segunda-feira, 23 de agosto de 2010
JVP
Nacional-Benfica
1 - Muita coisa estranha neste Benfica
Terceira derrota em três jogos oficiais é uma situação muito estranha para o Benfica, que tem sido uma sombra da equipa que há poucos meses se sagrou campeã nacional. A forma física e anímica demoram a chegar, os novos tardam em mostrar a qualidade que se espera que tenham e a equipa apresenta-se em campo transfigurada, ansiosa, nervosa, sem capacidade para discernir. E é bem diferente liderar ou andar a correr atrás do prejuízo. Até nas bolas se nota uma diferença abismal. Na época passada percebia-se que esses lances eram bem treinados e bem executados, tanto em termos defensivos como ofensivos. Este ano, para além de não fazer golos, o Benfica sofre-os. E a culpa não é só do guarda-redes, apesar de ontem ter tido responsabilidades na derrota.
2 - Primeira parte encarnada
A primeira parte foi aberta, de parada e resposta, com o Benfica a ser a equipa mais organizada, mais sólida, não se desequilibrando defensivamente, como acontecia com o Nacional, que por vezes permitiu igualdade numérica de jogadores na defesa. A equipa da casa estava a sentir-se bem com a toada da partida, mas entusiasmava-se em demasia e desequilibrava-se. Passou por um período complicado, mas foi rectificando e acabou por se pôr à aventura. Porque o Nacional é uma equipa recheada de jogadores de qualidade, que não se inibe com os grandes, mas por vezes o entusiasmo é mau conselheiro. Ontem não foi porque o Benfica não soube aproveitar.
Tendo mais bola, o Benfica conseguiu as melhores oportunidades e refiro as perdidas de Cardozo (por cima) e de Saviola (grande defesa de Bracali) como exemplo do que poderia ter acontecido, porque embora não seja a equipa poderosa do ano passado, era a mais perigosa em campo.
3 - Depois da ansiedade, quebra física e anímica ou só anímica
O Benfica era desde o início uma equipa ansiosa à procura de uma vitória e, como acontece na maior parte dos casos, a ansiedade tira discernimento, tanto na finalização como no último passe. Curiosamente, a condição física benfiquista pareceu-me melhor do que em jogos anteriores, mas na segunda parte houve uma quebra acentuada, não sei se anímica e física ou se só anímica.
Nesta questão da quebra excluo o Coentrão, porque é um jogador à parte, o único que provoca os desequilíbrios, mas sozinho não consegue fazer tudo. Gaitán tem hábitos de jogo diferentes, joga mais para dentro e ainda não está identificado com a equipa, além de que não aguenta a velocidade imposta por Coentrão.
4 - Nacional aproveita
A segunda parte começou praticamente com o primeiro golo do Nacional. E o Benfica, se até então era uma equipa ansiosa, tornou-se ansiosa e nervosa, incapaz de pegar no jogo e de o pensar (excepção para Coentrão). Os jogadores utilizam mais o coração do que a cabeça, mas sem soluções para chegarem com perigo à baliza de Bracali.
O Nacional manteve a postura de coragem e atrevimento, mas melhorou a organização, sendo capaz de aproveitar o nervosismo do Benfica, construindo lances de perigo face a um adversário desorganizado, por vezes desesperado.
5 - Tudo acontece a Roberto
O segundo golo, ainda por cima caricato, entregou de vez o jogo ao Nacional. A incapacidade do Benfica para dar a volta à situação explica-se pelo facto de ter jogadores muito abaixo do desempenho do ano passado. Cardozo é daqueles a quem se nota mais a falta de forma, mas não é o único. Os novos entraram numa equipa que ainda não está bem em termos físicos e anímicos, o que lhe dificulta a integração. E há ainda o caso do guarda-redes. Tudo lhe acontece e desta vez foi decisivo para que o Benfica perdesse. A titularidade começa a tornar-se mais complicada, pois se já antes havia controvérsia, por haver muita gente a dizer que talvez não seja tão bom quanto se dizia, agora a situação piora.
6 - Fantasmas de Ramires e Di María vão perdurar
O jogo de ontem deixou claro que os fantasmas de Ramires e Di María vão continuar a pairar sobre os benfiquistas por mais algum tempo. A equipa não está a conseguir substituí-los e se é verdade que os novos não estão a dar a melhor resposta, também é verdade que a instabilidade dos resultados lhes dificulta a adaptação. Está provado é que Ramires e Di María eram demasiado importantes para saírem ao mesmo tempo.
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3 comentários:
Temo que em muitos pontos como a questão Di Maria e Ramires, João Pinto tenha razão.
Mais uma análise muito correcta e realista do grande JVP. E ele tem toda a razão relativamente ao Di Maria e Ramires.
Saudações Benfiquistas!
Parece-me que a minha receita é «tempo». Para tudo. Sem ele nada feito!
Abraço
Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera
Bimbosfera.blogspot.com
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