sexta-feira, 18 de junho de 2010

O nosso plantel XXVI - Nuno Gomes

Estamos quase no fim deste périplo pelos jogadores que compuseram o nosso plantel na época agora finda (já analisámos 25 atletas deste plantel: Quim, Moreira, Júlio César, Maxi Pereira, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, César Peixoto, Shaffer, Javi García, Ruben Amorim, Ramires, Carlos Martins, Di María, Fábio Coentrão, Urreta, Aimar, Felipe Menezes, Saviola, Cardozo, Weldon e Keirrison), e hoje chegamos ao capitão da equipa e elemento com mais anos de casa, o avançado Nuno Ribeiro, mais conhecido como Nuno Gomes.


O namoro de Nuno Gomes com o Benfica já começou na época de 97/98. Na altura com apenas 21 anos, o avançado nascido em Amarante era uma das maiores promessas do futebol português, chegando já com o rótulo de goleador à Luz, fruto da sua carreira nas camadas jovens das selecções nacionais e também da época 96/97, onde ao serviço do Boavista marcou 15 golos em 34 jogos (um jogador com 20 anos actuar em todos os jogos do campeonato é obra!). Não se afigurava vida fácil para um miúdo tão novo (e português) se impor no 11 do Benfica, numa equipa onde também constavam João Pinto, Brian Deane, Paulo Nunes, Edgar e Martin Pringle para o ataque. No entanto, Nuno Gomes conseguiu superiorizar-se à concorrência e, fazendo dupla com Deane (com João Pinto atrás dos 2), actuou em 33 jogos (só falhou um), nos quais apontou 18 golos, uma marca extraordinária dadas as circunstâncias.


Na época seguinte, a vida ficou um pouco mais facilitada para o avançado, dadas as saídas de Edgar e Paulo Nunes do plantel. Nuno Gomes continuou a actuar com Deane na frente e João Pinto nas costas dos 2, até ao mercado de Dezembro, altura em que Deane regressou a Inglaterra e para o seu lugar chegaram 2 jogadores: Dean Saunders (um fetiche do técnico Graeme Souness) e Cadete (fetiche do presidente Vale e Azevedo). Entretanto, surgiu ainda Pepa, um miúdo dos juniores que se estreou com um golo na Luz, fazendo assim as delícias dos adeptos. Mesmo com tudo isto, Nuno Gomes continuou a fazer valer a sua qualidade - a única dúvida, de resto, era saber qual desses jogadores faria dupla com o internacional português, visto que a sua posição era inquestionável. Nesta época foi mesmo totalista: actuou nos 34 jogos do campeonato e marcou... 24 golos (só pulverizado por Jardel no Porto).


Nova época (99/00), novo treinador (Jupp Heynckes), novos colegas/concorrentes (a Cadete e Pepa juntaram-se o espanhol Tote e mais tarde João Tomás), mas o mesmo cenário: Nuno Gomes sempre a jogar... e a marcar. Em ano de Euro'2000, Nuno Gomes voltou a ser totalista no campeonato e marcou 18 golos, número abaixo da época anterior mas muito bom, de qualquer forma. No fim desta época, como todos sabemos, Nuno Gomes brilhou no Campeonato da Europa e acabou por assinar pela Fiorentina, rendendo ao Benfica uma verba a rondar os 20 milhões de euros.


Regressou, qual D. Sebastião, na temporada 2002/03, depois de 2 épocas em Itália (onde, apesar de não ter sido muito feliz, deu uma Taça à Fiorentina, com um golo seu na final por 1-0). Muita coisa já havia mudado no clube (como era normal nestas alturas) e a frente de ataque era completamente nova: Nuno Gomes teria de "se haver" com Mantorras, Sokota e o húngaro Fehér pela titularidade na frente de ataque. Numa época em que teve 2 treinadores (Jesualdo Ferreira e Camacho), o ponta-de-lança português fez 27 jogos e apontou 9 golos. Números bastante mais fracos do que aqueles a que tinha habituado os adeptos anos antes, mas desculpáveis pelo estilo de jogo da equipa (que não se adequava às suas características - o Benfica jogava em 4-3-3 com Nuno Gomes a ser o único ponta-de-lança, e ele estava habituado a partilhar a frente de ataque) e também por algumas lesões que teve. Esperava-se mais para a época seguinte.


No entanto, 2003/04 trouxe mais do mesmo. E pior, até. A frente de ataque continuou exactamente a mesma (com a agravante de Mantorras não ter jogado durante toda a época e Fehér ter falecido em Janeiro) e Nuno Gomes, mais uma vez fustigado por lesões, terminou a época com apenas 21 jogos efectuados e míseros 7 golos marcados. Acabou por vencer uma Taça de Portugal, mas parecia mesmo que o avançado já não era o mesmo dos finais da década de 90.


Tendência que se confirmou na época seguinte. Orientado por Trappatoni, o Benfica foi campeão, mas Nuno Gomes não conseguiu retomar a veia goleadora de outros tempos. Fez apenas 23 jogos e marcou os mesmos 7 golos da época anterior. Muito pouco para quem tanto havia mostrado anos antes, e principalmente tendo em conta a concorrência (Karadas e Sokota no início da época; Karadas, o recuperado Mantorras e Delibasic na segunda metade). Ainda assim, crescia a influência de Nuno Gomes no balneário encarnado - era, já nesta altura, um dos capitães de equipa.


Estranhamente, em 2005/06, Nuno Gomes... reencontrou o caminho dos golos. O avançado desatou a marcar logo no início da época (foi dele, de resto, o primeiro golo oficial do Benfica nessa temporada, golo esse que deu a Supertaça aos encarnados, no jogo com o Vitória de Setúbal) e já levava mais de uma dezena de golos no virar da primeira volta. Parecia que finalmente estava de volta o velho Nuno Gomes. No entanto, tal não se veio a confirmar totalmente. Na segunda volta, Nuno Gomes perdeu o fulgor e uma lesão que o afastou dos últimos 5 jogos retirou-lhe a possibilidade de lutar por ser o melhor marcador do campeonato (acabaria por perder esse título nos últimos jogos por apenas um golo para o camaronês Meyong, na altura no Belenenses). Terminou a temporada com 29 jogos e 15 golos, num ano em que o treinador foi mais uma vez diferente (Ronald Koeman) e em que a concorrência nunca lhe conseguiu ser superior (no início da época, só havia Miccoli e Mantorras, ambos a meio gás; em Janeiro chegaram Marcel e Manduca).


Para mais uma época (06/07), chegou mais um novo treinador (Fernando Santos) e mais um concorrente ao internacional português (Kikin Fonseca - saiu em Janeiro, substituído por Derlei, com Miccoli e Mantorras também na equipa), já com 30 anos nesta altura. Uma temporada que mais uma vez não foi famosa em termos colectivos e muito menos individuais para o avançado, que jogou apenas 24 partidas... e só apontou 6 golos. Um pecúlio muito fraco para um jogador da qualidade de Nuno Gomes.


07/08 foi, mais uma vez, mais do mesmo. Uma época em que passaram 3 treinadores pelo Benfica (Santos, Camacho e Chalana), em que os encarnados terminaram num horrível 4º lugar e em que Nuno Gomes marcou 7 golos em 25 jogos. Apesar da concorrência ter sido maior nesta época (além de Mantorras e do chinês Yu Dabao - que fazia parte da equipa B mas chegou a jogar na principal - chegaram Cardozo e Bergessio no início da época e ainda Makukula em Janeiro), a verdade é que Nuno Gomes jogou quase sempre, fazendo dupla maioritariamente com Cardozo. No entanto, nem isso chegou para o Benfica conseguir algum tipo de sucesso numa temporada a todos os níveis decepcionante.


08/09 não foi muito diferente. Apesar de ter ganho a Taça da Liga, o Benfica terminou em 3º, saiu da Taça de Portugal logo nos oitavos-de-final e foi das piores equipas em competição na Taça UEFA. A chegada de Quique Flores para treinar o clube (no que parecia, ao início, ser uma opção refrescante para a equipa) acabou por redundar num completo fracasso, mais uma vez. Mas uma das alterações introduzidas pelo técnico espanhol havia de se comprovar, com mais veemência, também na temporada 09/10: a perda de influência de Nuno Gomes no jogo da equipa. Apesar de ser, desde a saída de Simão, em 07/08, o capitão de equipa, Nuno Gomes já não foi titular em grande parte de 08/09, devido à concorrência (Cardozo, Suazo, Makukula - até Janeiro -, Mantorras e o próprio Aimar, que Quique insistia em utilizar como segundo avançado, precisamente na função que deveria ser de Nuno Gomes) e também à idade (com 32 anos já não era propriamente um jovem, e os seus números nos últimos anos não haviam sido famosos). Ainda assim, participou em 24 jogos e marcou os mesmos 7 golos da época anterior.


Para este ano, ficou visto desde o início que o avançado não iria ter muitas oportunidades na equipa principal. Jorge Jesus desde logo deixou claro que a sua aposta seria na dupla Saviola-Cardozo e, na hierarquia, Nuno Gomes só ganhava a... Mantorras, pois até Weldon e Keirrison pareciam melhor posicionados para o técnico. E assim foi durante algum tempo. Beneficiando da lesão precoce de Weldon, Nuno Gomes foi participando nos minutos finais de alguns jogos, revezando-se com Keirrison, e até marcou golos (um ao BATE Borisov, num jogo em que até começou de início, fazendo dupla com Cardozo, e 2 no campeonato, a Vitória de Setúbal e Nacional quando as goleadas já estavam feitas). A perda de crédito do brasileiro junto de Jorge Jesus permitiu a Nuno Gomes ser o primeiro avançado a sair do banco em várias ocasiões, e duas houve em que o avançado foi preponderante: primeiro em Olhão, onde, já nos descontos, fez o 2-2, evitando a derrota da equipa na véspera da recepção ao Porto (perder esse jogo seria terrível do ponto de vista anímico); e depois no primeiro jogo da Taça da Liga, em que apenas 20 segundos após entrar (aos 80 minutos), assistiu Saviola para o golo que deu a vitória ao Benfica e fez a equipa arrancar para vencer essa competição. No mercado de Janeiro saiu Keirrison mas chegaram Éder Luís e Alan Kardec, razão pela qual Nuno Gomes só registou 7 aparições fugazes em toda a segunda volta, e divididas pelas 3 competições. O capitão encarnado terminou a época com 13 jogos no campeonato (e 3 golos), 2 jogos na Taça de Portugal e na Taça da Liga e 6 jogos e um golo na Liga Europa.


Tenho uma relação agri-doce com Nuno Gomes, confesso. Um pouco na senda de Luisão. Admito que, dada a idade, já não se possa exigir dele muitos golos, mas não me consigo esquecer do avançado que ele era nas 3 primeiras épocas que esteve na Luz e da quantidade de golos que marcava, razão pela qual não consigo perceber, sinceramente, como é que desde 2002 Nuno Gomes marca 7 golos por época (excepção feita a 05/06). É um assunto que quase merecia um case-study. No entanto, nestas épocas em que começámos todos a perceber que Nuno Gomes já não era esse goleador, muitas foram as vozes que se levantaram a proclamar que ele é um tipo de avançado diferente, mais móvel e que está lá para abrir espaços para outros marcarem e que é, acima de tudo, exímio em jogar de costas para a baliza e nas tabelinhas com os colegas. Terei de concordar, pois as evidências demonstraram-me isso ao longo dos anos, mas sempre me pareceu que o verdadeiro Nuno Gomes não é este. O verdadeiro ficou algures em Itália. Neste momento, e tendo em conta tanto o que Nuno Gomes já deu ao Benfica como a sua condição actual, defendo que ele deve continuar mais esta época, a última do seu contrato, jogando como o fez neste ano (uns minutos nalguns jogos, porventura um ou outro a titular), mas principalmente servindo como baluarte e trave mestra do balneário, unindo a equipa em torno dos objectivos comuns a todos. Depois, e dependendo do que acontecer durante o ano, Nuno Gomes poderá terminar a carreira e ficar no Benfica noutras funções ou mesmo aceitar outra aventura no estrangeiro, caso ainda sinta que pode prosseguir a carreira mais uma ou 2 épocas. Este ano foi um elemento importante na caminhada triunfal do Benfica e espero que o volte a ser em 2010/11 e que no final da época estejamos a festejar com ele, com o capitão, a conquista dos 5 títulos (pronto, podem ser só 4) que estarão em disputa.

Que pensam os leitores sobre o capitão encarnado?

5 comentários:

Éter disse...

O Nuno Gomes é importante dentro do grupo para fazer passar aos novos jogadores o que é o Benfica. Quanto ao futebol propriamente dito, neste momento o lugar dele é no banco.

Trapalhadas disse...

Foi bom antes d ir para italia...dp disso so mesmo akele epoca k falast em k marcou 15golos..epoca o Nelson ajudou em muito nesses 15golos...ele cruzava como podia e nuno gomes como podia la as metia para dentro...
Foi-s abarxo ainda muito novo sem s perceber pq...tenho pena pq era um joagdor k eu gostava muito e k me fez comprar a camisola do benfica da Telecel...k hj ainda tenho:P

abraco

JediVermelho disse...

O Nuno Gomes é, sem dúvida, a referência maior do SLB no século XXI! Superando mesmo Simão. Merece terminar a carreira de águia ao peito e com uma despedida condigna. No último jogo da próxima época, segurando o ceptro de bicampeão nacional!
Quanto ao jogador, sempre achei que o Nuno rende muito mais com outro avançado a jogar com ele. Basta ver a estatística. Com os anos, o 21 evoluiu para um jogo mais colectivo, sendo exímio na abertura de espaços e nos passes de abertura. Quando o Simão marcou 18 golos e o Tiago 13, o Nuno esteve na maioria deles, ora abrindo espaço ora tabelando! Útil, móvel e tacticamente rigoroso, sobretudo. Esta época contrabalançou o balneário, mesmo jogando pouco foi importante! Que continue a ser! E que se despeça como bicampeão nacional! Eu acredito e vocês?

ana_slb disse...

Sobre o Nuno Gomes tinha muito para dizer...
Sou fã dele desde o tempo em que ainda jogava no Boavista. As suas primeiras épocas na Luz foram espectaculares mas faltaram os títulos. Depois de ter passado por Itália, o seu regresso muito desejado ao Benfica já não teve os mesmos frutos.
Nessas primeiras épocas depois do seu regresso não obteve grandes resultados. Ele próprio confessou que quando não fazia uma boa pré-época não conseguia épocas de grande nível. E quando não teve Europeu ou Mundial a atrasar-lhe a pré-época, esteve lesionado. Em 2005/2006 as coisas já lhe correram melhor, mas no fim dessa época voltou a lesionar-se. Depois dessa época é que o verdadeiro Nuno Gomes não voltou mais. Motivos? Não sei. Talvez por alguma falta de sorte, talvez por também o Benfica não ter feito grandes épocas, com muita instabilidade a nível de treinadores.
Agora a idade já é outra e o seu papel no plantel tem grande importância por tudo o que ele já viveu no Benfica. É o nosso capitão, sente o Benfica e pode transmitir a Mística aos seus companheiros.
Esta época a sua presença foi muito importante. Dentro de campo esteve pouco tempo, mas ainda o suficiente para golos importantes (como o de Olhão). Mas foi, sem dúvida, um grande trunfo no balneário.
Gostava que terminasse a sua carreira no Glorioso, tudo indica que isso aconteça já na próxima época. E espero que depois possa continuar noutras funções.
Sloml não me queria alongar muito mas... já me alonguei!
Saudações Benfiquistas!

P.S: Na Selecção Nacional parece que se transcendia, teve sempre grandes prestações.

sloml disse...

Ana, podes alongar-te o quanto quiseres. É isso que se pretende!