Retomamos a rubrica "Já Joguei no Benfica" depois de algum tempo e de já terem sido escrutinados três jogadores que vestiram a nossa camisola: Caniggia, Dimas e Valdir. Desta feita, o eleito é nem mais nem menos que um dos melhores e mais empolgantes jogadores das últimas 2 décadas do nosso clube, e que muitas saudades nos deixou: o checo Karel Poborsky.
Poborsky chegou ao Benfica em Dezembro de 1997, juntamente com Kandaurov e Luís Carlos, para reforçar uma equipa que andava nas ruas da amargura e que era há poucas semanas comandada por Graeme Souness, que sucedera a Manuel José. E a verdade é que a medida surtiu efeito, pois o Benfica conseguiu terminar essa época em 2º lugar, apurando-se para a Liga dos Campeões e com uma ponta final de campeonato muito boa, numa época em que goleou Sporting, em Alvalade (4-1), e Porto, na Luz (3-0), sempre com um denominador comum: Poborsky. Eu costumo dizer que só aconteceram 2 coisas boas enquanto Vale e Azevedo esteve aos comandos do clube: o hino "Sou Benfica", dos UHF, e a contratação de Poborsky, um dos jogadores que me deu mais prazer ver jogar no Benfica.
Com 25 anos, o checo trazia um cartão de visita assinalável: vinha do colosso Manchester United. E, como se não bastasse, tinha sido dele o golo que tinha eliminado Portugal nos quartos-de-final do Euro'96, disputado em Inglaterra, num chapéu monumental a Vítor Baía. Era, por isso, com muitas esperanças que os adeptos viam chegar esta estrela checa. E Poborsky não defraudou as expectativas. Detentor de uma qualidade técnica excepcional, de uma capacidade de drible estonteante e de uma velocidade diabólica, pegou de estaca mal chegou (atendendo à sua qualidade indiscutível e também à falta da mesma que se verificava no plantel encarnado...) e, apesar de ter chegado a meio da época 97/98, participou em 19 jogos e marcou 5 golos.
Na época seguinte, o virtuosismo de Poborsky manteve-se, mas a qualidade global da equipa não acompanhou o alto rendimento do checo. Apesar de algumas grandes exibições, tanto no campeonato como na Liga dos Campeões, em ambos os objectivos (já para não falar da taça de Portugal...) o Benfica claudicou: ficou em 3º na Liga e não passou da fase de grupos na Champions, terminando o campeonato com Shéu Han a comandar a equipa nos últimos 3 encontros. Poborsky terminou a época com 27 jogos e 6 golos na Liga.
Em 99/00, chegou novo treinador, o alemão Jupp Heynckes, mas as melhorias foram nulas. O Benfica manteve a mesma classificação final da época anterior e as melhorias a nível futebolístico também não foram minimamente visíveis. Aliás, essa foi a época em que o clube foi cilindrado em Vigo (7-0). Karel Poborsky foi dos poucos a escapar à mediania. Participou em 29 jogos e marcou 5 golos.
Na época seguinte, deu-se o inexplicável ocaso de Poborsky. Heynckes foi despedido à 4ª jornada, veio Mourinho e o checo acabou por perder a titularidade para Carlitos. Foi utilizado mais 9 vezes, sempre a sair do banco, até que uma proposta da Lázio foi considerada irrecusável e Poborsky seguiu para Itália. Tinha então 28 anos e deixou em Lisboa, na Luz, uma legião de fãs que nunca o esquecerão, como foi visível, aliás, no último dia 25 de Janeiro, onde participou, actuando pela equipa do Benfica All Stars, e onde voltou a ouvir o seu nome a ser entoado pelas bancadas da Catedral. Momentos que o próprio também não esquecerá nunca, pois afirma-se, por onde quer que vá, como benfiquista.
Ao todo, Poborsky fez 111 jogos pelo Benfica (88 no campeonato, 16 na Europa - Liga dos Campeões e Taça UEFA - e 7 na Taça de Portugal), e marcou 17 golos, todos no campeonato.
Antes de chegar à Luz, o checo esteve 3 épocas no Ceske Budejovice, onde iniciou a sua carreira, passando depois para o Vitoria Zizkov, onde actuou ano e meio. A meio de 95/96 transferiu-se para o Slavia de Praga e foi aí que chamou a atenção de olheiros de todo o mundo, culminado essa época com a presença na final do Europeu (onde foi derrotado pelo golo-de-ouro de Bierhoff) e com a transferência para o Manchester United. Esteve ano e meio em Old Trafford, de onde se tranferiu para o Benfica. Depois de sair da Luz, passou pela Lázio, onde esteve mais ano e meio, regressando depois à República Checa para actuar durante 3 épocas e meia no Sparta de Praga, o maior clube checo. A meio de 05/06, regressou ao 1º clube da sua carreira, o Ceske, para aí arrumar as botas, época e meia depois, com 35 anos.
É, se não estou em erro, o jogador checo mais internacional de sempre, com 118 jogos efectuados e 8 golos apontados. Participou nos Euros 96 (já referido), 2000 e 2004, onde foi eliminado nas meias-finais pelos gregos de má memória para todos nós, e no Mundial 2006.
Foi assim Poborsky. Um jogador que deixou saudades a todos os amantes de futebol, mas sobretudo aos checos, que o idolatram, e a nós, benfiquistas, que não o esquecemos. Nem aos seus golos, que apesar de não terem sido muitos (não era propriamente um goleador), ficarão na memória de todos nós pela qualidade enorme de execução do checo. Um hino ao futebol.
Os melhores momentos de Poborsky no Benfica (e não só), aqui:
BI: Bancada Jovem - S02E03 | Montanha Russa
Há 29 minutos
3 comentários:
O meu ídolo! Se hoje gosto de futebol, muito se deve ao Senhor Karel. O primeiro jogo que vi dele, foi aquele em que faz a assistência para um Semi-deus de nome Cantona e marcou aquele enorme golo. ainda não o conhecia, mas quando chegou ao benfica, com 10 anos, sempre disse que queria ser como o Poborsky.
Grande jogador, mítico!
João Loureiro
Um senhor e um dos poucos jogadores que fez os benfiquistas sonhar numa altura tao ma do clube.
So ele e JVP empolgavam os adeptos.
Eu nasci em 91 e quando este senhor jogava com o manto sagrado eu ainda era muito novo , lembro-me de ter começado a jogar à bola mais ou menos com 7 anos e posso dizer que esse senhor marcou-me imenso. Apesar da minhha tenra idade , lembro-me de ele ser o meu idolo e de o querer imitar no campo ... enfim um dos melhores que já tive o prazer de ver ao vivo. Um fenomeno , quando ele saiu fiquei tão triste -.-
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