quinta-feira, 12 de novembro de 2009

JVP



Benfica-Naval

1
Duas estratégias, a mesma fidelidade

O Benfica teve de trabalhar muito para conseguir vencer a Naval, num jogo a fazer lembrar aqueles que se viam nos anos 80, talvez finais de 70. Aliás, ultimamente temos assistido a jogos em que várias equipas chegam a casa dos grandes e jogam exclusivamente para não perder. Fê-lo a Naval na Luz como já o tinha feito o Marítimo, ou como fez a Académica no Dragão. Percebe-se que cada um tem de jogar com as suas armas, mas o espectáculo ressente-se.

Ontem, assistimos a um jogo entre equipas fiéis às respectivas estratégias: o Benfica a dar tudo por tudo para vencer e a Naval com igual empenho para tentar levar um ponto da visita à Luz.

2
Massacre feliz

O Benfica passou por muitas dificuldades, porque a Naval foi exemplar em termos defensivos, quer na entrega quer na quantidade de homens que envolveu no processo defensivo, com as linhas juntas, não deixando espaço para o Benfica aplicar as suas transições rápidas. Por mérito da Naval, ontem, a equipa da casa viu-se obrigada a fazer uma pressão muito forte e a jogar em ataque continuado.

Embora para defender estratégias opostas, as equipas usaram os mesmos métodos: grande aplicação, concentração e entrega total, pois estes são jogos de um desgaste tremendo, tanto para quem defende como para quem ataca. O Benfica, que massacrou o adversário, acabou por ser feliz tanto na altura em que marcou o golo como depois escapou a uma oportunidade da Naval.

3
Peiser foi um gigante

No meio de tanta gente a jogar no limite das capacidades para conseguir os seus objectivos, o guarda-redes Peiser foi o melhor jogador em campo. O francês esteve numa forma fantástica durante toda a partida e só foi batido no lance do golo porque, nesse caso, não teve a mínima hipótese. De resto, adiou quanto pôde a vitória encarnada.

4
Coentrão a lateral

Está visto que, pelo menos nos jogos em casa, o Benfica vai sempre usar um lateral-esquerdo muito ofensivo, seja ele Coentrão ou César Peixoto, para aumentar a pressão e o caudal ofensivo, o que permitirá aos adversários tentar explorar esse corredor. A Naval teve pouquíssimo tempo a bola nos pés, devido à pressão a que era sujeita, e poucos lances de perigo criou, mas a verdade é que tentou sempre jogar a bola para Marinho, o jogador mais rápido e que tentava sempre explorar as costas de Coentrão, porque é mais ofensivo e menos fiável a defender do que Maxi Pereira.

5
Bola parada, adivinhava-se

Face ao número de jogadores que a Naval utilizava para defender, mesmo levando em conta a insistência do Benfica, a partir de dada altera adivinhava-se que, se houvesse golos, seria de bola parada. Aliás, ficou mais uma vez demonstrada a importância desse tipo de lances e o porquê de deverem ser trabalhados diariamente por todas as equipas, tanto nas vertentes ofensiva como defensiva.

O golo acabou por surgir num lance bem gizado, em que houve mais mérito de quem atacava do que demérito de quem defendia. O livre foi muito bem batido, com a bola tensa, a fugir dos defesas e a ir ao encontro de quem ataca. É óbvio que era possível estorvar o Javi García, bastava que alguém se tivesse encostado a ele para tudo poder ser diferente, mas a questão é que o Benfica tem tantas soluções para esse tipo de lances que pode sempre sobrar alguém sem marcação. Veja-se: na jogada estavam Javi García, Luisão, David Luiz e Weldon, que também joga bem de cabeça. E ontem faltava o Cardozo… Por isso digo que face a um adversário tão forte no jogo aéreo, houve mais mérito do que demérito.

6
Desgaste físico e psicológico igual para ambos

Um jogo destes requer um esforço físico enorme, até porque, dos jogadores de campo de ambas as equipas, em princípio só dois têm a vida algo facilitada: os centrais da equipa que só ataca. Todos os outros são sujeitos a um desgaste físico e psicológico enormes. Quem defende não se limita a andar atrás da bola, tem de estar concentrado e sempre atento para poder cobrir o colega do lado e atacar as segundas bolas. Para quem ataca o desgaste não é menor, e à medida que o tempo avança a pressão psicológica aumenta, por vezes tira discernimento, é desesperante. Daí ter afirmado no início do texto que o Benfica fez tanto para ganhar este jogo como a Naval para não o perder.

No tocante às substituições do Benfica, podem considerar-se normais. Weldon joga melhor de cabeça, é mais rápido do que Nuno Gomes e o jogo pedia alguém com essas características. Depois entrou Keirrison que é a chamada substituição do desespero e se tivesse outro ponta-de-lança no banco se calhar também entrava. Felipe Menezes em vez de Aimar foi outra boa ideia, porque o argentino já não tinha frescura física que o jogo exigia.

1 comentário:

Jotas disse...

Uma análise perfeita caro Bruno e que reflecte a verdade do jogo e também do imenso treino do benfica nos lances de bola parada.