sábado, 28 de novembro de 2009

RAP



Atenção ao Criativo do Sporting: Pedro Proença

Quem será o elemento mais perigoso para o Benfica, no derby de hoje? A resposta é evidente: o nosso adversário mais criativo será o árbitro Pedro Proença. Quem se lembra do modo como, no ano passado, inventou um penalty a favor do Porto por falta inexistente de Yebda sobre Lisandro Lopez, reconhece nele um criativo com muita imaginação e capacidade de decidir uma partida. Na dúvida, Pedro Proença decide sempre contra o Benfica. Prejudicar o clube que alegadamente prefere foi a forma que encontrou de exibir uma suposta imparcialidade. Outra hipótese era arbitrar de acordo com as leis do jogo, mas é mais difícil. A comissão de arbitragem retribui nomeando-o sistematicamente para jogos importantes. É mais um factor de interesse para o jogo de hoje: como vai Pedro Proença prejudicar o Benfica para mostrar a toda a gente que é um benfiquista imparcial? Com Yebda a jogar em Inglaterra, será mais difícil, mas para Proença não há impossíveis. Repare o leitor na dualidade de critérios que grassa no futebol português: o Porto foi a Oliveira do Azeméis jogar com um desses clubes pequenos cujo relvado é reconhecidamente péssimo. O jogo foi adiado até que haja condições para jogar. O Benfica vai a Telheiras jogar com um desses clubes pequenos cujo relvado é reconhecidamente péssimo. O jogo realizar-se-á na data prevista.

Pior para nós, uma vez que o Sporting atravessa um bom momento. Tem um treinador, mas comunicou a sua contratação à CMVM de madrugada e ainda não o apresentou. A primeira vez que apareceu, foi na internet — como os boatos e os vírus informáticos. É um treinador clandestino, o que constitui uma vantagem: assim, os adeptos não sabem na direcção de quem agitar lenços brancos.
Há uns meses, o presidente do Sporting disse que o fundo de jogadores do Benfica era uma vergonha. Agora quer, sem grande sucesso, imitá-lo. O que desejo para o derby desta noite é exactamente isso: um resultado que os sportinguistas considerem hoje uma vergonha e que, no futuro, pretendam, sem sucesso, imitar.

Não será fácil, visto que o Benfica vive tempos difíceis. O derby joga-se precisamente na altura em que o clube se vê mergulhado num escândalo. Há uns anos, se bem se recordam, a Selecção Nacional passou por escândalo muito semelhante: num estágio, os jogadores tinham estado agarrados a senhoras cuja profissão dizem ser, embora eu não concorde, pouco digna. Esta semana, calhou ao Benfica: Jorge Jesus apareceu na imprensa abraçado a uma pessoa cuja profissão é, de facto, pouco digna. Foi repugnante e esperamos todos que não se repita.

Cada vez gosto mais da série Liga dos Últimos. Na semana passada, o episódio era especialmente divertido: foi preenchido com a transmissão integral de um jogo entre os Pescadores da Costa da Caparica e outra colectividade cujo nome já não recordo. O costume: treinadores patuscos, adeptos rústicos, jogadores com mais vontade que talento. Na primeira parte, os Pescadores dominaram. Os adversários não pareciam capazes de vencer onze peixeiras, quanto mais pescadores. Na segunda parte, porém, algum excesso de confiança dos Pescadores permitiu uma surpreendente reviravolta. Quem diz que nos escalões inferiores não há emoção?

Ricardo Araújo Pereira, 28 de Novembro in Jornal A Bola

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O nosso plantel III - Júlio César

Continuando na posição de guarda-redes (já aqui e aqui foram escrutinados os outros dois), chegamos agora ao titular da Liga Europa e muito provavelmente futuro titular a full-time da baliza do Benfica: Júlio César.



Júlio César chegou esta época ao Benfica, a pedido do técnico Jorge Jesus. Proveniente do Belenenses, onde mostrou as suas qualidades em duas épocas muito distintas (uma com JJ, em que, em condições normais - não fosse o caso Meyong - a equipa do Restelo tinha ido à Europa pela segunda vez consecutiva; e outra, sem JJ, em que os azuis... desceram de divisão, sendo salvos pela descida administrativa do Estrela da Amadora), o brasileiro chegou, como já foi acima referido, a pedido expresso do novo técnico encarnado. Tudo fazia crer que fosse para assumir as redes das balizas encarnadas. No entanto, a grande exibição de Quim com o AC Milan, na Eusébio Cup, deu a titularidade ao internacional português e atrasou a ascensão do brasileiro. Depois de dois jogos no play off da Liga Europa em que a titularidade alternou entre Quim e Moreira, eis que JJ decidiu apostar em Júlio César para ser titular nessa competição. E a verdade é que o brasileiro tem justificado a aposta. Em 4 jogos, sofreu apenas um golo, na derrota em Atenas, e é dos guarda-redes menos batidos da competição, já tendo efectuado, aqui e ali, algumas defesas de classe.



JJ tem apostado na rotação na baliza, mas há pouco tempo já veio a público avisar que o fim da mesma estava próximo (aliás, na taça de Portugal já deu mau resultado). Tudo indica que Júlio César está a ser preparado para, num curto/médio prazo, assumir as redes da baliza encarnada.



E, na minha opinião, muito bem. Penso que o guarda-redes brasileiro é, dos 3, o melhor do plantel. É ainda bastante jovem (tem apenas 23 anos), é bastante alto, mas ágil, sendo no seu caso a altura uma vantagem e não um handycap, é exímio a defender penaltys (algo que Quim e Moreira não são, apesar de haver quem diga que sim só porque Quim defendeu 3 com o Milan e Moreira defendeu outros 3 no Dubai, a verdade é que poucos mais penaltys eles defenderam na carreira) e, apesar de revelar ainda algumas falhas a sair dos postes a cruzamentos, é o melhor dos 3 (esse é, aliás, talvez o maior problema de todos os guarda-redes em Portugal e verifica-se não só no Benfica, como também na selecção e nos outros clubes portugueses - vide Helton e Rui Patrício).



Portanto, parece-me bem que daqui a algum tempo o brasileiro comece a assumir mais frequentemente a titularidade da baliza encarnada. Quim já não vai para novo e Moreira é uma carta fora do baralho de Jorge Jesus. Dos 3, Júlio César é claramente o que tem mais potencial.

Que acham os leitores?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Taça da Liga - Sorteio

Foi ontem efectuado o sorteio da 3ª fase da taça da Liga, competição onde o Benfica é campeão em título, tendo portanto a obrigação de lutar pela vitória.



O sorteio é muito desfavorável, mas isso não é desculpa para nada. O Benfica receberá o Nacional e depois tem pela frente deslocações a Guimarães e Vila do Conde. No entanto, caso jogue como tem feito até aqui e honrando o seu passado glorioso, terá (irá) vencer. Rumo à 2ª taça da Liga do historial.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Benfica 0 - 1 Vitória de Guimarães - IV eliminatória Taça de Portugal

E lá se foi o primeiro troféu da época. Espero que seja o único. E como aconteceu nas outras derrotas da época, a culpa voltou a ser do treinador.



Isso mesmo, Jesus foi o culpado desta derrota. Não tanto pelo 11 que colocou em campo, mas sobretudo pela pouca habilidade nas substituições efectuadas. No entanto, também é razoável de dizer que as soluções, ao contrário do que se pensava no início da época, não abundam no plantel encarnado. Temos 6 avançados mas, em boa verdade, dois são muito bons e o resto é de razoável para baixo. A verdade é esta. Jesus mexeu, mas não chegou lá. Parece que o técnico bloqueia quando a equipa está a perder, como o comprovam as estatísticas: no Benfica, ainda não conseguiu virar um jogo em que tenha começado a perder.



O jogo com o Vitória foi mais do mesmo do que se tem verificado esta época. O Benfica a atacar muito, mas, como acontece sempre que Cardozo não joga, a marcar pouco ou nada. O Vitória foi bem mais perigoso do que, por exemplo, Marítimo ou Naval, contribuindo para isso ter na frente apenas Nuno Assis e Targino, e às vezes Desmarets. Teve a sorte de marcar um golo (em que Moreira é mal batido, mas parece-me que Quim também não faria melhor) e do Benfica não ter tido arte nem engenho para conseguir marcar. No Vitória, merece natural destaque o marcador do golo, Gustavo Lazzaretti, mas para mim o melhor jogador em campo foi mesmo, e apesar de já o ter visto fazer jogos muito melhores, Nuno Assis. É um jogador espectacular, pese os seus 31 anos. Parece-me que podia ter sido muito melhor aproveitado na sua carreira, especialmente no Benfica.



Não tenho muito mais para dizer. A tristeza de se perder um troféu numa fase tão precoce da época é grande. Espero apenas que esta derrota signifique maior compromisso por parte de toda a equipa daqui para a frente, na esperança de ganhar o campeonato e, se fosse possível, a Liga Europa. A taça da Liga é outra história. Mesmo assim, sendo os detentores do troféu, é para vencer.

O golo do jogo aqui:

sábado, 21 de novembro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Portugal no Mundial 2010

E como o prometido é devido, aqui estou a fazer o rescaldo do reinado de Queiroz, depois da selecção ter conseguido o apuramento para o Mundial. Tinha dito há uns tempos que não ia ser brando na minha avaliação. E não vou. No entanto, não tenho por objectivo fazer um exercício comparativo com Scolari. O brasileiro já foi, é passado. E ainda bem. O que não quer dizer que o presente seja bom.



Queiroz, na caminhada para o Mundial, e contando com os amigáveis, convocou 47 jogadores: Quim, Eduardo, Daniel Fernandes, Bosingwa, Miguel, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Fernando Meira, Pepe, Antunes, Deco, Raul Meireles, Duda, Carlos Martins, João Moutinho, Manuel Fernandes, Simão, Danny, Nani, Nuno Gomes, Hugo Almeida, Maniche, Pedro Mendes, Yannick, Tonel, Cristiano Ronaldo, Quaresma, Rolando, Tiago, César Peixoto, Gonçalo Brandão, Eliseu, Orlando Sá, Beto, Nélson, Edinho, Moreira, Zé Castro, Boa Morte, Rui Patrício, Miguel Veloso, Liedson, Nuno Assis, Hilário, Ricardo Costa, Fábio Coentrão.

Estreou na selecção 14 jogadores: Danny, César Peixoto, Eduardo, Rolando, Orlando Sá, Nélson, Gonçalo Brandão, Edinho, Beto, Zé Castro, Eliseu, Moreira, Liedson, Fábio Coentrão.

Ouvimos falar tantas vezes na propalada renovação e que por isso os resultados se ressentiram. Será mesmo assim? Dos 14 jogadores que Queiroz estreou, apenas Danny, Eduardo e Liedson se revelaram apostas constantes para o 11 e Rolando para o banco. Todos os outros estrearam-se e pouco mais vezes voltaram a ser chamados.

Dos 34 que foram chamados e já eram internacionais, vários foram os que tiveram o mesmo caminho da maioria dos estreantes. Chegamos então à conclusão de que os jogadores mais utilizados/chamados por Queiroz já eram, na sua maioria, opção habitual para Scolari: Bosingwa, Miguel, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Pepe, Deco, Raul Meireles, João Moutinho, Simão, Nani, Nuno Gomes, Hugo Almeida, Maniche, Cristiano Ronaldo, Tiago, Miguel Veloso. O núcleo duro foi formado por Eduardo, Bosingwa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Duda, Pepe, Raul Meireles, Deco, Simão, Nani/Danny, Cristiano Ronaldo. Ora, desta lista, podemos perfeitamente perceber que Queiroz inovou na baliza (depois de 4 jogos com Quim, apostou definitivamente em Eduardo), no posto de defesa-esquerdo (experimentou Antunes, Paulo Ferreira e Gonçalo Brandão até apostar em definitivo em Duda) e... pouco mais. Portanto, a questão da renovação é uma falsa questão.

O maior erro herdado de Scolari: a braçadeira de capitão no braço de Cristiano Ronaldo. Esta questão já foi demasiadamente discutida na comunicação social. Todos sabemos que Ronaldo não tem o perfil de um capitão de uma selecção. É certo que o erro inicial foi de Scolari, mas se Queiroz não tem capacidade de o mudar, é por mera incompetência da sua parte.

Baliza: Queiroz foi corajoso ao deixar de chamar Ricardo. Experimentou Quim, Eduardo, Daniel Fernandes, Beto, Moreira e ainda chamou Rui Patrício e Hilário. Ficou Eduardo. Na minha opinião, não temos um grande guarda-redes desde Vítor Baía. No entanto, do lote actualmente disponível, considero Beto o melhor. Não sendo titular no Porto, as opções resumem-se a Quim, titular no Benfica, Rui Patrício, titular no Sporting, e Eduardo, titular no Braga. Temos ainda um bom guarda-redes titular num dos clubes mais importantes da Roménia, actualmente: Nuno Claro. Neste contexto, parece-me que Eduardo é, apesar de tudo, a melhor opção actualmente. Depois Rui Patrício, e depois Quim.

Laterais: Na direita não há muito para inventar. Os melhores laterais direitos portugueses são Bosingwa e Miguel. Já na esquerda o caso muda de figura. Queiroz experimentou 4, mas mais experiências ainda se podem fazer. A verdade é que não há um lateral esquerdo bom em Portugal. Antunes não joga na Roma, Gonçalo Brandão não tem estatuto de selecção e joga a central no último classificado da liga italiana, Paulo Ferreira não pisa nunca no Chelsea (e como jogador já deu o que tinha a dar, tanto na direita como na esquerda). Chegamos a Duda. O jogador do Málaga cruza muito bem, tem um excelente pé esquerdo mas não defende bem. É um facto. Opções para fazer o lugar: Miguel Veloso, que já referiu várias vezes publicamente que não gosta de jogar na posição (é pena, pois para mim é a melhor opção para o lugar); Fábio Coentrão, adaptado por Jesus e talvez a segunda melhor opção neste momento; César Peixoto, sem qualidade para a selecção; e pouco mais, a verdade é esta. José Gonçalves joga no modesto Hearts, o que não permite aferir do seu valor para uma eventual chamada. Em Portugal, sinceramente, não vejo nenhum jogador com capacidade para fazer o lugar. É um problema grave. Scolari foi tendo Rui Jorge e Nuno Valente e depois resolveu o problema adaptando Paulo Ferreira, com o resultado que se viu no Euro 2008. Queiroz tem apostado em Duda, mas corre o risco de obter o mesmo resultado. Pode ainda pensar-se em Jorge Ribeiro ou Caneira, mas as 2 últimas épocas de ambos retiraram-lhes todas as hipóteses de ser opção.

Centrais: O posto melhor servido da nossa selecção. Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Pepe dão todas as garantias de qualidade. Já Rolando nem por isso. Para mim, Meira ainda tinha lugar como 4º central. Zé Castro não tem a qualidade exigida, tal como Ricardo Costa, e Tonel não joga com regularidade. Depois do Mundial certamente veremos Daniel Carriço a emergir aos AA.

Médios centro: outro posto onde a qualidade abunda. Pepe pode jogar nesta posição, como tem vindo a acontecer (na minha opinião é mesmo onde joga melhor), Pedro Mendes (o melhor médio centro português), Raul Meireles, João Moutinho, Tiago, Miguel Veloso. Carlos Martins seria opção não fossem as lesões constantes de que padece. E Ruben Amorim, se ganhasse a titularidade absoluta no Benfica, seria certamente chamado. Há ainda Manuel Fernandes, que em condições normais é titular no Valencia e poderá assim reclamar o lugar na selecção.

Nº 10: Há anos que se ouve dizer que só existe Deco. Sabemos bem que não. Nuno Assis é um senhor jogador, Silas esteve sempre disponível (agora já não é jogador de selecção, mas durante muitos anos foi), Hugo Viana está a regressar à melhor forma de sempre e um novo valor emerge no futebol português: Ruben Micael. E ainda há Danny, que para mim é melhor 10 do que extremo ou avançado. Portanto, Queiroz só não chamará mais nenhum 10 além de Deco se não quiser.

Extremos: Cristiano Ronaldo, Nani, Simão. Estes são os indiscutíveis. E haverá outros em condições de ser chamados? Actualmente, não me parece. Quaresma não joga regularmente há 2 anos, Boa Morte está lesionado até ao fim da época (e mesmo que não estivesse, já não tem qualidade para jogar a este nível) e Eliseu não é jogador de selecção. Sobra... Varela? Também ainda não mostrou qualidade suficiente para ser chamado à selecção. Mas tudo depende do sistema adoptado por Queiroz. Se for 4-4-2 losango, não usa extremos. Se for 4-3-3, vai precisar de arranjar mais um.

Pontas-de-lança: idêntico ao posto de lateral-esquerdo. Queiroz chamou Hugo Almeida, Nuno Gomes, Yannick (que não chegou a utilizar), Edinho, utilizou Ronaldo na frente e, já na fase do desespero, naturalizou Liedson. A verdade é que não há um bom ponta-de-lança em Portugal. Hugo Almeida não tem qualidade para ser primeira escolha da selecção, Nuno Gomes também já não, Edinho não é solução e utilizar Ronaldo nessa posição também é um erro. Liedson não se dá bem a jogar na frente sozinho. Portanto, que se poderá fazer? Olhamos para o panorama português e não vemos ninguém que possa preencher esta lacuna. Yannick e Postiga não são opções. Pessoalmente, tenho uma opção: João Tomás. Não me importa que já tenha 35 anos. Marca golos como quando tinha 24. E é o melhor ponta-de-lança português.

Em resumo, Queiroz levou um ano a queixar-se que renovar a selecção leva o seu tempo e portanto era impossível conseguir resultados imediatos. É mentira, pelo simples facto de que apenas houve renovação na baliza, no posto de lateral-esquerdo e no ataque, primeiro com Danny e depois com Liedson. Nada mais. Será assim tão difícil construir uma equipa onde apenas 3 jogadores são novos? Não me parece.

Portugal começou com a normal vitória em Malta. A derrota em casa com a Dinamarca foi o virar de página que levou ao descalabro que se veio a suceder. Curiosamente, esse foi um dos jogos em que a selecção portuguesa fez melhor exibição, falhou vários golos feitos e acabou por perder o jogo nos últimos momentos por manifesta infelicidade mas também incompetência defensiva. Depois começou a sucessão de erros de Queiroz. Recebemos a Suécia com um medo tremendo e considerando que o empate era um belo resultado. Soube a muito pouco. Depois, o empate com a Albânia. A jogar contra 10 desde os 39 minutos, a equipa portuguesa não teve arte nem engenho para marcar um único golo aos fracos albaneses. Talvez o facto de ter jogado sem avançado fixo tenha contribuído para isso. Novo jogo com a Suécia, mesma atitude defensiva, mesmo resultado e vida cada vez mais difícil para a selecção e para o imperturbável Queiroz. Mudanças? Nada disso! Está tudo bem assim e vamos conseguir o apuramento, dizia ele. Depois o jogo em que a vaca começou a sorrir-nos: vitória na Albânia aos 90+3 e Queiroz a pensar que finalmente estava no caminho certo. Novamente sem avançados, viajámos para a Dinamarca, enfrentando o jogo mais importante do apuramento. Quando é que marcámos o golo do empate? Com Liedson e Nuno Gomes em campo. Um mero detalhe. No jogo seguinte, mais do mesmo e apenas um magro 1-0 na Hungria. Os 2 últimos jogos do apuramento chegaram e só a vitória interessava nos 2, mais a derrota da Suécia na Dinamarca. Miraculosamente, as 2 coisas aconteceram. Portugal fez o que lhe competia (finalmente com pelo menos um jogador na frente, Liedson) e a Suécia perdeu. Presença no playoff assegurada, venha a Bósnia. A ganhar aos 36 minutos em casa, Queiroz mais uma vez não teve a arte nem o engenho para procurar vencer por mais, fazendo recuar a equipa para assegurar a magra vitória. Não fosse a vaquinha que lhe sorria desde a viagem à Albânia e Portugal teria sofrido pelo menos um golo em casa, devido ao medo demonstrado. No último jogo, finalmente fizemos uma boa exibição e lá garantimos o apuramento.

Cômputo geral: Queiroz não tem feito um grande trabalho, a verdade é esta. Não se vê uma grande evolução em relação ao trabalho realizado por Scolari, os problemas herdados do brasileiro mantêm-se e Queiroz não tem sabido resolvê-los. Vai apenas colocando remendos. Na abordagem aos jogos, se Scolari já denotava por vezes uma cultura bem mais defensiva do que atacante, Queiroz abusa. Exaspera ver a selecção jogar (na verdade, é um futebol à Quique, quando o que todos gostaríamos era de ver Portugal a jogar à Jesus). Sempre achei que estaríamos presentes no Mundial, porque apesar de tudo temos jogadores muito bons, alguns dos melhores do mundo. Mas não prevejo uma grande fase final. Se chegarmos aos oitavos-de-final já será "bom". Mas com um bom treinador, teríamos equipa para as meias-finais, no mínimo. Paciência. É o que temos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Esclarecedor...

... sobre a imparcialidade (?) de Jorge Coroado. Depois disto a sua credibilidade bateu mesmo no fundo. A partir daqui tudo o que este ser diga já não tem importância. Divulguem todos este vídeo na esperança de que chegue às altas instâncias, porque ainda tenho a esperança de que ele seja afastado de vez do futebol em Portugal.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Surreal...

Isto é um blog sobre o Benfica e eu não tenho o hábito de falar dos outros clubes aqui, mas isto é mau demais para deixar passar... Vejam por vocês mesmos:

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sondagem 4

E a quarta sondagem do Gloriosa Chama Imensa finalmente chega. Desta feita, a pergunta é a seguinte: Qual vai ser a próxima transferência milionária no Glorioso? Os jogadores em escolha são os 8 mais utilizados por Jorge Jesus esta época (David Luiz, Javi García, Luisão, Di María, Saviola, Ramires, Cardozo e Aimar) e ainda Fábio Coentrão, o mais recente internacional A português.



David Luiz é o intocável da equipa. O defesa central foi utilizado em todos os minutos de todos os jogos esta época. Como central ou como lateral-esquerdo, Jorge Jesus não dispensa a sua presença, pela raça e pela garra que demonstra em qualquer ocasião.



Javi García é, para mim, o melhor jogador da equipa. É de uma regularidade impressionante, tem um sentido posicional e uma qualidade táctica excelente, o que lhe permite não fazer muitas faltas, compensa as subidas dos colegas da defesa com uma eficácia assinalável e é ainda temível no jogo aéreo, contando já com 3 golos marcados na Liga, todos de cabeça. Se melhorar na meia distância, será um dos melhores do mundo dentro de muito pouco tempo.



Luisão é o líder da equipa em campo. Em teoria é o sub-capitão, mas na prática, visto que Nuno Gomes já começa muito poucos jogos a titular, o central brasileiro é o capitão em quase todas as partidas e a voz de comando da equipa. Está no clube desde 2003, só não joga por lesão ou castigo e é imprescindível.



Di María é o homem que anda nas bocas do mundo, nomeadamente dos ingleses. Cresceu muito esta época, está mais maduro, a jogar para a equipa, é muito menos inconsequente e, assim, muito mais decisivo. Destaca-se pelas assistências efectuadas. Forma com Saviola, Aimar e Cardozo um quarteto mortífero. Se melhorar na finalização, tem potencial para ser dos melhores do mundo.



El Conejo, o renascido. Depois de anos de lado no Barcelona e Real Madrid, Saviola reencontrou-se com os golos e as grandes exibições na Luz. Participou em todos os jogos até agora, embora não complete muitos, pois costuma ser substituído na segunda parte. Leva mais golos em 4 meses que nas últimas 3 épocas.



Ramires é uma das revelações da época. Chegou com muitos minutos nas pernas, com meia época feita no Cruzeiro e uma participação na Taça das Confederações, onde foi o joker de Dunga e venceu a competição. Revela uma capacidade física impressionante, com muita velocidade e resistência, e tanto ajuda a defesa como se incorpora no ataque, já levando 4 golos marcados.



O goleador da equipa. Como se viu na segunda parte de Braga e na recepção ao Naval, o Benfica precisa muito de Cardozo na equipa. Não é um portento de técnica, é lentíssimo, às vezes dá a sensação que nem sabe correr, mas faz o que se lhe exige: golos. Já leva 16, apenas menos um do que em toda a época passada, e corre a passos largos para ser o melhor marcador da Liga e até da Liga Europa.



O génio da equipa. Sem ele, o Benfica não carbura da melhor forma. Não é um goleador, não é veloz, mas é inteligente e tem uma técnica extraordinária. A sua condição física é gerida com pinças, de modo a estar a 100% nos jogos mais importantes, razão pela qual já foi poupado duas vezes na Liga Europa e, ainda em Goodison Park, só entrou aos 61 minutos. Também no jogo de Monsanto ficou de fora.



Fábio Coentrão segue as pisadas de Di María. Muito imaturo na primeira passagem pela Luz, cresceu muito com os empréstimos ao Nacional, Saragoça e Rio Ave. Apareceu esta época muito mais adulto, a jogar para a equipa e com uma média de assistências fantástica. Tal como Di María, se melhorar na finalização, pode tornar-se um grande craque mundial. É o mais recente internacional A português.

Têm a palavra os leitores.

domingo, 15 de novembro de 2009

RAP



Villas Boas deu às de Vila Diogo

No momento em que escrevo, o Sporting continua sem treinador por não ter tido capacidade para contratar o técnico da Académica de Coimbra. Quem sonha alto arrisca-se a desilusões, e o homem que orienta o último classificado da Liga Sagres e iniciou a carreira no mês passado veio a revelar-se uma fantasia impossível para o clube leonino. Ainda assim, na comunicação social, André Villas Boas foi treinador do Sporting durante cerca de 10 minutos. Apesar da curta carreira, já vai tendo currículo: bateu o recorde do saudoso Vicente Cantatore. Além disso, há que reconhecer que teria sido uma escolha inteligente: a contratação de Villas Boas contribuiria para desestabilizar a Académica, um adversário directo do Sporting na luta pela manutenção. Trata-se de um homem cujo apelido tem dupla consoante, tal como o de Bettencourt, o que é especialmente apropriado para um clube como o Sporting. É um técnico que teria certamente muito para ensinar a jovens como André Marques e Pereirinha, mas também poderia aprender com jogadores mais velhos do que ele, como Tiago e Angulo. Perdeu-se um intercâmbio de conhecimentos que poderia ter sido muito interessante. Mais: sabendo que Sá Pinto é o novo director do futebol profissional do Sporting, é conveniente contratar um treinador jovem, que não tenha memória do que Sá Pinto costumava fazer aos treinadores, com destaque para Artur Jorge.
Enfim, foi pena. Segundo os jornais, José Eduardo Bettencourt pretendia um treinador português e experiente, e André Villas Boas já tem quatro ou cinco jogos oficiais debaixo do cinto, um dos quais conseguiu mesmo vencer. Não será fácil descobrir candidatos mais experimentados. Por outro lado, numa conferência de imprensa que é já histórica, Bettencourt disse que o próximo treinador seria caucasiano. Ao mesmo tempo que excluía, por exemplo, Oceano, a declaração do presidente do Sporting parecia apontar claramente para Villas Boas, cujo cabelo arruivado é uma garantia inequívoca de pertença ao tipo racial que Bettencourt procura.

Ontem, no entanto, tudo parece ter terminado. A meio da manhã, o Sporting comunicou à CMVM que se encontrava a efectuar, e cito, «contactos (…) com o representante do treinador André Villas Boas». Mas, à tarde, a Académica publicava uma nota segundo a qual, volto a citar, «a Académica e o Sporting não chegaram a acordo para a transferência do técnico para Alvalade». E, às 19h10, a página de A BOLA na internet noticiava que José Eduardo Bettencourt, instado a revelar o que teria falhado nas negociações com a Académica para contratar André Villas Boas, tinha dito que, e cito novamente, «não falhou nada, houve por parte da comunicação social muita especulação acerca do tema. Nunca houve contactos directos com quer que seja, mas mesmo assim a comunicação social deu-o como certo no Sporting». Já se sabe como é esta comunicação social. Só porque o Sporting comunica à CMVM que está a efectuar contactos com o representante de André Villas Boas, a comunicação social especula imediatamente que o Sporting está a efectuar contactos com o representante de André Villas Boas. Pelo simples facto de a Académica tornar público que as negociações falharam, entretém-se inventar que houve negociações, e que - imagine-se! - falharam. A saída de Paulo Bento pode ter sido um pouco conturbada, mas felizmente o futuro está a ser preparado de uma forma muito organizada e segura. As bases do novo ciclo são, sem dúvida, muito sólidas, o que deve tranquilizar os sportinguistas.

Por Ricardo Araújo Pereira in ABola 14.11.2009

Sondagem 3 - Resultado

A terceira sondagem do Gloriosa Chama Imensa terminou (e há que tempos...). O resultado é esclarecedor: de 15 votantes, 12 considerariam Shaffer melhor escolha que César Peixoto para ser o lateral-esquerdo titular da equipa encarnada.



No entanto, já percebemos que JJ não pensa assim, que prefere o internacional português e que agora até adaptou (com relativo sucesso) Fábio Coentrão à posição. Se esta sondagem fosse feita agora, claro que haveria 4 opções de escolha (contando ainda com Jorge Ribeiro) e não apenas estas duas.



Podemos portanto concluir que os adeptos encarnados frequentadores deste blog, pelo menos nesta questão, não estão de acordo com JJ, preferindo o argentino Shaffer a Peixoto. E eu partilho completamente da sua opinião. Gosto de Shaffer. Não é muito bom a defender, como todos já percebemos, mas isso nenhum dos 4 é. E a atacar, parece-me apenas pior que Coentrão, obviamente. Mas centra melhor que qualquer outro lateral de que me lembro de ver jogar. Aliás, talvez seja, dos jogadores de que me lembro, o que melhor vi fazer cruzamentos. São perfeitos, absolutamente teleguiados. César Peixoto é, na minha opinião, talvez um bom médio interior esquerdo. Como lateral, é medíocre. E bem pior que... Jorge Ribeiro. No entanto, desde que o Benfica vença o que tem de vencer no fim da época... que jogue quem o JJ entender!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Um post de eleição...

...que encontrei noutro blog benfiquista (Red Pass) e aqui recupero:

Racismo e Complexo de Inferioridade: Eis o Sporting. Forever!

Ontem foi um grande dia para todos os lagartos. Graças a uma conferência de imprensa do seu Presidente a despedir-se do treinador de futebol todos ficámos a saber que no Sporting o treinador demora 4 meses a perceber que está a mais, e mesmo assim o Presidente queria , pelo menos, mais outros 4. Ficámos a saber que no clube de gente diferente há confusão interna, traições, e intrigas, mas tudo diferente do que se passa nos outros clubes.

A passagem mais forte da surreal conferência de imprensa é quando o Presidente resolve responder à pergunta sobre o próximo treinador e afirma que terá de ser do sexo masculino e ... caucasiano!!
Fosse o nosso Vieira a sair-se como uma destas e o país parava. Como foi o presidente da colectividade diferente não se ouve/lê uma única reacção. Nem na comunicação social, sempre branda para aqueles lados, nem dos adeptos leoninos, o que me deixa espantado!
Entre "forevers" e "nevers" o Zé, como o nosso Vieira o trata, falou aos sportinguistas em tom irónico, aborrecido, sério, e... desnorteado.

O Zé entrou a matar no Lumiar. Na noite da sua eleição deu um espectáculo deprimente perante as câmaras de tv e fez questão de saltar muito e gritar bem alto: quem não salta é lampião!
Eu que pensava que o seu antecessor é que dava no Jameson estranhei tal postura mas até sorri com tanto empenho Juve.
Depois atirou-se ao twitter qual teenager deslumbrado. Ficou célebre o desabafo que lá fez sobre o campeonato de juniores. Afinal aí o JEB tinha toda razão. Eu também não sabia que se podiam ganhar campeonatos à pedrada, e o Sporting ganhou mesmo!! Um homem muito à frente a prever já o desfecho do seu primeiro título de futebol.

Mas eu também não sabia que um Presidente leonino podia mandar a Polícia calar os seus próprios associados no seu próprio Estádio e depois corrê-los a tiros! Afinal pode.
Isto enquanto JEB avisa que há terroristas em Alvalade.
Ontem à saída da histórica conferência de imprensa o Zé resolveu que ia responder com violência e com as suas próprias mãos, tirando o casaco, claro, a um adepto leonino que o contestava. Aliás, eu fico admirado como é que a nação leonina ouve meia hora de um discurso que primou pela falta de classe, que tanto é apreciada por aqueles lados, e só um adepto ousou contestar!
Acho que começo a perceber quem é o terrorista. Já não se via uma figura tão triste por Alvalade desde os tempos do "Bigodes".

Como se não chegasse o episódio do racismo no treinador, da violência mal disfarçada, à noite foi a vez do treinador demissionário dizer de sua justiça. Bastou duas ideias para ficar explicado o Sporting e o que ele é.
Paulo Bento fez um favor ao país, aos dedicados adeptos leoninos, e aos rivais, ao explicar que o problema do Sporting se resume a dois pontos:
- falta de cultura ganhadora lembrando que o clube desde 1950(!) só venceu 8 campeonatos
- e o complexo de inferioridade em relação ao Benfica

Isto foi afirmado pelo homem que esteve à frente da equipa do Sporting nos últimos 4 anos. Se fosse eu a dizer isto, que para nós benfiquistas é mais do que evidente, os amigos lagartos espumavam-se.
Mas, caramba, vindo do Paulo Bento acho que para os próximos tempos não há discussões sobre a falta de cultura ganhadora da lagartada. E esta do complexo de inferioridade vinda do próprio treinador vale para aí um meio campeonato para nós, não?

O que me alegra no meio deste fado verde é que o mais lúcido bateu com a porta, e o louco dos cabelos brancos ainda agora está a começar o seu reinado em Alvalade. Promete. Continua Zé!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pedro Ribeiro

JVP



Benfica-Naval

1
Duas estratégias, a mesma fidelidade

O Benfica teve de trabalhar muito para conseguir vencer a Naval, num jogo a fazer lembrar aqueles que se viam nos anos 80, talvez finais de 70. Aliás, ultimamente temos assistido a jogos em que várias equipas chegam a casa dos grandes e jogam exclusivamente para não perder. Fê-lo a Naval na Luz como já o tinha feito o Marítimo, ou como fez a Académica no Dragão. Percebe-se que cada um tem de jogar com as suas armas, mas o espectáculo ressente-se.

Ontem, assistimos a um jogo entre equipas fiéis às respectivas estratégias: o Benfica a dar tudo por tudo para vencer e a Naval com igual empenho para tentar levar um ponto da visita à Luz.

2
Massacre feliz

O Benfica passou por muitas dificuldades, porque a Naval foi exemplar em termos defensivos, quer na entrega quer na quantidade de homens que envolveu no processo defensivo, com as linhas juntas, não deixando espaço para o Benfica aplicar as suas transições rápidas. Por mérito da Naval, ontem, a equipa da casa viu-se obrigada a fazer uma pressão muito forte e a jogar em ataque continuado.

Embora para defender estratégias opostas, as equipas usaram os mesmos métodos: grande aplicação, concentração e entrega total, pois estes são jogos de um desgaste tremendo, tanto para quem defende como para quem ataca. O Benfica, que massacrou o adversário, acabou por ser feliz tanto na altura em que marcou o golo como depois escapou a uma oportunidade da Naval.

3
Peiser foi um gigante

No meio de tanta gente a jogar no limite das capacidades para conseguir os seus objectivos, o guarda-redes Peiser foi o melhor jogador em campo. O francês esteve numa forma fantástica durante toda a partida e só foi batido no lance do golo porque, nesse caso, não teve a mínima hipótese. De resto, adiou quanto pôde a vitória encarnada.

4
Coentrão a lateral

Está visto que, pelo menos nos jogos em casa, o Benfica vai sempre usar um lateral-esquerdo muito ofensivo, seja ele Coentrão ou César Peixoto, para aumentar a pressão e o caudal ofensivo, o que permitirá aos adversários tentar explorar esse corredor. A Naval teve pouquíssimo tempo a bola nos pés, devido à pressão a que era sujeita, e poucos lances de perigo criou, mas a verdade é que tentou sempre jogar a bola para Marinho, o jogador mais rápido e que tentava sempre explorar as costas de Coentrão, porque é mais ofensivo e menos fiável a defender do que Maxi Pereira.

5
Bola parada, adivinhava-se

Face ao número de jogadores que a Naval utilizava para defender, mesmo levando em conta a insistência do Benfica, a partir de dada altera adivinhava-se que, se houvesse golos, seria de bola parada. Aliás, ficou mais uma vez demonstrada a importância desse tipo de lances e o porquê de deverem ser trabalhados diariamente por todas as equipas, tanto nas vertentes ofensiva como defensiva.

O golo acabou por surgir num lance bem gizado, em que houve mais mérito de quem atacava do que demérito de quem defendia. O livre foi muito bem batido, com a bola tensa, a fugir dos defesas e a ir ao encontro de quem ataca. É óbvio que era possível estorvar o Javi García, bastava que alguém se tivesse encostado a ele para tudo poder ser diferente, mas a questão é que o Benfica tem tantas soluções para esse tipo de lances que pode sempre sobrar alguém sem marcação. Veja-se: na jogada estavam Javi García, Luisão, David Luiz e Weldon, que também joga bem de cabeça. E ontem faltava o Cardozo… Por isso digo que face a um adversário tão forte no jogo aéreo, houve mais mérito do que demérito.

6
Desgaste físico e psicológico igual para ambos

Um jogo destes requer um esforço físico enorme, até porque, dos jogadores de campo de ambas as equipas, em princípio só dois têm a vida algo facilitada: os centrais da equipa que só ataca. Todos os outros são sujeitos a um desgaste físico e psicológico enormes. Quem defende não se limita a andar atrás da bola, tem de estar concentrado e sempre atento para poder cobrir o colega do lado e atacar as segundas bolas. Para quem ataca o desgaste não é menor, e à medida que o tempo avança a pressão psicológica aumenta, por vezes tira discernimento, é desesperante. Daí ter afirmado no início do texto que o Benfica fez tanto para ganhar este jogo como a Naval para não o perder.

No tocante às substituições do Benfica, podem considerar-se normais. Weldon joga melhor de cabeça, é mais rápido do que Nuno Gomes e o jogo pedia alguém com essas características. Depois entrou Keirrison que é a chamada substituição do desespero e se tivesse outro ponta-de-lança no banco se calhar também entrava. Felipe Menezes em vez de Aimar foi outra boa ideia, porque o argentino já não tinha frescura física que o jogo exigia.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Benfica 1 - 0 Naval - 10ª Jornada 09/10

Sofrida, mas totalmente justa. Foi assim a vitória do Benfica na recepção a uma Naval que fez muito bem o seu jogo, adiando até aos 89 minutos uma derrota certa. Só não contava com o melhor jogador do Benfica, na minha opinião. Javi Garcia tem sido fulcral na equipa, funcionado como um verdadeiro muro no meio-campo defensivo, servindo-se da sua fantástica capacidade táctica para recuperar bolas sem recorrer à falta (no jogo com a Naval, onde se encontrava em risco de exclusão para o jogo com o Sporting, não fez uma única falta) e ainda dobrar os companheiros, principalmente os defesas, quando estes se aventuram no ataque (Maxi Pereira, David Luiz, Fábio Coentrão). A todos estes atributos defensivos junta-lhe um superior jogo de cabeça, sendo que só lhe falta aprimorar o remate de longa distância para se tornar um dos melhores médios do mundo. Do campeonato português, é o melhor de longe.



Este jogo não tem muita história. O Benfica atacou do início ao fim, falhou oportunidades atrás de oportunidades e deparou-se com um super-Peiser (que é um excelente guarda-redes), que defendeu tudo o que pôde.



Um jogo que nos trouxe muitas sensações de dèja-vu, recordando certos jogos que por acaso até têm quase todos o denominador comum de terem acontecido com o Boavista (2000/01, 2006/07, 2007/08), em que o Benfica vinha a realizar boas épocas e tinha, nesses jogos, fortes hipóteses de cimentar o primeiro lugar ou chegar lá, caso vencesse. Por manifesto azar, falta de pontaria ou falhas do apito, todos eles terminaram com empates a 0 e todas essas épocas acabaram por ser nefastas para o clube. Segunda-feira, os contornos foram muito semelhantes, mas o desfecho foi diferente. O Benfica conseguiu vencer, o que para mim significa um final diferente esta época. Para melhor.

A concluir, apenas uma nota individual, e negativa: Keirrison é talvez dos piores avançados (jogadores?) que me lembro de ver representar o Benfica. Não mostra qualquer qualidade técnica (não faz um remate, não faz uma finta, nem sequer consegue dominar uma bola), nem táctica. Não mostra sentido de baliza. Na verdade, não mostra nada. Um bom jogador vê-se à distância e a falta de adaptação não explica tudo. O K11 tem tido muitas oportunidades dadas por JJ e cada vez deixa mais a desejar. Ganha forma o desejo de JJ de ter mais um avançado em Janeiro. Por cá, continuo a fazer votos de estar no Marquês em Maio, a festejar o 32º.

Resumo do jogo aqui:

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Morreu um dos nossos

Robert Enke

Esteve no Benfica de 1999 a 2002



1977 - 2009

Descansa em paz



Aqui fica um tributo à passagem de Enke pela Luz:

domingo, 8 de novembro de 2009

RAP



Esta vida são dois dias e "forever" são 171

O treinador do sétimo classificado do campeonato nacional demitiu-se e, surpreendentemente, os jornais não falam de outra coisa.
Para um clube que se queixa de falta de atenção da imprensa, estes só podem ser dias muito felizes. Adeptos e dirigentes do Sporting protestam muitas vezes por terem menos espaço nas primeiras páginas dos jornais do que os principais adversários. Talvez seja verdade: dos três grandes, o Sporting será o que tem menos visibilidade na imprensa. Mas, dos clubes do meio da tabela, é o que tem mais. Eis o lado positivo da questão — no qual os sportinguistas, pessimistas como só eles, nunca reparam.
Três ou quatro meses depois de terem dado um esmagador voto de confiança a um presidente que lhes tinha prometido «Paulo Bento forever», os sportinguistas exigiram, através de lenços brancos, faixas insultuosas e desacatos, que o treinador fosse despedido. O presidente não lhes fez a vontade: Paulo Bento não foi despedido, demitiu-se. Não foi o Sporting que disse a Paulo Bento que não estava mais interessado no seu trabalho. Foi Paulo Bento que comunicou ao Sporting que o clube não era suficientemente ambicioso, competitivo e decente para ele. E ainda diziam que o homem não tinha visão nem percebia de futebol. Afinal, era das pessoas mais perspicazes que o Sporting tinha.
No entanto, na hora da saída, Paulo Bento fez algumas declarações que contrariam um pouco a ideia de que faz análises sensatas do momento que o Sporting atravessa. Disse, por exemplo, que os sportinguistas deveriam deixar de ter o actual complexo de inferioridade em relação ao Benfica. Qualquer observador isento sabe que não se chama complexo de inferioridade àquilo que os sportinguistas sentem. Chama-se simplesmente realismo. Enquanto o Benfica despachava facilmente a equipa que, no ano passado, ficou em quinto lugar no campeonato inglês, o Sporting esforçava-se por empatar em casa com uns desconhecidos. Pedir a esta gente que não tenha complexos de inferioridade em relação ao Benfica é como dizer ao Zé Cabra que não deve sentir-se inferior ao Pavarotti.
Neste momento, o Sporting precisa de calma. Há que contratar um Manuel Cajuda qualquer e começar a lutar seriamente pela manutenção, quem sabe até pela Europa. E, para o ano, esperar por adversários um pouco menos poderosos do que o Ventspils, e tentar fazer um brilharete.

Por Ricardo Araújo Pereira in A Bola, 6 de Novembro de 2009

Elucidativo...

... sobre a maneira de agir de certo clube (ou seus dirigentes) nos últimos (largos) anos... (clicar nas imagens para ver melhor)





sábado, 7 de novembro de 2009

Taça de Portugal - Sorteio

Com tudo o que tem acontecido a um ritmo tão frenético nos últimos tempos, esqueci-me de falar sobre o sorteio da 4ª eliminatória da taça de Portugal.

O Benfica apanhou o Vitória de Guimarães, na Luz, e como sempre, é um jogo em que só se pede uma coisa: ganhar. Para além disso, há a ter em conta o momento terrível que os vimaranenses estão a passar, pertencendo neste momento ao grupo dos penúltimos classificados, com apenas 7 pontos. O jogo realiza-se a 21 de Novembro mas até lá o ambiente na equipa deve ser praticamente o mesmo. Portanto, o que se pede é uma vitória, de preferência por um número redondo. Ou seja: apenas mais uma. Rumo à 25ª taça de Portugal.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Everton 0 - 2 Benfica - 4ª Jornada Liga Europa 2009/10



Também se ganham jogos assim. Eu pessoalmente não gosto de ver, mas o que interessa é que o JJ aos 61 minutos percebeu que bastava mesmo forçar apenas um bocadinho para ganhar o jogo e tirou o coelho da cartola. Até lá, o que vimos foi uma reedição do Benfica de Quique Flores: o mesmo esquema do Everton (4-4-2 clássico), sem número 10, com dois alas bem abertos e dois médios-centro, deixando os pobres avançados sozinhos lá na frente, com Saviola a tentar ser um 10 que obviamente não sabe ser.

De realçar os 2 recordes que o Benfica bateu: há 2 anos que não ganhava fora de casa (desde o 2-1 ao Shakthar, em 2007/08, com bis de Cardozo) e este, ainda mais importante: nunca nenhuma equipa havia ganho nos terrenos das duas equipas mais importantes de Liverpool (Everton e Liverpool) nas competições europeias. O Benfica foi o primeiro a consegui-lo. Depois dos 2-0 no Anfield Road, em 2005/06, com grandes golos de Simão e Miccoli, ontem foram Saviola e Cardozo a garantir o recorde. Histórico. E também destacar a recepção a Eusébio, o maior de sempre, ovacionado de pé por todo o estádio. Estrondoso.



Como já disse, era fácil de perceber que o Everton, embora melhor apetrechado que na primeira mão (com a dupla de centrais titular, Yobo e Distin, e com os laterais utilizados habitualmente), não dava muito mais do que o que se via: pontapé para a frente, algumas tentativas (muito poucas) de Fellaini e Bilyaletdinov pegarem no jogo e um Yakubu a lutar sozinho na frente, pois Cahill mal se viu. Gostei de Rodwell, é um miúdo que pode vir a dar que falar. É o trinco da equipa, mas o que fez em campo assemelhou-se mais a um box-to-box. Tivessem todos a mesma vontade e o desfecho do jogo poderia ter sido diferente.



E assim foi. Depois de uma primeira parte sem história (à excepção de um cabeceamento de Ramires ao poste e da lesão do mesmo, minutos depois) e 19 minutos da 2ª iguais, o Benfica acordou, Cardozo desmarcou Di María de forma magistral e o argentino fez o que melhor se lhe conhece: falhou na finalização. Com as melhorias que tem vindo a demonstrar esta época, treine mais este aspecto e teremos um grande jogador. No entanto, mal entrou Aimar, todo o cariz do jogo mudou. Com um nº 10, ainda por cima da categoria do argentino, o jogo torna-se mais fluído, as marcações dos centrais do Everton já falham, os espaços aparecem com muito mais facilidade e com eles os golos. Numa jogada algo atabalhoada até entre Di María e Saviola, El Conejo atirou e a bola só parou no fundo das redes de Howard, que até fez uma boa exibição. Estavam abertas as hostes no Goodison Park.



Com o marcador aberto e o Everton a ter de correr atrás do prejuízo, ao Benfica bastou aproveitar os espaços concedidos e Cardozo fez o 2-0 num lance de fora-de-jogo milimétrico. Em Portugal, ao ataque do Benfica era claramente anulado. Mas a execução é muito boa, de primeira e sem deixar a bola cair no chão.



Com esta vitória, o Benfica somou 9 pontos, instalou-se, agora isolado, no primeiro lugar do grupo, e viu os outros 2 adversários, AEK e BATE Borisov, empatarem e somarem 4 pontos. O que significa que basta empatar um dos 2 jogos que faltam para nos qualificarmos. Por mim, era ganhar já na Bielorrússia e carimbar a passagem á fase seguinte, para depois, tranquilamente, receber e bater o AEK com as segundas linhas. Continuo a acreditar que é possível estar presente em Hamburgo e trazer o caneco!

Vejam os golos aqui:

Sobre a polémica final de juniores...

"Segundo o que me contaram agora via telefone, os NN estavam a chegar, e um membro do Directivo (claque do Sporting) avistou-os, a mensagem circulou pela bancada toda, as claques (do Sporting) saíram, foram ao portão e começaram a dizer ''Aqui não entram filhos da put*'', entretanto eles jogaram pedras e as claques (do Sporting) foram à volta para os apanhar mas eles fugiram e os supporters correram atrás deles, entretanto já acalmou um pouco e pedras atrás de pedras na direcção deles e nossa...
Se souber de mais informações direi..."

Isto foi escrito por um adepto sportinguista num fórum leonino enquanto tudo estava a decorrer. Portanto, parece-me claro que, havendo muitos desordeiros e criminosos nos NN, e tendo a clara noção de que eles iam entrar no recinto com o intuito de armar confusão, a ideia que fica é a de que os primeiros a provocar foram mesmo os elementos das claques do... Sporting. O que dá ainda mais força à minha opinião de que o jogo deveria ter sido repetido e nunca, mas nunca, se deveria entregar o título na secretaria. Porque a culpa foi efectivamente das duas partes.

Para quem estiver interessado em confirmar a proveniência deste comentário, aqui fica o link:

http://www.forumscp.com/index.php?topic=15722.360

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

RAP



Associação Portuguesa de Árbitros do Porto

Dias depois de ter nomeado um árbitro do Porto para um jogo do Benfica, a Comissão de Arbitragem nomeou outro árbitro do Porto para um jogo do Benfica. O portuense Jorge Sousa dirigirá o Braga-Benfica de hoje.
Para o Benfica, a APAF é, na verdade, uma APAP: Associação Portuguesa de Árbitros do Porto. Ao que parece, os árbitros oriundos da cidade do Porto estão mais qualificados para arbitrar os jogos do Benfica.
Trata-se de uma coincidência que, aliás, se saúda: sempre é da maneira que a cidade do Porto consegue ter um elemento seu ligado a um bom jogo de futebol. Nos dias que correm, já é bem bom.

Dias depois de Bruno Alves, com risco para a sua própria integridade física, ter tido a grandeza de esticar a perna e pontapear a cabeça de um jogador da Académica que se encontrava caído, Jesualdo Ferreira avisou que estará atento à conduta de Pablo Aimar. Faz sentido. Quando caiu na área do Nacional, Aimar podia ter alçado a perna para atingir o adversário na cabeça e não o fez. Estamos perante um comportamento que só pode causar estranheza no Estádio do Dragão. Ontem, Bruno Alves aplicou uma joelhada na nuca de um adversário. Como se costuma dizer, o campeonato é uma prova de regularidade, e Bruno Alves é mesmo muito regular.

Dias depois de ter recebido variadíssimos prémios por causa do brilharete que fez na época passada, a equipa do Porto (e também o Hulk) empatou em casa contra um forte conjunto que o Benfica cilindrou por 4-0 fora. A equipa do Porto (e também o Hulk) teve algumas dificuldades, mas merece o benefício da dúvida: Falcao está a demonstrar que é um muito razoável suplente, bem como um tal Rodríguez. Quanto aos outros problemas, serão fáceis de solucionar: se houver uma bola para a equipa do Porto e outra para o Hulk, jogará cada um para seu lado na mesma, mas sempre se entretêm mais.

Dias depois de Pinto da Costa ter dito que o Braga era o principal adversário do Porto, os bracarenses queixaram-se de terem sido prejudicados pela arbitragem. Se há surpresas no futebol português, esta é uma delas: o principal adversário do Porto, roubado? Não posso acreditar. Terei de ver o resumo do jogo em causa, mas até lá sinto-me tentado a acreditar que estamos perante um grande exagero.

Dias depois de terem perdido por 3-0 no Dragão, com um penalty que consideraram duvidoso e duas expulsões que lhes pareceram injustas, jogadores e técnicos do Nacional da Madeira perderam por 6-1 na Luz, com um penalty que consideraram duvidoso e duas expulsões que lhes pareceram injustas. A única diferença foi que, na Luz, marcaram um golo ilegal validado pelo árbitro (curiosamente, portuense). Por isso, criticaram duramente a arbitragem, enquanto no Dragão se mantiveram caladinhos que nem ratos. Manuel Machado gosta muito de falar caro, mas infelizmente é um fala-barato. E Ruben Micael disse que, no intervalo, aconteceram coisas no túnel, mas não quis revelar quais. Logo por azar, Ruben Micael tinha prometido, antes do jogo, que marcaria um golo na Luz, o que não viria a verificar-se. Não admira que já ninguém acredite muito no que diz Ruben Micael sobre o que vai acontecer ou já aconteceu na Luz.

Por Ricardo Araujo Pereira in A Bola, 31 de Outubro de 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

JVP



Braga-Benfica

1
Agora sim, candidato

Grande jogo de futebol, bem jogado, com bom ritmo, entrega total dos jogadores, intenso, com emoção, táctico mas ofensivo, porque ganhar era o objectivo de ambas as equipas. No primeiro grande teste a nível nacional, o Benfica perdeu, ao passo que para o Braga este era o teste que faltava: se continuar a jogar assim, temos candidato ao título. Não quero com isto tirar mérito àquilo que o Benfica fez de bom até aqui, mas esta era a grande prova e frente a um adversário moralizado, organizado e com jogadores capazes de fazerem a diferença, não fez melhor do que os restantes candidatos. Convém não esquecer que vamos na 9ª jornada e o Braga tem apenas dois pontos perdidos e já ganhou aos três grandes. Insisto na ideia de termos assistido a um jogo muito interessante em que o Benfica não jogou mal, mas teve pela frente um opositor mais organizado, mais inteligente e matreiro.

2
Notável a pressão do Braga

O Braga entrou mais forte, bem organizado a pressionar bem. Não é qualquer equipa que sabe pressionar daquela maneira, porque pressionar não é só correr, é preciso saber quando fazê-lo, porque a pressão não dura os 90 minutos, tem tempos certos. Quando se faz pressão, todos os elementos têm que ter noção do tempo em que é feita. Aquilo que o Braga fez ontem nesse capítulo obrigou a uma semana de grande trabalho. É uma equipa personalizada, com forte atitude na disputa da bola, grande atrevimento e objectividade.

Atente-se no pormenor de o Braga ter entrado a mandar no jogo, ter marcado cedo e, depois, estar preparado para jogar com as armas do Benfica: transições rápidas. Para isso recuou ligeiramente no terreno, susteve a reacção benfiquista ao golo sofrido, e a partir daí aplicou as suas próprias transições com inteligência, ao mesmo tempo que preenchia melhor os espaços.

3
Avançados a defender

Quando o Benfica tinha a bola, o Braga formava uma primeira linha defensiva com Meyong, Paulo César, Alan e Mossoró. Ao contrário, quando a bola era da equipa da casa, Cardozo e Saviola não defendiam, o que provocava desequilíbrios no meio-campo. Por não terem esses hábitos defensivos, os pontas-de-lança do Benfica esperavam que os companheiros ganhassem a bola e os servissem, mas devido à tal inferioridade numérica nessa luta, a equipa sentia algumas dificuldades na construção do seu jogo ofensivo. O Benfica tentou reagir ao golo sofrido mas não o conseguiu logo. Foi subindo gradualmente no terreno e sacudindo a pressão que o Braga exercia, pois durante o primeiro quarto de hora o Braga não deixava o Benfica pensar, tendo os encarnados, por vezes, recorrido ao futebol directo para se aproximarem da baliza de Eduardo.

Na antevisão do jogo, tinha referido a minha expectativa para os duelos do corredor esquerdo do Benfica, o mais forte, com a ala direita do Braga, também ela mais activa do que a esquerda. E assistimos a duelos bem interessantes entre João Pereira e Dí Maria e Alan e Coentrão, embora em termos tácticos também tenha sido importante o embate do lado contrário entre Paulo César e Maxi Pereira, como, a partir de dada altura da segunda parte, aconteceu com a dupla Matheus/David Luiz.

Outra prova de que o Braga tinha tudo previsto foram as trocas de posição entre Alan e Paulo César. Essas coisas acontecem porque o treinador entende que é preciso mexer em alguma coisa para que não haja vícios de forma. As trocas servem para criar dúvidas a quem defende, para além de que o único vício da equipa da casa ontem foi a rigidez táctica.

4
Solidariedade, substituições, Domingos e Matheus

Quando a relva está rápida e em boas condições, as equipas procuram jogar a um ou dois toques, em tabelas rápidas e difíceis de defender. Como o Braga era uma equipa muito solidária e que procurava sempre defender em superioridade numérica, tinha a tendência para jogar muito junta, mas nem sempre isso é uma vantagem, porque o Benfica quando conseguia sair dessas situações de pressão, metia a bola nos espaços livres e criava desequilíbrios no flanco oposto. Apesar de ter conseguido duas ou três situações favoráveis, o Benfica ontem não foi a equipa eficaz de jogos anteriores. Daí que na segunda parte tenha conseguido 20 minutos de maior controlo mas depois acabou por perdê-lo.

Face às expulsões ao intervalo, os treinadores tiveram necessidade de recompor as equipas. Tendo homens rápidos como Alan e Paulo César, foi lógica a opção de Domingos em abdicar do ponta-de-lança para meter o central Rodriguez, já que ficara sem Leone. Estava a ganhar e continuava a ter duas boas soluções de ataque. Como o Benfica está habituado a ter uma referência na área do adversário, Jesus trocou Javi Garcia, o trinco, por Keirrison, derivando Ramires para o centro do terreno e confiando a ala direita a Maxi Pereira. Apostas boas de ambos os lados no realinhamento das equipas, mas a grande substituição foi, a meu ver, a entrada de Matheus, jogador que conheço bem, porque foi meu colega. É muito rápido e tem capacidades incomuns, como a facilidade de remate, irreverência e um pulmão incrível. A entrada dele mexeu com o jogo. Sem o Meyong e com o Mossoró já a ficar cansado, meter o Matheus é uma espécie de passar a ter dois em um. E foi dele o passe para a jogada que matou o jogo (segundo golo). Domingos esteve muito bem ao pensar a substituição.

5
Hugo Viana foi o melhor

Escolho Hugo Viana como melhor em campo, não só pelo golo que marcou - e pela importância que teve no desenrolar da partida -, mas também pela forma como pensou e pautou o jogo do Braga. Fez uma leitura magnífica das incidências e soube quando era tempo de contra-atacar rápido ou de circular a bola, de acelerar ou temporizar. Ajudou a defender, nunca regateou esforços e ainda apareceu em zonas de tiro. Um grande jogo.

6
Vai ter de jogar o dobro

Entendo a postura dos responsáveis em não quererem assumir a candidatura ao título, mas olho para uns e para outros e, para já, não vejo que os outros candidatos tenham algo mais do que o Braga. É evidente que para poder ser campeão, o onze minhoto vai ter de jogar duas vezes mais do que os concorrentes, porque para se chegar ao título não basta jogar bem, é preciso mais qualquer coisa. O Braga não tem o suporte de uma massa adepta como a dos grandes, tem menos peso na Comunicação Social, provavelmente também nos órgãos decisores, vale menos em audiências televisivas quando não defronta os grandes…

Independentemente das conjecturas que se possam fazer, temos como certo que à nona jornada o Braga é líder incontestado e o campeonato está aberto. Veja-se que o FC Porto, perdendo dois pontos em causa, o que foi mau, acabou por ganhar um ponto ao Benfica. E aproximam-se jogos importantes. Nesta altura até o Sporting tem ainda as suas possibilidades em aberto, tudo dependendo dos próximos três ou quatro jogos. É verdade que não tem mostrado futebol para ser candidato, mas essas coisas por vezes mudam com um grande jogo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Braga 2 - 0 Benfica - 9ª Jornada 09/10

Uma vitória justíssima do Braga, a mostrar que a candidatura ao título pode não ser, afinal de contas, apenas uma miragem. A equipa bracarense entrou à Benfica: pressionante, a não deixar jogar as águias, caindo em cima dos jogadores do Benfica logo à saída da sua área. E esta forma de jogar deu frutos. Como sempre dará. É assim que se tem de jogar. O árbitro não teve grande influência no resultado. Podia ter expulsado João Pereira, mas também se aceita a sua decisão. O golo anulado a Luisão: a falta existe de facto de Cardozo, embora Leone também o agarre depois. Se o árbitro validasse o golo, não seria estapafúrdio. Mas também esteve bem ao marcar a falta (coisa que fez ainda antes de Luisão cabecear). As culpas desta derrota são todas de Jorge Jesus.



Exacto, a culpa é de Jorge Jesus. Se a campanha esta época do Benfica tem sido tão fantástica, isso deve-se sobretudo ao técnico, que tem todo o mérito de ter conseguido passar a mensagem aos jogadores, as suas metodologias e os seus pensamentos. Mas (e como há sempre um mas) ontem isso não se verificou, como já tinha acontecido também em Atenas.

A primeira parte começou de forma atípica, pelo menos do que se tem visto do Benfica esta época. O Braga a pressionar constantemente, o Benfica a sair a espaços para o ataque, mas sem resultados práticos. E eis que Fábio Coentrão (que fez um bom jogo) acabou por fazer o que se temia: um descuido próprio de quem não tem rotinas na posição, um livre perigosíssimo e... um golo sofrido. Quim é mal batido (mais uma vez) mas o remate de Hugo Viana levava selo. A piscar o olho à selecção.



Depois o Benfica acordou, foi em busca do golo do empate, mas o Braga esteve sempre muito bem. Aliás, o Braga tem uma excelente equipa (que já vem, na sua larga maioria, da época passada, excepto Hugo Viana) e provou-o mais uma vez. Ao intervalo, mais um duro revés. Aquela confusão estúpida iniciada por uma atitude irreflectida de Di María (que não me pareceu intencional, de forma nenhuma) prejudicou, como referiu JJ na conferência de imprensa, bem mais o Benfica, pois o Braga apenas abdicou de Meyong para Rodriguez ir para o lugar de Leone, e sabe-se como Meyong não está em grande forma. O Braga continuou com Alan e Paulo César na frente e não se notou grande diferença. Já o Benfica ficou sem a sua grande referência no ataque (que até pode falhar o jogo com o Sporting, dependendo do castigo que irá apanhar - se for 3 jogos, bye bye Cardozo para Alvalade) e entrou para a segunda parte sem colmatar essa baixa. JJ tentou depois emendar a mão, mas na minha opinião foi nessa alteração que errou em toda a linha. Tirou o baluarte do meio-campo (Javi Garcia), certamente pelo amarelo que este já tinha, mas isso em Javi não é um factor que condicione muito, pois a sua inteligência táctica permite-lhe saber não ser expulso. Já Ramires está há uns 4 jogos em claro sub-rendimento, sofrendo de um mal comum a todos os que vêm do campeonato brasileiro: já fez uma época inteira nesta altura. Na minha opinião, precisa claramente de descanso durante uns jogos. E ontem deveria ter sido ele o substituído. Depois a entrada de Keirrison. Percebe-se o que JJ está a tentar fazer. Dar minutos ao miúdo. tentar que algo lhe saia bem para ganhar confiança, mas ontem não era de todo o jogo ideal. E não foi. Keirrison esteve 40 minutos em campo e mal se viu, aliás falhou um lance que um verdadeiro ponta-de-lança marcaria. Falta-lhe claramente confiança. Novo Balboa à vista?



O Braga aproveitou o maior balanceamento ofensivo do Benfica e, num contra-ataque mortífero (com um erro tremendo de Ramires), Matheus fez o que quis do brasileiro e assistiu Paulo César, que marcou facilmente o segundo golo bracarense. JJ colocou depois Amorim e Weldon, tirando a dupla argentina que esteve muito apagada (Aimar-Saviola), em substituições que pecaram por tardias. Nuno Gomes devia ter entrado no lugar de Keirrison e Maxi Pereira também está num mau período. JJ deveria pensar seriamente em fazê-lo descansar, Amorim dá perfeitamente conta do recado.

E assim, o Benfica cedeu a sua primeira derrota no campeonato, naquele que também foi o primeiro jogo sem marcar. O Braga mereceu a vitória e talvez este resultado tenha sido o ideal para colocar um travão na euforia a que já se vinha assistindo. Ainda faltam 21 jogos para o fim do campeonato e ninguém é campeão à 8ª jornada. Nem à 9ª. No fim se verá quem foi o melhor.

O resumo do jogo aqui: