quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

JVP


Sporting-Benfica

1
João Pereira foi vítima da pressão

É praticamente escusado referir que todo o jogo foi condicionado pela expulsão de João Pereira, mas vale a pena reflectir sobre o assunto. Uma jogada daquelas - por maior ou menor que seja o aparato - só se explica pela pressão que os adeptos têm exercido sobre a equipa perante os últimos resultados. Há outros indicadores reveladores da crise que se instalou, e continuo a pegar no exemplo de João Pereira: quando chegou ao Sporting, saído do Braga, onde estava a fazer uma grande temporada, jogou com a mesma alegria, transmitindo a ideia de ser um elemento aglutinador, que trazia motivação e entusiasmo, mas não precisou de muito tempo para baixar de rendimento. Integrou-se demasiado, deixou-se puxar para baixo, também ele acusou a pressão que se abateu sobre a equipa.

2
Os dois pecados dos leões

Com menos um elemento e sofrendo um golo logo a seguir à expulsão, o jogo tornou-se demasiado difícil para o Sporting, que tinha dificuldade em sair para o ataque. Lutava para ganhar a bola e perdia-a logo a seguir. A falta de um jogador é muito relevante, mas, para mim, o jogo decide-se porque o Sporting comete dois pecados capitais. Primeiro, a expulsão; segundo, as bolas paradas. Quando a equipa precisava de se reorganizar e reagir à expulsão, ficou ainda mais enervada por sofrer um golo de bola parada. Quando tentava forçar o empate e até já tinha conseguido criar oportunidades de chegar ao 2-2, não só não marcou como ofereceu mais um golo de bola parada. Porque, ao Sporting, tem de se lhe reconhecer o mérito de, durante pelo menos 20 minutos da segunda parte, ter sido capaz de ameaçar o Benfica, só não conseguindo passar para cima devido aos desequilíbrios que Di María ia criando.

3
Segundo golo tranquilizou de mais o Benfica

O Benfica teve neste jogo uma tarefa mais facilitada do que estaria à espera. Curiosamente, tendo sido capaz de aproveitar cedo a desvantagem numérica do adversário, a seguir deixou-se tranquilizar em demasia com a obtenção do segundo golo. É certo que o Sporting fez um grande esforço para, gradualmente e através de acções individuais de Liedson, tentar reduzir a desvantagem, mas fê-lo também porque o Benfica concedeu espaços, não foi a equipa pressionante de jogos anteriores. Nos minutos que se seguiram ao golo de Liedson, teve até muitas dificuldades em segurar um Sporting com dez. Depois de chegar ao 2-0, pensei que o Benfica pressionaria ainda mais, tentando um resultado volumoso, como o tem feito noutras alturas. Mas não só não fez isso como se sujeitou a calafrios desnecessários, que foram alimentando a esperança do Sporting. O Benfica devia ter feito mais posse de bola, uma boa circulação para cansar o adversário mas, em vez disso, por vezes até tentou jogar em transições rápidas. Acontece que na altura em que mais tentava chegar ao empate, o Sporting ofereceu o 3-1 e a história do jogo ficou contada.

4
Resultado excessivo

É certo que Cardozo fez um grande golo e que os golos são sempre bem-vindos ao futebol, mas este contribuiu para a construção de um resultado excessivo, um castigo demasiado pesado para o esforço e a atitude sportinguistas. Uma referência ainda para a entrada de Cardozo, Aimar e Saviola, quando faltavam jogar cerca de 20 minutos e o Benfica já ganhava 3-1. Foram substituições pouco significativas, porque o jogo estava decidido, mas a entrada de qualquer um destes elementos visava aumentar a qualidade do futebol praticado, pois mesmo a ganhar por essa margem, o Benfica não estava a fazer um grande jogo. Nota-se que Kardec e Éder Luís ainda não estão bem integrados, daí as trocas para darem tranquilidade e qualidade.

5
Sporting tem de pensar no futuro

A partir de agora, que ficou afastado da última competição nacional que poderia ganhar, o Sporting tem de continuar a trabalhar para tentar minimizar os efeitos de uma época que está a ser muito complicada e olhar para o futuro, começando já a preparar a próxima temporada. Os jogadores têm a obrigação de dar tudo, como se estivessem a lutar por todos os títulos, e se o fizerem evitam, pelo menos, que a situação se agrave, ao mesmo tempo que ainda podem tentar dar alegrias aos adeptos na Liga Europa. Os dirigentes têm de olhar para a frente de forma responsável, não deixando nunca de ter presente que o que se está a passar esta época é muito mau. E estamos a três meses do final da temporada.

3 comentários:

Manuel Oliveira disse...

Caro Sloml, muito boa a crónica. Espelha exactamente o que se passou. Não sei bem porquê mas ainda estou de pé atrás com o JVP. Não acho que ele simpatize com o Benfica pois nunca digeriu muito bem a dispensa, injusta é verdade.
Abraço.

Jotas disse...

Concordo com o Manuel, mas JVP é sempre muito isento nas crónicas enelas limita-se a falar de futebol, o que nos tempos que correm é digno de registo.

sloml disse...

Não concordo, Manuel. Quando o vejo a falar do Benfica vejo algo nos seus olhos que não existe quando fala dos outros. Ele ficou benfiquista. Foi sempre muito profissional e deu tudo por todos os clubes onde passou, mas ficou com o Benfica no coração. Disso eu tenho quase a certeza.