Benfica-P. Ferreira
1 - Benfica tem qualidade mas falta-lhe paixão
Foi uma vitória justa do Benfica, que continua com qualidade mas sem a mesma paixão que mostrava na época passada. Digo isto porque permite que os adversários joguem mais, além de não ser tão pressionante, sólido e dinâmico como foi. Mesmo assim, conseguiu ter momentos de grande qualidade, sobretudo quando a bola passou pelos pés de Coentrão e Aimar, como foi o caso do primeiro golo. Mas aquele Benfica que marcava e ia à procura do golo seguinte não se vê neste. Agora vê-se um Benfica a marcar e preocupado com o resultado.
2 - Lance de grande nível de Aimar
Nos primeiros dez minutos viu-se um Benfica com mais iniciativa - como seria de esperar -, embora a jogar de forma lenta, e um Paços de Ferreira com linhas muito recuadas e juntas, para encurtar os espaços, e a sair rapidamente para o contra-ataque, sempre à espera de um erro do adversário. Foi isso que sucedeu aos dez minutos, quando Rondon obrigou Roberto a uma defesa boa mas complicada. Como a dinâmica do Benfica não era a melhor, porque não impunha velocidade no jogo, teve de ser um lance individual e de grande nível de Aimar a dar um safanão no encontro e a fazer o primeiro golo.
3 - Boa solução táctica: a movimentação de Coentrão e Gaitán
Saliento um aspecto táctico do Benfica que se notou sobretudo na primeira parte: Coentrão e Gaitán abrem nas alas para alargar o jogo do Benfica mas depois vão para dentro para receberem a bola. Eles fazem esse movimento para serem uma alternativa a Aimar sempre que o argentino, na sua movimentação entre linhas, não consegue libertar-se. É uma boa solução porque cria a dúvida na equipa que defende: é que se o médio que se encarrega da marcação acompanhar Coentrão ou Gaitán está a abrir espaço para a subida do lateral do Benfica; se não acompanhar, um dos dois fica solto para receber a bola!
4 - Súbita apatia benfiquista e Paços a tentar o empate
O Paços acusou o golo e não reagiu de imediato, aproveitando o Benfica para se galvanizar e criar várias situações de golo entre os 20 e os 24 minutos. A partir dos 28', porém, o Paços começou a chegar à área contrária e com perigo, aproveitando uma súbita apatia dos donos da casa, que baixaram o ritmo e concederam mais espaços. De tal maneira que a primeira parte terminou com os pacenses a tentarem o golo do empate.
5 - Rondon inconformado mas penálti matou o jogo
A segunda parte começou como tinha terminado a primeira, com um ritmo lento. O Benfica tentava gerir o jogo mas a falta de agressividade e, por vezes, algum desleixo permitiam ao Paços subir mais no terreno e aproximar-se da sua área com perigo. Embora os visitantes não tivessem tido uma grande oportunidade de golo, o resultado (1-0) era perigoso. Aos 52 minutos, Rondon - o jogador dos pacenses mais perigoso e mais inconformado com o resultado - voltou a pôr à prova Roberto, com quem travou um interessante duelo e que esteve muito bem neste jogo. O penálti convertido por Kardec, no entanto, matou o jogo e, embora o Paços ainda tivesse tentado reagir, o Benfica já geria melhor os acontecimentos. A expulsão de Baiano contribuiu para fazê-lo com maior segurança.
6 - Ausência de Carlos Martins rouba dinâmica
Em jeito de conclusão, sublinho que a vitória do Benfica foi justa ainda que conseguida à custa de serviços mínimos. E a ausência de Carlos Martins ajudou a que assim fosse - trata-se de um jogador criativo e que remata bastantes vezes. Não sendo rápido, procura provocar desequilíbrios através dos seus passes rasgados e da circulação de bola. Na minha opinião, o Benfica é mais dinâmico quando Coentrão joga a lateral e Gaitán a médio esquerdo, com Carlos Martins no lado oposto do meio-campo. Na falta deste, sobrou para Coentrão e Aimar a missão de criar desequilíbrio
7 - Este resultado não passa ao lado do FC Porto
Acredito que este resultado do Benfica não passa ao lado do FC Porto que, se perder pontos, vê reduzir-se a vantagem e aumentar a pressão para o mano-a-mano entre ambos. Embora o FC Porto esteja num bom momento, com jogadores em boa forma e confiantes, não me parece que fiquem indiferentes a esta vitória benfiquista. Ainda estamos no primeiro terço do campeonato e nesta fase é preciso ter sempre um olho no burro e outro no cigano! André Villas-Boas, de resto, jogou pelo seguro ao alertar jogadores e adeptos - com a confiança em alta - que falta ainda muito por jogar e ainda nada está ganho. Aliás, à semelhança do que fez o Benfica na última época, quando viu necessidade de esfriar a euforia das pessoas e lembrar-lhes que poderia haver jogos menos bons. É que por vezes basta um ou dois resultados menos conseguidos para fazer baixar os índices de confiança de tal forma que passa a reinar a desconfiança.
2 comentários:
Concordo; falta o (bruno) paixão!
Boas. Efectivamente o resultado pareceu não passar ao lado do Porto, se bem que lá ganharam à mesma. No entanto ainda o campeonato vai no seu primeiro terço, se bem que só se mantém fiel ao que interessa se o Benfica ganhar, ou seja, só há campeonato para campeão se o Benfica ganhar para a semana. O Porto perdeu pouquíssimos pontos até agora, como se sabe, é claro, aliado aos que o Benfica perdeu, como se sabe também o que faz com que um jogo à 10ª jornada possa ditar o campeão... Incrível ao que chegámos...
Vamos ver, no entanto, o que o futuro nos dita!
Abraço
Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera
Bimbosfera.blogspot.com
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