sexta-feira, 5 de novembro de 2010

JVP


Benfica-Lyon

1 - Da vitória fantástica à vitória apenas importante

O Benfica conseguiu uma vitória importantíssima na Liga dos Campeões, mas acabou por manchar, num quarto de hora, 75 minutos de futebol soberbo. Só que aquele que poderia ter sido um triunfo moralizador até para a visita ao Dragão, acabou por se transformar apenas em três pontos decisivos na Champions, tendo ficado de positivo o facto de o Benfica ter deixado de depender de terceiros. Agora não tem nada de que se queixar. Ganhar 4-3 depois de ter chegado a 4-0, foi um castigo pesado, mas também uma lição para o futuro, mesmo que se admita que os níveis de concentração possam baixar depois de se atingir uma vantagem tão confortável.

2 - Benfica e Lyon trocaram de táctica após o 1-0

O Benfica fez uma primeira parte fantástica, por vários motivos: pela coragem demonstrada ao assumir o jogo; pela inteligência evidenciada ao mudar de estratégia depois do primeiro golo; pela maturidade demonstrada ao manter a organização defensiva, sem dar espaços e aproveitando os oferecidos pelo Lyon.
A equipa francesa apresentou-se na Luz tranquila, porque tinha ganho os três jogos anteriores e podia apostar em defender bem e jogar no erro do Benfica, um pouco à semelhança do que fizera no jogo em casa. Mesmo assim, o Benfica não teve receio de assumir a procura do golo. E foi na obtenção desse primeiro tento que aconteceu, a meu ver, o momento do jogo. Porque a partir daí as estratégias ficaram trocadas. O Lyon sentiu-se desconfortável com o golo sofrido, quis subir no terreno e deu espaços, o que permitiu ao Benfica passar a utilizar o esquema de que tanto gosta e que tinha sido usado pelo adversário enquanto esteve 0-0: boa organização defensiva e transições rápidas, que ainda por cima foram feitas com grande objectividade e eficácia. O segundo golo foi disso um bom exemplo.

3 - O recuperar das bolas paradas

Para além das qualidades já referidas - e não é demais insistir na profundidade e velocidade utilizadas no aproveitamento dos espaços -, o Benfica parece querer recuperar aquele que era um dos seus trunfos da época passada: o aproveitamento das bolas paradas.
A primeira metade foi coroada ainda com o terceiro golo, o que dá uma margem de conforto importante a qualquer equipa. Daí que se perceba a desaceleração da segunda parte. O Benfica procurou gerir, manter a organização e ir deixando o tempo passar, mas sem nunca deixar de ter lances de profundidade, porque um jogador como Coentrão não deixa nunca que um jogo morra. Apesar disso a tendência era para afrouxar.

4 - O mal esteve no 4-0

Como o Lyon continuou a cometer erros, o Benfica fez o 4-0. E aqui vou realçar a intervenção de Maxi Pereira no lance, porque na memória da maioria vai ficar apenas o grande passe de Carlos Martins e a também fantástica finalização de Coentrão, mas antes disso foi preciso ganhar a bola, meter a cabeça onde o adversário tinha o pé. Maxi teve a coragem e deixou para Martins e Coentrão a qualidade e a beleza.
Só que esse bonito quarto golo acabaria por marcar negativamente a partida, porque a seguir a equipa teve uma quebra de concentração que resultou num quarto de hora que manchou aquele que deveria ter sido um grande triunfo, a coroar uma grande exibição. O Benfica não merecia um castigo tão grande, mas depois de estar a vencer por 4-0 a desconcentração é condenável mas… normal. A equipa descomprime, desacelera e basta um golo para moralizar um adversário tão experiente como o Lyon. Serve de lição para o futuro.

5 - Acordar os fantasmas

Esquecendo o quarto de hora final, no plano individual destaco a segurança e a entrega de Luisão, a qualidade de Carlos Martins, que fez quatro assistências para quatro golos, e todo o trabalho e o pulmão de Coentrão, para além dos dois golos que marcou.
Creio que as substituições que se seguiram ao 4-0 - saíram Saviola, Kardec e Carlos Martins - tiveram por objectivo poupar os jogadores para o importante jogo de domingo, com o FC Porto. E creio ter-se tratado de uma decisão acertada. Não foi por causa das alterações que a equipa se desorganizou, mas não se pode facilitar. Apesar de os três pontos nunca terem estado em causa, os três golos sofridos dão uma má imagem e até houve tempo para Roberto acordar os fantasmas.~

6 - Ala esquerda para o Dragão

Depois do jogo de ontem, não creio que a equipa a apresentar por Jorge Jesus no Dragão seja muito diferente. Se Aimar estiver em condições, deverá sair Salvio e Carlos Martins jogar na direita, mas pode abrir-se uma discussão sobre a ala esquerda. Frente ao Lyon, Coentrão e César Peixoto alternaram a posição de lateral com a de médio-ala. Quando subia um ficava o outro e fizeram-no bem, porque ambos têm rotina das duas posições. Como no domingo pela frente vai aparecer Hulk, acredito que Jesus aposte nesta dupla, com Peixoto à frente de Coentrão. Gaitán até pode ser mais criativo, mas dá menos garantias a defender.

2 comentários:

Bimbosfera disse...

Boa crónica, e o título diz tudo!

Abraço

Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

Bimbosfera.blogspot.com

P.s.- Não podemos jogar com o Martins, Aimar, Salvio, Gaitan, e mais 8 jogadores? É que o Proença vai apitar, e sempre equilibrava um pouco as coisas... E ainda dizem que ele é nosso sócio, irra!

sloml disse...

Ahahahah. Ao que parece é mesmo, embora tenha jogado andebol no Sporting em pequenino. Mas se é, não se nota nada, pelo prejuízo que nos causa de cada vez que apita jogos nossos!