Naval 2 - 4 Benfica - 25ª Jornada 09/10

E vai mais uma. Mais uma das finais que faltavam e uma das mais difíceis, por sinal. Porque o campo da Naval é terrível, porque os nossos jogadores estão cansadíssimos, porque este jogo realizou-se exactamente no meio da eliminatória com o Liverpool, porque não tínhamos Saviola, porque Luisão estava em dúvida. Por tudo isto. Ainda assim, nada desculpa as terríveis desatenções que resultaram nos 2 golos da Naval. Isto não pode acontecer nunca. Se permitem tais veleidades ao Fábio Júnior e ao Bolívia, o que acontecerá com Torres, Gerrard, David Villa e David Silva ou Aguero, Forlán, Reyes e Simão? Bem, nem quero pensar. E espero sinceramente que não se voltem a repetir. A sorte é que o David Luiz este ano vai do 8 ao 80 com uma facilidade estonteante. Ainda eu o estava a insultar pelo 1º golo da Naval e faz-me aquele passe para o Di María dar a volta ao marcador. Espero que volte a fazer algo do género na 5ª feira. Algo do género daquele magnífico passe, claro. Nada de erros defensivos.

Uma (grande) palavra de mérito para um dos obreiros desta vitória (mais uma vez) do Benfica: o nosso treinador Jorge Jesus. Jesus é um visionário e em boa hora chegou ao Benfica, em boa hora veio trazer lucidez e ambição a esta equipa. Hoje, Jesus inovou, surpreendeu tudo e todos e, privado de Saviola, apostou no ás Weldon. Confesso que reagi a essa escolha com um grande, grande cepticismo. Porque Weldon não marcava desde, se não estou em erro, os 4-0 ao Poltava, porque estava sem ritmo de jogo (não jogava desde a recepção ao Belenenses) e porque, nessa última vez que jogou, fez uma exibição perto do miserável, em que lhe chamei tudo o que havia para chamar. Confesso que nesse dia pensei que havia chegado o fim da linha para Weldon no Benfica e que, a exemplo do que havia acontecido com Keirrison, o brasileiro não iria ter mais oportunidades no Benfica. Ainda bem que me enganei. Hoje, o oportunismo do avançado transformou um resultado que seria desastroso para nós para uma demonstração de força e de vitalidade só ao alcance das grandes equipas (quantas remontadas já conseguiu o Real Madrid, por exemplo?). E aí, além de dar mérito a ele, claro, tenho de felicitar Jorge Jesus por acreditar em todos os jogadores do plantel e não ter medo de ir à luta. Não tenhamos dúvidas: temos o melhor treinador do campeonato português.

Foi um começo terrível. Entrámos praticamente a perder, com um golo de um jogador que foi para mim o melhor da Naval (um bom reforço de Janeiro dos figueirenses; tem muito potencial), o avançado Fábio Júnior. No primeiro golo conseguiu chegar primeiro que David Luiz e controlar sempre a bola na perfeição, ludibriando todos os jogadores do Benfica, que esperavam um passe atrasado. Acabou por marcar a Quim pelo buraco da agulha.

No segundo, uma correria fantástica do brasileiro, ganhando aos palmos a Maxi Pereira, acabou por resultar no golo de Bolívia, um avançado que é tudo menos um goleador - foi o seu 2º golo no campeonato em mais de 20 jogos.

Mas o Benfica acordou rápido, e ainda bem. 4 minutos depois, Di María rematou de fora da área, Peiser defendeu para a frente, Maxi Pereira atirou à figura do guarda-redes francês (que ainda assim fez uma grande defesa), mas aquela bola estava mesmo destinada a entrar, e pelas mãos (ou cabeça, neste caso) do herói improvável. Era o regresso de Weldon aos golos na sua estreia a titular pelo Benfica. E 3 minutos depois, o mesmo jogador bisou, na sequência de um canto de Aimar. Oportuníssimo, Weldon aproveitou o falhanço de vários defesas da Naval, que estavam a dormir, e empatou a partida. A partir daí já só podia dar Benfica.

Apesar de algumas ocasiões que a Naval até construiu ao longo do jogo, em que se viu claramente que a equipa do Benfica está cansada, o controlo do jogo passou a ser totalmente nosso a partir desse momento. A 7 minutos do intervalo, David Luiz fez um passe magistral para Di María, que com um toque de grande classe fez a bola passar por Peiser e consumou a reviravolta encarnada. 3 golos na primeira parte (mais 2 da Naval), é muita fruta.

Na 2ª parte o Benfica controlou totalmente o jogo, gerindo a vantagem (e o esforço) mas sempre sem descurar o ataque e a obtenção de mais golos. Apareceu um, o 4º, pelos pés do artilheiro Cardozo, num golo à ponta-de-lança e numa altura em que não se podia ficar perante a ameaça de Falcao. Essa luta também está bem engraçada e vai durar até ao fim.

E assim conseguimos mais uma vitória, que nos permite encarar o que falta do campeonato com uma muito maior tranquilidade. Dos 5 jogos que faltam para o fim, só precisamos de 3 vitórias e um empate, isto se o Braga vencer os jogos todos até final (algo em que não acredito). Como nestes 5 jogos, 3 são em casa (2 deles com Olhanense e Rio Ave), parece-me óbvio que já não perderemos este campeonato e que será uma questão de umas 3 jornadas até podermos festejar. Por isso mesmo, por me parecer que o título já está tão perto de ser uma realidade, peço ainda mais veementemente que se aposte na Liga Europa como estamos a apostar no campeonato, porque podemos perfeitamente ganhar as 2 competições. Neste momento estamos a apenas 3 jogos da final, é só passar o Liverpool e depois levar a melhor nos 2 jogos com Valência ou Atlético de Madrid. Já faltou muito mais. Peço aos nossos jogadores e a todos os adeptos (e, já agora, também ao nosso treinador) que acreditem totalmente que podemos passar esta eliminatória, que podemos ultrapassar o Liverpool, e assumirmo-nos como uma das grandes equipas da Europa. Rumo à 1º Liga Europa (e ao 32º, que ficará ainda mais perto se vencermos o Sporting, até porque acredito que o Braga vai escorregar em Leiria...), eu acredito!

O resumo do jogo, aqui: