terça-feira, 4 de maio de 2010

O nosso plantel XVIII - Fábio Coentrão

E já vamos no 18º jogador do plantel a merecer a nossa análise/comentário. Depois de Quim, Moreira, Júlio César, Maxi Pereira, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, César Peixoto, Shaffer, Javi García, Ruben Amorim, Ramires, Carlos Martins e Di María, chega a vez de mais um esquerdino: Fábio Coentrão.


Fábio Coentrão foi contratado no final da época de 06/07 como reforço para a temporada seguinte. Era extremo-esquerdo, tinha 19 anos e havia feito uma época de muito bom nível ao serviço do Rio Ave, na II Liga, o que despertou a cobiça do Benfica e do Sporting, curiosamente o seu clube do coração. Acabou por vir para o Benfica, que se adiantou aos leões e garantiu o seu concurso. No entanto, já se sabia que não teria a tarefa facilitada. O Benfica ainda contrataria também Di María, rotulado como o grande substituto de Simão, e Adu para aquele lugar. Mesmo assim, Coentrão tentou ganhar o seu espaço na equipa e ainda conseguiu participar num jogo da pré-eliminatória da Liga dos Campeões, com o Copenhaga, e em 3 do campeonato, logo na etapa inicial. O problema chamou-se Cristian Rodríguez. Com a chegada de mais um jogador para a sua posição, o jovem nascido nas Caxinas perdeu por completo as hipóteses de poder ser utilizado com regularidade, acabando por sair em Dezembro para o Nacional, onde revelou grandes pormenores (quem não se lembra do bis ao Porto no estádio do Dragão, na vitória dos madeirenses por 3-0?).


Na época seguinte, sairam Rodríguez e Adu, mas vieram Reyes e Urreta, pelo que a direcção entendeu voltar a emprestar o jovem Fábio. O seu destino foi o Saragoça, envolvido na compra de Aimar, mas o extremo não foi feliz, nomeadamente por motivos extra-futebol, regressando a Portugal em Janeiro e para a sua casa de sempre: o Rio Ave. Aí sim, Coentrão mostrou-se novamente, conduzindo a equipa à salvação e ganhando a admiração dos adeptos encarnados e, mais importante, da direcção benfiquista, que não teve dúvidas em ver que o jogador teria de fazer parte do plantel de 2009/10. Tal como Jorge Jesus, que mostrou desde o início que contava com ele para alternativa principal a Di María, depois da saída de Reyes. E o jogador foi respondendo bem. Aliás, nos primeiros jogos desta época Coentrão foi bem mais decisivo do que o argentino, com assistências fulcrais para golos importantíssimos (o do empate com o Marítimo, o da vitória com o Vitória de Guimarães já depois de também ter sofrido a falta que deu o livre). De repente, e sem ninguém suspeitar, Jorge Jesus, privado de César Peixoto no aquecimento com o Nacional, decide dar a titularidade a Coentrão como lateral-esquerdo nesse jogo. A resposta do extremo adaptado não podia ser melhor. Ele que até aí só tinha feito um jogo a titular, por ausência de Di María, faz uma exibição de luxo, coroada com 2 assistências para golo, e mostra que afinal podia reivindicar a titularidade no sector mais recuado da equipa. Depois disso acaba por alternar com Peixoto na titularidade, mas consegue afirmar-se definitivamente como "o" lateral-esquerdo da equipa no último terço do campeonato, reduzindo César Peixoto a um papel secundário. Ao todo, Coentrão jogou por 26 vezes no campeonato (falhou 3 jogos até agora e estará também de fora da última jornada, por castigo), sendo um dos jogadores com mais assistências para golo na prova. Fez ainda os 2 jogos do Benfica na Taça de Portugal (e marcou um golo ao Monsanto), 4 dos 5 do Benfica na Taça da Liga (que ajudou a ganhar, ao marcar o golo do empate em Guimarães) e 13 jogos na Liga Europa (só falhou um), tendo marcado o golo da vitória em casa do BATE. Aliás, Coentrão ficou à beira de conseguir um registo que só Saviola atingiu nesta temporada: marcar em todas as competições em que o Benfica participou. Ao esquerdino, ficou a faltar apenas o campeonato.


Essa é a grande pecha de Fábio Coentrão: a finalização (a exemplo, aliás, de Di María). Se ele conseguir melhorar nessa vertente, e continuar a crescer em termos tácticos como aconteceu durante esta época, creio que estaremos perante um grande jogador daqui a muito pouco tempo. Fábio Coentrão parece outro jogador esta época. Antes era um jogador muito talentoso, mas com a rebeldia e imaturidade próprias da idade e também das poucas amarras que sempre tinha tido. Este ano, sob as ordens de Jesus, o jogador ganhou maturidade táctica e sentido de equipa, jogando colectivamente embora sem descurar a vertente técnica. A cereja no topo do bolo foi a bem sucedida adaptação a lateral-esquerdo, que o levará a marcar presença no Mundial. Não creio, porém, que seja para continuar nesta posição na próxima época, pois com a mais que provável venda de Di María, parece-me que Coentrão assumirá o lugar do argentino e que o Benfica terá de ir ao mercado procurar um novo lateral-esquerdo (ou aproveitar Shaffer). No entanto, por tudo o que fez este ano, Fábio Coentrão mostrou que é já um elemento a ter muito em conta neste Benfica e que pode vir a ser a médio prazo um dos jogadores mais identificados com a mística do clube, ele que era sportinguista de coração mas que já este ano admitiu ter mudado de ideias desde que está no Benfica e que agora o seu coração é apenas vermelho. Da minha parte, espero que se mantenha na Luz por muito tempo, pois é um grande jogador, que poderá vir a ser ainda melhor no futuro, e é daqueles que têm a raça, a garra e a mística do Benfica.

Que pensam os leitores?

4 comentários:

Vermelhusco disse...

O Coentrao e o exemplo de um jogador jovem portugues muito bem aproveitado pelo Benfica.
O caminho seguido na sua maturacao devia ser aplicado a outros jovens como Roderick, Nelson Oliveira, Yartey, Andre Carvalhas, Miguel Rosa e tantos outros.

Ha que lhes dar oportunidade de fazerem a pre-epoca e tentarem agarrar lugar no plantel principal, dando-lhes minutos nos amigaveis.
Com isto mostra-se os jogadores a clubes que potencialmente podem ficar interessados em acolher estes jogadores no campeonato nacional.
De seguida e empresta-los aos clubes mais fracos da 1a Liga onde sera mais facil agarrarem lugar e assumirem um papel preponderante.

Repetir isto uma ou duas epocas ate os jogadores demonstrarem maturidade para agarrar um lugar no plantel principal ou dispensa-los se nao evoluirem como o esperado.
Nao convem dispensar os jogadores jovens por nao darem nada logo no primeiro ano!

O Coentrao, na minha opiniao e um dos jogadores com mais potencial no Benfica e tem quaalidade suficiente para preencher a vaga do Di Maria. Com o regresso do Urreta ficamos com dois grandes jovens jogadores a disputar esse lugar. Depois basta contratar um bom lateral esquerdo.

O Gaitan parece-me ser uma contratacao para fazer o lugar do Aimar e Carlos Martins ja que acredito que seja mais consistente fisicamente que estes dois ou entao substituir o Saviola.

Sloml, se tiveres tempo, e quando acabares esta analise do nosso plantel podias fazer uma analise dos futuros reforcos do Benfica embora provavelmente isso exiga maior trabalho de investigacao...

sloml disse...

Sim, é uma boa ideia. Quando terminar esta rubrica fá-lo-ei. Visto que ainda faltam mais de 2 meses para começar a nova época, haverá tempo para os analisar, sendo que para já são 3: Jara, Fábio Faria e Gaitán. É uma boa ideia e levarei isso a cabo mal analise o último da colheita deste ano.

Abraço

Bimbosfera disse...

As grandes análises continuam no Gloriosa Chama Imensa, aliás, cheira-me que alguém se anda a «fazer ao piso» para ir trabalhar para o «Jornal Benfica»... Ehehehhe!

Abraço

Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

http://Bimbosfera.blogspot.com

sloml disse...

Lol, oh Márcio, dá para fazer análises correctas e com o máximo de imparcialidade em qualquer jornal, não precisa de ser no "O Benfica". Se bem que não é propriamente isso que faço aqui, claro. Aqui fala-se de jogadores do Benfica através do olhar de um benfiquista, obviamente, mas sempre tendo em conta apenas e só a verdade. Não digo aqui nada só para parecer bem aos benfiquistas. Digo, sim, única e exclusivamente o que penso.

Abraço