. E as mudanças no onze do Benfica não servem de desculpa, porque não foram ditadas por opção. Os que ficaram de fora, foi por castigo ou lesão, a equipa que jogou era a que se previa que jogasse.

3 - Guarda-redes, Salvio e Aimar em destaque

Num jogo em que é justo elogiar os dois guarda-redes - Salin teve azar no último golo, mas fez uma boa exibição, tal como Roberto -, o resultado não traduz as dificuldades que o Benfica sentiu. O jogo podia ter-se complicado para os da casa na primeira parte, mas o segundo golo, logo a abrir a segunda parte, foi o momento do jogo. A Naval não conseguiu ser a mesma equipa, e o Benfica controlou, impôs mais velocidade, aumentou a dinâmica colectiva e não se desequilibrou.
Para além dos guarda-redes, gostei de Salvio e Aimar, este com bons entendimentos com Saviola. Embora, Gaitán tenha marcado dois golos, Salvio e Aimar foram os que mexeram na dinâmica da equipa.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Benfica 4 - 0 Naval - 11ª Jornada 2010/11

Lá regressámos às vitórias, com o resultado a ser muito melhor do que a exibição (especialmente na primeira parte, onde podíamos ter sofrido uns dois golos). Neste caso, o que conta foi mesmo a conquista dos 3 pontos e os golos conseguidos, quase todos de excelente execução (como havia acontecido no jogo que postei antes, de há 3 épocas). Com o quarto golo, o de Nuno Gomes, colocámo-nos à frente do Vitória de Guimarães na diferença de golos, pelo que recuperámos o 2º lugar. Neste momento, tem de ser esse o nosso principal objectivo: assegurar o lugar que nos permita estar na Liga dos Campeões da próxima temporada. E tentar ganhar as 2 taças nacionais.


Na entrada no jogo percebeu-se a tremideira de quem vem de uma derrota como a que o Benfica sofreu no Dragão. Ainda por cima com 4 trocas forçadas, 3 por castigo e uma por lesão (se bem que o facto do Sidnei ter de jogar de inicio é já de si um castigo...). Os encarnados permitiram que a Naval, montada com tracção à frente, disputasse o jogo por igual e tivesse mesmo várias oportunidades para marcar, a grande maioria motivadas por remates de longe - dois deles foram ao poste. Pode dizer-se que a nossa sorte na primeira parte foi mesmo ter marcado o golo tão cedo. Uma boa finalização de Kardec, à ponta-de-lança.


Uma demonstração de futebol a sério, só na segunda parte. Nalgumas ocasiões, parecia que estava a ver o Benfica da época passada (ainda que com algumas nuances, bem entendido). A cereja em cima do bolo foram os dois golões de Gaitán. O argentino vai mostrando, de vez em quando, que tem grandes qualidades técnicas. O problema dele é correr. Quando tem predisposição para isso, mostra que pode vir a ser muito bom. Quando a situação não é essa... digamos que é mau para o Benfica.


A terminar, lá entrou o capitão para jogar 4 minutos com o resultado já feito e, ironia das ironias, marcou um golo digno dos melhores avançados, daqueles que têm o verdadeiro faro pelo golo, que acreditam que o guarda-redes adversário pode sempre falhar a bola. E ele marcou, e chorou, lembrando o pai, falecido recentemente. E a equipa exultou com ele.


Na Naval, que caminha a passos largos para a descida de divisão, o melhorzinho foi mesmo o melhor jogador da equipa, o avançado brasileiro Fábio Júnior. É claramente bom demais para jogar num plantel tão fraco.

E assim lá voltámos a vencer, num fim-de-semana em que o Braga perdeu mais uma vez - já é 10º... Sem forçar muito, o Benfica acabou por merecer totalmente os 3 pontos conquistados. Agora só voltamos a jogar daqui a uma semana, devido ao jogo da selecção e ao facto do nosso com o Braga para a Taça ter sido adiado para Dezembro. Jorge Jesus terá assim todo o tempo para preparar da melhor forma a visita a Israel, que nos poderá colocar muito perto da próxima fase da Liga dos Campeões. Assim o queiram os jogadores. É isso que todos esperamos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Benfica no campeonato - Benfica 3 - 0 Naval 2007/08

A partir desta jornada - por nenhuma razão em especial; basicamente, porque me apetece - irei relembrar, antes de cada jogo, o melhor duelo de sempre entre o Benfica e a equipa que iremos defrontar nesse fim-de-semana. Como no Domingo receberemos a Naval, resolvi ir aos arquivos e ver qual o jogo mais memorável de sempre entre o Benfica e os figueirenses. Fiquei na dúvida entre 2: o 4-2 da época passada, na Figueira da Foz, cuja reviravolta nos catapultou definitivamente para o título (estávamos a perder por 2-0 aos 16 minutos); ou o 3-0 de 2007/08, um jogo que valeu pelos grandes golos de Cristian Rodríguez e Rui Costa (principalmente este), numa altura em que a equipa de Camacho ainda prometia muito. Acabei por me decidir por este último, não só pelo brilhantismo dos golos desse jogo, como também pela possibilidade de rever mais uma vez o Maestro com a camisola encarnada vestida e também porque o 4-2 ainda foi há relativamente pouco tempo, ainda está mais fresco na nossa memória.

Curiosamente, do 11 que defrontou a Naval nesse dia, à 4ª jornada do campeonato, só restam no plantel actual Luís Filipe, Maxi (que então jogava a médio-direito) e Nuno Gomes. No banco estavam Fábio Coentrão (entrou aos 84 minutos) e Cardozo, que nem jogou. Luisão, Moreira, David Luiz e Mantorras estavam lesionados, pelo que não fizeram parte das escolhas de Camacho. Que este resultado se repita no Domingo, e se não for pedir muito, que possamos assistir a golos igualmente brilhantes (claro que o de Rui Costa, por exemplo, é impossível de ser revisto, mas pronto...).

O resumo do jogo:

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

RAP


Parabéns ao Porto pela vitória de amanhã

Manda o desportivismo felicitar o adversário quando ganha, e eu aproveito para me antecipar. No jogo de amanhã, tudo está a favor do Porto. O Benfica vai, provavelmente, apresentar a sua segunda equipa. Creio que a inteligente estratégia inaugurada pelo Leiria pode ter feito escola, e não me surpreenderia que todos os clubes passassem a jogar no Dragão com as reservas. Dizem que poupar jogadores no Dragão é duplamente saudável: refresca os titulares que descansam, e também revigora os clubes. Quando se sabe gerir o esforço é outra coisa. Além disso, o árbitro será Pedro Proença, que é benfiquista (como Vale e Azevedo), e é o célebre inventor do penalty inexistente de Yebda sobre Lisandro López, há dois anos.

Talvez Proença e Vilas Boas possam, no fim do jogo, trocar algumas impressões acerca da actividade de detectar penalties que mais ninguém vê, da qual são ambos orgulhosos praticantes. De acordo com o jornal Semanário Privado de 26 de Agosto de 2009 (que só li para não ser excluído da discussão pública), Pedro Proença é também referido na escuta de uma conversa entre Pinto da Costa e Pinto de Sousa. Pinto da Costa pergunta ao amigo quem vai ser o árbitro de determinado jogo do Porto, e Pinto de Sousa responde, referindo-se a Pedro Proença: «É o que a gente combinou». O futebol português pode ter muitos defeitos, mas do ponto de vista da organização é irrepreensível: quase tudo está combinado. Mais: o Benfica tornou a preparar-se de forma deficiente para o jogo. Como se viu em Coimbra, bola na mão na área do Porto é bola na mão; bola na mão na área do adversário é penalty, o que constitui urna vantagem inestimável para os portistas. A ártica maneira de contrariar esta vantagem do Porto é reforçar o plantel com jogadores manetas, e o Benfica teima em não o fazer. Por outro lado, a equipa volta a apresentar-se no Dragk) apenas com os onze jogadores, e não com onze jogadores e onze caddies. É indigno que tenham de ser os próprios futebolistas a apanhar as bolas de golfe.

ACADÉMICA e Porto encontraram-se na semana passada para jogar urna modalidade desconhecida, e o resultado final foi a vitória do Porto. Surpreendentemente, os três pontos obtidos contaram para o campeonato de futebol. Foram várias as pessoas que dis seram que o jogo não se deveria ter realizado, mas compreende-se a decisão de não adiar. Se o jogo tivesse sido adiado, o Porto chegaria ao encontro com o Benfica com apenas quatro pontos de avanço. Se se realizasse na data prevista, poderia chegar com sete. Valia a pena arriscar.

MIGUF.I. SOUSA TAVARES insiste que «a Declaração de Independência dos Estados Unidos é parte integrante da Constituição americana, escrita oito anos depois» . Lamento, mas é falso. A Declaração de Independência não é repito, não é — parte integrante da Constituição americana, que por sua vez não foi — repito, não foi — escrita oito anos depois, mas mais de dez anos depois. Não é bem uma questão de opinião, é um facto que pode ser comprovado por qualquer leitor, por exemplo no sitio da biblioteca do Congresso. Os leitores interessados podem ain da consultar Os Lusíada o Pantagruel e o Kama Sutra e verificar a curiosa coincidência de todas essas obras terem em comum com a Constituição americana o facto de a Declaração de Independência não ser — repito, não ser parte integrante delas. Creio que, após ter confundido a Constituição com a Declaração de Independência, MST confunde agora a Declaração de Independência com a Declaração dos Direitos dos Cidadãos (a chamada Bill of Rights), que contém as primeiras dez emendas à Constituição. Começam a faltar documentos históricos importantes para MST confundir com a Declaração de Independência, pelo que tomo a liberdade de sugerir, para confusões futuras, os seguintes: a Magna Carta, o Tratado de Tordesilhas e os Estatutos do Clube Desportivo Arrifanense. Resumindo: como tenho vindo a dizer, a frase que MST citou como sendo da Constituição é da Declaração de Independência — e atribuí-la à Constituição é, aliás, um erro comum. Mas não é grave. É sem dúvida menos grave do que a incapacidade de admitir erros. MST gaba-se de ter sido, juntamente com Cavaco Silva, «o único de todos os convidados a recusar o convite» para ir ao Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios. Lamento, mas é falso Confesso que desconheço como é que MST, sem recurso a poderes mediúnicos, julga saber quem é que foi ou não convidado por nós, mas esta nova mistificação tem um objectivo claro: sugerir que os textos de MST são de tal modo excelentes que a mais pequena crítica que lhes seja feita só pode ser produto de tuna mesquinha vingança. No entanto, ao contrário do que MST pretende, recusaram ir ao programa Cavaco Silva, Jorge Sampaio, Pinto Monteiro, Manuel Pinho, Maria José Morgado, Belmiro de Azevedo, José Mourinho, Cristiana Ronaldo, Azeredo lopes, Maria dei urdes Rodrigues, Alberto João Jardim, Manuel Alegre, Pacheco Pereira, José Eduardo Moniz, Manuela Moura Guedes, Medina Carreira e Miguel Sousa Tavares. Faça-se justiça: NIST, não tendo sido o único a recusar, foi, sim, o único a pedir 24 horas para pensar. Todos os outros decidiram mais depressa. Quanto a nós, nem retaliamos contra quem recusa nem premiamos quem aceita. Basta lembrar que Rui Moreira aceitou participar num programa nosso e leva o mesmo tratamento. Mas, tal como MST, também eu me tenho lembrado, por estes dias, do Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios. Era um programa cuja estratégia humorística principal consistia em apresentar declarações de determinado político a defender urna dada posição, seguidas de outras declarações do mesmo político a defender a posição oposta. A incoerência, quando é assim flagrante, tem graça. E, como vivemos em democracia, apontar as incoerências dos mais altos (e também de alguns dos menos altos) dignitários da nação é legítimo. Fazer o mesmo com as doutas opiniões de comentadores desportivos é que parece ser intolerável.

Ricardo Araújo Pereira, 6 de Novembro 2010 in jornal A Bola

PS: Esta foi a última crónica de Ricardo Araújo Pereira no referido jornal, dado que o humorista se solidarizou com o colega Zé Diogo Quintela, a quem foi censurada uma parte de uma das suas crónicas em que respondia ao noj... a Miguel Sousa Tavares. Ambos deixaram de escrever para A Bola.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Desculpem-me os sportinguistas a sério, mas tem de ser

Normalmente não faço posts sobre os resultados dos outros clubes (quando muito, comento-os nos posts sobre o Benfica), mas desta vez tenho de abrir uma excepção para abordar o desfecho do Sporting-Vitória de Guimarães. E tudo por causa de uma figura abjecta que o clube leonino tem a infelicidade de ter como presidente da sua Assembleia Geral, um monte de esterco que dá pelo nome de Rogério Alves. Disse o monte de esterco na manhã de ontem que estava radiante de felicidade com a goleada do Porto ao Benfica. "O fanfarrão levou um banho de humildade", foi o seu comentário sobre a nossa derrota.

...

Penso que, depois de vermos o que aconteceu à noite, não preciso de dizer mais nada.

PS: Perdoem-me os sportinguistas como o Cantinho e outros amigos meus, que muito prezo e que não merecem ser gozados por uma derrota, causada pela estúpida expulsão de um ex-jogador. Mas por vermes como esse Rogério Alves, não tenho problemas nenhuns em "desfrutar" da vossa derrota. E peço desculpa por isso.

JVP


FC Porto-Benfica

1 - Opções de Jesus resultaram duplamente mal

A vitória do FC Porto começa por explicar-se através das opções de Jorge Jesus para o onze inicial. A sua intenção ao colocar David Luiz no lado esquerdo da defesa e Salvio no meio-campo era tornar a equipa mais compacta em termos defensivos. Em teoria, David Luiz iria fortalecer o lado esquerdo e, juntamente com Coentrão, travar Hulk; Salvio ajudaria a ganhar o meio-campo que passaria, na prática, a ter quatro homens. Percebo o pensamento do treinador do Benfica, mas a equipa não respondeu ao que ele pretendia e acabou por ver-se duplamente prejudicada: por um lado, porque David Luiz não tem rotinas de lateral-esquerdo, perdendo-se na posição, e com os desequilíbrios do FC Porto a surgirem por esse lado; por outro lado, a equipa não criou perigo, pois faltou-lhe a dinâmica que normalmente surge por via do entendimento entre Aimar e Saviola. Só que este último não estava em campo!

2 - O mérito do FC Porto e a potência de Hulk

Há, naturalmente, muito mérito do FC Porto - que inicialmente fez um jogo muito inteligente, pensado, gradualmente intensificando a pressão sobre o Benfica quando não tinha a posse de bola. O FC Porto percebeu os problemas que o Benfica ainda não conseguiu resolver do lado esquerdo, em que das duas posições só uma oferece garantias, que é aquela onde jogar Coentrão. A fragilidade nesse flanco é visível pelas constantes alterações de jogadores - ora entra César Peixoto, ora Gaitán, que dá boa dinâmica atacante mas não defende. Além disso, a equipa portista tem, do meio-campo para diante, jogadores que circulam bem a bola, que criam uma boa dinâmica e no ataque tem elementos que desequilibram. E, neste momento, é muito difícil segurar Hulk, em especial quando lhe pertence a iniciativa da jogada. A partir do momento em que se vira de frente para o adversário, fruto do seu poder de arranque, ganha-lhe logo dois metros. E a isto junta-se velocidade e potência de remate.

3 - O Incrível definiu o encontro

A história do encontro não é difícil de contar. Nos primeiros dez minutos, as equipas estudavam-se, procuravam manter a organização defensiva mas também responder aos ataques uma da outra. Até que surge o momento que marca o jogo: Hulk desequilibra e define o que se passaria daí para a frente. Embora David Luiz pudesse fazer um pouco mais, é muito difícil travar este Hulk. Seja David Luiz ou qualquer outro defesa!

4 - Um grande golo de Falcao

Falcao fez um grande golo e de execução muito difícil. Uma coisa é a bola vir a rolar rente à relva, em que basta um pequeno toque para a desviar. Aqui tratou-se de um lance muito mais difícil, pois a bola vem pelo ar e o avançado colombiano é obrigado a imprimir-lhe mais força para ela entrar. A beleza do golo começou, no entanto, na forma como ganhou o espaço e depois pela rapidez com que pensou e executou.

5 - Eficácia portista e incapacidade encarnada

Sublinho a tremenda eficácia demonstrada pelo FC Porto. Fez três golos nos primeiros três ataques perigosos que efectuou e conseguiu sempre alargar e aprofundar melhor o seu jogo. O Benfica não teve essa capacidade nem conseguiu arranjar argumentos para responder. Aliás a sua grande oportunidade foi apenas na segunda parte, quando após um canto Luisão amorteceu para um remate de David Luiz, a que Helton correspondeu bem. O Benfica não conseguiu reagir aos golos sofridos e se as coisas já estavam complicadas ainda mais ficaram com a expulsão de Luisão. É uma daquelas coisas que não deveria acontecer mas que reflectem a situação do Benfica, com os jogadores a sentirem que a equipa não está a reagir - e logo num clássico - e a verem aumentar a diferença pontual para o rival.

6 - FC Porto superior

Assim como na época passada se reconhecia que o Benfica estava a ser superior, agora deve fazer-se o mesmo em relação ao FC Porto. E não é só Hulk que merece ser destacado, ainda que o seu momento actual de forma possa roubar protagonismo a Varela, Falcao, Belluschi ou Moutinho. A entrada deste último no meio-campo foi, de resto, fundamental, pois ao ser muito disciplinado tacticamente permitiu que Belluschi se libertasse e passasse a fazer desequilíbrios à semelhança de Lucho González e a aparecer nas costas dos avançados. Os jogadores que entram estão confiantes porque a equipa está bem. Exemplos disso são Guarín (nem se notou a ausência de Fernando) e Rúben Micael, que substituiu Belluschi. Este estado de espírito permite motivar tanto os titulares como aqueles que jogam menos. E tudo isto sem a pressão pontual, pois o adversário mais próximo está já a dez pontos

7 - Bem encaminhado para o título

Embora se pense nisso, não se deve dizer já que a época está resolvida. Mas é inegável que o FC Porto está muito bem encaminhado rumo ao título, apesar de ainda só terem sido disputadas dez jornadas, isto é, o primeiro terço do campeonato. Digo isto não só pela diferença pontual mas sobretudo pela forma como a equipa está a jogar. Isto é semelhante ao que sucedeu com o Benfica na época passada. A grande diferença é não ter um rival à altura como o Benfica teve no Braga na última temporada, o que permite ao FC Porto respirar ainda melhor.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Porto 5 - 0 Benfica - 10ª Jornada 2010/11

Para ser sincero, pouquíssima vontade tenho de escrever esta crónica, pois nem sei por onde começar. O jogo de hoje dava para se fazer um manual de como um treinador não deve preparar um jogo, de como uma estrutura directiva não deve planear uma época e de como não se devem desculpar todos esses erros com a arbitragem. Sofremos hoje uma das derrotas mais pesadas e humilhantes da nossa história, frente a uma equipa que a mereceu por completo e que até levantou o pé do acelerador na segunda parte. Se assim não fosse, até podiam ter sido mais. Uma vergonha para um campeão nacional.


Por toda a blogosfera se foi dizendo no início da época que a planificação da temporada não tinha sido bem feita, que as saídas de Di María e Ramires não tinham sido bem suplantadas, que as contratações foram inúteis para um campeão que pretendia revalidar o título e fazer excelente figura na principal competição europeia de clubes. Já todos sabemos disso (embora os órgãos oficiosos do Benfica teimem em tentar tapar o sol com a peneira e falar apenas mal das arbitragens, insultando e chamando de não-benfiquistas todos aqueles que se insurgem contra os erros cometidos pela nossa direcção). Os culpados deste descalabro que aconteceu hoje e que tem sido, no fundo, toda esta temporada são 2: o presidente Luís Filipe Vieira e o treinador Jorge Jesus. O presidente, porque não tem a visão estratégica necessária para perceber quais os jogadores que tem mesmo de trazer para o clube (e porque não deixa quem a tem se intrometer nas suas decisões); o treinador, porque não soube impor a sua vontade quando sabia perfeitamente que não tinha ninguém capaz de substituir aqueles 2 jogadores. Em relação ao jogo em si, aí todas as culpas vão única e exclusivamente para Jorge Jesus. Ainda hoje ele continua convencido de que não foi por pôr o Sidnei a titular e o David Luiz à esquerda que perdeu em Liverpool, quando todos sabemos que foi, e o espelho disso é que hoje voltou a fazê-lo. Com os desastrosos resultados que vimos em ambas as ocasiões. Eu já sabia que ele ia fazer esta asneira desde ontem, na verdade. Sobre o Sidnei, só posso dizer que na 4ª-feira fui ver o jogo para a Liga Centenária com o Real Massamá e ele foi apenas o pior em campo (e o Real tinha apenas 2 seniores a jogar): completamente displicente, gordo, sem ritmo, sem velocidade e, o pior de tudo, sem vontade de fazer nada. Sem vontade de jogar. O Roderick nesse jogo foi totalmente superior, foi o patrão da defesa; o Fábio Faria esteve bem; até o Zoro foi seguríssimo naquele dia. Mas o Sidnei foi horrível. A minha pergunta é: será que o Jorge Jesus é incapaz de ver aquilo que toda a gente consegue ver? E a minha resposta é: o problema do Jorge Jesus este ano chama-se presunção, vaidade, até arrogância. Ganhou um campeonato e convenceu-se que era o maior do mundo, tal como o presidente e toda a estrutura. O José Veiga disse isto há 5 anos: no Benfica não se sabe ganhar. Ganha-se uma vez e fica-se de peito feito a achar-se que somos os maiores do mundo. E as coisas não são assim. No Porto, por exemplo, nada disto acontece. O presidente não o permite. Ele quer sempre ganhar, não fica um ano inteiro a pavonear-se pelo que ganhou no ano anterior nem pelo estádio que projectou há 7 anos. O que faz fora do clube é criminoso e deveria ser preso por isso, mas dentro do clube é um presidente a sério. Algo que no Benfica não aparece há muitos, muitos anos. Infelizmente.


Em relação ao jogo em si, não sei se vale a pena dizer muito mais. O erro já repetido tantas vezes voltou a mostrar ser isso mesmo, um erro, logo no início, com Hulk a papar por completo o novo lateral-esquerdo do Benfica e a cruzar para Varela finalizar tranquilamente. 1-0 para o Porto.
(Um aparte para abordar uma questão que me intriga há anos: porque raio é que todos os treinadores têm a tendência incrivelmente absurda de mudarem a equipa quando chega um jogo com uma equipa mais forte? O único treinador que conheço que não o faz é o Mourinho - e talvez o Alex Ferguson. Acho que já disse tudo).


Sem surpresa, o 2-0 chegou num golo magnífico de Falcao. De que lado aconteceu a jogada de Hulk? Adivinharam.
O 3-0, apenas 4 minutos depois, pelo mesmo jogador (o melhor avançado do campeonato já desde o ano passado, como sempre disse aqui). A jogada, desenhada por Belluschi, toda ela do lado... nem vale a pena acabar a frase; já chegaram lá, certo?


Ao intervalo, UAU! Um rasgo de lucidez passou pela mente de Jesus, e o Sidnei ficou nos balneários, dando lugar a Gaitán. Não se ganhou muito com a troca, mas pelo menos o David Luiz e o Fábio Coentrão voltaram a ocupar os seus lugares habituais. E a verdade é que, apesar dos 3-0, o Benfica até estava a conseguir aguentar o Porto, embora continuasse inexistente no ataque (deixar o Kardec abandonado à sua sorte foi outra decisão inenarrável), até que o nosso "venerado" (por muitos benfiquistas) capitão se lembrou de ter uma atitude ridícula, num lance que até já tinha ganho. Foi muito bem expulso (falhará, por isso, a recepção à Naval, tal como Carlos Martins e Maxi Pereira) e precipitou o resto da goleada que viria a seguir. Sempre pelos pés de Hulk, realmente um jogador ao qual já vão faltando adjectivos para o descrever. Apesar de não ser propriamente um jogador inteligente na definição das jogadas, acaba por compensar isso com a velocidade e força impressionantes. Será, sem sombra de dúvidas, o jogador da época 2010/11. E possivelmente também o melhor marcador - já leva 10 golos em 10 jogos, com os 2 de hoje.

No Benfica não há um jogador de quem se possa falar bem. Todos, sem excepção, estiveram fraquíssimos. A derrota é justíssima, e agora, na véspera do jogo em casa com a Naval, vamos fazer uma digressão a Angola (mais uma ideia brilhante do nosso magnífico e grandioso presidente), de modo a termos a equipa toda rota para esse jogo. Enfim... Não há muito mais que se possa dizer. Com o campeonato entregue (hoje foi a total passagem de testemunho), resta-nos tentar ganhar as 2 taças para que possamos conquistar algo este ano e, já agora, marcar presença na Supertaça da próxima época. Na Liga dos Campeões, ficar-nos-emos pelos oitavos-de-final (chegar aos quartos já é pedir muito a esta equipa) e já será bom. Agora vou-me calar com os "Eu acredito" porque já não acredito em nada - a não ser, lá está, a conquista de uma ou 2 das taças.

O resumo do humilhante jogo aqui:



PS: Aparte o resultado do jogo, é de lamentar mais uma vez os incidentes verificados, perpetrados mais uma vez apenas por adeptos do Porto. O autocarro do Benfica voltou a ser atingido por pedras e bolas de golfe, as mesmas que depois voaram para dentro do campo com o jogo a decorrer, acertando no Roberto. Não sei o que é que a Liga prevê para estes casos (como é no estádio do Dragão, se calhar não acontecerá nada), mas acho que num país normal era caso para bem mais que uma multa. Mas isso era num país normal.

domingo, 7 de novembro de 2010

Era tão bom se fosse sempre assim...

"O FC Porto – Benfica da época de 1953/54 teve a precedê-lo um ambiente bem menos medieval. No seu último número de Dezembro de 1953, O Porto, jornal oficial do clube nortenho, exortava os seus adeptos a receber condignamente os rivais que haveriam de chegar de Lisboa:
«Portistas, vem aí o Benfica. É claro que vamos receber como ele merece: à moda do Porto. Os encarnados do Sul vêm de longada até à Cidade Invicta encher de alegria os olhos dos desportistas tripeiros. Que vença, Deus o permita, o nosso glorioso clube. É legítimo. Que os bravos benfiquistas nos perdoem a tripeira fraqueza… Nada de hipocrisias porque os dois baluartes do futebol nacional já habituaram de tal maneira os seus adeptos à exibição plena das mais nobres virtudes da ética desportiva.»
E FC Porto venceu o Benfica por 5-3 sem ter havido registo de qualquer incidente, tal como o jornal O Benfica, órgão oficial do clube, relataria na sua edição de 14 de Janeiro de 1954:
«Ganhou o Porto! Foi naquela tarde o melhor. Mas também soube pôr na vitória o timbre de firmeza e educação que só os atletas de elite possuem. Perdeu o Benfica! Mas nem por isso saiu diminuído da contenda. Deixou no belo Estádio o perfume da sua categoria de grande equipa, grande na maneira de jogar, enorme na forma como soube aceitar a derrota.»
É impressionante o que o país tem evoluído nestas últimas longas décadas…"

Este é um excerto da crónica desta semana de Leonor Pinhão, que pode ser lida no Apanhados Quânticos, e a única coisa que me apraz dizer é exactamente o título deste post. Era tão bom que fosse sempre assim... Mas não é, infelizmente. Faço votos para que pelo menos hoje não aconteçam quaisquer incidentes extra-futebol e, já agora, dentro do campo. A ver se temos um clássico a sério desta vez.

sábado, 6 de novembro de 2010

O Benfica no campeonato - Porto 0 - 2 Benfica 2005/06

Porque considero o clássico deste Domingo absolutamente decisivo para as contas deste campeonato (não vamos estar com rodeios: o Porto será campeão se vencer este jogo), inauguro hoje a rubrica "O Benfica no campeonato", onde ocasionalmente (em princípio sempre na véspera de jogos decisivos) serão lembradas prestações passadas das águias frente ao adversário que virá a seguir. Neste caso, e porque esse adversário será o Porto, no Dragão, achei por bem relembrar a última vitória do Benfica neste reduto.
Foi em 2005/06, época em que, com Ronald Koeman no comando da equipa, conseguimos bater o Porto nos dois jogos. Curiosamente não serviu de grande coisa, pois acabámos em 3º lugar, a 12 pontos dos dragões. No entanto, à 7ª jornada ninguém poderia adivinhar esse desfecho, e a verdade é que o Benfica conseguiu um brilharete nesse jogo. Depois de um começo de época horrível (tal como este ano), em que chegámos à 4ª jornada com apenas 1 ponto, os resultados começaram a melhorar, mas a distância pontual para o Porto à entrada para o clássico ainda era de 4 pontos e ninguém dava o Benfica como favorito. O que é certo é que a exibição da nossa equipa foi espectacular, particularmente na segunda parte, com especial destaque para o agora capitão Nuno Gomes - na altura era Simão -, que bisou, carimbando uma vitória que fugia há muitos anos. Do actual plantel, só Luisão e Nuno Gomes actuaram nesse jogo; Moreira estava lesionado e Mantorras foi suplente não utilizado.
É uma exibição (e principalmente um desfecho) assim que espero que aconteça no Domingo. Tenho a plena convicção de que uma vitória do Benfica pode relançar o campeonato, mas uma do Porto selará o destino desta Liga por completo. O empate... deixa tudo na mesma. Portanto, vamos lá repetir o desfecho de há 5 anos. Já não será Nuno Gomes o herói do encontro (só Luisão repetirá a presença no onze), mas que seja outro o jogador a deixar o seu nome na história encarnada por ter garantido um triunfo no Dragão. Eu acredito!

Os golos desse jogo aqui:



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

JVP


Benfica-Lyon

1 - Da vitória fantástica à vitória apenas importante

O Benfica conseguiu uma vitória importantíssima na Liga dos Campeões, mas acabou por manchar, num quarto de hora, 75 minutos de futebol soberbo. Só que aquele que poderia ter sido um triunfo moralizador até para a visita ao Dragão, acabou por se transformar apenas em três pontos decisivos na Champions, tendo ficado de positivo o facto de o Benfica ter deixado de depender de terceiros. Agora não tem nada de que se queixar. Ganhar 4-3 depois de ter chegado a 4-0, foi um castigo pesado, mas também uma lição para o futuro, mesmo que se admita que os níveis de concentração possam baixar depois de se atingir uma vantagem tão confortável.

2 - Benfica e Lyon trocaram de táctica após o 1-0

O Benfica fez uma primeira parte fantástica, por vários motivos: pela coragem demonstrada ao assumir o jogo; pela inteligência evidenciada ao mudar de estratégia depois do primeiro golo; pela maturidade demonstrada ao manter a organização defensiva, sem dar espaços e aproveitando os oferecidos pelo Lyon.
A equipa francesa apresentou-se na Luz tranquila, porque tinha ganho os três jogos anteriores e podia apostar em defender bem e jogar no erro do Benfica, um pouco à semelhança do que fizera no jogo em casa. Mesmo assim, o Benfica não teve receio de assumir a procura do golo. E foi na obtenção desse primeiro tento que aconteceu, a meu ver, o momento do jogo. Porque a partir daí as estratégias ficaram trocadas. O Lyon sentiu-se desconfortável com o golo sofrido, quis subir no terreno e deu espaços, o que permitiu ao Benfica passar a utilizar o esquema de que tanto gosta e que tinha sido usado pelo adversário enquanto esteve 0-0: boa organização defensiva e transições rápidas, que ainda por cima foram feitas com grande objectividade e eficácia. O segundo golo foi disso um bom exemplo.

3 - O recuperar das bolas paradas

Para além das qualidades já referidas - e não é demais insistir na profundidade e velocidade utilizadas no aproveitamento dos espaços -, o Benfica parece querer recuperar aquele que era um dos seus trunfos da época passada: o aproveitamento das bolas paradas.
A primeira metade foi coroada ainda com o terceiro golo, o que dá uma margem de conforto importante a qualquer equipa. Daí que se perceba a desaceleração da segunda parte. O Benfica procurou gerir, manter a organização e ir deixando o tempo passar, mas sem nunca deixar de ter lances de profundidade, porque um jogador como Coentrão não deixa nunca que um jogo morra. Apesar disso a tendência era para afrouxar.

4 - O mal esteve no 4-0

Como o Lyon continuou a cometer erros, o Benfica fez o 4-0. E aqui vou realçar a intervenção de Maxi Pereira no lance, porque na memória da maioria vai ficar apenas o grande passe de Carlos Martins e a também fantástica finalização de Coentrão, mas antes disso foi preciso ganhar a bola, meter a cabeça onde o adversário tinha o pé. Maxi teve a coragem e deixou para Martins e Coentrão a qualidade e a beleza.
Só que esse bonito quarto golo acabaria por marcar negativamente a partida, porque a seguir a equipa teve uma quebra de concentração que resultou num quarto de hora que manchou aquele que deveria ter sido um grande triunfo, a coroar uma grande exibição. O Benfica não merecia um castigo tão grande, mas depois de estar a vencer por 4-0 a desconcentração é condenável mas… normal. A equipa descomprime, desacelera e basta um golo para moralizar um adversário tão experiente como o Lyon. Serve de lição para o futuro.

5 - Acordar os fantasmas

Esquecendo o quarto de hora final, no plano individual destaco a segurança e a entrega de Luisão, a qualidade de Carlos Martins, que fez quatro assistências para quatro golos, e todo o trabalho e o pulmão de Coentrão, para além dos dois golos que marcou.
Creio que as substituições que se seguiram ao 4-0 - saíram Saviola, Kardec e Carlos Martins - tiveram por objectivo poupar os jogadores para o importante jogo de domingo, com o FC Porto. E creio ter-se tratado de uma decisão acertada. Não foi por causa das alterações que a equipa se desorganizou, mas não se pode facilitar. Apesar de os três pontos nunca terem estado em causa, os três golos sofridos dão uma má imagem e até houve tempo para Roberto acordar os fantasmas.~

6 - Ala esquerda para o Dragão

Depois do jogo de ontem, não creio que a equipa a apresentar por Jorge Jesus no Dragão seja muito diferente. Se Aimar estiver em condições, deverá sair Salvio e Carlos Martins jogar na direita, mas pode abrir-se uma discussão sobre a ala esquerda. Frente ao Lyon, Coentrão e César Peixoto alternaram a posição de lateral com a de médio-ala. Quando subia um ficava o outro e fizeram-no bem, porque ambos têm rotina das duas posições. Como no domingo pela frente vai aparecer Hulk, acredito que Jesus aposte nesta dupla, com Peixoto à frente de Coentrão. Gaitán até pode ser mais criativo, mas dá menos garantias a defender.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Benfica 4 - 3 Lyon - Fase de Grupos Liga dos Campeões 2010/11

Um sonho que se poderia ter tornado um pesadelo. Este ano parece que estamos destinados a isto: sofrer sempre até ao fim e nunca ter uma vitória por garantida. Os últimos 15 minutos do jogo com o Lyon foram inacreditáveis, mas ainda assim uma coisa temos de ressalvar: o Benfica venceu o jogo, cumprindo o único objectivo que se pedia para esta partida. É certo que fica um amargo de boca enorme, pois podíamos ter goleado o Lyon e, acima de tudo, ficado em vantagem sobre os franceses no confronto directo, algo que poderia ser importante para as contas finais do grupo. No entanto, o empate do Schalke em Israel acabou por servir-nos também na perfeição. Na próxima jornada iremos nós a Israel e o Schalke recebe o Lyon, o que já permite fazer várias conjecturas: se o Schalke vencer esse jogo e nós o nosso, estaremos obrigados a ganhar na Luz aos alemães; se esse jogo ficar empatado e nós vencermos o nosso, bastar-nos-á um empate na última jornada para passar, cenário idêntico ao que acontecerá se o Lyon ganhar. Ou seja, o Benfica pode dar um passo de gigante para o apuramento se conseguir a vitória em Israel, sítio onde o Schalke escorregou. E aí veremos se as palavras do nosso treinador no início da prova, onde avisou que quem perdesse pontos com o Schalke ficava de fora, se concretizarão. Agora já só dependemos de nós para seguir em frente na competição.


Desta feita, vimos um Benfica seguríssimo de si e à procura do triunfo desde o início, mas sempre com as necessárias cautelas defensivas - ainda que o Lyon tenha mostrado ser uma equipa quase banal sem Lisandro. Para piorar o cenário inicial, Aimar sentiu-se indisposto e Jorge Jesus apostou na surpresa: Salvio no 11 inicial. E o argentino respondeu de forma muito positiva, mostrando que com tempo para se adaptar e com muito trabalho, poderá vir a ser um elemento importante na equipa. No entanto, o destaque óbvio deste jogo tem de ir para 2 jogadores: Carlos Martins e Fábio Coentrão. O primeiro, porque se redimiu por completo do erro que deu o 1-0 ao Lyon em França. Fez de 10 melhor ainda do que o Aimar costuma fazer e coroou a exibição magistral com 4!!! assistências para golo, duas na sequência de bolas paradas e duas em passes absolutamente magistrais para Coentrão. Já o lateral/médio esquerdo, que caminha a passos largos para vir a discutir nos próximos anos o título de melhor lateral/médio esquerdo do mundo com o galês Bale, do Tottenham, voltou a fazer um jogo do outro mundo, conseguindo fazer o que normalmente não consegue: golos. Até neste aspecto se tem registado uma evolução tremenda em Coentrão desde que começou a ser trabalhado por Jesus, à semelhança do que aconteceu o ano passado com... Di María. Temo sinceramente que esta seja a última época do caxineiro na Luz, pelo que sugiro que todos a apreciem com especial interesse e atenção. Ele merece.


A primeira explosão de alegria aconteceu aos 20 minutos, quando Kardec, de cabeça, desviou da melhor forma um livre superiormente executado por Carlos Martins.
Aos 32, a dupla sensação entrou pela primeira vez em acção, com Coentrão a fazer um grande golo. Lloris ainda tentou defender, mas aquela bola levava selo...


Quando aos 42 Javi García aumenta para 3-0 (num lance com muitas, muitas culpas para LLoris...), a alegria deu lugar ao espanto nas bancadas da Luz. Onde tinha estado este Benfica durante toda a época? Estaríamos perante o Benfica demolidor da temporada passada? Esta equipa era a mesma que havia sido cilindrada em Lyon? Estas eram algumas das perguntas que assolavam a mente dos adeptos, que mais estupefactos ficaram quando Coentrão aumentou para 4-0 aos 67 minutos, num golo de antologia (a forma como coloca o pé à bola para a fazer entrar só está ao alcance dos melhores).


Depois de tudo isto, quem diria que o Lyon seria capaz de criar o quase-cataclismo que se veio a verificar a partir dos 75 minutos? Ninguém, nem mesmo os franceses. Neste aspecto, as culpas recaem todas sobre Jorge Jesus, que noutros jogos da época tem sempre optado por substituições conservadoras e neste jogo resolveu brincar com o fogo, colocando quase ao mesmo tempo Weldon, Jara e Felipe Menezes. O Lyon chegou ao 4-1, por Gourcuff, e começou a acreditar que era possível voltar a ficar em vantagem no confronto directo (por essa altura já só tinha de marcar mais um) e quem sabe tentar algo mais.


O primeiro objectivo veio com o golo de Gomis (cuja entrada revolucionou o futebol do Lyon, que passou finalmente a ter uma referência na área), dez minutos depois. Nesse momento, os franceses, apesar da derrota, garantiam a superioridade sobre o Benfica em caso de empate final nas contas do grupo.


Em cima do apito final, surgiu o impensável 3º golo, naquele que foi o regresso do Roberto dos primeiros jogos. Um frango monumental do espanhol que por pouco não deu em males maiores para os encarnados.

Apesar dos desastrosos 15 minutos finais, a verdade é que o Benfica cumpriu o objectivo principal e voltou a depender apenas de si próprio para assegurar a passagem aos oitavos-de-final. Agora o importante é pensar no campeonato e na deslocação ao Dragão, naquele que será um dos jogos mais importantes do campeonato. Se perdermos, hipotecamos todas as esperanças de revalidar o título (desenganem-se os que acreditam na matemática: o Benfica nunca irá recuperar 10 pontos ao Porto este ano). Se empatarmos, é um bom resultado, na medida em que mantemos a distância pontual, não permitindo que o Porto fuja (e contribuindo para que eles percam 2 pontos, o que aumenta um pouco o interesse do campeonato). Se vencermos, ganhamos novo fôlego para o resto da temporada, além de marcarmos uma posição: afinal de contas, os campeões nacionais ainda somos nós. Porque é possível trazer um resultado positivo do dragão, de modo a manter vivas as esperanças do 33º, vamos lá, Benfica!

Os golos do jogo aqui:



PS: O Benfica conseguiu esta importantíssima vitória no dia em que se comemorava o 125º aniversário do nascimento do grande Cosme Damião, o homem que deu início a este projecto que havia de se tornar tão grande. Um grande bem-haja para ele!


PS2: Ontem fez anos o grande Aimar, um dos maiores talentos que já passou pelo nosso campeonato, e felizmente pelo Benfica. Muitos parabéns também a El Mago!


PS3: No Domingo conquistámos a Supertaça de basquetebol frente ao Porto. Mais uma conquista histórica numa modalidade onde somos reis e senhores há 3 anos. Que a mão quente se continue a manifestar também no campeonato, onde procuraremos o tri. Força, Benfica!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

RAP


Depois de treinador de Bancada, o árbitro de Bancada: Uma Evolução Natural

Confesso que tenho dificuldade em compreender os receios que rodeiam a hipotética greve dos árbitros na semana do Porto – Benfica. Não sei se ainda mantém em rigor a velha regra segundo a qual, na ausência do árbitro, deve ser recrutado um espectador na bancada para arbitrar a partida. Se assim fosse, o mais provável seria que o árbitro do jogo acabasse por ser um adepto do Porto. Sinceramente, creio que ninguém daria pela diferença. Seria um Porto – Benfica perfeitamente normal. Já aqui recordei a noite histórica em que o Sr. Donato Ramos, depois de ter permitido que o Vítor Baía defendesse com as mãos fora da área, anulou um autogolo do Porto por fora-de-jogo posicional de um jogador do Benfica. Hoje, lembro o saudoso árbitro Carlos Calheiros (que é também o eminente turista José Amorim), que um dia assinalou um penalty contra o Benfica por uma razão que permanece misteriosa até agora. Na primeira repetição, José Nicolau de Melo descortinou (e José Nicolau de Melo descortinava como ninguém) uma falta de Mozer. Na segunda repetição, julgo que aventou uma mão de Hélder. E, na terceira repetição, concluiu que não existia falta em nenhuma das infracções anteriores nem em qualquer outra, mas optou por dar o benefício da dúvida ao árbitro. Gente maldosa comentou que o benefício da dúvida tinha sido o menor dos benefícios que o árbitro tinha recebido nessa noite. Acredito mesmo que qualquer adepto do Porto faria um trabalho mais isento.

Quanto à greve, não sei se tem razão de ser, mas não percebo a forma do protesto. Quando os trabalhadores da TAP fazem greve, não comparecem na TAP, que é a morada do patrão. Quando os funcionários da EDP fazem greve, abstêm-se de comparecer na EDP, que é a morada do patrão. Quando os árbitros fazem greve, ameaçam não comparecer no estádio do Dragão? Que esquisito.

Todos estes meses depois, o túnel da Luz continua a afastar o inigualável Givanildo da convocatória da selecção brasileira. Há, perversa infra-estrutura! Perversa e sectária, que o David Luiz passa lá todas as semanas e continua a ser convocado.

“ (…) é assustador verificar a frequência com que, graças a uma redacção voluntariamente ambígua da lei, são anuladas em julgamento as escutas telefónicas.”
MIGUEL SOUSA TAVARES
Expresso, 11 de Junho de 2007

“ Durante quatro semanas a fio, o jornal «Sol» levou a cabo, tranquilamente, a divulgação de escutas telefónicas recolhidas num processo em segredo de justiça e abrangendo até alguma gente que, tanto quanto sabemos, não é suspeita de qualquer crime. (…) E todos nós, mesmo os discordantes, fomos obrigados a ler as escutas e concluir a partir dos factos e indícios nelas contidos, sob pena de sermos excluídos da discussão pública”.
MIGUEL SOUSA TAVARES
Expresso, 25 de Março de 2010

Como já aqui tive ocasião de notar, há um grande consenso social em torno do fenómeno das escutas. Até gente de clubes diferentes se encontra no essencial, o que é notável e bonito. Por exemplo, eu concordo com o Miguel Sousa Tavares quando diz que é assustador o número de escutas telefónicas, algumas bem incriminadoras, que são anuladas em tribunal. E também me sinto obrigado a tomar conhecimento dos factos e indício nelas contidos, para não ser excluído da discussão pública. O que pretende quem deseja fingir que as escutas não existem é decretar a obrigatoriedade da hipocrisia. E isso, fiquem sabendo, Miguel Sousa Tavares nunca permitiria. E eu estou com ele nesta luta. Juntos venceremos, tenho a certeza.

“ Jornalista – O best seller de Carolina assume foros de escândalo. As críticas vêm até indefectíveis portistas.

Rui Moreira – O Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa devia ter falado com os adeptos, devia ter falado com os sócios, sobre esta matéria. E devia ter-lhes pedido desculpa
(…)

Jornalista – As críticas aos administradores da SAD não se limitam à gestão.

Rui Moreira – À volta daqueles que são os grandes líderes, aquilo que acontece é que se começa a confundir a fidelidade com o cortesão. Perante o Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa são absolutamente acríticas, mas nas costas do Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa são as pessoas mais críticas. E esta tendência, que é típica dos cortesãos, como nós sabemos, aquilo a que se chama jogos de corredor, é típica também de uma instituição cuja liderança se aguenta durante muitos anos. (…) Aquele passeio da fama que o FC Porto tem, faltam lá alguns nomes, claramente.

Jornalista – Mas quem é que é o responsável por isso?

Rui Moreira – É a política de guerrilha”.

Numa interessante reportagem da RTP, disponível aqui: http://www.youtube.com/watch?v=5yjllkmd4wg&feature=related.

Tenho acompanhado com muito interesse o Trio D’Ataque na sequência do despedimento com justa causa de Rui Moreira. Por muito que me custe admiti-lo, o comunicado emitido pela SAD do Porto estava correcto: de facto, o novo elemento (além de ter a estanha mania de permanecer no estúdio durante toda a duração do programa, honrando o contrato que o liga à RTP), emite livremente opiniões que são da sua exclusiva responsabilidade. O novo modelo do programa faz lembrar o tempo em que Rui Moreira não era sequer candidato a sócio do ano, antes de ter percebido que as suas opiniões não eram as mais correctas, quer para as suas ambições inconfessadas, quer para a sua saúde. Espero que o estádio do Dragão tenha corredores espaçosos: há mais um jogador para albergar.

P.S. - Tanto Miguel Sousa Tavares (que esta semana nos obsequiou com uma excelente redacção subordinada ao tema A Caça aos Patos) como Rui Moreira (que fornece aos leitores informações interessantíssimas, como o facto de não ter visto um jogo por estar a entreter um Sr. Que até é comendador) insistem que eu não escrevo aqui sobre o que devia. O jurista que cita a declaração de independência pensando estar a citar a constituição americana considera que eu não sei do que falo; o comentador desportivo que foi despedido por não comentar tem reparos a fazer aos meus comentários. Vivemos num mundo estranho.

Por Ricardo Araújo Pereira, 30 de Outubro in jornal A Bola