... pela verdade desportiva, a ver se algumas pestanas se começam a abrir...
1 - Nada do que está a passar-se no futebol português, à revelia de princípios a que todo e qualquer desiderato desportivo deve subordinar-se, constitui motivo de admiração para quem minimamente se interessa pelo fenómeno.
Já se sabia que muitas situações estranhas emergiriam se o investimento feito pelo Benfica no reforço do seu quadro de profissionais tivesse retorno imediato, através de melhores resultados, de mais pontos e do acesso ao topo da classificação.
Já se sabia que o FC Porto, obstinado na conquista de outro 'penta', iria activar toda a sua oleada máquina de influências e arregimentar os aliados possíveis para manter desimpedido o caminho que eventualmente o conduzirá a esse desígnio supremo.
Só não se sabia que o Braga resistiria tanto tempo no primeiro lugar, proeza que lhe permitiu adquirir o estatuto de intérprete especialmente privilegiado nessa luta titânica entre águia e dragão. Mas era previsível que o FC Porto arrancasse célere à descoberta de conforto em ombro amigo assim que percebesse não dispor, sozinho, de argumentos suficientemente fortes para travar a ascensão do Benfica. Fê-lo, sem mais demoras, desfrutando de esperada e simpática disponibilidade por parte do presidente bracarense, o qual, sem que fosse necessário pedir-lhe, e a propósito de mero folclore, falou em «manobras estranhas e inqualificáveis que estão a ser urdidas nos corredores do poder tendo apenas um objectivo: parar o Sp. Braga». E empurrar o Benfica, deduzo...
Nenhuma surpresa até aqui, portanto. Apenas falta descobrir se Salvador tem a noção de estar a fazer de papel de embrulho: utiliza-se enquanto for preciso e depois... deita-se fora.
2 - De toda a maneira, não pude deixar de captar o sentido de oportunidade do apresentador da obra, Rui Moreira, prestigiada figura da vida portuense e distinto colunista de A BOLA, a quem leio todas as semanas com atenção. Como o tema central tinha a ver com Inocêncio Calabote aproveitou logo para fazer a ligação ao túnel de Braga, ao Benfica e aos erros que segundo ele beneficiam o clube da Luz... Bom, insisto na minha. Isso foi há mais de 50 anos, e se, desde então, não conseguiram os partidários do dragão, geralmente atentos e sagazes, descortinar segundo caso, susceptível de permitir uma relação entre algum feito desportivo do Benfica e eventuais favores do pessoal do apito, é porque de facto não existe.
Em contrapartida, orientando o azimute para outras direcções, explodem vários, igualmente interessantes, muito mais recentes e de fácil pesquisa: caso Calheiros ou caso Silvano; caso Correia ou caso Gonçalves; caso Silva ou caso Guímaro. É só escolher...
Por Fernando Guerra in A Bola
ONZE PARA A TAÇA
Há 4 horas
2 comentários:
Ora muito bem dito, caro homónimo Guerra...
É por essas e por outras que se calhar em Espanha estão mesmo mais avançados do que nós... Sei lá!
Os jornais de lá são «clubistas» mas assumidos, cá não, é à boca pequena que se fala!
Eu não me chateio, mas que não sejam hipócritas e não ponham lá «comentadores detergentes», como diz o caríssimo Gil Vicente.
Gostei desta crónica.
Abraço
Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera.
http://Bimbosfera.blogspot.com
Também li essa crónica do Fernando Guerra e ela diz tudo sobre o que significam as pessoas que estão nos destinos do Porto e daqueles que lhe são mais próximos, ou que ambicionam um dia dirigir o clube, como é o caso de Rui Moreira.
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