Benfica-FC Porto
1 - Benfica maduro e solidário FC Porto pouco esclarecido
Apesar das questões em torno dos onzes e da estratégia que cada treinador iria apresentar, este foi um daqueles jogos que se decidiram mesmo no campo. O FC Porto surgiu sem surpresas, pois para mim a única dúvida era se o titular seria Hulk ou Varela. Já no Benfica, a curiosidade era maior devido à falta de elementos importantes: Di María, Aimar, Coentrão ou Sidnei. E, à partida, as soluções não apresentavam as mesmas garantias dos ausentes. Mas essa ideia acabou por ser desmentida, em especial no caso de Urreta, que esteve muito bem tacticamente, atacou e defendeu quando devia e num lado - o direito do FC Porto - que não é fácil quando joga Fucile. Urreta foi a maior surpresa e acabou por ser uma boa revelação, num Benfica que mostrou maturidade, preocupação em fazer as dobras - foi uma equipa solidária - e no apoio ao portador da bola, criando alternativas de passe. Além disso, foi inteligente na forma como defendeu longe da baliza. O FC Porto, por outro lado, pareceu-me uma equipa nervosa e com poucas soluções para dar a volta a um resultado negativo, ou seja, pouco esclarecida.
2 - Nestes jogos conta mais o momento da recuperação de bola
Antes do jogo, as coisas pareciam favoráveis ao FC Porto, pois estava em pleno, ao contrário do Benfica, que tinha dificuldades para construir o onze. A única coisa contra o FC Porto era o facto de jogar fora - um argumento de peso. Nos primeiros cinco minutos vimos um FC Porto personalizado e confesso que pensei que o encontro não fugiria muito disso. Mas o Benfica passou a controlar as operações e a jogar mais perto da área do FC Porto, exercendo uma pressão alta que provocou muitas perdas de bola no adversário. Neste tipo de jogos, mais do que as jogadas trabalhadas, aquilo que realmente conta é o momento de recuperação de bola em zonas perigosas - e foi isso que deu o golo: o FC Porto foi apanhado em contrapé, quando tentava subir no terreno e Saviola conseguiu aproveitar isso de forma inteligente. O FC Porto não conseguiu sair da zona de pressão e perdia a bola ao primeiro ou segundo passe. Já o Benfica ocupou melhor os espaços e procurou ganhar as segundas bolas, o que confere maior ascendente, mais tempo com a bola a favor, sobretudo em zonas adiantadas.
3 - Saviola e David Luiz foram os melhores
Os dois jogadores que mais me chamaram a atenção neste encontro foram Saviola e David Luiz. O argentino atravessa um grande momento e está a mostrar toda a sua qualidade, nos passes, na finalização, na ocupação dos espaços e na leitura que faz do jogo. Alguém assim, quando tecnicamente dotado, desequilibra. O central brasileiro esteve seguro, determinado, fez cortes importantes e nos momentos em que o FC Porto criava perigo era ele quem aparecia a resolver.
4 - Farías e Belluschi sem tempo
Os campeões nacionais melhoraram na segunda parte, numa altura em que procuravam jogar a bola, mas o estado do terreno tinha piorado. E em termos práticos só tiveram uma ocasião clara de golo, o remate de Raul Meireles que bateu em Luisão, enganando Quim, mas que acabou por sair ao lado. Quanto às substituições, provavelmente eu teria feito as mesmas de Jesualdo Ferreira, mas de forma diferente. É que se a intenção era meter Farías e Belluschi, não faz sentido provocar duas paragens no jogo, separadas praticamente por um minuto, numa altura em que o objectivo do FC Porto era chegar ao empate. E, a pouco mais de dez minutos para o final, já era tarde para tentar mudar, devido à intensidade do jogo e ao estado do relvado. Embora quem entre esteja mais fresco do que aqueles que já estão a jogar, precisa sempre de cinco ou dez minutos para entrar no ritmo e tempo foi coisa que Farías e Belluschi não tiveram.
5 - Vantagem anímica importante
O discurso que normalmente antecede os jogos grandes por parte dos treinadores tende a tentar desvalorizá-los para além dos três pontos em disputa, mas estes são realmente jogos diferentes. Neste caso, a diferença pontual era mínima; além disso é importante em termos anímicos para o Benfica, que recebia um FC Porto que estava em crescimento e conseguiu dar a volta a uma situação difícil, tendo em conta as ausências. Isso vai criar competitividade dentro da equipa, com todos os jogadores a quererem mostrar o seu valor, o que se torna uma vantagem numa prova longa como é o campeonato.
6 - Campeonato longe de estar resolvido
O campeonato está, no entanto, longe de estar decidido. Esta era uma saída difícil para o FC Porto, por se tratar de um estádio onde é difícil jogar, onde há uma pressão enorme, mas esperava mais do campeão nacional do que aquilo que fez ontem. Numa situação destas, o ideal para o FC Porto seria disputar o próximo jogo quanto antes mas o campeonato vai parar, dando tempo para corrigir o que tem estado menos bem nesta primeira parte da temporada. O Benfica está confiante e acredita que vai começar o novo ano da mesma forma que termina este. Espera-se que o Braga continue igual, apesar da saída de Meyong para a CAN obrigar o líder da Liga a ir ao mercado. Numa prova longa como o campeonato é normal que as equipas se reforcem, em especial o Braga, que não tem os mesmos argumentos dos grandes.
2 comentários:
Caro Bruno
O que eu quero é que me diga sempre qualquer coisa. Depois, eu vou buscar a sua crónica onde estiver publicada.
Um grande abraço
Aproveito o momento para desejar um Bom Natal, no seio daqueles que mais gostas e com imensas saudações benfiquistas
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