quarta-feira, 30 de junho de 2010

Depois disto...

... o Porto perdeu toda a (pouca) credibilidade que ainda tinha para mim. Esqueçam. A partir de agora, nem me vou dar ao trabalho de responder a provocações ou mesmo simples conversas por parte de portistas. Esqueçam.

A notícia é esta. Vejam-na e digam-me lá que credibilidade é que se pode dar a isto.

Portugal 0 - 1 Espanha - Oitavos-de-final Mundial 2010

Afinal, o meu feeling não estava certo e viemos mesmo para casa mais cedo. A verdade é que, com um seleccionador a sério, Portugal tinha todas as capacidades para conseguir derrotar esta Espanha. O problema é que temos um seleccionador muito, muito fraquinho. Medroso até à quinta casa, conservador no que respeita a todo e qualquer momento do jogo, deixou uma imagem terrível de Portugal no mundo. Os 7-0 à Coreia do Norte não fazem esquecer que não marcámos um único golo nos outros 3 jogos mais difíceis, tudo devido à táctica do ferrolho adoptado por Queiroz, que impediu a equipa de se libertar mais das amarras tácticas e procurar vencer os jogos. Sinceramente, nunca pensei ver Portugal jogar à lá Grécia de Otto Rehhagel, mas foi o que aconteceu neste Mundial. E justamente fomos eliminados mais cedo. Nem tudo foi mau: passámos a fase de grupos.


As primeiras surpresas (negativas) de Queiroz manifestaram-se logo no 11 inicial. Se frente ao Brasil se poderiam compreender as opções por Ricardo Costa e Pepe (experimentar o primeiro a lateral-direito e dar rodagem ao segundo), colocá-los a titulares no jogo mais decisivo do torneio só podia ser gozo. E se Ricardo Costa até foi cumprindo na primeira parte, a opção em Pepe revelou-se desastrada logo desde o início. Das surpresas, Queiroz acertou apenas numa: a titularidade de Hugo Almeida. O avançado do Werder Bremen fez um excelente trabalho a segurar os defesas espanhóis e a desgastá-los. No entanto, isso só não chegava para marcar golos. Era preciso arriscar um pouco no ataque, fazendo Simão e Ronaldo apoiarem mais o ponta-de-lança e inclusive Tiago e Meireles aparecerem mais na frente. O golpe de misericórdia de Queiroz, esse veio na segunda parte, com as substituições. Aí, o seleccionador mostrou toda a sua (pouca) qualidade. Ao retirar Hugo Almeida para pôr Danny, Queiroz mostrou aos espanhóis que estava cheio de medo e que iria, de facto, jogar para o empate, arriscando o menos possível. Com esta alteração deixámos de ter um ponta-de-lança a sério, um avançado fixo que impunha respeito à defesa espanhola, o que fez com que a Espanha se lançasse decididamente ao ataque. E foi assim que chegou ao golo, por intermédio do melhor jogador em campo, David Villa, que mesmo a jogar a extremo-esquerdo mostrou toda a sua qualidade. No golo, aproveitou a falha de marcação de Ricardo Costa. O killer instinct já todos sabemos que ele tem.


A correr atrás do prejuízo, lá teve de fazer entrar Liedson. O problema é que, para além de não termos mais nenhum avançado no banco, ainda tivemos de gastar uma alteração (entrada de Pedro Mendes) devido à terrível condição física de Pepe. Basicamente, fomos a segunda selecção do Mundial que, a precisar de vencer, fez uma troca defensiva. A outra foi a Grécia frente à Argentina (a 20 minutos do fim perdia 1-0 e só precisava de empatar o jogo; trocou de defesas-esquerdos e continuou no seu 5-4-1, com... 2 pontas-de-lança no banco...). E assim, em vez de partirmos para cima da Espanha, como devia ter acontecido, mantivemo-nos à defesa, a jogar no erro do adversário. O que obviamente não resultou. A Espanha não é a Coreia do Norte, é "apenas" a campeã europeia em título. E assim viemos embora, sem glória e com a honra um pouco em baixo, diga-se, porque marcar golos apenas num jogo (ainda que 7) em quatro possíveis não é nada abonatório. É certo que também só sofremos 1, mas sofremos no único jogo em que não podíamos mesmo sofrer, e talvez no encontro em que Eduardo menos merecia (foi o melhor em campo hoje e o segundo melhor da selecção, só batido por Fábio Coentrão, que se revelou ao mundo como um soberbo lateral-esquerdo). Só mais um aparte: a manutenção de Cristiano Ronaldo como capitão de Portugal e como o marcador oficial de todo e qualquer livre que a selecção conquiste prova a falta de coluna vertebral de Queiroz.

Posto isto, apraz-me dizer que gostaria, sinceramente, que tivéssemos outro treinador na qualificação para o Euro 2012, caso contrário vamos ter de levar com mais do mesmo na fase de apuramento (vá lá que para o Euro são apurados os 2 primeiros do grupo) e o pior será quando chegarmos ao Europeu. Mais uma vez ficar-nos-emos apenas pelos serviços mínimos. É pena, porque tínhamos matéria-prima para mais. Tanto nos jogadores que ficaram em Portugal e mereciam ter sido convocados, como nos que foram e jogaram menos do que mereciam. Um elemento positivo: Deco não vai voltar a vestir a camisola da selecção. Já vem com 7 anos de atraso.

O golo do jogo aqui:

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O nosso plantel XXVII - Mantorras

Chegamos hoje ao último dos jogadores que fazia parte d' "O nosso plantel" no início da temporada transacta. Depois dos já analisados Quim, Moreira, Júlio César, Maxi Pereira, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, César Peixoto, Shaffer, Javi García, Ruben Amorim, Ramires, Carlos Martins, Di María, Fábio Coentrão, Urreta, Aimar, Felipe Menezes, Saviola, Cardozo, Weldon, Keirrison e Nuno Gomes, hoje é a vez do angolano Mantorras.


Mantorras está no Benfica desde 01/02. No início de uma época em que o plantel sofreu uma enorme revolução, o avançado angolano chegou à Luz como um salvador da pátria, naquela que foi a maior transferência de sempre entre equipas do campeonato português: 5 milhões de euros foi quanto o Benfica pagou ao Alverca por metade do passe do jogador (e com Luís Filipe Vieira a afirmar que valia 90 milhões de euros!!!). O então administrador da SAD encarnada (ou director-geral, já não sei bem) apregoava a "equipa maravilha" encarnada, que no entanto não se viu - o Benfica terminou o campeonato em 4º, fora das provas da UEFA pelo 2º ano consecutivo. Ainda assim, Mantorras foi de facto o melhor jogador encarnado nessa época. Praticamente sem concorrência (João Tomás saiu para o Bétis à 2ª jornada, altura em que Sokota se lesionou com muita gravidade; só em Janeiro, com a chegada de Jankauskas, Mantorras teve concorrente à altura), o angolano marcou 13 golos em 30 jogos. Não foram números redondos, mas foi o melhor que o Benfica conseguiu fazer nessa temporada.


No ano seguinte, começou o calvário de Mantorras. Não pela concorrência no ataque (a um Sokota recuperado juntaram-se as contratações de Nuno Gomes e de Fehér), mas sim pela grave lesão no joelho direito que sofreu logo no início da época e que lhe acabou por destruir a carreira. Ficam para a história os 8 jogos e 3 golos que efectuou ainda nesta temporada.


03/04 não existiu para Mantorras. O avançado esteve lesionado durante toda a época, razão pela qual não fez qualquer jogo nem ganhou a Taça de Portugal.


Depois viria a melhor época (a nível do seu simbolismo perante os adeptos) de Mantorras com a nossa camisola. De fora durante quase toda a primeira volta, Mantorras reapareceu à 16ª jornada em Alvalade. Não evitou a derrota, mas deixou alguns pormenores que aguçaram o apetite dos adeptos para o que poderia ainda vir dali durante o resto da temporada. E a verdade é que não os desiludiu. Mantorras, apesar de ter a concorrência de Nuno Gomes, Karadas, Sokota (até Janeiro) e Delibasic (depois de Janeiro), acabou por ser o abono de família do Benfica, marcando 5 golos em 15 jogos, 3 deles absolutamente imprescindíveis para o título que o Benfica acabaria por ganhar. Estava consumada a ligação eterna de Mantorras ao Benfica, mas a verdade é que esta temporada também deixou bem claro que existia algo de errado com o angolano: é que apesar da importância que teve e dos golos que marcou, Mantorras só foi titular numa única ocasião (na qual marcou um golo, em casa, frente ao Gil Vicente) e Trappatoni chegou a afirmar que o angolano só poderia jogar cerca de 30 minutos por jogo. O que não abonava nada a seu favor.


Nova época, novo treinador, o mesmo cenário. Mantorras fez 17 jogos, mas todos eles a entrar apenas nos últimos minutos. Ainda marcou 3 golos (mais do que Marcel, por exemplo, que chegou ao clube em Janeiro para concorrer com o angolano, com Nuno Gomes e com Miccoli), mas a sua importância diminuiu consideravelmente em relação à época anterior.


Em 06/07, apesar de Miccoli e Nuno Gomes se manterem no plantel e de ter chegado Kikin Fonseca (haveria de ser substituído em Janeiro por Derlei), Mantorras fez o mesmo número de jogos da época anterior (e provavelmente quase os mesmos minutos), marcando menos um golo. A meio da temporada referiu a célebre frase "Não sou coxo" depois de ter marcado frente ao Beira-Mar, queixando-se da pouca utilização de que era alvo por parte de Fernando Santos, o técnico de então. O lamento não serviu para grande coisa. Continuaria a jogar apenas uns minutos e marcaria o segundo golo da temporada apenas no último jogo, em casa frente à Académica.


Na época seguinte ainda jogou menos. As convulsões a nível técnico não tiveram grande manifestação na sua utilização, terminando a temporada com apenas 9 jogos efectuados e 1 golo marcado (num empate a uma bola em Setúbal). No que respeita aos avançados desse plantel, Mantorras só fez mais minutos que o chinês Yu Dabao (na equipa até Janeiro) e que Makukula (chegou em Janeiro). Perdeu para Nuno Gomes, Cardozo e Bergessio.


Em 08/09 já fez muito menos jogos: apenas 5. Ainda assim, conseguiu marcar 2 golos, um deles absolutamente decisivo, onde deu a vitória ao Benfica na recepção ao Rio Ave, marcando segundos depois de entrar (há quem diga que Quique Flores pretendeu mostrar ali aos adeptos que Mantorras já não servia para o futebol, colocando-o em campo num jogo de autêntico dilúvio, com o relvado totalmente empapado e onde era quase impossível Mantorras jogar; se assim foi, saiu-lhe o tiro pela culatra, pois esse golo só serviu para os adeptos ficarem ainda mais do lado do angolano). O segundo golo seria marcado na última jornada, em casa frente ao Belenenses, num encontro onde actuaram os elementos menos utilizados na temporada. Voltou a fazer mais minutos que Makukula, mas perdeu para Cardozo, Nuno Gomes e Suazo.


E eis que, na temporada agora finda, Mantorras actua em... 21 minutos durante toda a época - na Taça de Portugal, frente ao Monsanto. O angolano não teve mais nenhuma oportunidade em toda a temporada, sendo não raras vezes esquecido por Jorge Jesus quando este falava nos avançados que tinha ao seu dispor (e eram muitos: Saviola, Cardozo, Weldon, Nuno Gomes e Keirrison até Janeiro; e ainda Éder Luís e Kardec depois de Janeiro). Ainda assim, o angolano foi alimentando o sonho de ainda conseguir actuar nem que fosse só um minuto no campeonato, para se poder sagrar campeão, e talvez o tivesse sido se o Benfica tivesse chegado à última jornada já com o título matematicamente na mão, o que não aconteceu, razão pela qual Jesus não quis facilitar (como nunca quer) e por isso não convocou o angolano, seguindo-se o que todos sabem (Mantorras ficou triste, disse que a festa de campeão não era dele e foi-se embora do estádio, não se juntando aos colegas nos festejos).


Com tudo isto, Mantorras parece ter chegado ao fim da linha no Benfica. Quem tiver dois dedos de testa percebe que o angolano já não é (nem pode ser) um atleta de alta competição e muito menos um jogador do Benfica. Tem-se mantido no plantel época após época como uma espécie de descargo de consciência por parte dos encarnados devido ao facto de ter sido no Benfica que a carreira de Mantorras teve um fim demasiado precoce (em circunstâncias ainda nunca explicadas convenientemente - há quem diga que a culpa foi do departamento médico que o operou, e quem diga que foi do próprio Mantorras, que não cumpriu as indicações do mesmo departamento médico como devia ser). No entanto, penso que essa atitude benemérita já não te razão de ser. Mantorras não precisa de se estar a humilhar, trabalhando época após época com a esperança de entrar uns míseros minutos nuns míseros jogos. Se já não pode jogar futebol, que fique no Benfica a cumprir outras funções. Curiosamente, sempre que se fala de ser emprestado, Mantorras recusa, mesmo não jogando nunca no Benfica. Por alguma razão há-de ser. A juntar a tudo isto, vieram as mais recentes declarações do jogador, quase que desafiando o Benfica - "se me quiserem dispensar, que paguem os ordenados todos até ao fim do contrato; se não, terão de levar comigo". Digamos que não foi elegante e caiu muito na consideração de todos os benfiquistas, que lhe agradecem do fundo do coração o contributo absolutamente fulcral que teve no título de 04/05. Espero que tudo se resolva pelo melhor, para Mantorras e para o Benfica.

E os leitores, que pensam de Mantorras?

domingo, 27 de junho de 2010

RAP


Aqui há fantasmas

Há quem seja fanático quanto à política, quanto à religião, quanto à nacionalidade. Pessoal mente, prefiro guardar o facciosismo para aquilo que verdadeiramente interessa: o Benfica. Os temas menores despertam em mim emoções apropriadas à sua dimensão. Talvez por isso tenha, sobre a Selecção Nacional, um olhar mais distanciado e neutro do que aqueles hooligans aos quais alguns chamam jornalistas.

Durante o Campeonato do Mundo, deixo o fanatismo suspenso. Os jornalistas desportivos fazem o contrário. Passam quatro anos a praticar aquilo que eles tomam por isenção. Em foras-de-jogo escandalosos, talvez o árbitro mereça o benefício da dúvida. Perante o maior penalty do mundo, ficam com algumas dúvidas mas respeitam a decisão. Assim que começa o Mundial, entregam a carteira de jornalista e mandam a imparcialidade às malvas. O código deontológico deixa de valer quando a Selecção joga. Por exemplo, quando Tiago caiu na área do Brasil, percebi logo que não tinha havido falta. Os jornalistas que faziam o relato na televisão começaram a gritar penalty ainda a bola não tinha passado do meio campo. Foram necessárias duas repetições para reconhecerem, muito relutantemente, que ninguém tinha tocado no jogador português. Quando Juan jogou a bola com a mão, os comentadores do jogo começaram a preencher um requerimento à FIFA com vista à irradiação do defesa brasileiro, e depois lamentaram que o árbitro tivesse aplicado as regras, mostrando apenas um amarelo. O único brasileiro a quem os nossos jornalistas não arreganharam o dente foi mesmo o Pepe. Curiosamente, também foi o único brasileiro que merecia, de facto, ter sido expulso. Nas entrevistas rápidas e conferências de imprensa, o modelo das perguntas é sempre o mesmo: trata-se de elogios com um ponto de interrogação no fim. Fulano de Tal, não é um enorme orgulho acabar a fase de grupos sem qualquer golo sofrido? Ninguém se lembra de perguntar, ainda que de passagem: Fulano de Tal, não é um bocadinho preocupante acabar a fase de grupos tendo conseguido marcar golos apenas à Coreia do Norte?

Entretanto, os meus compatriotas continuam divididos: scolaristas de um lado e queirozistas do outro. Pela minha parte, nunca achei que Scolari e Queiroz fossem treinadores que merecessem clube de fãs. É verdade que Scolari é o treinador mais bem sucedido de sempre da Selecção Nacional, mas talvez isso diga mais dos seleccionadores que temos tido do que dele. Quanto a Queiroz, parece assombrado pelo fantasma de Scolari. E, por isso, aparentemente resolveu emular o treinador que mais retumbantemente venceu Scolari: Otto Rehhagel. O ex-seleccionador da Grécia teria apreciado a equipa portuguesa que ontem empatou com o Brasil. Estavam em campo dois laterais esquerdos, quatro centrais, dois médios, um extremo e um Danny - cuja posição confesso que ainda não percebi exactamente qual é. A selecção portuguesa está, por tanto, assombrada por dois fantasmas: o de Scolari e o de Rehhagel. Se algum médium conseguir convocar o fantasma de Mourinho, talvez Portugal seja campeão.

Há um limite para além do qual a rivalidade clubística deixa de fazer sentido. Uma coisa são saudáveis picardias, outra são altercações azedas. A BOLA tem colunistas do Benfica, do Sporting e do Porto, e tanto benfiquistas como sportinguistas devem reconhecer, sem sectarismo, que se encontram em desvantagem. O Porto é o único que tem, entre os seus representantes neste jornal, um homem que além de colunista, é um escritor e dos bons. Um abraço para o Francisco José Viegas.

Por Ricardo Araújo Pereira, a 26 de Junho in jornal A Bola

sábado, 26 de junho de 2010

Portugal 0 - 0 Brasil - 3ª Jornada Mundial 2010

E venha a Espanha! Como era o meu desejo secreto (ou não, visto que até já o tinha escrito aqui, no post do jogo com o Brasil), vamos defrontar os espanhóis nos oitavos-de-final. Os resultados de hoje assim o ditaram. Apesar de saber que vai ser um encontro extremamente difícil, acredito sinceramente que a nossa selecção pode bater a Roja. Basta acreditar (e basta também que Cristiano Ronaldo se lembre de que não joga sozinho). A Espanha não é nenhum bicho de 7 cabeças: a defesa não é a mais forte do Mundial (Puyol e Capdevila são bastante permeáveis, Sérgio Ramos é fácil de ser amarelado com um Cristiano Ronaldo ou mesmo um Simão em forma) e o ataque, apesar de um David Villa temível, pode ser bem anulado pelos nossos centrais (e defesa-esquerdo, já agora - que grande jogo fez o Fábio Coentrão hoje! Secou Maicon e Daniel Alves por completo e ainda os ultrapassou variadíssimas vezes). O ponto mais forte dos espanhóis é o meio-campo, mas acredito que Pedro Mendes, Raul Meireles e Tiago, se estiverem concentrados e ao seu nível, serão capazes de aguentar a tarefa. Depois é esperar que os atacantes marquem golos. Acredito sinceramente que podemos ultrapassar este obstáculo.


O jogo de hoje não foi propriamente o mais entusiasmante a que já assistimos neste Mundial. Apesar de algum querer por parte das duas equipas (mais Brasil na primeira parte, mais Portugal na segunda), ficou sempre a sensação de que ambas as equipas se contentariam com o empate, que convinha aos dois conjuntos (o Brasil passaria em primeiro, e Portugal também se apuraria). Portanto, não foi de estranhar o jogo a que assistimos. Ainda assim, sinal mais para algumas grandes exibições no nosso lado. Acima de todos, Fábio Coentrão. O melhor em campo, sem sombra de dúvidas, pelas razões já explicitadas em cima. Depois, também estiveram em bom plano os médios Raul Meireles, Tiago e depois o Pedro Mendes. A entrada de Simão para o lugar do deslocadíssimo Duda deu mais acutilância ofensiva à equipa. Os centrais estiveram irrepreensíveis. E depois, a exibição de Eduardo na baliza da nossa equipa foi, mais uma vez, portentosa. Sem dar muito nas vistas, como é seu apanágio, Eduardo vai batendo recordes atrás de recordes e é, actualmente, o melhor guarda-redes português, sem sombra de dúvidas. Palavras negativas apenas para Ricardo Costa (como é possível este jogador estar presente em 2 Mundiais, e muito menos a jogar a lateral-direito?) e Pepe, que mostrou claramente não estar ainda em condições de jogar a este nível. Espero que Pedro Mendes retome a titularidade contra a Espanha, se não o nosso meio-campo vai ter muitas dificuldades perante os médios espanhóis (e é se Pepe não acabar expulso antes do intervalo).


No Brasil, não houve um elemento que se destacasse mais que os outros. Maicon tentou umas arrancadas na primeira parte, mas foi literalmente engolido por Fábio Coentrão; Nilmar acabou por ser o elemento mais irrequieto, mas nem por isso criou grande perigo. O melhor brasileiro em campo talvez tenha sido o capitão Lúcio, o esteio da defesa do escrete. Acabou por impedir uns 2 golos de Portugal, se bem que nos descontos fez mão que podia muito bem ter dado penalty para nós. Teve sorte porque o árbitro não viu.

E assim avançámos mais uma vez para os oitavos-de-final de um Mundial (a terceira vez em 5 participações). Na minha opinião, estão atingidos os mínimos exigíveis a esta selecção. Apesar de termos chegado às meias-finais na última edição, é absolutamente irrealista estarmos a pedir que agora seja alcançado o mesmo patamar. Estar nos oitavos já é bom, mas acredito que podemos passar a Espanha (seria escrever uma página histórica para a nossa selecção). Se isso acontecer, creio que defrontaremos, nos quartos, o vencedor do Paraguai-Japão. E aí sim poderemos pensar em chegar às meias-finais. Para já, venha a Espanha. Se tivermos garra e vontade de vencer, quartos-de-final, aí vamos nós! Acreditem como eu acredito.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Crónica imperdível


Mais depressa se apanha um Miguel Sousa Tavares do que um coxo

Na terça-feira, Miguel Sousa Tavares aconselhou-me simpaticamente a preocupar-me com a próxima época do Sporting.
Agradeço o conselho, de facto estou apreensivo, mas, se me permite, antes de falar sobre as hipotéticas contratações do Sporting para 2010/2011, vou continuar a debruçar-me sobre as hipotéticas contratações do Porto em 2003/2004. Nomeadamente a de Augusto Duarte.

Voltando a citar o verdugo nazi da sua predilecção, MST repisa que uma mentira repetida acaba por se transformar em verdade.
Eu acho que o MST usa outra técnica: inventar várias mentiras, a ver se alguma pega. Desta vez, MST diz: «Há anos que o José Diogo Quintela anda a repetir que um árbitro foi tomar um cafezinho a casa de Pinto da Costa, na véspera de apitar um jogo decisivo do FC Porto, em 2004. Tirando o facto de não ter sido assim que a coisa ficou provada em tribunal, o mais importante é que esse jogo (um Beira-Mar - FC Porto) não era decisivo, pois o Porto já tinha o campeonato no bolso - tanto que dispensou de apresentar vários titulares, que ficaram a descansar para a eminente final da Champions, em Geselkirchem [sic], que teve lugar daí a dias. O jogo terminou empatado, salvo erro 1-1 e, segundo o trio de analistas de arbitragem do Jogo, o árbitro do cafezinho cometeu, de facto, dois erros, um para cada lado e ambos com possível influência no resultado. Só que, azar, o primeiro erro foi contra o FC Porto - e o primeiro erro é sempre o mais importante.
Ah, e o treinador, que precisava que dessem cafezinhos aos árbitros para vencer um Beira-Mar, chamava-se José Mourinho e logo, logo, iria ser campeão europeu...»

Bom, vamos à habitual correcção. Numerada, para ser mais fácil de seguir.

Peta 1 - «Tirando o facto de não ter sido assim que a coisa ficou provada em tribunal». É falso. Ficou mesmo provado, nos pontos 21 a 24 do Acórdão, que um árbitro foi a casa de Pinto da Costa na véspera de apitar um jogo do FCP. E mais. Já lá vamos.

Peta 2 - MST diz que o jogo não era decisivo, «pois o Porto já tinha o campeonato no bolso». Falso outra vez. Antes dessa jornada, faltando disputar 12 pontos, o Sporting estava a 5. O campeonato não estava conquistado.
A não ser que MST use a expressão «no bolso» no sentido de estar combinado. Será? MST, veja lá se o Pinto da Costa não o processa.
Mais: este jogo era decisivo porque o FCP jogava para o campeonato e para a Champions e precisava descansar jogadores.
O empate contra o Nacional, quatro dias antes do jogo em Aveiro, retirou-lhe margem de manobra.
O que pode explicar a urgência que António Araújo tem em convencer Augusto Duarte a ir a casa de PC. (Curiosidade gira: supostamente, Augusto Duarte é que queria pedir a PC um favor relativo à amante do pai, mas nas escutas é PC que tem urgência em que o árbitro lá vá)
Entretanto o Sporting foi roubado no Bessa (por um árbitro que, este sim, não há provas de que tenha ido a casa de PC), facilitando a vida ao Porto.
Mesmo assim, era decisivo o Porto não perder com o Beira-Mar, senão, daí a duas jornadas, em Vila do Conde, não poderia descansar atletas antes da segunda mão da meia-final da Champions; as já estou a desvendar a galga n.º 3. Vamos a ela

Peta 3 – MST afiança que o FCP «se dispensou de apresentar vários titulares, que ficaram a descansar para a eminente final da Champions, em Geselkirchem [sic], que teve lugar daí a dias». Falso, também. A final da Champions (que é, de facto, eminente) não estava iminente.
Iminente estava a primeira mão da meia-final. E, sim é verdade que o FCP jogou sem habituais titulares.
Como é que tinha a garantia que o podia fazer? Se calhar já estava «no bolso». Porque o Beira-Mar, como se verá, não era uma equipa qualquer.
Por isso é que quando MST diz «Ah, e o treinador, que precisava que dessem cafezinhos aos árbitros para vencer um Beira-Mar, chamava-se José Mourinho e logo, logo, iria ser campeão europeu...», falha a ironia. O que não é grave, é só falta de jeito.
É que este «um Beira-Mar» que MST parece desprezar tinha sido, por acaso, a última equipa a ganhar em casa de Mourinho, no campeonato. Ainda é, até hoje.
A 23-02-2002 «um Beira-Mar» foi ganhar às Antas. Talvez porque, dessa vez, o árbitro expulsou mesmo os jogadores do FCP que mereceram, não sei.
O que sei é que, desde então, nem um Manchester United, um Arsenal, uma Juventus, um Milão ou um Liverpool conseguiram ganhar em casa de Mourinho, como conseguiu «um Beira-Mar».
Porque isto é futebol e às vezes o mais fraco ganha. Ah, e o treinador a quem o Poro ia ganhar facilmente chamava-se António Sousa, o último a ganhar em casa de Mourinho…

Peta 4 – Sobre a arbitragem, MST garante que «segundo o trio de analistas de arbitragem do Jogo, o árbitro do cafezinho cometeu, de facto, dois erros, um para cada lado e ambos com possível influência no resultado.
Só que, azar, o primeiro erro foi contra o FC Porto - e o primeiro erro é sempre o mais importante».
Espanta-me que MST, que se farta de exigir respeito pelas decisões da Justiça, achincalhe um Tribunal, mesmo que o do Jogo.
É que eu fui consultar a edição do Jogo de 19-04-2004 e, na pág.10, constatei que MST intruja no seguinte: i) não eram 3 os analistas, mas sim 4: Coroado, Rosa Santos, Garrido e Miranda de Sousa; ii) 2 deles acham que o árbitro cometeu 2 erros: o 1º aos 10 minutos, ao não expulsar Secretário, e o 2º aos 12, ao não amarelar Marco Ferreira; os outros 2 analistas acham que só cometeu o 2º erro; iii) assim, é redundante indicar que o primeiro erro não foi contra o FCP. Azar, sim, mas para MST que foi apanhado, noutra mentira. Não é a primeira. Será a mais importante? O leitor decidirá. Mas é interessante ver que, sobre a arbitragem, MST remete para o Tribunal do Jogo (ainda que falseando) em vez de para o tribunal que julgou o Caso do Envelope.
É que a conclusão a que a justiça chegou foi diferente: houve 4 erros, 3 a favor do Porto, sendo que o único grave foi a tal não expulsão. Porque é que MST escamoteia isto? É porque, embora a juíza não ache, quem vê futebol sabe que é difícil jogar com menos um durante 80 minutos.

Peta 5 – No fim, MST diz que tenho o «descaramento» de falar na viagem que o Porto pagou a Carlos Calheiros «já depois de reformado».
Sucede que essa viagem foi em Julho de 95 e bastou-me consultar jornais da época 95/96 para saber que a 27 de Agosto do mesmo ano Calheiros, ainda bronzeado, apitou o Sporting – Boavista.
Ora, das duas, uma: ou o reformado fez um biscate para ajudar a compor a reforma, ou MST está, mais uma vez, a aldrabar.
Descaradamente.
Atenção, não quero com isto afirmar que MST só mente. Também diz meias-verdades: o jogo acabou empatado, mas 0-0, não «salvo erro 1-1». E diz algumas verdades. Por exemplo, diz que se tratou de um jogo de futebol. E que Mourinho é treinador. Duas verdades. Não são muitas, nem particularmente relevantes, mas já não é mau. Salvo erro.
MST termina assim: «Se neste país houvesse uma cultura de responsabilidade, se cada um fosse responsabilizado pelo que diz e faz, não se continuaria a insistir em mentiras desmascaradas pela justiça».
Mais uma vez, discordo. Quero que em Portugal continue a ser possível que irresponsáveis repitam patranhas.
Reconforta-me saber que, quando me falta tema, posso sempre desmentir MST, um homem que tem uma relação curiosa com a verdade.
Como pode constatar numa entrevista recente:
- Foi acusado de ser brando com José Sócrates e implacável com Gonçalo Amaral. Revê-se em qual dos Miguel Sousa Tavares?
- O meu estilo de entrevista foi igual em todas, tirando o Gonçalo Amaral.
Confesso que houve uma coisa que não devia ter influenciado, mas que influenciou, que foi ele ter começado a entrevista com uma mentira. Isso deixou-me logo de pé atrás. MST, in Flash, 31-05-2010
Gostava de ver o MST que fica de pé atrás com uma mentira a entrevistar o MST que escreve estas crónicas.

Por Zé Diogo Quintela, in A Bola

RAP


Cada um tem o Camões que merece

Já faz mais de uma semana que a Selecção portuguesa, baptizada por Carlos Queiroz com o nome de Navegadores, se encontra na África do Sul. Surpreendentemente, ainda nenhum poeta se ofereceu para narrar em verso a epopeia destes navegadores, cujo cognome evoca outros que, mais ou menos no mesmo sítio, viveram aventura igualmente emocionante - mas tiveram a sorte de arranjar bardo que os cantasse. Soubesse eu fazer decassílabos e, com boa vontade, tomaria nas mãos a tarefa de transformar em poema épico os heróicos feitos da equipa nacional nesta passagem, cerca de 500 anos depois, de novos navegadores pelo Cabo da Boa Esperança.

Creio que o trabalho não seria demasiado difícil. Em lugar do clássico início «As armas e os barões assinalados» talvez se justificasse uma referência a episódios mais actuais: «As armas que os jornalistas assaltados / na meridional praia africana», etc. Neste campeonato do mundo tão rico em tácticas defensivas e empates, é refrescante encontrar alguém que esteja realmente interessado em atacar, e até agora os bandidos têm sido dos poucos a atacar com arreganho e consistência. Nem que seja só por isso, merecem a simpática menção.

A segunda estrofe começaria, provavelmente, com a tradicional evocação à musa. Excepcionalmente, o poeta não pediria ajuda para si. Camões pediu à musa dele que o ajudasse a escrever; o vate dos novos navegadores pediria à sua musa que ensinasse a equipa a jogar. É uma questão de prioridades e, de facto, os jogadores precisam mais de ajuda do que o bardo. À medida a que o canto avança, o melhor seria comparar os actuais navegadores com aqueles que lhes deram o nome. Os navegadores do século XVI e os do século XXI postos frente a frente, para ver quais são os mais valentes. «Escorbuto e fome nas caravelas / São nada a comparar com as vuvuzelas». Com todo o respeito para com o escorbuto, duvido que seja mais incomodativo que um estádio cheio daquelas cruéis cornetas.

O homólogo de Vasco da Gama na epopeia de hoje seria, creio, Carlos Queiroz, pelo que o poeta lhe daria especial atenção. «Da táctica não sabe o bê-á-bá / Mas queixa-se da tala do Drogba» poderia ser o princípio de uma visita à personalidade do nosso herói. Quem sabe se Manuel Alegre, que em tempos dedicou um poema a Figo, não poderá cantar agora o Queiroz em lugar do Gama?

Mesmo sabendo que quase só se fala da Selecção, sinto-me obrigado a referir outro assunto: o Sporting. Um cronista não pode falar apenas dos grandes temas, e além disso desta vez vem mesmo a propósito. O Sporting acaba de apresentar três reforços, dois dos quais são o Maniche. Ainda estive tentado a contar os duplos queixos do novo jogador do Sporting, mas não tinha a máquina de calcular à mão e desisti. Se, prosseguindo esta política de contratar estrelas do passado, o Sporting contratar Rochemback, ninguém passará pelo meio campo do Sporting. Não pela eficácia das marcações, mas porque não haverá mesmo espaço para passar.

Por Ricardo Araújo Pereira, 19 de Junho de 2010 in jornal A Bola

terça-feira, 22 de junho de 2010

Portugal 7 - 0 Coreia do Norte - 2ª Jornada Mundial 2010

Sem qualquer tipo de pretensiosismos... até parecia o Benfica a jogar! Portugal fez uma segunda parte do melhor que já vi, destroçando por completo o ferrolho norte-coreano (que estava montado desde que marcámos o 1º golo; antes disso, a Coreia do Norte jogou bom futebol). Como havia dito aqui aquando do jogo com a Costa do Marfim, acreditava que ainda tínhamos o apuramento à mão. Bastava vencer à Coreia do Norte por números simpáticos e esperar que o Brasil também fizesse o seu trabalho sobre os marfinenses. Foi o que aconteceu, e agora Portugal só precisa de um empate para se apurar para os oitavos-de-final. E mesmo se perder, seria preciso levar uma grande goleada e a Costa do Marfim vencer também os coreanos por uma grande margem para que não passássemos. Já em relação a quem pretendo apanhar nos oitavos, confesso que não sei. Aliás, até sei. Ficar em 2º e apanhar o Chile ou a Suíça é realmente apelativo. No entanto, tenho um desejo secreto de vencer o Brasil e medir forças com a Espanha logo a seguir. Chamem-me louco. Não me importa. Acho que esta selecção, se jogasse sempre como o fez hoje (e, já agora, se tivesse um bom seleccionador), tinha potencial para chegar muito longe neste Mundial. E pode ser que assim aconteça.


A primeira parte não foi famosa. Apesar de termos começado por cima, desperdiçando duas oportunidades por Ricardo Carvalho (uma delas ao poste), acabámos por deixar que os coreanos perdessem o medo e subissem no terreno, causando-nos alguns dissabores. Nessa fase, Eduardo foi enorme. Está cada vez melhor guarda-redes. Até que, aos 29 minutos, Tiago fez um passe soberbo para a desmarcação também ela formidável de Raul Meireles. O médio do Porto finalizou muito bem (como é, de resto, seu apanágio) e abriu o marcador, mudando por completo o rumo do jogo.


Até ao fim da primeira parte foi tudo muito morno. Mas o melhor estava mesmo guardado para os segundos 45 minutos. O início do quebrar do ferrolho deu-se por Simão, superiormente desmarcado pelo mesmo Raul Meireles. Um golo que deu a tranquilidade que a selecção necessitava (e festejado de forma terrivelmente divertida por Simão - se não repararam na altura, vejam aqui o vídeo e reparem na parte em que ele faz mesmo a dança do BigMacMacLocoBigMac, aquele anúncio que vai passando na televisão. Delicioso!).



Depois... bem, depois veio um festival de golos e de futebol de ataque. Em mais uma arrancada de Coentrão pelo flanco esquerdo, Hugo Almeida finalizou de forma irrepreensível para o terceiro da selecção portuguesa.


O quarto (e o sétimo, já agora) surgiu pelo melhor em campo: o antigo benfiquista Tiago, que hoje fez o seu melhor jogo de sempre ao serviço da selecção. Simplesmente arrasador. Com este Tiago, nunca mais quero ver Deco ali. O luso-brasileiro já não tem pedalada para estas andanças.


Ainda houve tempo para Liedson, o Levezinho que tantas vezes nos dá vontade de tudo menos de sorrir (a nós, benfiquistas), e que hoje foi surpreendentemente suplente, fuzilar o guarda-redes momentos depois de entrar (e aproveitando a azelhice do central norte-coreano).


Só faltava mesmo o golo de Cristiano Ronaldo, que insistia em não aparecer. Mas lá apareceu. Da maneira mais esquisita, mas apareceu. Penso que a forma como ele dominou a bola à primeira foi intencional e que só a perdeu de vista uns segundos, quando ela lhe fica na nuca. No entanto, nunca abandonou a postura e lá fez o gosto ao pé, finalmente, antes de Tiago dar o golpe final aos pobres coreanos.


Na Coreia do Norte, não houve propriamente um melhor em campo, pelo que destacarei o seu melhor jogador e uma das figuras deste Mundial: o pitoresco Jong Tae-se, sem dúvida um excelente avançado e que está a mais naquela selecção (assim como o número 10, Hong Yong-jo, que actua na Rússia). É claramente o elo mais forte da equipa, mas sozinho não pode fazer tudo.


Não se comece já a pensar que vamos chegar à final. Os portugueses são pródigos em ir do 8 ao 80 com uma facilidade impressionante, mas a verdade é que ninguém ainda ganhou nada. Nem nos apurámos sequer. É preciso fazer um bom jogo com o Brasil para deixar uma imagem positiva para todas as outras selecções, e principalmente para aos brasileiros, que ainda nos gozam pela goleada de Brasília. Vamos mostrar que afinal também somos muito bons. Força, Portugal!

Os golos do jogo aqui:

domingo, 20 de junho de 2010

Uma vitória e uma derrota no mesmo dia. Um dia, portanto, agridoce...


O Benfica não conseguiu revalidar o título em futsal, falhando assim o tetracampeonato. Curiosamente, depois de ter vencido um jogo fora, não fomos capazes de vencer um único dos 2 que fizemos em casa. Paciência. Terminamos a época com uma Liga dos Campeões (UEFA Futsal Cup) e uma Supertaça nacional. É um balanço positivo.


Em compensação, conseguimos vencer a Taça de Portugal em hóquei em patins, a primeira desde 2000/01. Foi um feito muito importante para a equipa encarnada nesta modalidade e esperemos que despolete nova sede de conquistas do Benfica para a próxima época, onde iremos, desde logo, disputar a Supertaça com o Porto. Para já, parabéns ao plantel por esta conquista.

Nada está ainda perdido nem ganho...


... depois dos jogos de hoje em futsal e hóquei em patins. Na primeira modalidade, o Benfica perdeu o primeiro jogo em casa em penáltis na final frente ao Sporting. Amanhã terá um jogo decisivo em que tem mesmo de ganhar para ainda poder discutir o título na finalíssima que será disputada na casa do Sporting. Se perder, entrega desde logo o título. Mas eu confio na força dos jogadores e acredito sinceramente que ainda vamos conseguir dar a volta.


No hóquei, pelo contrário, o Benfica venceu o HC Braga e apurou-se para a final da Taça de Portugal, onde irá defrontar a Física, curiosamente o carrasco do Porto nessa competição. Temos uma ocasião soberana para conquistar um troféu na modalidade, o que já não acontece há muito tempo, e simultaneamente conseguirmos o acesso à Supertaça, a disputar com o Porto em Agosto. Venha de lá esse título!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O nosso plantel XXVI - Nuno Gomes

Estamos quase no fim deste périplo pelos jogadores que compuseram o nosso plantel na época agora finda (já analisámos 25 atletas deste plantel: Quim, Moreira, Júlio César, Maxi Pereira, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, César Peixoto, Shaffer, Javi García, Ruben Amorim, Ramires, Carlos Martins, Di María, Fábio Coentrão, Urreta, Aimar, Felipe Menezes, Saviola, Cardozo, Weldon e Keirrison), e hoje chegamos ao capitão da equipa e elemento com mais anos de casa, o avançado Nuno Ribeiro, mais conhecido como Nuno Gomes.


O namoro de Nuno Gomes com o Benfica já começou na época de 97/98. Na altura com apenas 21 anos, o avançado nascido em Amarante era uma das maiores promessas do futebol português, chegando já com o rótulo de goleador à Luz, fruto da sua carreira nas camadas jovens das selecções nacionais e também da época 96/97, onde ao serviço do Boavista marcou 15 golos em 34 jogos (um jogador com 20 anos actuar em todos os jogos do campeonato é obra!). Não se afigurava vida fácil para um miúdo tão novo (e português) se impor no 11 do Benfica, numa equipa onde também constavam João Pinto, Brian Deane, Paulo Nunes, Edgar e Martin Pringle para o ataque. No entanto, Nuno Gomes conseguiu superiorizar-se à concorrência e, fazendo dupla com Deane (com João Pinto atrás dos 2), actuou em 33 jogos (só falhou um), nos quais apontou 18 golos, uma marca extraordinária dadas as circunstâncias.


Na época seguinte, a vida ficou um pouco mais facilitada para o avançado, dadas as saídas de Edgar e Paulo Nunes do plantel. Nuno Gomes continuou a actuar com Deane na frente e João Pinto nas costas dos 2, até ao mercado de Dezembro, altura em que Deane regressou a Inglaterra e para o seu lugar chegaram 2 jogadores: Dean Saunders (um fetiche do técnico Graeme Souness) e Cadete (fetiche do presidente Vale e Azevedo). Entretanto, surgiu ainda Pepa, um miúdo dos juniores que se estreou com um golo na Luz, fazendo assim as delícias dos adeptos. Mesmo com tudo isto, Nuno Gomes continuou a fazer valer a sua qualidade - a única dúvida, de resto, era saber qual desses jogadores faria dupla com o internacional português, visto que a sua posição era inquestionável. Nesta época foi mesmo totalista: actuou nos 34 jogos do campeonato e marcou... 24 golos (só pulverizado por Jardel no Porto).


Nova época (99/00), novo treinador (Jupp Heynckes), novos colegas/concorrentes (a Cadete e Pepa juntaram-se o espanhol Tote e mais tarde João Tomás), mas o mesmo cenário: Nuno Gomes sempre a jogar... e a marcar. Em ano de Euro'2000, Nuno Gomes voltou a ser totalista no campeonato e marcou 18 golos, número abaixo da época anterior mas muito bom, de qualquer forma. No fim desta época, como todos sabemos, Nuno Gomes brilhou no Campeonato da Europa e acabou por assinar pela Fiorentina, rendendo ao Benfica uma verba a rondar os 20 milhões de euros.


Regressou, qual D. Sebastião, na temporada 2002/03, depois de 2 épocas em Itália (onde, apesar de não ter sido muito feliz, deu uma Taça à Fiorentina, com um golo seu na final por 1-0). Muita coisa já havia mudado no clube (como era normal nestas alturas) e a frente de ataque era completamente nova: Nuno Gomes teria de "se haver" com Mantorras, Sokota e o húngaro Fehér pela titularidade na frente de ataque. Numa época em que teve 2 treinadores (Jesualdo Ferreira e Camacho), o ponta-de-lança português fez 27 jogos e apontou 9 golos. Números bastante mais fracos do que aqueles a que tinha habituado os adeptos anos antes, mas desculpáveis pelo estilo de jogo da equipa (que não se adequava às suas características - o Benfica jogava em 4-3-3 com Nuno Gomes a ser o único ponta-de-lança, e ele estava habituado a partilhar a frente de ataque) e também por algumas lesões que teve. Esperava-se mais para a época seguinte.


No entanto, 2003/04 trouxe mais do mesmo. E pior, até. A frente de ataque continuou exactamente a mesma (com a agravante de Mantorras não ter jogado durante toda a época e Fehér ter falecido em Janeiro) e Nuno Gomes, mais uma vez fustigado por lesões, terminou a época com apenas 21 jogos efectuados e míseros 7 golos marcados. Acabou por vencer uma Taça de Portugal, mas parecia mesmo que o avançado já não era o mesmo dos finais da década de 90.


Tendência que se confirmou na época seguinte. Orientado por Trappatoni, o Benfica foi campeão, mas Nuno Gomes não conseguiu retomar a veia goleadora de outros tempos. Fez apenas 23 jogos e marcou os mesmos 7 golos da época anterior. Muito pouco para quem tanto havia mostrado anos antes, e principalmente tendo em conta a concorrência (Karadas e Sokota no início da época; Karadas, o recuperado Mantorras e Delibasic na segunda metade). Ainda assim, crescia a influência de Nuno Gomes no balneário encarnado - era, já nesta altura, um dos capitães de equipa.


Estranhamente, em 2005/06, Nuno Gomes... reencontrou o caminho dos golos. O avançado desatou a marcar logo no início da época (foi dele, de resto, o primeiro golo oficial do Benfica nessa temporada, golo esse que deu a Supertaça aos encarnados, no jogo com o Vitória de Setúbal) e já levava mais de uma dezena de golos no virar da primeira volta. Parecia que finalmente estava de volta o velho Nuno Gomes. No entanto, tal não se veio a confirmar totalmente. Na segunda volta, Nuno Gomes perdeu o fulgor e uma lesão que o afastou dos últimos 5 jogos retirou-lhe a possibilidade de lutar por ser o melhor marcador do campeonato (acabaria por perder esse título nos últimos jogos por apenas um golo para o camaronês Meyong, na altura no Belenenses). Terminou a temporada com 29 jogos e 15 golos, num ano em que o treinador foi mais uma vez diferente (Ronald Koeman) e em que a concorrência nunca lhe conseguiu ser superior (no início da época, só havia Miccoli e Mantorras, ambos a meio gás; em Janeiro chegaram Marcel e Manduca).


Para mais uma época (06/07), chegou mais um novo treinador (Fernando Santos) e mais um concorrente ao internacional português (Kikin Fonseca - saiu em Janeiro, substituído por Derlei, com Miccoli e Mantorras também na equipa), já com 30 anos nesta altura. Uma temporada que mais uma vez não foi famosa em termos colectivos e muito menos individuais para o avançado, que jogou apenas 24 partidas... e só apontou 6 golos. Um pecúlio muito fraco para um jogador da qualidade de Nuno Gomes.


07/08 foi, mais uma vez, mais do mesmo. Uma época em que passaram 3 treinadores pelo Benfica (Santos, Camacho e Chalana), em que os encarnados terminaram num horrível 4º lugar e em que Nuno Gomes marcou 7 golos em 25 jogos. Apesar da concorrência ter sido maior nesta época (além de Mantorras e do chinês Yu Dabao - que fazia parte da equipa B mas chegou a jogar na principal - chegaram Cardozo e Bergessio no início da época e ainda Makukula em Janeiro), a verdade é que Nuno Gomes jogou quase sempre, fazendo dupla maioritariamente com Cardozo. No entanto, nem isso chegou para o Benfica conseguir algum tipo de sucesso numa temporada a todos os níveis decepcionante.


08/09 não foi muito diferente. Apesar de ter ganho a Taça da Liga, o Benfica terminou em 3º, saiu da Taça de Portugal logo nos oitavos-de-final e foi das piores equipas em competição na Taça UEFA. A chegada de Quique Flores para treinar o clube (no que parecia, ao início, ser uma opção refrescante para a equipa) acabou por redundar num completo fracasso, mais uma vez. Mas uma das alterações introduzidas pelo técnico espanhol havia de se comprovar, com mais veemência, também na temporada 09/10: a perda de influência de Nuno Gomes no jogo da equipa. Apesar de ser, desde a saída de Simão, em 07/08, o capitão de equipa, Nuno Gomes já não foi titular em grande parte de 08/09, devido à concorrência (Cardozo, Suazo, Makukula - até Janeiro -, Mantorras e o próprio Aimar, que Quique insistia em utilizar como segundo avançado, precisamente na função que deveria ser de Nuno Gomes) e também à idade (com 32 anos já não era propriamente um jovem, e os seus números nos últimos anos não haviam sido famosos). Ainda assim, participou em 24 jogos e marcou os mesmos 7 golos da época anterior.


Para este ano, ficou visto desde o início que o avançado não iria ter muitas oportunidades na equipa principal. Jorge Jesus desde logo deixou claro que a sua aposta seria na dupla Saviola-Cardozo e, na hierarquia, Nuno Gomes só ganhava a... Mantorras, pois até Weldon e Keirrison pareciam melhor posicionados para o técnico. E assim foi durante algum tempo. Beneficiando da lesão precoce de Weldon, Nuno Gomes foi participando nos minutos finais de alguns jogos, revezando-se com Keirrison, e até marcou golos (um ao BATE Borisov, num jogo em que até começou de início, fazendo dupla com Cardozo, e 2 no campeonato, a Vitória de Setúbal e Nacional quando as goleadas já estavam feitas). A perda de crédito do brasileiro junto de Jorge Jesus permitiu a Nuno Gomes ser o primeiro avançado a sair do banco em várias ocasiões, e duas houve em que o avançado foi preponderante: primeiro em Olhão, onde, já nos descontos, fez o 2-2, evitando a derrota da equipa na véspera da recepção ao Porto (perder esse jogo seria terrível do ponto de vista anímico); e depois no primeiro jogo da Taça da Liga, em que apenas 20 segundos após entrar (aos 80 minutos), assistiu Saviola para o golo que deu a vitória ao Benfica e fez a equipa arrancar para vencer essa competição. No mercado de Janeiro saiu Keirrison mas chegaram Éder Luís e Alan Kardec, razão pela qual Nuno Gomes só registou 7 aparições fugazes em toda a segunda volta, e divididas pelas 3 competições. O capitão encarnado terminou a época com 13 jogos no campeonato (e 3 golos), 2 jogos na Taça de Portugal e na Taça da Liga e 6 jogos e um golo na Liga Europa.


Tenho uma relação agri-doce com Nuno Gomes, confesso. Um pouco na senda de Luisão. Admito que, dada a idade, já não se possa exigir dele muitos golos, mas não me consigo esquecer do avançado que ele era nas 3 primeiras épocas que esteve na Luz e da quantidade de golos que marcava, razão pela qual não consigo perceber, sinceramente, como é que desde 2002 Nuno Gomes marca 7 golos por época (excepção feita a 05/06). É um assunto que quase merecia um case-study. No entanto, nestas épocas em que começámos todos a perceber que Nuno Gomes já não era esse goleador, muitas foram as vozes que se levantaram a proclamar que ele é um tipo de avançado diferente, mais móvel e que está lá para abrir espaços para outros marcarem e que é, acima de tudo, exímio em jogar de costas para a baliza e nas tabelinhas com os colegas. Terei de concordar, pois as evidências demonstraram-me isso ao longo dos anos, mas sempre me pareceu que o verdadeiro Nuno Gomes não é este. O verdadeiro ficou algures em Itália. Neste momento, e tendo em conta tanto o que Nuno Gomes já deu ao Benfica como a sua condição actual, defendo que ele deve continuar mais esta época, a última do seu contrato, jogando como o fez neste ano (uns minutos nalguns jogos, porventura um ou outro a titular), mas principalmente servindo como baluarte e trave mestra do balneário, unindo a equipa em torno dos objectivos comuns a todos. Depois, e dependendo do que acontecer durante o ano, Nuno Gomes poderá terminar a carreira e ficar no Benfica noutras funções ou mesmo aceitar outra aventura no estrangeiro, caso ainda sinta que pode prosseguir a carreira mais uma ou 2 épocas. Este ano foi um elemento importante na caminhada triunfal do Benfica e espero que o volte a ser em 2010/11 e que no final da época estejamos a festejar com ele, com o capitão, a conquista dos 5 títulos (pronto, podem ser só 4) que estarão em disputa.

Que pensam os leitores sobre o capitão encarnado?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Porque o jogo da vida é o mais importante...

... não podia ficar indiferente ao pedido do S.L.B., autor do blog benfiquista Não se Mencione o Excremento. Se puderem fazer alguma coisa por ele, não hesitem. Toda a ajuda ainda é pouca nestes casos.

"Caro(a)s amigo(a)s,

Isto foge muito ao âmbito deste blog, mas como compreenderão não poderia deixar de aproveitar a internet, nomeadamente aqueles que têm pachorra de me ler, para fazer este apelo. Muito obrigado a todo(a)s!

No dia 2 de Junho de 2010, a minha mãe fez umas análises de rotina, porque tem um descolamento da retina e deveria ser operada no dia seguinte. Infelizmente, essas análises revelaram algo bem mais grave: uma leucemia linfoblástica aguda. Como devem calcular, a notícia caiu-nos que nem uma bomba, até porque a minha mãe não tinha sintomas nenhuns. A gravidade da doença levou-a a ser internada logo no dia 4 de Junho e a começar a quimioterapia no dia 8 de Junho, o que a levará a passar os próximos meses no hospital. Para tornar as coisas ainda mais difíceis, o descolamento da retina não pode ser tratado ao mesmo tempo da leucemia e, portanto, a minha mãe não pode ler nem ver TV.

No entanto, só a quimioterapia não solucionará o problema, já que exames complementares revelaram que a única hipótese de cura passará por um transplante de medula óssea. E é neste sentido que vos envio este mail. Muitos de vós manifestaram-me a vossa solidariedade e perguntaram o que poderiam fazer por mim. Pois bem, eu ficar-vos-ia ETERNAMENTE agradecido se se inscrevessem como dadores de medula óssea, o mais breve que vos for possível. Nunca se sabe se estará num de vós a hipótese de sobrevivência da minha mãe.

Junto envio-vos dois links com a informação sobre como podem tornar-se dadores. De forma resumida, é muito simples: tudo o que têm a fazer numa fase inicial é dirigirem-se a um dos três Centros de Histocompatibilidade (Lisboa, Porto ou Coimbra, os contactos estão abaixo), preencherem um pequeno questionário e darem 2cl de sangue. Mais nada. O processo, segundo o Centro de Lisboa, não demora mais do que 15’. Os requisitos são estes:
- Ter entre 18 e 45 anos;
- Ser saudável;
- Ter peso mínimo de 50kg;
- Não ter feito nenhuma transfusão de sangue desde 1980.

Se posteriormente forem contactados para ser dadores, o próprio processo de recolha da medula não implica sequer um internamento. Mas podem conferir tudo aqui:

http://www.chsul.pt/up/CEDACE/SerDador/FolhetoCEDACE.pdf
http://www.chsul.pt/index.php/artigos/view/4

Aqui ficam os contactos dos Centros:

Centro de Histocompatibilidade do Sul
Hospital Pulido Valente
Alameda das Linhas de Torres, nº 117
1769-001 Lisboa
www.chsul.pt - chsul@chsul.pt
Tel 21 750 41 00 Fax 21 750 41 01
Horário: 2ª a 5ª Feira – 8h00 às 16h00
6ª Feira – 8h00 às 15h00
Não encerra à hora de almoço

Centro de Histocompatibilidade do Centro
Edif. S. Jerónimo - 4º Piso
Praceta Prof. Mota Pinto
3001-301 Coimbra
www.histocentro.min-saude.pt
geral@histocentro.min-saude.pt
Tel 239 480 700 Fax 239 480 790
Horário: 2ª a 6ª Feira – 9h00 às 12h00 / 14h00 às 17h00

Centro de Histocompatibilidade do Norte
Hospital S. João (ao lado das consultas externas)
Pavilhão “Maria Fernanda”
Rua Roberto Frias
4200-467 Porto
www.chnorte.min-saude.pt
geral@chnorte.min-saude.pt
Tel 22 557 34 70 Fax 22 550 11 01
Horário: 2ª a 6ª Feira – 9h00 às 17h30
Não encerra à hora de almoço

(Aqui fica um link com outros sítios disponíveis para a recolha: http://www.chsul.pt/index.php/pages/locais_inscricao. E aqui está outro link com as brigadas móveis de recolha, quem sabe se mais perto do vosso local de residência/trabalho: http://www.chsul.pt/index.php/pages/calendario_brigadas)

Claro está que, se puderem convencer amigos e familiares vossos para serem igualmente dadores, eu ficaria sem palavras para vos agradecer. Quantos mais, melhor, já que mais hipóteses terá a minha mãe de arranjar alguém compatível com ela. Mas, por favor, refiram sempre que conhecem esta pessoa (ou, neste caso, o filho dela) e que ela precisa mesmo de um transplante. Muitas vezes, os emails a pedirem dadores compatíveis circulam na Internet durante muito tempo, mesmo depois de o/a doente já ter tido alta. Não é este o caso. Mesmo! E, por isso, as datas estão referenciadas. Quando/Se se arranjar um dador compatível, enviar-vos-ei outro email a avisar.

Muito obrigado pela vossa atenção e ajuda. Um grande abraço ou beijinho de enorme amizade.

Sérgio L. Bordalo"

Portugal 0 - 0 Costa do Marfim - 1ª Jornada Mundial 2010

Pela primeira vez vou falar aqui sobre o Mundial, no dia em que Portugal se estreou na prova. Sobre a nossa selecção e o jogo que efectuou, bem, não há nada de mais para dizer. Mostrou apenas aquilo que já todos sabíamos ou suspeitávamos que iria mostrar. Ainda assim, confesso que acreditava que conseguíssemos vencer o jogo, independentemente do (pouco) brilhantismo da exibição. Com o empate, não sei até que ponto não comprometemos as nossas aspirações a seguir em frente na prova. Agora teremos de vencer a Coreia do Norte, obrigatoriamente, e esperar que o Brasil também derrote a Costa do Marfim. Com esses resultados, bastar-nos-á o empate na última jornada. Se perdermos com o Brasil, então já haverá muito mais contas para fazer. O que vingará nesse caso é o número de golos que marcarmos tanto à Coreia como ao Brasil e a mesma coisa para a Costa do Marfim. Mas a verdade é que, apesar de mais pessimista, ainda acredito que passaremos à segunda fase, em segundo lugar do grupo. Apesar de tudo, penso que somos mais fortes que os marfinenses.


No entanto, hoje não o mostrámos. Mais uma vez, a selecção fez uma exibição completamente desgarrada, sem quaisquer ideias ofensivas nem ponta de criatividade. Por muito que Queiroz insista em manter o mesmo discurso de sempre, já toda a gente percebeu que esta selecção, orientada desta maneira, não dá muito mais que isto, o que é manifestamente pouco. Não vou estar a bater mais no ceguinho, mas é impossível não referir mais uma má exibição dos protegidos Paulo Ferreira e Deco (já estão a mais nesta selecção desde que terminou o Mundial 2006 - ou até antes), de Pedro Mendes (que considero o melhor médio centro português mas de que hoje não gostei), de Liedson (um peixe fora de água, completamente, nesta táctica de 4-3-3), de Danny (com a lesão de Nani perdemos o nosso extremo em melhor forma; exceptuando Cristiano Ronaldo, nem Simão nem Danny dão garantias para essa posição - onde andas tu, Quaresma?...) e de Cristiano Ronaldo, que continua a não conseguir "explodir" na selecção. Tem, forçosamente, de superar este trauma e assumir-se finalmente como o grande jogador que é. Para bem da selecção. Depois, as alterações de Queiroz também não surtiram qualquer efeito. Como já disse anteriormente, Simão já não me dá garantias de grande qualidade, assim como Tiago jogar na posição de Deco é absolutamente errado (Carlos Martins e/ou Nuno Assis não davam tanto jeito? Quo vadis, Queiroz...). A entrada de Ruben Amorim foi a pièce de resistance do jogo: um jogador que está há 5 ou 6 dias com o grupo, nunca tinha jogado com eles, não tem rotinas de jogo, entra em campo mesmo sem aquecer para um lugar (de Raul Meireles) que podia muito bem ser ocupado por Miguel Veloso, indicado para aquela posição e que constava na lista inicial de Queiroz (ao contrário de Amorim). Ainda assim, a entrada do benfiquista mexeu com o jogo. Não teve foi tempo para fazer mais... O nosso melhor jogador? Adivinharam: foi mesmo Fábio Coentrão. O único (a par de Raul Meireles) a tentar mexer com o jogo (embora não o pudesse ter feito mais devido às amarras defensivas a que Queiroz o vetou) e a defender, irrepreensível.
Confesso que, ao contrário de muita gente, também não me entusiasmo muito com o futebol da Costa do Marfim. Há outras selecções que despertam muito mais a minha atenção. Hoje, fez um jogo pouco melhor que Portugal. Muito preocupada também em não deixar jogar os portugueses, atacou mais vezes que nós mas sempre com muitas cautelas. No entanto, poderia ter marcado nalgumas ocasiões, todas elas criadas pelo seu lado esquerdo, direito de Portugal. Curioso (ou talvez não). E todas criadas por Gervinho, para mim o elemento mais perigoso dos marfinenses.


Mas, como já disse, ainda acredito na qualificação. Mesmo depois deste empate, o apuramento para os oitavos-de-final ainda é perfeitamente possível. O problema é que apanharemos a Espanha, e aí será praticamente impossível sairmos vencedores. Mas o que interessa agora é passar a fase de grupos. Vamos lá, Portugal (embora este futebol desta selecção não seja minimamente entusiasmante... mas amo o meu país e isso não muda nunca, seja quem for o seleccionador ou os seleccionados).

terça-feira, 15 de junho de 2010

O nosso plantel XXV - Keirrison

Dando os passos finais na análise ao plantel encarnado da gloriosa época que agora termina, e já depois de vistos Quim, Moreira, Júlio César, Maxi Pereira, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, César Peixoto, Shaffer, Javi García, Ruben Amorim, Ramires, Carlos Martins, Di María, Fábio Coentrão, Urreta, Aimar, Felipe Menezes, Saviola, Cardozo e Weldon, temos hoje o único jogador que iniciou a temporada sem fazer parte dos nossos quadros... e que a terminou também bem longe da Luz: o brasileiro Keirrison.


Keirrison foi talvez a contratação mais surpreendente do Benfica. Pela conjuntura em que chegou (por empréstimo do Barcelona, que havia pago 15 milhões de euros ao Palmeiras para o contratar, depois de se ter sagrado melhor marcador do campeonato brasileiro) e também pelas notícias dos dias anteriores de que o Porto estaria a tentar o seu empréstimo junto do Barça. De repente, os catalães acertam com o Benfica o empréstimo do avançado, convencidos de que Lisboa seria o sítio ideal para Keirrison crescer e se ambientar ao futebol europeu, com o intuito de regressar ao plantel blaugrana dois anos depois (ficaria duas épocas emprestado no Benfica). Isto, apesar da concorrência que já se previa apertada (a um plantel que já tinha Nuno Gomes, Cardozo e Mantorras, o Benfica havia já juntado Saviola e Weldon). Keirrison chegou, assim, com um peso enorme nas suas costas, peso esse de que nunca se conseguiu livrar.


O brasileiro estreou-se oficialmente com a camisola encarnada em Guimarães, numa altura em que o Benfica procurava desesperadamente o golo da vitória (já tinha empatado em casa na primeira jornada; voltar a desperdiçar pontos na semana seguinte começava a ser problemático). Não mostrou nada de especial, o que era compreensível dado o pouquíssimo tempo que levava na Luz. No jogo seguinte, na visita ao Vorskla Poltava, já com a eliminatória decidida (tínhamos vencido por 4-0 em casa), Jorge Jesus concedeu-lhe a titularidade. Não se pode dizer que a tenha aproveitado. A exibição foi novamente fraca e o Benfica até perdeu (2-1). Keirrison continuou a ter oportunidades, nomeadamente em momentos em que a equipa mais precisava que ele aparecesse: em Leiria, Jesus resolveu descansar Cardozo e dar a titularidade no campeonato a Keirrison pela primeira vez; em Braga, precisava de empatar quando o colocou em campo; em casa com a Naval, procurava o golo da vitória; também em casa, com o Vitória de Guimarães, para a Taça de Portugal, Cardozo estava castigado pela injusta expulsão em Braga e o treinador resolveu dar a última oportunidade ao brasileiro. Resultado? O Benfica perdeu o jogo, foi eliminado da Taça e a exibição de Keirrison foi, mais uma vez, fraquíssima. Ficou aí traçado o seu destino no Benfica - esse foi, de resto, o seu último jogo com a nossa camisola. Acabaria por sair em Janeiro, tendo sido colocado na Fiorentina (onde, apesar de ter marcado 2 golos, também não rendeu o que os viola e o Barça gostariam). Acabou por marcar apenas dois golos pelo Benfica e em amigáveis: frente ao Celtic, no particular no Canadá, e contra o Santa Clara, no Troféu Pedro Pauleta. Muito pouco para a reputação que trazia. Terminou a sua estadia de águia ao peito com 5 jogos no campeonato, 1 na Taça de Portugal e 1 na Liga Europa.


Keirrison foi, para mim, o flop da época do Benfica. Um jogador que vinha muito bem referenciado, com um passado de apenas 2 anos como profissional mas recheados de golos. Um jogador que tinha custado 15 milhões de euros ao Barcelona, visto, portanto, como uma grande esperança pelos blaugrana, que confiaram em nós para dar rodagem ao avançado e fazê-lo crescer. No Benfica, porém, Keirrison nunca mostrou esse instinto matador que o havia notabilizado no Brasil, nunca mostrou sequer saber movimentar-se como um avançado normal, como um homem de área que é. Todos os jogos oficiais que efectuou ao serviço do Benfica foram fraquíssimos, todas as exibições foram miseráveis e nunca esteve sequer perto de marcar um golo. Acabou por deixar um perfume do que havia mostrado no Brasil apenas no golo que apontou ao Santa Clara, no amigável nos Açores referente ao Troféu Pedro Pauleta. Aí sim marcou um golo à ponta-de-lança. O problema é que esse apontamento não teve continuidade em mais nenhum momento. E talvez o problema não tenha estado apenas no Benfica ou no treinador, visto que Keirrison também não brilhou na Fiorentina, onde esteve por empréstimo na segunda metade da época - os viola, aliás, não quiseram continuar a contar com os seus serviços para a próxima temporada e o Barcelona, contra a sua vontade, já terá mesmo de emprestá-lo a um clube brasileiro para a segunda metade de 2010. Keirrison ainda é novo e certamente virá a mostrar mais do que conseguiu esta época, acredito sinceramente nisso, mas a verdade é que apoiei a 100% a decisão de Jesus em prescindir dos seus serviços: porque não era nosso, porque ganhava mais de 100 mil euros por mês (dos mais bem pagos do plantel), e porque tínhamos de ser campeões, pelo que não nos podíamos dar ao luxo de colocar em causa o campeonato para dar tempo de utilização a um jogador que não era nosso. No entanto, reconheço - pelos seus números no Brasil - que pode ser um bom avançado. No Benfica não o demonstrou, seguramente.

Qual a opinião dos leitores em relação ao brasileiro?