sábado, 27 de novembro de 2010

JVP


Hapoel-Benfica

1 - Perder um jogo que era fácil de ganhar

O Benfica perdeu por culpa própria um jogo que deveria ter ganho com alguma facilidade. O que aconteceu foi incrível. É difícil de entender, e mais ainda de explicar, como é que uma equipa, mesmo jogando sem grande intensidade, consegue um ascendente claro, cria várias oportunidades de golo, não marca e depois sofre dois golos de bola parada, um deles de canto, quando um canto, para o Benfica da época passada, nem sequer podia ser considerado uma jogada potencialmente perigosa. Este Benfica é uma equipa descrente, apática, que não me parece disposta a sofrer. Tomou conta do jogo, teve o domínio das operações e a seguir desorganizou-se em termos defensivos, deixou-se partir, permitiu que os jogadores estivessem distantes uns dos outros, com uma falta de concentração perfeitamente anormal. Dá ideia de que, de uns jogos para os outros, não aprende com os erros cometidos.

2 - Imagem desastrosa e Aimar a remar sozinho

O que se passa a nível de resultados começa a ser grave para a imagem internacional do Benfica. É que, para o exterior, não passa apenas uma derrota por 3-0 consentida perante um adversário fácil; passam todo o passado recente e uma imagem de insegurança e instabilidade. Os 5-0 do Dragão continuam vivos e, pelo jogo de ontem, percebe-se que a vitória por 4-0 frente à Naval em termos práticos não serviu de nada.
Olha-se para esta equipa e percebe-se que há muita desmotivação, e são vários os jogadores desmotivados. Ontem, a excepção foi Aimar, que se fartou de remar contra a maré, mas esteve sozinho. Foi o único que se notou que queria mesmo ganhar.
Foram muitos os problemas no último terço do campo, e o Hapoel, mesmo pondo muita gente atrás da linha da bola, era pouco agressivo e defendia mal. Mesmo assim, na segunda parte bastou-lhe fazer uma transição bem feita e aproveitar duas bolas paradas para humilhar o Benfica.

3 - Surpreendeu-me ver Carlos Martins no banco

Surpreendeu-me que Carlos Martins tivesse ficado no banco. Do meu ponto de vista, ele dá mais consistência à equipa tanto em termos defensivos - mesmo que não seja perfeito - como em termos ofensivos. É também um jogador que pode fazer a diferença nas bolas paradas, nos remates de meia distância ou mesmo nos passes de risco. Um meio-campo com Salvio e Gaitán não me parece que possa ser consistente. Carlos Martins dá mais garantias do que qualquer um dos outros e tem estado moralizado, até com a Selecção Nacional.
Qualquer que seja o ângulo de abordagem deste jogo, tem de ficar claro que, pelo número de oportunidades criado, o Benfica deveria ter vencido com tranquilidade.

4 - É tempo de deixar de falar de Ramires e Di María

Nesta altura, já não se pode continuar a atribuir a má época à saída de Ramires e Di María. Parece-me que a equipa está a passar por uma crise mental; a capacidade de reacção a uma contrariedade é praticamente inexistente. Insisto na ideia que me parece mais chocante: a equipa não está disposta a sofrer. Porque embora esta equipa não seja tão boa como a da época passada, vale muito mais do que aquilo que tem feito. Falta eficácia, falta definição no último terço, a organização desfaz-se, não tem conta o número de cantos desperdiçados por uma equipa que na época passada dominava completamente este aspecto tanto na componente ofensiva como defensiva. Continuar a falar dos jogadores que saíram, mesmo tendo eles sido importantíssimos, é querer passar ao lado dos problemas.
Ontem tinha bastado pressionar o Hapoel à saída da sua área. Das poucas vezes que o fez, o Benfica ganhou a bola e criou perigo. Devia ter sido fácil.

5 - Mercado não é única solução

Principalmente desde a derrota no Dragão que se tem falado muito de mercado, e acredito que os rumores vão aumentar a partir deste desastre. Sinceramente não me parece que a solução para os problemas do Benfica passe apenas por idas ao mercado. Quando a crise é psicológica, não é a chegada de novos jogadores que vai mudar o cenário. É óbvio que a chegada de bons jogadores pode ajudar, mas para resultar é preciso que treinador tenha conseguido recuperar o grupo em termos psicológicos. Nesta altura, o problema motivacional é o mais importante de todos. As quebras de concentração e a incapacidade para reagir às contrariedades são prova disso mesmo.

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