quarta-feira, 14 de abril de 2010

JVP


Benfica-Sporting

1 - Título mais perto da Luz

Com seis pontos de vantagem e 12 para disputar, pode dizer-se que o título, não estando entregue, está agora mais perto da Luz. O jogo de ontem era importantíssimo, porque os jogos entre Benfica e Sporting são diferentes, qualquer que seja a posição que as equipas ocupem na tabela classificativa. A história diz-nos que não foram poucas as vezes em que aconteceram resultados inesperados, e a tradição tem algum peso em termos mentais. Daí que se possa afirmar que, depois de superar este obstáculo, o Benfica está mais perto do sonho. A vantagem é confortável, e também não é garantido que os adversários do Benfica na corrida ao título ganhem os jogos todos que faltam.

2 - Sporting perfeito para o primeiro Benfica

Numa primeira parte muito táctica, o Sporting foi mais sereno, mais rápido com e sem bola, mais organizado e esteve mais perto do golo, que podia ter acontecido bem cedo (15'), numa perdida do João Pereira. O Sporting mostrou que tinha preparado bem o jogo para defrontar aquele Benfica: pressão forte, Moutinho em cima de Javi García para que o Benfica tivesse dificuldades em sair com a bola, boas movimentações ofensivas, maior dinâmica global. O esquema explorava as dificuldades físicas do Benfica, fazendo com que a equipa reagisse mais tarde aos lances e que não tivesse linhas de passe para desenvolver o seu futebol ofensivo. Com nítidas dificuldades em ultrapassar a situação, o Benfica foi defendendo e esperando por eventuais lances de bola parada para tentar mudar o rumo dos acontecimentos, como já várias vezes aconteceu esta época. O Sporting revelou sempre grande concentração, pôs a agressividade certa em cada lance, apostou em saídas rápidas. Uma equipa perfeita para aquela forma de jogar do Benfica, que não tinha velocidade nem capacidade para aguentar o ritmo imposto pelo Sporting, e o tempo ia tornando a equipa da casa mais nervosa e receosa, como se via pela colocação dos laterais, muito mais fixos do que é costume.

3 - Aposta em Éder Luís foi "bluff"

Para surpresa de quase toda a gente, que estaria à espera de ver Weldon ao lado de Cardozo, Jorge Jesus apostou em Éder Luís como titular. Creio que se tratou de uma espécie de "bluff", sem resultados, pois Éder Luís acabou por ser vítima da forma de jogar da equipa e do baixo rendimento demonstrado. Depois do bom jogo que tinha feito frente à Naval, creio que Weldon teria sido melhor aposta, porque é um jogador veloz, que dá objectividade ao ataque e tem outra característica que pode ser importante num jogo destes: é matreiro.

4 - Aimar desinibe companheiros e muda tudo

Na segunda parte, tudo foi diferente porque entrou Aimar, que baralhou completamente o sistema defensivo do Sporting. Ao recuar no terreno para ir buscar a bola, jogou sem posição, pegou no jogo, conduziu-o pelo meio e pelos flancos, abriu linhas de passe, definiu o jogo ofensivo do Benfica, tornando-o esclarecido e objectivo. Mais do que isso, foi importantíssimo porque, com o seu modo de estar, libertou todos os colegas da inibição que a primeira parte lhes provocara. Com ele, o Benfica aumentou a pressão, foi mais forte, mais decidido, acelerou o seu jogo, passou a ganhar mais segundas bolas e obrigou o Sporting a recuar.
Ao sentir que tinha deixado de encaixar nas marcações, o Sporting retraiu-se inconscientemente - e o Benfica tomou conta do jogo.

5 - Libertação mental esconde cansaço

O primeiro golo galvanizou o Benfica, deu tranquilidade e confiança, mostrando que o cansaço físico da primeira parte tinha sido superado pela libertação mental que um golo traz num jogo desta importância. Porque o cansaço não se resume a uma simples quebra de força. A pressão de um confronto com esta responsabilidade também cansa. Enquanto o Benfica se conseguia libertar depois de marcar, porque antes não o fizera, o Sporting passou a ter problemas defensivos, porque ficou sem saber como lidar com Aimar. Perdeu organização, deixou de fazer as transições rápidas do primeiro tempo, foi manietado pelo aumento de pressão do Benfica. Depois surgiu o segundo golo e matou o jogo, desanimando um Sporting que se tinha batido com grande atitude e dignidade. Aimar é que furou os planos.

6 - Aimar sabia o que a equipa queria dele

Uma nota final para voltar a Aimar. Enquanto esteve no banco, o argentino observou atentamente o que estava a acontecer no campo, tentou perceber qual seria a melhor forma de entrar e dar a volta ao jogo. As indicações de Jorge Jesus também terão ajudado, mas a forma como jogou teve muito de leitura pessoal. Enquanto esteve no banco, Aimar não se limitou a ficar sentado à espera de entrar. Jogou entre linhas, iludiu as marcações, galvanizou os colegas. Sentiu que a equipa estava a precisar de um jogador como ele. E a partir do momento em que entrou, o rendimento de Carlos Martins, Ramires e David Luiz subiu em flecha.

4 comentários:

Manuel Oliveira disse...

Parabéns ao JVP. Boa crónica do jogo.

Coluna dÁguias Gloriosas disse...

Parabéns ao JVP e a ti também grande benfiquista Sloml...

lá tive que te citar mais uma vez...

saudações gloriosas

Jotas disse...

Caro Sloml, costumo ler sempre esta crónica, porque fala quem sabe, mas apenas discordo dele, quando diz que o Benfica só acalmou após o 1º golo, pois eu acho que o Benfica já tudo tinha feito na 2ª parte para o fazer e o jogo não mudou aí.

sloml disse...

Eheheh obrigado Coluna, agradeço muito.

Jotas, eu percebo o que queres dizer, mas a verdade é que se o golo não aparecesse a equipa ficaria muito intranquila e correria o risco de não conseguir ganhar. Assim ficou completamente segura.

Abraço a todos