Benfica-Nacional
1 Benfica ganha a guerra do corredor
Benfica e Nacional, embora utilizando esquemas tácticos diferentes, entraram em campo com o adversário estudado e ambos apostados em explorar os corredores, com a particularidade de terem apostado numa luta em que a superioridade foi do Benfica. Apesar da falta de rotina e de ter jogado devido à lesão de César Peixoto, Coentrão esteve muito bem, teve uma grande atitude e ajudou a equipa a ganhar essa batalha, pois se é verdade que o Nacional tentou jogar nas costas dele, foi na mesma ala, mas nas costas de Patacas, que o Benfica começou a resolver o jogo. Jesus sabia que Patacas sobe bastante - é óbvio que um lateral, num esquema de três centrais, tem de subir - e pôs Fábio Coentrão e Di María (na foto) a explorarem esse flanco, tendo beneficiado da lentidão de Halliche, que era quem tinha de dobrar o lateral. Aliás, o problema da velocidade, ou falta dela, afectou os três centrais do Nacional. Mesmo na primeira parte - o resultado ao intervalo era de apenas 2-1 - já se tinham visto vários lances em que as dobras da defesa da equipa madeirense eram deficientes. Basta atentar no número de vezes que Cardozo apareceu sozinho. E toda a gente sabe que, se há característica que Cardozo não tem, é a velocidade. Só que o desacerto era grande e constante, pois quando Saviola saía para receber a bola, ninguém o acompanhava, deixava de haver marcação.
2 Benfica mais perigoso quando o Nacional atacava
Mesmo num jogo muito táctico - e convém reforçar a ideia de que este jogo tem de ser partido entre a primeira e a segunda parte -, o entendimento entre Saviola e Aimar foi perfeito: complementam-se e contam ainda com o apoio de Ramires, sempre preocupado em cumprir tacticamente o que lhe é recomendado, mas muito objectivo na forma de jogar.
Para combater o Benfica, e apesar de bem posicionado no terreno, ao Nacional faltava agressividade defensiva, pois concedia demasiados espaços. Ou seja, mesmo quando conseguiu manter o resultado equilibrado o Nacional estava melhor a atacar do que a defender, porque depois desequilibrava-se e era surpreendido pelas transições rápidas do Benfica. Ou seja, o Benfica era mais perigoso, quando era o Nacional que estava no ataque. Se juntarmos a isto a desconcentração na bola parada que deu o segundo golo, percebe-se que, a partir dali, as coisas não seriam fáceis para os visitantes.
3 Espaço para Aimar e Ruben Micael
Quando se defrontam duas equipas onde há jogadores de reconhecida qualidade, acontecem sempre coisas interessantes, como foram os casos dos primeiros golos de ontem. Há jogadores como Aimar e Ruben Micael, que, se tiverem liberdade e conseguirem espaços para jogarem com a bola no pé de frente para a baliza adversária, constroem magníficas jogadas de golo. Numa dessas situações, Aimar iniciou o lance do primeiro golo ao lançar Coentrão com um passe a rasgar a defesa. Pouco depois, foi a vez de, em situação idêntica, Ruben Micael, que também tem muito bom passe, isolar Edgar Costa para o tento do empate. Dois lances magníficos em que sobressaiu a qualidade dos jogadores.
4 Penálti acaba com o jogo
A segunda parte tem uma história curta. O Benfica entrou muito bem e houve logo um penálti. Esse foi o momento do jogo, porque a partir daí o Benfica arrancou para a goleada, ao mesmo tempo que desmoralizava e desorganizava o adversário. Em favor do espectáculo, há a registar o facto de a equipa da casa nunca desacelerar. Mesmo com uma vantagem tranquila, o Benfica quer sempre mais e mais. É nestas alturas em que sentem o jogo seguro e pretendem avolumar o resultado que os desequilibradores aproveitam para dar espectáculo, com pormenores técnicos e habilidades individuais de que o público gosta. Esta equipa sabe entusiasmar os adeptos.
5 Aimar e Saviola nem precisam de falar
Num jogo em que os destaques individuais vão para Di María e Coentrão - que foram quem mais mexeu no jogo -, há também a realçar o grande momento de Aimar e o facto de se entender às mil maravilhas com Saviola. Na primeira parte, ambos tiveram jogadas perfeitas. E, para um jogador, não há nada melhor do que entender-se com o companheiro que joga perto sem que precisem de falar. A ligação Aimar-Saviola é perfeita.
Outra coisa que está a acontecer na equipa da Luz é que os resultados vão permitindo substituições de modo a manter um elevado número de jogadores motivados e prontos a entrarem a qualquer momento. Basta ver o caso de Coentrão, que foi um dos melhores em campo e, sem a lesão de César Peixoto, provavelmente só iria entrar na segunda parte. Mas, como está moralizado, entrou e foi dos melhores. Também já tinha acontecido em Paços de Ferreira com Carlos Martins. Nesta altura, os jogadores sabem que, se trabalharem bem e estiverem motivados, vão ter oportunidades.
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